O que me propiciou ontem foi mais que sentir, mas fazer-se sentido!
Nossas bocas estavam sempre molhadas...
Sob luzes apagadas,
Brincamos um tanto sério, ...
Caíram-se as cortinas dos nossos corpos ante nós e, a sós, pudemos tocas a sinfonia arquejantemente arranjada pelos nossos harmoniosos gemidos, que púnhamos na clave do prazer...
Meus dedos regiam, ao toque de notas maviosas e agudas, o orquestrante plano do teu corpo...
Os beijos meus estavam secante ao teu plano; eles, sedentos, procuravam refrescarem-se no suor que banhava teu amante corpo...
O teu cheiro emanava-se pelo ambiente e entorpecia-me! Somente teu inebriante cheiro eu sentia e o meu desejo era só o teu!
O teto que nos guardava chamejava, refletindo nossas luzes; uma jarra de vidro ao lado cintilava as chamas e faíscas que saltavam de nossa união, cada uma procurando alcançar alturas e a magnitude estelar...
Nossas línguas se encontravam, sentindo um delicioso gosto de manjar...
Nosso alimento era nossos sussurros; alimentávamo-nos no íntimo de cada um!
Colhíamos nosso néctar em nosso fruto, do qual fazíamos usufruto.
Os olhos teus me pediam, me queriam; falavam-me do quanto eles me ansiavam... Eles, os teus olhos, enfeitiçavam-me e os meus só viam a ti!
As pernas minhas e tuas entrelaçavam-se, num gostoso frenesi imantado e constante...
Nossas línguas eram como matrès: sentiam, mutuamente, o indescritível sabor de nossos malabarísticos corpos e, estes, eram postos como pratos à mesa, prontos para serem deliciados com vontades contínuas...
Certos toques, em vozes, eram delicadas músicas, puras composições, cujos dedos eram maestros, regidos por movimentos simultâneos e recíprocos, e sua platéia eram a vastidão humanizada de nosso amor, nosso desejo mútuo, nossos sorrisos, nossa satisfação...
A fonte de todo este fluxo era cada um de nós, e nossa foz era o interior de nossos corpos, que fluíam sem esforços, na correnteza fluvial que banhava-nos por inteiro, sem pressa para afluir-se junto ao mar...
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