Inquietudes: Gozos e inocência.

Um conto erótico de Dödòi
Categoria: Heterossexual
Contém 2217 palavras
Data: 25/06/2006 09:42:58
Assuntos: Heterossexual

Inquietudes: Gozos e inocência

Comecei a despertar um pouquinho mais tarde que o habitual, por culpa do sol. Manhã de domingo, linda e radiosa, de um azul profundo, daqueles que ampliam a imensidão do existir e se subvertem e reduzem o ser-e-estar no mundo à mais gostosa preguiça. Pra quê despertar quando não se quer e nem se precisa? Pra quê outra realidade se não esta linda e preguiçosa e ensolarada manhã de domingo. Inda mais sozinha, eu e eu, mais ninguém. Nada pra pensar e nenhuma razão para deixar a razão chegar. E aonde a razão não chega a sensatez nem se aproxima. Porque não quero ser sensata. Difícil de entender, fácil de intuir, porque o sol, gentil e generoso, ao me acordar, foi muito indecente e saliente, ao lamber-me as coxas gostosamente, e a mente gostosa não mente diante do indecente. E que se fodam as rimas, porque ser lambida pelo sol, indecentemente, torna a mente gostosamente indecente.

Foder com o sol, com o astro rei. Não é sonho. É real. Me lambe, sol. Me fode gostoso. E pensamentos e lembranças. Me fode gostoso, como o primo fode a mãe, como o primo me fodeu e ainda me fode...Isso, astro-rei, me esquenta, me queima, me faz arder, seu filho da puta. Aprendi com a mãe xingar assim. Na hora agá, ela chamava o primo de filho da puta, de maldito, de canalha, de desgraçado e tudo que era nome ruim.. Logo ela, que nunca se expressava daquele jeito. E que jeito de xingar era aquele? Tão gostoso! Um xingar que não era xingar, mas era. Era gostoso de ver e ouvir e, se dava vontade de fazer igual é porque antes desta vontade, outras já brotavam, e me faziam perceber que o ressentimento de mãe era só aparente. Não era raiva de ódio, era raiva de prazer. Inocência uma ova. Inocência é o apelido bonitinho de ignorância, que não é burrice. E a gente intui. Nisso mulher não tem igual. Intui, e sente, e se o negócio do corpo e da alma é foder, foda-se, porque nem todos os nomes ou palavras ou palavrões conseguem exprimir o que nós, vagabundas sentimos na hora do prazer.

Me fode, sol. Me fode gostoso...como o primo me fode,. Só pensamentos. Puta que pariu...Me fode seu filho da puta, desgraçado, canalha...

Espera, sua boba. Gozar agora? Nunquinha. Tá tão bom. Sofre mais, vagabunda. Cúmplice e carrasco de mim mesma. Isso é o di-a-bo de bom. Pensamentos, só pensamentos, tudo bem. Mas a língua do sol é quente. O sol é poderoso, o sol me quer, o sol me deseja, o sol quer entrar em mim e calcinar minhas entranhas, meu sangue já ferve. Mas o sol não tem pau, sua boba. Tem sim, se tem língua tem pau, sofista estúpida. Então mete, sol filho da puta... Eu peço, eu suplico. Olha como eu tô melada, desgraçado, sente como eu latejo, seu puto...

Sou tão parecida com a mãe! Um dia pergunto se além do primo, ela um dia fodeu com o sol também.

Durante muito tempo tive sentimentos ambíguos em relação à minha mãe, principalmente admiração, vergonha e raiva e repulsa, o diabo.. Mas vê-la foder com o primo me fascinava. E almas inocentes como a minha, encantam-se com facilidade. A consciência de que era errado era inevitável, mas era só erro, só um erro. É “era” demais pruma frase só. Mas pensamentos são pensamentos, é assim que a gente pensa.

