Adeus, Tony!
Chegando a uma nova cidade estrangeira.
O bói do hotel, jovem e bastante bonito, aproxima-se, pega sua mala que o motorista depositou na porta e leva-a até à recepção.
Você se dirige ao rapaz do balcão:
Boa tarde! Sou o senhor Armino. Creio que tenho uma reserva aqui.
Como se soletra?
Apresenta-lhe o passaporte e ele lê em voz alta o nome com o sotaque da língua local: Armaino!
Não lhe soa como seu sobrenome, mas enfim...
Achei. Por favor, preencha a ficha.
Confirmada a reserva?
Sim. Por quanto tempo pretende estar conosco?
Creio que serão três dias.
Se desejar permanecer mais tempo, favor avisar o quanto antes; nesta época do ano o hotel costuma estar bastante cheio.
Você lhe devolve a ficha e ele não pede nenhum documento, exceto seu cartão de crédito, que passa na maquininha e o devolve.
Onde estão suas malas?
Aqui; só tenho esta.
O bói a levará ao quarto. Ele tem a chave. Necessitando de algo, favor telefonar. Neste cartão há todas as instruções.
Grato. A que horas é o café da manhã?
A cafeteria abre a partir das sete.
Boa noite, obrigado.
Hum, hum...
Ao chegarem ao quarto, o bói abre a porta, olha-o nos olhos; demora-se um pouco mais que o normal naquele olhar fixo, antes de deixá-lo passar. Bonitos olhos tem o rapaz... Algum significado especial naquela atitude? Finalmente, o moço entra atrás de você, coloca a mala sobre a mesinha baixa.
Gratifique-o adequadamente, principalmente porque pode precisar de alguns serviços extras.
Obrigado, senhor. Estamos às ordens.
Certifique-se de ler os folhetos deixados sobre a geladeira, junto ao telefone e atrás da porta. Algumas informações são corriqueiras, como preços dos serviços, dos artigos da geladeira, mas outras podem ser importantes em caso de emergência. Depois de um banho para tirar a morrinha da viagem, mudar de roupa, pode desejar descer para se familiarizar com o local da cafeteria, as facilidades do vestíbulo. Ou mesmo dar uma volta pelo quarteirão para examinar o ambiente.
Antes de sair à rua, pergunte ao bói sobre as condições de segurança das redondezas. Hoje em dia, infelizmente, a questão é bastante importante. Em algumas cidades, nas cercanias dos hotéis, costuma haver batedores de carteiras, ladrões de malas, prostitutas e "rapazes", que podem representar uma ameaça séria para sua segurança pessoal. O aspecto de tais tipos engana bastante. Lembre-se de que estão ali "a trabalho", para faturar; costumam ser gentis e solícitos, mas podem ser dissimulados.
Depois de examinar o ambiente, resolve sair para dar uma volta, procurar um restaurante para jantar, já que a comida do avião, nesta época de economia incerta, anda restrita. Acabou de chegar a uma cidade desconhecida e quer ver as novidades!
Mas saiu sem perguntar nada ao bói. Após alguns passos hesitantes pela rua, entretanto, resolve voltar e consultar o rapaz sobre como proceder. Jantar em um restaurante sozinho é desagradável; seu conhecimento dos hábitos locais, limitado; por que não encontrar uma acompanhante?
Retorna ao hotel. O bói está na expectativa de suas necessidades afetivas. Acontece freqüentemente com visitantes solitários numa cidade desconhecida; todo homem curte uma aventura.
Nem sabe como iniciar a conversa, mas ele é experiente:
Quer companhia? De que gênero?
Pergunta encabulante. Será que sua aparência não é bastante máscula para que o bói não tenha nenhuma dúvida? Aí, lembra-se vagamente do olhar dele no momento de entrar com a mala no quarto. Estaria querendo transmitir alguma coisa?
