O primo
Há duas quadras de casa, numa esquina, havia uma lanchonete. No verão, especialmente às sextas-feiras, muita gente ia pra lá tomar um chopp.
- Binho! exclamei com voz alta, ao revê-lo.
Ele estava sentado numa das mesas que eram postas do lado de fora da lanchonete. Bermuda preta, camiseta regata branca e chinelos havaianas da mesma cor, levava o copo de chopp a boca quando me viu chegando.
- Há quanto tempo falou já levantando. Como andam as coisas?
- Tudo normal respondi enquanto lhe apertava a mão.
- Cara falou, já com os dentes a mostra Senta ai um pouco e bebe algo com a gente.
Dito isso, já arrastou uma cadeira da mesa do lado. Sobre a que estava havia dois copos. O seu e um outro pela metade. Senti-me um tanto sem jeito, mas ele insistiu:
- Senta cara.
- Não vou atrapalhar? perguntei apontando o outro copo.
- Nada respondeu. É meu primo que chegou de Sorocaba que tai comigo.
- Ahhh resmunguei.
- Já eu te apresento ele falou. Assim que ele voltar do banheiro.
Senti-me um tanto estranho ali, já que não tinha tanta intimidade com ele. Não no sentido de papo. Mas, entre um papo e outro, acabamos nos entrosando e nos atualizando sobre nossas vidas.
Entre outras coisas, adorava seu timbre de voz. Era grosso, mas não exageradamente. E seu jeito de falar, cheio de gírias, também me agradava.
...
Seu primo não tardou a chegar. Surgiu do nada, assim que o garçom terminou de anotar meu pedido.
- Esse é o Marcel falou apontando para o rapaz, que era um puta de um primo.
Moreno claro, cabelos curtos e voz um tanto rouca, tinha cerca de 1.86m. Daí o motivo do puta. Vestia uma camiseta larga num tom bege, mas que se tornava um tanto justa sobre os ombros e peito largos. Era um belo rapaz.
Após o breve aperto de mãos, ele tornou a se sentar em seu lugar junto a nós. E o papo correu solto.
...
Passada meia hora, desde que eu sentara ali, e senti o breve ar gelado que agora circulava.
- Ta esfriando! falei enquanto cruzava os braços. Minha garganta reclamava, a cada vez que eu engolia. Preciso ir embora.
- Já? perguntou Binho. Se esperar mais um pouco a gente te leva.
Marcel balançou a cabeça em sinal positivo, enquanto colocava o copo de volta a mesa. Era espantoso a rapidez com que eles bebiam.
- Mas minha casa é aqui pertinho retruquei.
- Eu sei muito bem onde é sua casa. falou Binho, com um sorriso nos lábios e voz um tanto arrastada.
Sorri de volta.
- Fica mais um pouco dessa vez foi o Marcel quem se manifestou, causando me um certo espanto o papo está bom. Assenti.
...
A circulação dos copos sobre a mesa, com exceção do meu, era rápida. As vozes subiram de tom, e seus reflexos tornaram-se um tanto mais lentos. Fiquei receoso.
- Vou até o banheiro falei enquanto me levantava e depois embora.
- Nós também já vamos falou Marcel.
- Já volto conclui enquanto me encaminhava ao fundo da lanchonete.
Já fazia mais de uma hora que estávamos ali.
...
Os banheiros, masculino e feminino, ficavam no fundo da lanchonete, à esquerda. Uma pequena placa sobre a porta de madeira os diferenciava. Visto de fora não parecia ter tanto espaço. Logo na entrada, havia uma pia de mármore branco, com duas torneiras. Sobre ela um grande espelho. O piso, num tom pastel, era o mesmo de toda a lanchonete. Mais adiante um pequeno mictório de alumínio escovado, muito limpo, e dois reservados. Devido a um pequeno circulador de ar posto na parede, apresentava um cheiro agradável. Estava preste a sair, mãos sendo lavadas, quando a porta se abriu e pelo reflexo do espelho o vi entrar.
- E ai meninão, aprontando muito?
Devolvendo o sorriso, respondi:
- Que nada, estou no maior sossego.
