Este conto irá ser apresentado em três partes, assim intituladas:
ACERTO DE CONTAS O deve (já publicado hoje); ACERTO DE CONTAS O haver (actual); ACERTO DE CONTAS O saldo (a publicar)
Mesmo quando planeamos uma acção, um passo, uma atitude, sujeitamo-nos a que o plano sofra os efeitos de algo exterior à nossa vontade e ao nosso desejo. Coisas, situações, acontecimentos que, por uma razão ou outra, saiem do nosso controle e acabam por provocar uma volta de 180 graus aos nossos propósitos iniciais.
Foi o que aconteceu comigo, quando no exacto momento em que me preparava para sair fui surpreendido pelo inesperado.
Na minha frente, envergando aquele robe de chambre sedoso, com os seios salientes e o corpo emanando um odor de perfume suave, de quem havia tomado banho, estava a minha tortura em carne viva, vibrante, explosiva. Os seus olhos verdes perfuravam todo o meu ser, trespassando a minha consciência como se adivinhasse os meus pensamentos animalescos de macho pronto para atacar a presa que parecia fácil, mas se manifestava de tal maneira segura de si que jamais poderia ser atacada.
Não era eu quem ali estava! Eu estava algures entre a terra e a lua, num lugar de coisa nenhuma engajado nos meus pensamentos de demência pura, nas imagens demoníacas de sexo selvagem, avassalador, tresloucado, apaixonado. Eu era um homem sem rumo, como se passado e futuro se tivessem fundido neste presente envenenado, que me provocava dependência.
À minha frente, tão bela como só ela, estava a mulher que me havia raptado e tornado escravo. E qual era o seu nome? Quem era ela, além de ser a esposa do homem, que eu tinha como amigo, e que me devia dinheiro que eu pretendia cobrar? Quem era aquele pedaço de perdição que se mantinha ali calma e indiferente à minha loucura, mas sabendo claramente que eu estava perdido numa tesão sem controlo, num acesso de animal no cio, cuja verga já não obedecia a qualquer ordem da razão, para só atender à linguagem do prazer e da luxúria?
Estendi a mão e preparava-me para dizer:
- Tive muito...
A voz dela surgiu como de um sonho e encheu o meu cérebro embriagado do seu halo, do seu odor, da sua presença:
- Desculpe, o seu nome é...
Foi como se levasse um soco!
- Desculpe balbuciei chamo-me Gonçalo... E você?
Ela mais uma vez cresceu na sua simplicidade de mulher, fêmea que domina a situação, e com um sorriso de menina inocente, onde um misto de malícia se adivinhava, respondeu com uma voz melodiosa:
- Eu sou a Susana... Su, se quiser, para os amigos! Já somos amigos... e riu-se como se saboreasse uma vitória ou um passo mais no caminho para ela.
Sem me deixar continuar na intenção de despedida, pousou-me a mão no ombro, forçou-me para baixo e fez-me sentar de novo. De pé, junto de mim, com o robe apertado na cintura, mas a silhueta claramente definida, olhou-me de cima e atirou:
- Já que aqui estamos, já é tão tarde e a culpa desta demora é minha, que nunca mais me calei, vou lhe fazer uma proposta que não está autorizado a recusar...
- Como? quis eu ripostar, entre o incrédulo e o submisso Que proposta é essa?
- Vamos jantar os dois! disse Su, assombrosamente imponente, senhora de uma pose sem mácula, enquanto me olhava fixamente e se sentava de novo.
Não tive como recusar, até porque a proposta não era recusável.
Dali a pouco, enquanto aguardava na sala, cheio de desejo e perdido na volúpia dum jantar onde já tudo acontecia, pelo menos na minha cabeça, assisti à movimentação de Su entre o WC e o quarto no seu afã de preparar-se e, sem esperar, tive a visão do supremo céu na terra.
Su saiu do quarto para o WC nua, apenas envergando uma pequeníssima cueca preta de rendas e um soutien do mesmo padrão, que deixava em destaque o volume dos seus peitos apavadoramente deliciosos. E ao olhar para mim como que piscou o olho, convidando-me a ser paciente. Já não podia aguentar mais! Aquilo era um castigo para o qual eu não estava preparado e não queria continuar passivamente a assistir aquela mulher a provocar-me como se eu fosse um brinquedo nas suas mãos hábeis.