Quando esse erro assumiu o significado de traição, da pior das traições, a coisa complicou. Amor pelo pai, amor pela mãe. E dúvidas e mais dúvidas e certezas dúbias, cada vez mais exatas, porque as inquietudes da alma e do corpo vinham de qualquer jeito e sobretudo gostosas, porque calcinha só vaza diante do que é gostoso ou de promessas irresistíveis do que mais gostoso será. E minha calcinha encharcava quando eu espiava a mãe foder com o primo.

E por mais que eu amasse o meu pai, o erro de mamãe tinha um encantamento que o tornava colorido, e assim, colorido, era um erro bom de cometer. Bom prá caráio, diga-se de passagem. Porquê ela ficava feliz, mais bonita, mais gostosa, de bem com a vida. O primo, esse filho da puta devasso que tanto amo, e mamãe também, nunca agiu como homem: sempre agiu como um deus. Como todo deus, foi sábio e soube fazer minha mãe, tão jovem e bonita e infeliz, dar um sentido á sua vidinha medíocre. E à minha, que medíocre não era, mas tinha tudo para ser, porque nosso destino tende a ser medíocre como o de nossos pais. Eu era apenas inocente. E nada mais excitante que uma “menina inocente, embora, na verdade, me dê vontade de dizer que inocente é o cú da mãe, menos o da minha, admito, do qual o primo cuidava como se cuida dos culpados, para felicidade de mamãe e curiosidade da filhinha, nada inocente, culpadíssima como ela.

Mamãe vivia adormecida pelo esplendor de um casamento nada explêndido, de merda. Marido ciumento, chato e briguento, que acho que só metia nela, porque meter é só o que os babacas dos homens sabem fazer, e nunca fodia como um homem de verdade deve foder uma mulher, porque foder é muito diferente de meter.

E este, que é o mais poderoso dos verbos, o foder, o primo conjugava como ninguém. No presente do indicativo para dar a mais-que-perfeita das fodas, porque se assim não tivesse sido, o pretérito-perfeito não abundaria neste relato.

Mamãe tinha vinte e poucos anos e era bonita. Demais. Uma beleza singela, comovente, serena e selvagem, uma infernal mistura de pureza e sensualidade, capaz de atormentar e corromper o mais convicto dos monges. E o pai era cego. E só o primo seria capaz de desnudar a sensualidade de mãe desse jeito, porque essas palavras não são minhas, são dele, sempre dono de todas as razões. E, por mais doloroso que seja admitir, só o babaca do pai não conseguia exergar e aproveitar, coitado.

O senhorio dos sentidos e da estética era do primo. Era o mestre Supremo. E através dos seus apuradíssimos olhos, maravilhada, dei-me conta que mamãe tinha um corpo invejável, perfeito, que seus seios eram ainda adolescentes, duros, e belos como duas suculentas peras, associações óbvias que só se tornam óbvias depois que alguém nos aponta verdades, e, por isso acredita, porque também intui, como os cabelos assustadoramente belos, e o rostinho lindo de menina triste. Porque rostinho triste e melancólico denuncia, acima de tudo, infelicidade, e o primo me fazia acreditar nessas coisas, e eu tinha que acreditar, porque eram verdades estéticas e factuais. Mamãe não era feliz com meu pai. Um troglodita inocente, boboca, que apesar de amá-la, jamais soube tratá-la como mulher. Queria uma “nossasenhora”, uma réplica da própria mãe. Tão burro, meu deus!

Só conheci verdadeiramente minha mãe depois que vi a felicidade estampada no seu rosto, ao foder com o primo. Foder, repito, porque o que abunda não falta, se de sexo se trata, e repita-se de novo, o mais poderoso e encantador dos verbos, que os homens, esses tolos, como meu pai, nunca aprendem a conjugar direito. Mas o primo sabia, e como sabia. E minha mãe fodendo, e o gerúndio é uma desgraça, mas dá noção de um presente que ainda é muito vivo na minha alma, era algo bonito de ver. E ficou mais bonito ainda porque a gente vai crescendo e, de intuição em intuição, vai adquirindo, sem querer-querendo, as deliciosas inquietudes da alma, que fazem a carne se exasperar em desejos.