Você sempre procurou esquecer aquele momento de seu passado: seu colega viajou com você, não ficaram em quartos separados porque resolveram ceder um deles para uma senhora sem reservas, com filhos pequenos; tiveram que partilhar a mesma habitação; uma cama de casal a dividir. Altas horas da madrugada, apenas de cueca, seu colega nu esfregando-se em seu corpo! As memórias repudiadas o tempo varre, mas aquelas nádegas gostosas jamais esqueceu! Não minta para si mesmo!
Irrita-se com a confusão de sentimentos, mas com a lembrança do olhar do bói, insensivelmente examina-lhe o corpo com o olhar, e nota que tem uma cintura fina, uma bundinha arrebitada, uma juventude que salta por todos os poros. Encabula-se, mas quer mesmo uma mulher para acompanhá-lo a um restaurante, trocar idéias e, depois, quem sabe, uma visita a seu quarto.
Mulher, claro! Bem discreta, para jantar comigo.
Surpreende-se com a colocação dele:
Quanto o cavalheiro pretende gastar?
Com a aventura que imaginava ao sair do Brasil, sua latinidade atrairia as mulheres de forma irrecusável. Agora enfrenta a dura realidade da vida: se quer companhia vai ter que pagar.
Do alto de sua pretensão:
Desejo uma mulher agradável, que, eventualmente venha dormir comigo no hotel. Algo estranho?
Se ela se registrar, senhor, não podemos objetar.
Você fica puto-da-vida, mas se tem que ser assim...
Registrar?
Não se preocupe; depois que ela sair, rasgo a ficha, é só para prevenir problemas.
Mas ele ainda não terminou o interrogatório:
Desculpe a pergunta boba, mas o que prefere numa relação: gosta de nádegas bonitas, firmes, magrinhas, ansiosas pela penetração de um membro tesudo?
Ele o olha, sacanamente; pelo menos, parece-lhe! Puta-que-o-pariu! O cara apresentava de bandeja o que você queria encontrar. Será que está querendo dizer algo mais?
Você brinca:
E isso existe aqui?
O bói sorri:
Vou chamar uma amiga para acompanhá-lo; mas se depois de tudo o senhor não se entender com ela, terei outra opção. Prometo que não dormirá frustrado: é tradição de nosso hotel deixar os hóspedes satisfeitos, desejando volta; o segredo de nosso negócio!
Impressiona-se pelo profissionalismo de um simples bói de hotel: assimilara o conceito de integração na empresa.
O rapaz deixa-o pensativo e vai telefonar.
Minutos depois, uma bela e jovem loura aparece; apresentados, saem para jantar num restaurante das cercanias, recomendado pelo bói. A mulher tem tudo de excepcional em matéria de corpo, mas o papo, você nota logo, desgastante, só futilidades.
Terminado o jantar, leva-a de volta ao hotel, sem saber como agir. Mas não vai para a cama com aquela mulher, definitivamente! O bói, quase a terminar o turno dele e você lhe pergunta como se livrar do apêndice de saias que trás consigo. No ouvido, maciamente, em palavras quentes, diz-lhe que são tantos dólares.
O que aquele bói está pensando? em excitá-lo falando daquela forma? Paga, mas se sente frustrado. Queria comer uma mulher estrangeira e mostrar-lhe o valor e a tesão de um amante latino, e vai dormir, no máximo, com uma masturbação.
O rapaz, frustrado:
Há algo que possa fazer pelo senhor?
Você está puto-da-vida com aquele veado de garoto, que deveria pagar pelo equívoco...
Melhor esquecer, você responde.
O bói faz uma cara triste:
Sinto tanto...
Não se preocupe; boa noite!
Depois de outro banho, deita-se, inteiramente nu, acaricia o membro amolecido, imaginando a frustração experimentada. O jantar, caro; o preço da acompanhante, também, e, ao fim, terminará numa masturbação! Melhor ter feito isso desde o princípio: passar uma quantia de um bolso para o outro e economizar.
Depois de alguns momentos, em que seu pau começava a dar sinais de vida, a campainha da porta toca. Quem poderia ser?
Veste rapidamente uma bermuda e vai atender. Quem vê? o bói, vestido em um pijaminha curto, provocante; a calça apertadinha na bunda.