Levantei-me e dirigi-me a ela, que estava agora no quarto a acabar de vestir uma saia curtíssima, de cor salmão e uma blusa branca com folhos nos punhos. O seu corpo torneado sobressaia do conjunto, desenhando os contornos da cueca e do soutien. Pendurado ao pescoço um colar condizente com a saia. As pernas alvas, sem meias ou qualquer cobertura, subiam apelativas até ao centro do vulcão que eu queria descobrir com a maior brevidade possível. Os seus lábios, os seus olhos, o seu colo, a sua tez, tudo em Su me gritava: Ataca! Avança! Não temas!
Logo que me viu entrar, como se o esperasse, Su levantou o braço e encostando-o ao meu peito ordenou, com voz sensual e cálida:
- Sai! Vai sentar-te na sala e aguarda! O teu tempo ainda não chegou! Não sejas apressado! tratava-me por tu e, desavergonhada, olhava com despudor para a minha braguilha, que retinha o meu caralho duro e incandescente, quase a explodir da tesão que sentia. Estava já totalmente alagado da escorrencia dos meus líquidos e a cueca ensopada, fazia sentir-me como se tivesse acabado de vir-me, o que não acontecera por acaso, tal era o fogo.
Não havia como opor resistência e obedeci, regressando ao sofá da sala, certo de que a tarde haveria de prolongar-se pela noite dentro e a noite, sabe-se onde iria desaguar.
Interiormente percorri todo o tempo desde a primeira visita e continuava a não perceber o que se estava a passar, embora quisesse que acontecesse o que parecia estar prestes a acontecer. Todos os detalhes foram por mim analisados; todos os momentos foram por mim vistos à lupa. Detive-me na última frase de Su: Sai! Vai sentar-te na sala e aguarda! O teu tempo ainda não chegou! Não sejas apressado! Sem mais ela tratava-me por tu! O que queria dizer que ela estava decidida a qualquer coisa... Até porque ela também dissera: Já somos amigos... Bem, eu não me importava de ser seu amigo, amante, escravo, patrão, cornear o seu marido e meu amigo e até perdoar a dívida. Desde que ela pagasse em géneros!
Daí a pouco ela surgiu finalmente e vinha linda! Colossal! Estrondosa!
Estendeu-me a mão e puxou-me para cima. Encaminhou-se para a porta da rua em silêncio e quando se preparava para abrir a porta, voltou-se para mim e sem uma palavra, lançou-se ao meu pescoço beijou-me na boca, entrelaçando na minha a sua língua gulosa, quente, depravada, num beijo de tirar o fôlego.
Da mesma forma que me beijou, sem uma palavra abriu a porta, deixou que eu saísse e em seguida fechou-a, dando duas voltas à chave. Eu estava sem saber o que pensar, muito menos o que dizer e seguia-a como cachorrinho que segue a dona. No caso só faltava a trela, mas nem tanto era necessário. Eu estava positivamente vidrado nela e não tinha qualquer domínio sobre as minhas acções e pensamentos. Estava embriagado, hipnotizado, anestesiado e só conseguia vê-la nua, disponível, de corpo e alma entregue, estendida sobre a cama, ou sobre o sofá, ou no chão, ou em cima da mesa da cozinha, ou no vão de escada, ou no assento de trás do meu carro, ou num local qualquer, desde que pudesse enfiar nela o meu duro caralho, possuindo-a sem desfalecimentos até que, numa enxurrada sem controle, eu me viesse e a inundasse do meu sémen, fazendo-a urrar como cadela no cio, como vagabunda que satisfaz o cliente, como ninfeta que agasalha o mastro viril e nele se afunda com todo o prazer e descontrolo imaginável ou não. Eu queria simplesmente que ela fosse a minha puta e eu me tornasse no seu cavalo de cobrição e que, por tudo e por nada, pudesse satisfazer-me nela e ela em mim, fosse com punhetas frenéticas, com broches fantásticos, com minetes de ir às estrelas ou com fodas descomunais. Eu queria tê-la debaixo de mim, por cima de mim, ao meu lado, cavalgando ou cavalgada, dominada ou dominadora, submissa e servil ou autoritária e impondo a sua vontade, que seria sempre a minha, a dela, a nossa.
