Meu nome é José, tenho 39 anos e sou médico.Numa noite estava saindo do plantão, indo para casa. Era mais uma dessas noites chuvosas de verão em S.Paulo. Na verdade, chovia em cântaros. Eram umas 23:50hs e, depois da ponte do Morumbi, entrei numa rua transversal e já estava a 20 min de casa. A poucos metros a minha frente, vi uma figura vestida de branco parada quase no meio da rua, do lado direito. Passei mais devagar e limpei o pára-brisas para ver melhor que criatura estaria parada debaixo de um pé dágua daqueles, em plena madrugada. Para minha surpresa era uma mulher. E estava toda encolhida, encharcada, fazendo sinal para que eu parasse. Olhei em volta, desconfiando se tratar de um assalto. Mas a moça realmente estava apavorada e não parecia ter alguém esperando para dar o bote em mim.Gosto de ajudar pessoas, independente de ser homem ou mulher. Então parei o carro e abri o vidro do lado do passageiro.A moça devia ter uns 24 anos e era loira e bonita.Usava um vestido branco que estava molhado e colado em seu corpinho gostoso.Dava pra ver até sua calcinha.Qual é o problema, moça?, perguntei de dentro do carro.Ai, moço, pelo amor de Deus! Minha mãe está passando mal lá em casa! É aqui perto. Nos ajude, por favor!, disse a loira. Entre aqui. Vamos ver o que posso fazer, respondi.Acendi a luz para que ela entrasse no carro, e reparei em suas belas coxas molhadas.Disse-me que seu nome era Patrícia e eu falei, tentando acalmá-la: Esta é sua noite de sorte, Patrícia. Eu sou médico.Ela respondeu: Eu sei! Meu pai chamou o Resgate, mas até agora não chegou! E ela está muito mal!, a moça começou a chorar.Havia algo de estranho nela, não sei explicar exatamente o quê.Na hora pensei que fosse o tesão que eu tinha nela.Mas ela estava tão aflita que eu apenas disse para que se acalmasse, que tudo ia dar certo.
Em 5 minutos chegamos a casa.É aqui! Muito obrigada!, disse a moça.Apanhei minha maleta e saí depressa do carro, debaixo da chuva, ansioso em ajudar a senhora que passava mal.Bati na porta.É aqui que uma senhora está passando mal?, perguntei ao senhor que abriu a porta.Sim! É minha esposa! O senhor é o médico?, Sou! Deixe-me ajudá-la.Era uma senhora de 63 anos e estava tendo uma forte reação alérgica.Por sorte, tinha em minha maleta algum medicamento que poderia atenuar a reação.Depois de controlada a situação e enquanto o Resgate não chegava, o senhor me perguntou quem tinha me levado até lá. Foi sua filha, a Patrícia. Ela me parou ali na rua e disse que sua mãe estava passando mal.Ela deve estar lá fora. Não sei porque não entrou ainda...
Minha filha?!
Sim., nessa hora vi um retrato de Patrícia na parede e disse: Sua filha me trouxe aqui, a moça daquela foto.Por quê?
O senhor me lançou um olhar estranho.Parecia desconfiado e confuso.Moço, aquela menina é minha filha, mas morreu três anos atrás!
Senti um forte arrepio passar por meu corpo, um calafrio, um medo. Nunca me liguei nessas coisas de espírito, mas estremeci ao pensar que uma alma penada, um espírito ou sei lá o quê, esteve sentado no meu carro.Não é possível! A moça do retrato... Ela... ela me parou, ali perto da ponte e... Era tão real! Eu corri até a porta e olhei pra fora, pro carro, procurando a mulher.Mas não havia ninguém.O senhor, agora parecendo triste e com um leve sorriso no rosto, perguntou: O senhor disse perto da ponte?
Sim!
Foi mais ou menos ali que ela morreu num acidente de moto... tão jovem..., disse ele, com os olhos cheios de lágrimas.
O Resgate chegou e levou a senhora para o hospital, onde foi devidamente medicada e ficou bem.Mas desde aquela noite, nunca mais passei naquela região onde eu a vi.Dou uma puta volta para chegar em casa, mas não passo mais lá.Não entendi o que aconteceu naquela noite. Também achei curioso ela saber que sou médico, pois eu não estava vestindo roupa branca.Não havia nada que me identificasse como médico!Muito estranho! Só estou contando isso tudo porque me impressionou e... sei lá. Me desculpem.