Queria me escusar pela noite frustrante, senhor. Não gostou de minha amiga; acontece, mas fiz tudo com a melhor das intenções. Posso entrar para me desculpar?
E agora, fazer o quê?
Um pouco embaraçado, abre a porta por completo e o rapaz entra, sem cerimônia.
Sinto muito, cavalheiro; espero que me perdoe por não o deixar satisfeito em sua primeira visita a nosso hotel. De banho tomado, deitado para dormir, lembrei-me do problema. Abri a porta, vi luz em baixo da sua. Bateu-me uma frustração grande por vê-lo dormir sem realizar seus desejos, principalmente porque simpatizei muito com o senhor.
Você, um pouco sem graça:
Não foi culpa sua. A mulher até que parecia bem gostosa, mas o papo dela deixou-me entediado.
Em que sentido, senhor?
O rapaz é bastante gentil, você está um pouco encabulado, mas resolve ser franco:
Gosto de conversar, apreciar o interior da pessoa; aquela tinha uma conversa vazia.
Anotarei seu comentário, para o futuro; mas os homens geralmente querem logo ir para a cama, sem perda de tempo com conversas; nunca tive reclamações...
Entendo o que quer dizer, mas meu trabalho é desgastante; tenho que aturar conversas tolas. Quando saio com alguém, quero trocar idéias para relaxar; arejar a cabeça e deixar surgir um clima romântico. Sexo não é o mais importante.
O senhor apresenta um ponto de vista interessante, mas tem razão. Na faculdade, num dia desses, abordamos o assunto e houve bastante discussão.
O bói cursa uma faculdade!
Estuda o quê?
Letras; pretendo ser escritor.
Não é uma atividade tão rendosa na maior parte dos casos, como sabe, e é difícil vencer na profissão; mas, enfim, se tiver bastante dedicação, ler muito, poderá ter sucesso.
O rapaz o surpreende:
O senhor está com muito sono? Posso sentar-me para trocar algumas idéias? É tão difícil encontrar um hóspede inteligente... Gosto de conversar, mas aqui quase não tenho oportunidade.
Pronto! Não poderá ver-se livre dele por um tempo; de qualquer forma, você perdeu o sono, o membro já se recolheu e nem mais parece que estava começando a acordar, minutos antes.
Pode sentar, meu sono se foi...
Como lamento! E por minha culpa!
O rapaz se senta, com os pés sob a bunda, na posição de lótus.
Quer que o deixe sozinho?
Grosseria se concordar com a sugestão:
Não; vamos falar de sua atividade. Tomamos um uísque para "molhar" a palavra?
O senhor é tão gentil; aceito... com uma condição!
É agora! Teme o pior, até onde aquele papo vai levá-lo?
Qual?
Meu quarto é no fim do corredor, junto ao elevador; lá, tenho uma garrafa de uísque.
Receia o convite para beber no quarto dele.
Mas enganou-se, redondamente!
O rapaz propõe:
Não vou deixá-lo pagar pela bebida do hotel, que é cara. Se meu patrão ouvisse isso eu estaria na rua...
E riu, levantando-se da poltrona.
Você protesta:
Não é justo gastar sua bebida...
Presente de um hóspede com quem conversei no mês passado; não está cheia, mas dará para nós dois. Ele estava sozinho e triste e convidou-me para conversar. Fiquei feliz de poder ser-lhe útil, nas circunstâncias.
O rapaz abre a porta, olha para os lados e sai:
Já volto!
Impossível não deixar de admirar-lhe a bundinha bem formada, sob aquele pijaminha curto.
Permanece sentado na poltrona, imaginando como a noite terminará; entretanto, um papo e algumas doses podem melhorar seu humor.
"Foi presente de um hóspede..." ele disse; por que tipo de favor? Melhor esquecer.
Para adiantar, levanta-se para cuidar do gelo. Há bastante na geladeira e apenas enche um balde que estava à mão. Quando terminou e voltava para a poltrona, o rapaz entra com uma garrafa de Queen Anne, quase cheia; e umas folhas de papel debaixo do braço.