Seguia-a em silêncio e olhava os seus quadris redondos e torneados, bamboleando na sainha minúscula, adivinhando-lhe a coninha quente, coberta por uma cueca preta, que cobria a sua pélvis, que eu não conhecia e sonhava estar rapadinha, apenas encimada por um tufo de pentelhos. Ia assim andando atrás de Su, quando, sem qualquer intervenção consciente, senti a esporra soltar-se de um jacto do meu caralho anormalmente entesoado. Não me contive e gemi um gemido abafado que ela soube ouvir e compreender, lançando-me um olhar guloso e um sorriso maquiavélico, que não soube interpretar.
Chegados ao meu carro entrámos. Como cavalheiro fui abrir-lhe a porta e nesse momento senti que o seu olhar se dirigiu com desejo para a zona da minha braguilha, que ficou ao nível da sua cabeça e boca. Olhou-me de novo nos olhos e disse:
- Pobrezinho! Como ele chora, o coitado!
Naquele momento não percebi, mas ao dar a volta ao carro em direcção ao meu lugar pude olhar para o meio das minhas pernas e vi a mancha que eclodia do interior, repassando para o tecido exterior e deixando uma auréola de humidade claramente visível.
Já com o motor em funcionamento perguntei-lhe quase automaticamente:
- Onde quer ir? mantinha o tratamento por você. Ela não gostou e respondeu:
- Onde quer ou onde queres? Não somos amigos? o seu sorriso desafiava e quebrava qualquer resistência. Abanei a cabeça e sorri em resposta. Su puxou a saia curtíssima, como se quisesse tapar o que era impossível tapar, e como se pensasse, permaneceu em silêncio breves segundos. Em seguida falou:
- Onde moras, Gonçalo? É aqui perto?
Fui mais uma vez apanhado desprevenido e balbuciando respondi:
- Moro na Margem Sul. Porque queres saber?
Ela pareceu surpreendida com a pergunta e ripostou:
- Porquê? Ainda perguntas? Não vais jantar todo esporrado, ou vais? Por mim até podes ir, mas será que tu queres ir assim?
- Claro... gaguejei Claro que não! Tenho que mudar de calças! Por isso tenho que ir a casa...
Su permaneceu imóvel no seu lugar e eu fui conduzindo em direcção a casa. Daí a pouco voltou-se para mim, pôs o braço esquerdo à volta do meu pescoço e carinhosamente disse:
- Vamos a Setúbal! Conheço lá um restaurante fixe e resguardado! Vamos estar à vontade lá. Estás de acordo?
Que podia eu dizer que não fosse concordar. Ela comandava e eu não me importava com isso. Queria apenas que o tempo passasse rápido para rapidamente chegar o meu tempo. E quando seria isso?
Estava quase a passar a Ponte 25 de Abril e Almada via-se do lado de lá, com o Cristo Rei olhando Lisboa fixamente. O silêncio enchia por completo o habitáculo da viatura. Só a minha respiração ofegante de tesão e o corpo sublime da minha companheira calmamente sentado ao meu lado pareciam entrecruzar-se, pois era a visão do corpo dela que desencadeava a minha libido e me mantinha em brasa, numa fogueira cuja chama parecia não consumir-se nunca.
Como até ali, Su voltou a presentear-me com uma surpresa que não pude nem quis, ainda que tivesse podido, recusar. Enquanto conduzia, a sua mão dirigiu-se à minha braguilha, abriu o fecho e entrou dentro da calça lambuzada de leite, afastou o elástico do boxer e chegou ao meu cacetão, que puxou para fora com destreza. Eu nem queria acreditar! Acto contínuo ajustou-se no banco, colocou o cinto de segurança de modo a que não atrapalhasse a tarefa e desceu o seu corpo, como se fosse deitar-se sobre o meu colo. Eu tremia de desejo, de tesão, de luxuria. O volante, os pedais, a manete de velocidades pareciam uma pena, enquanto Su se deliciava mamando-me o caralho, num broche que jamais havia recebido daquela maneira. A meu lado o trânsito seguia indiferente e eu olhava a estrada à minha frente como se ela levasse ao céu, ao paraíso ou a um lugar qualquer de mel e leite, onde a paz se traduziria em prazer puro e duro e onde o sexo era rei e senhor.
