O Comininguém

Um conto erótico de Matosão
Categoria: Heterossexual
Contém 1050 palavras
Data: 06/05/2006 19:15:21
Assuntos: Heterossexual

Hoje, com quase quarenta anos nas costas, casado e pai de uma filha, fico relembrando o início dos anos 80 com enormes saudades. Lembro da minha "bandinha de rock" que não conseguia tocar em lugar nenhum e das diversas garotas que achavam-nos ridículos. Bem, na verdade éramos ridículos por pensar que estivéssemos na moda. Eu, um loiro de dezesseis anos, 1.76m, magro como uma vareta, cabeça raspada, olhos grandes, verdes e esbugalhados. Gostava de usar sempre aquela calça jeans velha e aquela jaqueta de napa preta, tipo um bad boy do início da década de 80. Meus amigos eram igualmente feios e mal educados como eu. A gente se aproximava das garotas e não sabia o que dizer pois éramos inúteis, como na música do Ultraje. Muitos vem aqui contar suas vitórias, mas não há vitórias sem ter conhecimento das derrotas que a vida nos impõe. Eu, um roqueiro, um poeta maldito da minha geração, que escrevia a podridão da vida em letras rebeldes e de protesto. Não tinha motivos para tanto, minha vida não era tão difícil assim. Mas eu buscava as dificuldades para aprender com ela. Só que minha vida sexual era uma fralde. Eu só tinha visto uma mulher nua nas revistas de meu irmão mais velho. Mentia descaradamente para os meus parceiros "nerds" inventando transas esplenderosas, gozadas monumentais e mulheres estonteantes que foram ao delírio em meus braços. Em verdade eu só tocava punhetas pensando nas minas que nem sabiam que eu existia. Às vezes eram umas seis bronhas por dia! Um adolescente numa idade dessas é foda. Outro dia subi na lage da minha casa, encontrei um galão de gasolina de plástico abandonado há tempos debaixo das telhas. Resolvi transar com ele, vê se pode! Meti a rola na boca do galão e comecei a movimenta-lo para cima e para baixo, imaginando minha colega de escola. Nossa, a foda estava uma delícia e juro que o galão até parecia estar gemendo. Então o vaporzinho da gasolina começou a queimar minha chapeleta e a ardência foi ficando insuportável. Quando tentei tirar, meu pau duro ficou entalado. Nossa, que agonia! o pinto queimando e eu puxando o treco sem sucesso. No hospital foi foda. Todos riam da minha situação. Cara, eu precisava de uma Xereca mas tava difícil. Nenhuma mina queria sair com um maluco como eu. Noutro dia, sozinho em casa comecei a mirabolar um jeito de penetrar algo que não me oferecesse tanto risco. Apanhei um cobertor felpudo, enrolei-o como se fosse um rocambole, enfiei um saco plástico no orifício, coloquei duas almofadas nas laterais daquele rocambole de flanela, lubrifiquei o pau com azeite, abri uma revista pornô e enfiei a rola no cobertor. Caramba, enfim uma foda gostosa e sem risco algum. O pau escorregava que era uma beleza e eu olhava para a revista feito um porco babão. Me dei ao luxo de dizer no ouvido do cobertor: agora quero botar na bundinha de ladinho! e botei.

Passei a foder com meu cobertor quase todos os dias e quando estava com meus amigos, dizia que tinha transado com minha namorada (que nem existia). Um dia, minha mãe doou meu cobertor para um orfanato, nessas campanhas que fazem do frio. Puxa, que vazio ficou em mim, era o meu melhor cobertor. Mas como eu era um jovem criativo, na mesma lage em que comi o galão de gasolina, havia um colchonete velho. Bem, fiz um orifício nele e passei a transar com o colchonete até que um dia meu irmão me pegou em altos loves com aquela espuma velha e me caguetou para meu pai. Que vexame. Fiquei só na punheta por um certo período. Minha idade não me permitia ir em thermas. Mas eu precisava comer alguma mina, estava virando obsessão. Um dia, minha irmã começou a namorar um sujeito a quem eu detestava, ainda mais que ele ficou sabendo do galão de gasolina e me zoou até não poder mais. Me dizia para ficar longe do carro dele. Filho de uma égua, limpava a cara com o irmão fudido e comia a irmã na encolha. Eu o odiava e quando ele chegava, eu saia. Odiava vê-lo mexendo na minha guitarra e compondo músicas que me expunham ao ridículo, sempre frizando o caso do galão. Eu era motivo de chacota e queria matá-lo.

Um dia, eu vinha da escola e o miserável parou o carro ao meu lado. Pediu para que eu entrasse e eu recusei. Ele insistiu, disse que era algo do meu interesse. Já dentro do carro ele começou a me orientar de como se proceder numa primeira vez. O cara era malandro, por isso minha irmã era louca por ele. Meu cunhado me levou na casa de uma amiga sua que tinha uma prima. Lá parecia que já estava tudo esquematizado. Eu dei meu primeiro beijo na boca de uma mulher, chupei o primeiro peitinho da minha vida e tive a minha primeira transa da maneira mais convencional do mundo, com uma mulher de verdade. Ele traía a minha irmã com uma delas, mas, e eu com isso? Sei que descobri naquele dia que eu era um excelente amante. Carinhoso, viril e polivalente. A menina até brincou perguntando se eu era mesmo movido à gasolina. Meu cunhado se tornou o meu melhor amigo e eu fiquei comendo a mina que ele botou na minha fita por um bom tempo. Eu dizia que ela era muito gostosa e ela retrucava que era melhor do que mil galões de gasolina. Ela me sugeriu que deixasse os cabelos crescerem, mudasse minha maneira de me vestir e aprendesse o básico da comunicação entre homem e mulher. Então eu renasci ali. Descobri que eu era um cara alto, loiro, de olhos verdes, com uma imaginação incrível, um bom papo e uma maneira de cuidar de uma mulher que até então desconhecia. O tempo passou, conheci outras meninas, amei algumas, fui amado por outras e me tornei um rapaz bonito e interessante. Aquele cunhado que eu tanto detestei um dia, foi quem realmente me fez despertar para o mundo. Hoje sou um homem feito, de bem com a vida, bem casado e satisfeito com o que tenho. Somente um fato ainda me deixa inconformado até hoje: quem estará dormindo com o meu estimado cobertor?

Matosão.

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