Há quanto tempo não via aquela marca? Chegou a ser popular no Brasil, mas depois sumiu. O formato da garrafa mudou, a cor do vidro também, mas não espera encontrar um uísque falsificado por ali.
O rapaz apresenta-lhe a bebida:
Gosta desta marca?
Muito; há tempos não a encontro!
Nota que os olhos dele brilham:
Estou feliz de poder oferecer-lhe o que aprecia.
Como quer o seu?
O rapaz se surpreende:
O senhor vai me servir? Deveria ser o contrário...
Não se preocupe; vamos variar um pouco, hoje. Como prefere?
Duas pedras e uma dose. Sem água, por favor.
Esqueçamos a cerimônia; meu nome é Paulo, ou Paul.
O meu é Antony, Tony.
Serve o drinque, entrega-o ao rapaz, que volta a sentar na poltrona, na mesma posição anterior.
Depois de servir-se, com gelo e água, você ocupa a poltrona ao lado do garoto.
E agora, um brinde:
Saúde, Tony!
O rapaz toca o copo no seu:
A este momento, Paul!
Ele olha em seus olhos, encantadamente.
Depois de tomar um gole, pergunta:
Qual sua profissão, Paul?
Agente literário. Trabalho com autores, tento vender os livros deles. Agora está havendo uma feira de livros aqui, razão de minha viagem.
O rapaz olha-o, enlevado:
Imagine minha sorte por encontrá-lo! Talvez por isso tenha simpatizado tanto com você. Intuição... Quem sabe um dia poderia ser meu agente; vender meus livros no Brasil?
Pode ser: estou sempre a procura de autores novos. Já escreveu alguma coisa?
A pergunta que o rapaz esperava: pega os papéis que havia trazido sob o braço e mostra-os.
Algumas poesias, mas não creio que sejam boas, na minha própria opinião; preciso revisar e melhorar.
Não seja tão crítico; deixe os comentários para os outros. Deixe-me ver seus escritos.
Pressurosamente, o bói lhe passa algumas folhas, que você começa a ler.
Fuga
Abandonar tudo,
deixar a vida,
e refugiar-me no desconhecido
e ignoto mundo
do absoluto não ser...
Esquecer-me da matéria contingente,
do ônibus das onze,
da estafante aula das oito,
dos amigos que vêm às nove
e dos amores que entram,
a qualquer hora,
e não querem sair mais,
nunca mais,
da vida da gente.
Abandonar tudo,
fugir para algum lugar
diferente dos demais,
um lugar para sonhar,
cheio de cantos desconhecidos,
de formas imateriais
e não amadas,
para então realizar-me
plenamente liberto
da incongruência do ser.
Tony, gostei; mas não parece uma poesia escrita por um jovem. Teve alguma decepção amorosa?
Sim, bastante forte.
Que quer dizer?
Tony se levanta e serve uma segunda dose.
Ao voltar, o bói comenta:
Estou feliz por encontrá-lo, Paul. Também perdi o sono, mas descobri uma pessoa com quem posso falar de mim, de meu interior. Se eu for incômodo, o papo não lhe interessar, diga francamente. Fui treinado para aceitar de tudo em minha profissão.
Não se preocupe. Gosto de nossa conversa, é mais interessante que algumas que costumo ter nas reuniões; quando tenho que suportar orgulhos imensos de alguns autores, que sempre julgam ter escrito uma obra prima; pelo menos, você é alguém falando de si próprio, sem vaidades.
O rapaz se levanta e vem sentar-se no carpete, junto a suas pernas.
Paul, sinto-me tão bem perto de você! Nunca tive a oportunidade de abrir-me com alguém, e percebo a falta disso! Não tenho amigos íntimos, só colegas de estudos. Papai morreu antes que eu tivesse nascido, não tive um homem para me ensinar sobre a vida. Entende?
Não resiste a revelar-lhe sua infância:
Papai morreu pouco depois de eu nascer, Tony; somos iguais, nesse particular.
O rapaz aperta-lhe as pernas, emocionado:
Temos isso em comum! Como foi bom encontrá-lo, Paul! Porque pode entender-me.
