Quem nunca olhou nos olhos de um certo alguém e percebeu que aquela pessoa ficaria em nossa vida para sempre? Assim são os momentos mais importantes da nossa vida, trocas de olhares acompanhadas de um suspiro, de um arrepio, de um bater de coração mais forte.
Edgar estava entrando na universidade pela primeira vez, um calouro era o que todos os veteranos esperavam para começarem as brincadeiras de início de ano letivo. Edgar, de certa forma já estava preparado para isso. Assim que pôs os pés dentro do campus, uns cinco garotos encheram o rapaz de farinha de trigo e ovos, além de jogá-lo no chão sem a menor piedade. Tudo parecia muito humilhante, não fosse pelo surgimento de um alguém que mudaria o rumo dessa história. Rômulo estendeu sua mão na direção de Edgar para que ele se levantasse, uma troca de olhares foi inevitável e sem dúvida naquele momento estava começando uma das maiores histórias de amor de todos os tempos.
Por um acaso do destino, Edgar e Rômulo acabaram indo parar no mesmo quarto da universidade. Os dois riram muito da coincidência. Edgar começou a falar de sua vida, falou sobre a infância, a juventude, a busca incessante por um amor, em seguida foi a vez de Rômulo. O tempo foi passando e os dois ficavam cada vez mais amigos. Os boatos que os dois estavam tendo um caso tomaram conta da universidade, mas eles não ligavam mais para os comentários, a única coisa que eles queriam era curtir a vida sem se preocuparem com o que os outros falavam ou com o que os outros diziam. Um manifesto contra a permanência dos dois na universidade chegou às mãos do reitor que sem saída acabou expulsando-os. Eles não se deixaram abater, ergueram a cabeça e foram em busca de um lugar para morarem, queriam compartilhar todos os momentos. Edgar e Rômulo alugaram um apartamento. O primeiro conseguiu um bico de jardineiro em uma casa, o segundo formou-se com louvor. Os dois estavam bem financeiramente. Nada melhor do que comemorar a boa fase.
Edgar separou uma noite especial. Naquele noite eles completavam três anos de relacionamento. Ele preparou uma mesa com o que tinha de melhor na culinária, do lado dos pratos estavam duas velas que complementavam o clima. Edgar sentou na cadeira esperando que Rômulo chegasse. Quando a porta se abriu, Rômulo deparou-se com o que Edgar havia preparado, era impossível não se comover. Edgar correu até Rômulo e o recebeu com um abraço e um beijo. Os dois se serviram e enquanto comiam, conversavam sobre tudo o que lhes havia acontecido durante o tempo que ficaram juntos, foram as lembranças mais felizes que podiam ter. O amor que Edgar tanto buscara, havia chegado.
A noite tinha que ser esticada. Os dois seguiram para a cama. Edgar e Rômulo estavam excitadíssimos. Edgar fez questão de desabotoar com calma cada botão da camisa de Rômulo, tocar o seu peito com carinho e mordiscar seus mamilos. Tudo tinha que ser feito de uma forma especial, inesquecível. Rômulo tinha o corpo musculosos e muitos pêlos. Isso era o que deixava Edgar mais louco quando os dois estavam a sós. Rômulo tinha um pênis fantástico, o roça-roça foi mais do que uma busca pelo prazer. Um estava mais do que nunca pertencendo ao outro. E a noite passou de uma maneira diferente para eles, céus e terra se uniram e no mundo não havia mais uma alma além deles. O sexo se tornou uma maneira de imortalizar o amor que sentiam.
E assim, todos os dias eles comemoravam à sua maneira. Mais um ano se passou e Rômulo achava que era a sua vez de fazer uma "festa". Comprou um CD com músicas românticas e arrumou a casa com uma decoração afrodisíaca. A noite chegou e a espera por Edgar estava ficando cansativa. Ele já devia ter chegado do trabalho. Rômulo esperou até adormecer. Lá pelas duas da madrugada, ele acordou com Edgar acariciando seu peito desnudo.
_Por que chegou tão tarde? _perguntou Rômulo.
Porém, Edgar não respondeu, simplesmente encostou seus lábios nos de Rômulo e os dois transaram mais uma vez.
_Eu não podia deixar de vir. _disse Edgar.
A transa foi mais uma vez satisfatória para os dois. Rômulo adormeceu mais uma vez. Quando o dia clareou, Rômulo acordou procurando por Edgar que não estava ao seu lado e pelo silêncio, não estava em nenhum lugar da casa. A campainha tocou e Rômulo foi atender. Eram dois homens que não estavam com cara de boas notícias.
_Pois não? _recebeu Rômulo.
_O senhor conhece Edgar Lopes?
_Sim, é meu namorado, por quê?
_Ele foi encontrado morto ontem. Eu sinto muito.
Rômulo não podia acreditar no que ouvia. Ele não estava louco. Mas lembrou-se das palavras de Edgar.
"_Eu não podia deixar de vir."