Ele caminhou até a frente do mictório e num gesto apressado abriu o velcro da bermuda e tirou o pau pra fora. Enquanto liberava o excesso de chopp, fechou os olhos fechados e entrelaçou as mãos na nuca.
- Ahhhhhh, que delícia que é mijar. gemeu.
Parado por um instante, torneira ainda aberta fiquei a observá-lo. Era impossível vê-lo ali, com os bíceps e o instrumento, que apesar de adormecido já espantava pelo tamanho, a mostra e não admirá-lo. O líquido amarelado, saia num jato forte.
De repente ele abriu os olhos e voltou-se para minha direção. Sem jeito, voltei ligeiro meu olhar para o espelho.
- Tava matando as saudades? perguntou ele, enquanto chacoalhava o pau.
Neguei sem graça, falando que estava pensando.
- Pensando nele? disse enquanto caminhava rumo a pia e apertava o volume na bermuda, agora fechada.
Apesar de já conhecer o material fiquei ainda mais sem jeito. Ele então veio atrás de mim e nossos olhos tornaram a se cruzar pelo reflexo do espelho.
Permaneci parado e após me dar uma boa analisada ele aproveitou para chegar mais perto. Senti-me aquecer, poderia entrar alguém ali. Ele então, estendeu as mãos sobre minha bunda e a acariciou rapidamente. O barulho da água que saia da torneira tornara-se imperceptível. Ele agora me enconchava, e sua boca estava rente a meu ouvido.
- Você está com um puta rabão, hein! sussurrou.
Adrenalina a mil, coração quase saindo pela boca, senti-me latejar.
- Pode entrar alguém - falei enquanto tentava fugir do seu sarro.
Ele não se importou, pelo contrário, passou seus braços por sobre meu peito e me trouxe ainda pra mais perto de si. Também estava excitado. Enquanto pressionava meu corpo contra o seu, propôs:
- O que você acha de curtir mais esse meu brinquedinho, hein?
Pensei que fosse desfalecer ali. Não respondi. Ele então me liberou, e colocando as mãos sobre a água que ainda escorria, as lavou. Senti-me atordoado.
Jogou no lixo os papeis toalha que usou. E caminhou rumo a porta. Antes de sair ainda perguntou:
- Vamos ou não vamos, treinar esse seu rabão?
- E seu primo? devolvi
- O que você vai falar pra ele?
Nesse instante um solavanco abriu a porta. Era um dos garçons do lugar. Simpático, nos cumprimentou antes de se fechar no reservado ao fundo. Binho não respondeu minha pergunta. Deu me um tapa na bunda e disse que estava indo embora. Caminhou porta afora. Fui atrás.
Do lado de fora, enquanto Binho caminhava rumo a porta, Marcel, de pé na fila do caixa, tirava a carteira do bolso. Dei uma última olhada na direção de Binho, ele havia parado, ombro na soleira da porta a esperar, e caminhei na direção oposta, indo ao encontro do Marcel. Tinha que pagar por meu suco.
- Depois você me paga falou ele, de modo decidido, assim que cheguei a seu lado.
- Tudo bem respondi.
A moça a sua frente saiu. Era sua vez.
- Já estou indo também respondeu ele, assim que eu disse que o esperaria junto de seu primo na porta.
...
O ar estava ainda mais gelado, e o choque das temperaturas (meu corpo ainda queimava), fez com que os pêlos de meus braços se levantassem. A pontada de dor na garganta foi um pouco maior agora.
- Binho! chamei-o assim que parei a seu lado.
- Fala menino disse de modo um tanto arrastado, enquanto seus olhos de bicho arisco se voltavam em minha direção.
- Sobre o que aconteceu no banheiro... - continuei.
- O que tem? perguntou ele me cortando.
- Bem falei que desculpas você vai dar a seu primo?
- Pra? perguntou, enquanto erguia as sobrancelhas e fazia um gesto de questionamento com ambas as mãos.
- Pra gente poder brincar disse eu, com ar de sarcasmo, um tanto impacienteNenhuma respondeu ele, concluindo o papo Ele vai junto.
Continua...
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