Tem namorada, Tony? na sua idade há bastante carência de afeto, e uma mulher consegue exercer um papel importante na vida da gente.
O rapaz demora a responder:
As garotas não apreciam falar de assuntos sérios, do interior da gente. As daqui gostam bastante de sexo vazio; decepcionei-me.
Em geral é o contrário; elas se queixam que os rapazes só querem sexo.
Creio que estão com uma idéia fixa nova, as daqui: querem se realizar profissionalmente, antes de se entregarem ao amor!
Creio que em toda parte a atração sexual parece ser o mais importante para a juventude.
Tony protesta, veementemente:
Não, para mim! Crio que me entende; antes do sexo precisa haver um envolvimento emocional, troca de carinhos, de idéias, que acabem por nos levar a uma atração física, que complementa o encontro. Fora disso, o ato se assemelha a uma masturbação a dois.
Concordo; mas o mundo atual não pensa dessa forma.
Mas será que não podemos encontrar alguém diferente? Já tive alguns momentos assim...
E por que não continuou, o que deu errado?
O rapaz toma um gole de uísque, hesita na resposta; por fim, resolve desabafar:
Posso ser inteiramente aberto? Não me detestará? Por favor, é muito importante para mim.
O jovem aperta suas pernas:
Apaixonei-me por um homem, o encontro que mais me deixou marcado!
Mais velho que você?
Como adivinhou?
Não é difícil; compreendo seu estado de carência.
Assim tão evidente?
Talvez, Tony, se está em um momento de solidão e encontra com quem desabafar. Com um amigo jovem, difícil de acontecer o momento, porque um rapaz seria menos compreensivo; mas com uma pessoa mais velha e experiente...
Tony sorve um gole da bebida, como criando coragem para continuar:
Não contei a verdade sobre meu pai: nem sei quem é, mamãe era prostituta.
Ora, tais situações acontecem, você não é responsável, Tony.
Nunca mencionei isso para ninguém e nem sei como agora tive coragem de fazê-lo, mas sinto-me tão bem em sua companhia que não consegui resistir. É um segredo que guardei bem escondido. Por que aconteceu agora a revelação?
Talvez... por sentir-se solitário, confiar em mim, com vontade de libertar-se de um segredo como este. O uísque pode ter ajudado a liberar sua mente...
Tony não concorda:
Acho que é mais que a bebida; não sei por quê, mas quando o vi saindo do hotel com minha amiga experimentei algum ciúme, algo sem sentido. Na minha mente, preferia que ficasse conversando comigo, como neste momento; sei lá o que pensei...
Não se preocupe demais, Tony: pode ter sido uma afinidade surgida em um momento de maior carência...
O bói retruca:
Tem razão; sentia-me bastante tristonho, às vezes acontece. Gosto de encontrar os colegas, trocar idéias, distrair-me com os estudos, mas hoje não tivemos aula.
Muitos rapazes na classe?
A maioria é de garotas, somos apenas seis numa turma de quarenta.
Já namorou alguma delas?
Não tenho paciência com elas: são fúteis.
Algum amigo mais íntimo entre os colegas?
Não; prefiro conversar com homens maduros; todos os colegas são aproximadamente da minha idade.
Alguma explicação para preferir os mais velhos?
O rapaz parece pensar, já quê, provavelmente nunca o fizera sobre o assunto.
Creio que me inspiram confiança; responsáveis, experientes, podem dar-me mais apoio, sei lá...
Tony vira na boca o resto da bebida do copo; coloca-o no carpete e abraça suas pernas.
Paul! Acaricia minha cabeça, como um pai o faria. Tão emocionado com nosso encontro! Sinto-me bastante solitário, hoje. Não me decepcione, por favor.
Disse que se envolveu com uma pessoa mais velha...
Posso falar disso? Não o aborrecerei?
Não...
O rapaz se levanta:
Necessito outra dose: noite de confidências!
Eu o servirei, Paul.