Após breves mamadas, a que eu dei mais vigor pois a tesão levava-me a levantar o traseiro e a estocar nela a verga dura, que era completamente engolida, senti que chegava o momento do gozo. Num estertor de excitação sem limite, gritei enquanto ela me sugava:
- Chupa puta vadia! Mama-me o sardão e ordenha a minha teta! Vou-te encher a boca de leitinho quente e fresco, minha vagabunda. Piranha! Mama, mama, mama, caralho! Puta que pariu, que mamada! Ooooohhhhh, estou a vir-me! Engole, vadia!
Enquanto Su abocanhava toda a minha vara, pressionei a sua cabeça para baixo com uma mão, enquanto conduzia com a outra. Quando já todo o meu vulcão havia expelido a lava leitosa que havia sido produzida na última meia hora e Su havia engolido toda a nata, com destreza e maestria, a fêmea levantou-se, aconchegou-se no banco, olhou-me directamente com um brilho intenso nos olhos verdes felinos e lambendo os lábios num trejeito de rameira habituada à função, mandou-me um beijo com a mão e disse:
- Vamos, querido, já estás mais aliviado? Gostaste da brochada, seu porco! Esporrado do caralho! Veio-se só a comer-me com os olhos! Porco do caralho!
Não havia palavras que justificassem a minha resposta. O meu pau estava ainda por fora das calças e Su tal como antes fizera foi guardá-lo no interior dos boxers e por dentro das calças, fechando o fecho. As suas mãos suaves e quentes pareciam seda que manuseava o meu membro. E quando lhe tocou ele deu de imediato sinal, que ela sentiu.
Estávamos a chegar a minha casa. Parei o carro e convidei-a para subir, mas ela recusou. Desgostoso, subi então com toda a pressa. Entrei, lavei-me rapidamente e dez minutos após estava de novo no carro. Tinha-me perfumado e vestido umas calças escuras, que pudessem encobrir qualquer percalço do mesmo tipo. Avançámos em direcção a Setúbal, pela auto estrada. Em silêncio! Eu ruminando os meus pensamentos; Su congeminando nem eu sabia o quê, pois dela tudo era de esperar.
Chegados ao restaurante, discreto e iluminado com uma luz branda e suave, que quase só permitia ver silhuetas móveis sentados à volta de mesas redondas, com toalhas pendentes dos lados, que tapavam as pernas dos comensais, Su puxou-me pela mão e foi sentar-se num lugar discreto no canto mais afastado da entrada. Apontou-me o lugar e sentei-me. Ela sentou-se na minha frente, quando eu esperava que se sentasse a meu lado. Sorriu maliciosa e pôs o dedo no ar chamando o empregado, que veio logo com o menu.
Sem me perguntar nada pediu:
- Traga-nos um vinho tinto... O melhor que tiver! E umas entradas!
O empregado deixou a carta e deixou-nos a sós, indo preparar o serviço pedido.
Su, olhou-me nos olhos, sorriu aquele sorriso lânguido e excitante e, sem que eu estivesse preparado para mais uma surpresa, levantou a perna direita por baixo da mesa e, quando chegou à zona da minha braguilha, onde a minha verga estava de novo em estado de prontidão, roçou o pé descalço no inchaço e atirou em jeito de provocação animalesca:
- Que queres comer, docinho?
Não podia continuar a conter-me e a suportar aquele castigo demoníaco. Olhei-a nos olhos, descalcei o sapato por baixo da mesa, levantei-o e levei-o, tal como ela fizera comigo, ao meio das suas pernas escancaradas e rocei a sua coninha. Ela, que não esperava, gemeu um gemido fundo, mas contido, ao sentir o meu pé roçar a sua intimidade. Só então percebi que ela não tinha cuecas e a sua rata estava totalmente alagada pelos seus sumos vaginais. Olhei-a com desenvoltura e gratidão, puxei a sua mão, que prendi na minha, sobre a toalha e com doçura respondi à sua pergunta:
- Quero te comer a ti, Susaninha! Hoje não vais escapar-me! Prepara-te, vais ser a minha sobremesa predilecta!
Su, pela primeira vez baixou a cabeça, apertou a minha mão e sussurrou:
- Com todo o gosto, meu gato!
Quando o jantar terminou nem eu nem Su sabíamos o que nos esperava, embora soubéssemos que a noite seria nossa confidente.