Nunca senti atração por ela. Incesto não é a minha praia. Não, minha libido não transita por aí.

Mas os entretantos da alma sempre confirmam seus inevitáveis todavias, porque, mais de uma vez experimentei o gosto de mãe, no pau do primo. E confesso, sem qualquer mortificação, que o gosto de mamãe era muito bom. Um gosto de mulher fresca, de fêmea. De fêmea no cio. De cio que não se esgota. De cio de mulher mal amada que se escobre bem-amada. De um cio, infelizmente comum, alimentado por casamentos mais-que-imperfeitos, como o pretérito mais-que-perfeito do verbo foder, porque se meu pai a fodesse, o cio de mãe seria outro, e coisa que jamais passaria pelos meus pensamentos e nem pela minha boca. Será que eu precisava falar disso? Foda-se.

Aconteceu depois que a saliência, ô palavrinha danada de gostosa, transbordou de vez entre eu e o primo. Com sua virilidade serena, cerebral, incansável e devastadora, o primo, como todo deus, esgotava mamãe. E coisa que mulher gosta mesmo é ser devastada, exaurida, acabada. E, justiça seja feita, mamãe gozava muito, sucessivamente, até prostrar-se, e subsumir-se à paz absoluta, única, de quem derrotou seus piores demônios. Largada da realidade, em doce abandono, a olhar para o nada, despudoradamente aberta, com os sucos da sua insensatez escorrendo, mãe nem queria saber se o primo queria mijar, ir no banheiro, se o mundo ia acabar. Mulher saciada não quer saber de nada. E ela ficava mais linda e sensual com aquelas olheiras negras e profundas, a adornarem seus belos e cansados, mas brilhantes, olhos esmeralda.

E o primo queria mais, mas mãe não reagia, e nem ele queria que reagisse, e o pau dele duríssimo, saído das entranhas dela, todo melado, brilhando, querendo mais. E ele fazia que ia ao banheiro, mas vinha para a minha boca, que estava mais perto, e doida para foder, porque foder com a boca já era o maior do meus vícios, e pau com os temperos da putaria é mais gostoso. E tempo depois, com a alma já expandida pelo primo, experimentei na fonte outras bucetas, e gostei do gosto, do cheiro, e da pele, e dos seios e dos beijos, e das salivas, mas nunca, nunca pensei em foder com mamãe.

Mas não é dela, hoje esta quarentona linda, saudável, putíssima, conservadíssima e dona de outros tantos superlativos, de quem devo falar. Muito embora, um dia, acho que ainda vamos conseguir resolver, no plano da intimidade, nossa calada sociedade com o primo, que dura até hoje e trocar-mos impressões e quem sabe fundar uma religião em homenagem a este deus do sexo. E também para eu agradecer sua compreensão e generosidade de mãe, porque tenho certeza de que ela sabia, que sempre soube de tudo. E, de mim, só resta continuar a falar.

E o sol me lambendo. Não é sempre que acontece isso, esta languidez absurda, que me diz que está na hora de ir além do comum, de foder com o pé na mais louca transgressão. De deixar acontecer o que tiver de acontecer. De mergulhar na insensatez. De foder com um, dois, três, vinte o dia inteiro. De chupar uma buceta. Um pau e uma buceta juntos. Pensamentos. Pau na frente, outro atrás, na boca, nas coxas, no suvaco, na alma. Pau na alma. Vai ser vagabunda assim na puta que a pariu...o que é muito bom. Dia de ser a mais vagabunda das vagabundas. E viva as vagabundas. E os pensamentos não param e minhas tetas latejam de doer, e o sol me lambe a buceta e a brisa gostosa me causa arrepios, nesta manhã perfeita de um dia perfeito para foder.