Depois de reforçados os drinques, Tony volta a sentar-se no carpete, abraçado a suas pernas.(a perna de Paul
Como se sonhasse, começa o relato:
Tive um caso com um professor, que durou algum tempo. Lia minhas poesias, comentava o que precisava ser mudado; tudo, com carinho. Apaixonei-me por ele e um dia aconteceu o inevitável: fomos para a cama, minha primeira vez! Não tinha experiência, nunca transara com um homem; mas ele, sim.
Sua curiosidade aumenta, mas deixa o rapaz falar.
Tony prossegue:
Jamais imaginei como seria nossa relação, ou melhor dizendo, a sensação. Bastante vulnerável naquele dia, como nesta noite; nossos olhares se encontraram e ao invés de desviarem-se, como sempre fazíamos, conservamo-nos presos a eles. Um fluxo de calor percorreu meu corpo; muito próximos, encostou seu rosto ao meu. Senti seu hálito quente junto a meu ouvido e tive uma ereção. Percebi, quando me abraçou, que o membro dele endurecera, também.
Tony tomou um gole de uísque, antes de prosseguir:
Logo, nossos lábios se tocaram; no princípio, hesitantes, mas depois nossas línguas se encontraram, os beijos tornaram-se abrasadores, quentes, gostosos, sensuais, como jamais eu experimentara com uma garota. Ainda tentou alertar-me sobre o que poderia acontecer, mas meu desejo era grande demais para refrear o que pudesse suceder. Em pouco tempo, nossos corpos estavam nus sobre a cama; beijávamo-nos por toda parte, sem nenhum pudor ou receio.
Tony aperta suas pernas com mais força, encosta a cabeça em seus joelhos e a situação torna-se fora de controle.
Ele provoca:
Excito-me, só com a lembrança, Paul.
Foram até o final?
O garoto parece reviver os momentos:
Claro que eu sabia o que estava por vir, mas nenhuma intenção de parar. O professor, carinhosamente, perguntou-me se já havia sido penetrado, ou se preferia penetrá-lo. Deixei por conta dele a resposta; insinuou a mão sobre minha bunda, passeando os dedos no meu reguinho e, insensivelmente relaxei por completo; deixei as nádegas soltas ao dispor dele. Pegando um gel na mesinha de cabeceira, lubrificou com ele o dedo médio e passou-o delicadamente em meu ânus. Minha sensação, uma tesão muito louca. Aos poucos, foi introduzindo o dedo dentro do anel virgem e enfiou-o todo, até o fundo.
Você não se contém, indócil com a descrição:
Doeu?
Só no princípio; mas, bem lentamente, o dedo entrava e saía e logo eu desejava algo mais. Deitei-me completamente de bruços sobre a cama e só lhe pedi que agisse bem lentamente, porque ainda era virgem. Meu esclarecimento pareceu excitá-lo mais ainda; contudo, carinhoso, perguntou se eu desejava mesmo ir até o fim. Minha resposta foi apertar-lhe o dedo com meu anel, significando que queria consumar o ato.
Tony prosseguiu a narração:
Embora nunca houvesse feito aquilo, minha tesão, grande demais, disposto a ir em frente, mesmo que doesse um pouco. Já havia penetrado garotas naquela posição; reclamavam de alguma dor, mas, depois, vibravam bastante. Comigo deveria ser igual, imaginei.
Para disfarçar, você interrompe a descrição:
E foi?
Já lhe conto. O professor deitou-se sobre mim inteiramente; beijava minhas costas, meu ouvido; meu desejo subiu às nuvens. Renovou a lubrificação, colocando o pau na entrada apertada de meu ânus, brincou ali por um momento e relaxei completamente os músculos daquela área. No princípio, uma dorzinha ardente, pregas dilatando-se, mas parou para deixar-me acostumar com o incômodo. Em pouco, lentamente, a cabeça foi penetrando, eu querendo que logo tudo entrasse. Quando a cabeça passou, senti um alívio, o resto do membro era mais fino. Meu pau latejava, quase gozando sem nem ser tocado.
Tony tomou um gole.
