A estrela que mais brilhar

Um conto erótico de Hudson
Categoria: Homossexual
Contém 985 palavras
Data: 11/02/2006 18:38:41
Assuntos: Homossexual, Gay

Conta uma lenda que as estrelas não são nada mais nada menos que o espíritos das pessoas que se foram e que continuam olhando para nós lá de cima. Paulo é um homem cético que não acredita em lendas, não acredita no amor e principalmente não acredita que possa vir a ser feliz. Sua casa é uma fortaleza onde só e os empregados tem acesso, sua porta vive trancada e visitas são terminantemente proibidas. Seus dias se resumem em ouvir música clássica mantendo sempre uma postura militar, barriga pra dentro peito pra fora, ar sério e olhar severo. Um dia, Manoel, um de seus inúmeros jardineiros ficou muito doente, era algo realmente sério e que nenhum médico conseguiu diagnosticar o que era. No atestado de óbito de Manoel estava escrito morte súbita. Com a falta de seu empregado mais dedicado, Paulo foi obrigado a anunciar nos jornais a necessidade de um outro jardineiro. Não demorou muito até que vários homens se oferecessem para o serviço, não era para menos, a fama de mão aberta do patrão corria a cidade. Porém, nenhum deles parecia ser como Paulo esperava, pouco entendiam de rosas e estavam mais interessados no salário. Paulo já estava quase desistindo de contratar um novo jardineiro quando um garoto, de mais ou menos uns 25 anos bateu levemente na porta à procura do emprego. Não demorou muito e Paulo se encantou com o jeito de falar do menino. Ela tratava as rosas como se fossem pessoas e já não havia mais dúvidas, aquele garoto, de nome Gabriel seria o novo jardineiro.

O tempo foi passando e Paulo só pôde confirmar que tinha feito a escolha certa. As rosas estavam mais bonitas, o jardim transparecia muito mais beleza com a maior variedade de espécies e Gabriel se sentia em casa. Vez por outra, Paulo o surpreendia conversando com as flores. Era uma madrugada chuvosa quando Paulo desceu para beber um copo com água e encontrou Gabriel na cozinha.

_O que faz aqui? _perguntou Paulo.

_Vim olhar a chuva. _respondeu Gabriel tranquilamente, nem parecia que falava com o patrão. _É ela quem molha as flores e dá a vida que elas precisam.

_Você gosta muito das flores, não é?

_Elas são muito bonitas, transmitem uma energia boa. Tem alguma coisa mais bonita que ver uma flor desabrochar?

Os dois passaram a noite inteira conversando, esqueceram do tempo, foram se dar conta por que os primeiros raios do sol começavam a entrar pela janela.

_Nossa! Esqueci completamente a hora. _disse Paulo.

_Desculpe se atrapalhei seu sono com as minhas conversas.

_Imagine, foi ótimo. Nunca tinha conhecido alguém como você.

Foi impossível não ter uma troca de olhares. Paulo parecia querer encontrar alguma coisa mais profunda do que uma amizade que estava surgindo. Gabriel não escondia o nervosismo, o seu coração batia forte e ele se sentia como um adolescente descobrindo o amor.

_Desculpe, eu vou descansar um pouco para cuidar do jardim.

Gabriel saiu, mas Paulo o puxou pelo braço.

_O que está sentindo? _perguntou Paulo.

_Nada.

Gabriel estava confuso. Ele não podia estar gostando do patrão, era loucura. O que as outras pessoas diriam? Ele foi para o seu quarto e deitado na cama, pensou até que o sol se mostrasse completamente. Assim que ele ouviu o canto dos pássaros, se levantou e seguiu para o jardim. Paulo se aproximou e segurou em sua mão. Gabriel Ficou sem ação.

_O que o senhor quer?

_Eu quero você?

_Está louco?

Era como se o corpo de um puxasse o corpo do outro, um beijo foi inevitável. Gabriel sentiu a mesma sensação de quando deu o primeiro beijo. Só que dessa vez foi melhor, um sentimento os envolvia e os transformava em um só.

_O que o senhor fez?

_O que nós dois queríamos.

_Não podemos!

Paulo não queria mais esconder seus sentimentos. A descoberta do amor abriu as portas para a sua felicidade. Se havia uma coisa que ele queria fazer era amar, sem esconder do mundo o que sentia. Paulo correu até a sacada de sua casa e de lá gritou o seu amor.

_Eu te amo. _gritou ele de braços abertos.

Foi um choque para os mais conservadores, mas a única coisa que ele não se importava era com a opinião dos outros. Os dois assumiram o romance e Gabriel foi morar na casa de Paulo mesmo sem deixar de trabalhar no jardim. Com quase um mês de namoro, os dois decidiram se entregar de corpo um ao outro já que as almas já estavam entregues. Tudo foi planejado por Paulo para uma noite perfeita. Velas, música suave. Quando Gabriel entrou no quarto, o perfume do amor tomou conta. Cada toque, cada carícia, cada beijo foi aproveitado em cada segundo. Agora sim, os dois eram um só. Os dias foram passando e a felicidade reinava, mas novamente o pesadelo voltou. Gabriel foi afetado por uma doença com os mesmos sintomas da que levou Manoel. Paulo chamou todos os médicos, inclusive de fora da cidade.

_Não o quero longe. _dizia.

Mas nada resolvia. Gabriel chamou Paulo para uma conversa. Gabriel estava fraco, quase sem voz.

_Segure a minha mão. _pediu Gabriel.

Paulo segurou forte na mão de Gabriel como se pudesse impedir que ele partisse.

_Conhece a lenda das estrelas? _perguntou Gabriel.

_Eu sou aquela que mais brilhar.

A respiração parou e os olhos fecharam. Gabriel já tinha ido. Paulo ficou inconsolável e durante dias trancou-se em seu quarto, não comia, não bebia e não vivia. Uma noite, teve um estalo e correu para o meio do jardim, de lá, olhando para o céu procurou em todas as constelações aquela estrela que mais brilhasse. E encontrou. A partir desse dia, todas as noites, Paulo pegava a sua cadeira e sentava no meio do jardim, olhava para o seu e conversava esperando o momento em que fosse para o seu brilhar ao lado do seu verdadeiro amor.

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