A Vingança Frustada
Relacionavam-se ha algum tempo e por isso mantinham uma total intimidade.
Ela, sempre surpreendendo; ele nunca sabendo qual seria a próxima surpresa. Mas esse suspense o agradava e muito.
De repente, ao cruzarem-se no escritório, ela fala bem próximo de seu ouvido: Estou sem calcinha.
Ele cora, fica rosado, vermelho; olha em volta, assustado, pra ver se alguém escutara o que ele achava ter ouvido.
Mas ao olhar para ela, e vendo nela um sorriso malicioso de canto de boca, teve a certeza: Sim! Ela disse. Caramba!
(E pensar que tudo começou com um elogio dele àquela boca pequena e gostosa).
Passou a manhã pensando, desconcentrado. Ela percebeu o seu descontrole, mas apenas sorria, discretamente, toda vez que seus olhares se cruzavam.
Por mais que ele tentasse, não conseguia prever o próximo passo que ela daria. Não sabia se esperava a saída ou se propunha algo louco. Será que ela toparia??
Mesmo porque, no estado em que ele se encontrava, não conseguia pensar em nada lógico. Mas quem disse que teria que ser algo lógico? Ela não era lógica.
Então, ele se desafiou: teria que surpreendê-la para se vingar.
E só tinha um jeito de deixá-la desarmada e sem ação: conseguir alguns momentos de intimidade. Nesses momentos, ela se entrega totalmente. Fica indefesa e até admite derrota.
Só faltava encontrar o lugar ideal. Tinha certeza que ela não recusaria a loucura. E então, ele se vingaria; uma vez excitada, ela só se contentaria com o prazer proporcionado por um orgasmo. E a sua vingança seria não lhe dar esse orgasmo.
Mas onde? Tinha que ser numa sala esquecida. Lembrou-se de uma, que era usada como arquivo morto e por isso, quase nunca freqüentada. E seria na hora do almoço; o risco passaria a quase zero.
Ele, então, interfonou para ela e fez o convite. Claro que ela aceitou.
Ele não poderia ceder a seus encantos e suas armas. Tinha que ser forte, mesmo que isso lhe custasse, depois, uma masturbação.
Na hora combinada, ela entrou na sala. Ele, lá, já estava; armado. Literalmente armado, poderoso e imponente.
Sentado (quase que de pé) numa caixa, puxou-a para perto de si. Beijos na boca, no pescoço, mordidas na orelha, apertos, amassos, pressão na cintura e... Gentilmente, ele confirmou, com as mãos trêmulas de tesão, a ausência da calcinha. Totalmente livre e completamente molhada. Agora a vingança. A hora é essa, pensou. Calculou as palavras que utilizaria. Tinha que ser curto, grosso e... Sacana.
Então, ele falou: hoje, só ficaremos na sacanagem. E sorriu, vitorioso, com o canto da boca, tal qual ela fez.
Mas ela não se abateu e, como sempre, surpreendeu-o novamente:
Olhou-o nos olhos; umedeceu os lábios com aponta da língua; espalmou suas duas mão, apertou-as contra as bochecha (dele) até seus lábios formarem uma flor; beijou levemente sua boca; encostou a boca, ainda úmida, em uma de suas orelhas, mordeu-a levemente e falou sussurrando e mordiscando suavemente a orelha do indefeso e estático homem:
Eu a-do-ro sacanagem.
E foi embora.
Fim.