Talvez uma pequena caminhada na praia. Cinqüenta metros bastam. Alguém sem nome, sem rosto, magro, gordo, bonito, feio, não importa. Dizem que narigudos têm pau grande. Nem sempre, já testei. E teste melhor não há que o inchaço sob as sungas, e pressentir e sentir na alma o que a boca pede, a buceta exige e cú suplica. Tô pornográfica demais. Desculpe. Mas hipóteses loucas me enlouquecem.. quanto mais perigosas e aviltantes, mais me atraem, vagabunda é assim mesmo. E não sou louca, porque foder com o sol é uma delícia consentida por minha imaginação de vagabunda, de devassa. Quero é pau, caralho, pica. Não, não quero, preciso.

Pensamentos, meu deus, pensamentos. E latejo de doer. E me sobrevém um pensamento que não quero ter, que faz meu estômago se contorcer de tanta culpa, porque amo incondicionalmente o meu marido, e sei que ele não merece que eu faça essas coisas, porque ele me fode gostoso, mas eu sou vagabunda e vagabunda é assim mesmo, por melhor que seja o melhor, o melhor não basta. Coitado, mas eu preciso, é necessidade. Filha de puta, filha-de-putinha é. E a culpa me dá mais tesão e me toco nos mamilos para tentar aplacar o latejo, e me espremo até a dor ficar bem forte, e dói e foda-se, e o latejo aumenta, e meu útero se contrai, a sinto as golfadas na buceta, lambida pelo sol quente, e os pensamentos não param, puta que pariu, é bom demais, e eu preciso falar como o primo consumiu a minha inocência em troca de saliências...adoro pensar assim que isso foi verdade, porque ma dói saber que nunca fui inocente. Mas estou cansadíssima de sentir tesão e meus dedos já não me obedecem eu o gozo vem e eu penso no primo, e eu penso em você, e peço desculpas porque minhas carnes já não se contêm e explodem e eu tenho que contar como o primo me seduziu, e prometo contar depois, porque o gozo já me despedaça.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 9 estrelas.
Incentive Dödói a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Inquieta só de ler isto! Muito Bom!

0 0
Foto de perfil genérica

gostei...gostei sim!!! Mas q sol filho da puta comedor!!!rs

0 0
Foto de perfil genérica

Como se pode perceber -e já vou adiante- com três tecladas, deu na mesma, agora vou para quatro.

A recomendação para a leitura do conto do dia 17 é para todos. Não é só para o Ricardo.

0 0
Foto de perfil genérica

-continuação-

Leia, se quiser, publicado aqui mesmo, em 17 deste mês de junho, outro relato dela : -“Ebulição: a mãe e o primo.” Depois, também, se quiser, comente.

Como certamente ela lerá isto, eu já aproveito para dois recados:

-Parecem-me claros, através desta mensagem, os meus cumprimentos.

–Aos que têm reclamado da formatação de alguns textos, e com razão, estou digitando este com três tecladas de parágrafo, para ver se eles ficam realmente separados. Só com duas, o programa da “Casa dos Contos” as suprime e junta tudo como um bloco só.

Apenas depois de publicado, vou ver se assim dá certo.

EROTICON

( eroticon@terra.com.br )

0 0
Foto de perfil genérica

RICARDO,

essa menina-moça, criança-mulher, fácil e gostosa de ser lida, difícil de ser decifrada, tem um modo impar –não de pensar, porque na realidade nossos pensamentos são formulados assim, não ocorrem segundo lógica e ordem racionais, -ela tem um modo pouco visto de redigir, bem no limiar entre o pensamento surreal e a expressão cartesiana, arrumadinha, à qual estamos habituados.

Ela, ora caminha aqui, e logo após a vírgula –já está lá atrás ou lá adiante, mas a perder de vista. Passado, presente, futuro; o real e o virtual; a vontade coerente e o desejo absurdo, são todos eles, partes simultâneas de um mesmo instante, imediatamente seguido por outros, às vezes na mesma frase, porém com aparentes antagonismos, cuja redundância constrói uma coerência própria, só dela.

0 0