Nunca imaginei que aconteceria assim, que tinha tanta tesão no ânus. Ele penetrava devagar, colocando e tirando a cabeça para alargar-me bem. Por fim, senti que, num último movimento vagaroso, eu recebera tudo, sentia-lhe as bolas encostadas em minha bundinha de garoto; virgem, até então. A tesão não me deixava quieto, aquele volume enchia meu corpo de forma gostosa; sentia aquela cabeça grossa dentro de meu reto e passei a movimentar meu corpo para cima e para baixo, freneticamente, até que o professor mordeu minha nuca e gozou dentro de mim.
O bói parou de falar, como se gozasse com o momento que descrevia.
Paul, nem pode imaginar: quando o líquido inundou-me, mais aquela mordida na nuca, gozei sem nem mesmo encostar a mão em meu pênis; só o atrito no lençol. Uma sensação deliciosa que jamais esquecerei, nunca havia gozado de forma tão excitante.
Tony toma outra dose de uísque.
E prossegue:
Nossa relação, Paul, depois daquilo, continuou de forma arrebatadora, queríamos sempre estar juntos, vibrar com o contato de nossos corpos nus.
Penetrou o professor?
Sim; mas sem o mesmo prazer. O que entendi perfeitamente bem é que gostava mesmo era de um homem maduro entrando em mim.
Chegaram a se amar?
Tony parecia sonhar, ao responder:
E como! Entretanto, como era casado, só nos encontrávamos quando a esposa viajava. Ela era representante comercial e não faltavam ocasiões. Com o tempo, surgiu entre nós um amor profundo. Meu ciúme da esposa era grande, queria-o só para mim. Nunca vivera uma situação como aquela, não tinha experiência da relação entre homens.
Tony pára uns segundos, talvez pensando no passado.
Mas retoma a narrativa:
O que pôs fim a tudo foi a transferência dele para uma faculdade no centro do país. Para a esposa não fazia diferença; sua função era visitar as filiais da empresa em que trabalhava; para mim, a morte do romance. Ainda continuamos a trocar mensagens por e-mail, mas aos poucos o relacionamento terminou. Creio que ele havia pedido a transferência para resolver nossa situação. Faz mais de um ano que isso aconteceu, mas sempre me lembro daquele tempo, com saudade.
E teve sexo com outro homem?
Sim; depois da sensação inesquecível, soube do que eu gostava e, bem discretamente, tive outros casos, mas apenas sexo.
Tony, enfiando a cabeça entre suas pernas, percebe sua avantajada ereção mostrando-se sob a perna da bermuda frouxa.
Sua mão sobre a cabeça dele, tentando afastá-la de um movimento precipitado, mas... acaba desistindo!
Jamais pôde saber como a emoção começou, mas depois da amostra de seu membro cheio de tesão, tudo se precipitou. O garoto subiu beijando suas coxas, acomodou a cabeça entre elas, percebendo seu membro duríssimo.
Daí para frente, caem as sombras da memória sobre o passado; entretanto, naquela noite, mesmo um pouco sob o efeito da bebida, de resto uma eterna desculpa para atos impensados Tony subiu a perna de sua bermuda folgada, colocou seu pênis na boca e, impensadamente, terminaram na cama, numa relação que jamais esqueceria.
Tony possuía uma bundinha linda e sedutora. Jamais lhe passara pela cabeça aquela relação, mas aconteceu!
Durante os dias em que permaneceu naquele hotel, fizeram sexo todas as noites, até a madrugada surgir; a inibição inicial se fora; tudo em que pensava durante as reuniões de trabalho era quando chegaria a noite, para, de novo, entregar-se àquele prazer frenético.
Na manhã de sua partida, quando Tony veio colocar a mala no táxi, os olhos dele lacrimejavam; houvera, da parte dele, bem mais que sexo.
Paul, eu te amo!
Eu também, garoto!
O táxi fez a volta na rua e ainda pôde ver o rapaz, imóvel na calçada, com ar atônito, perdido. Insensivelmente, seus olhos encheram-se de lágrimas, presos de uma emoção que não parecia possível e que nunca mais aconteceria em sua vida.
Acenou para fora:
Adeus, Tony!