Eu sabia e você sabia...
Sim!
Eu acompanhava todos seus movimentos, cada um deles, cada meneio de seu corpo, cada sutileza do seu jogo.
A forma como falava e parava de falar, como se mantivesse as palavras suspensas no ar. Um velho truque de magia, atraindo a atenção para um movimento enquanto outra mão discretamente armava a cena.
Gente por perto, conhecidos comuns, desconhecidos, quem saberia ao certo nesta hora. Não, não bebemos demais, mas parece que uma certa embriaguez nos tomava, tornando tudo, e todos, em volta supérfluos, como se fossem membros de uma outra dimensão que não mais nos alcançasse.
Tudo começara quando o destino nos pôs juntos no auditório daquela palestra. De imediato seu perfume fazendo as apresentações, nada formais... Depois meus olhares tentando serem discretos, mas querendo perscrutar as curvas das tuas coxas que se iam evidenciando na fenda do vestido, cada vez que se movimentava na poltrona.
Até a palestra, que previamente já esperávamos que fosse enfadonha, ia se tornando cativante.
Depois a conversa no coquetel, apresentações formais já feitas, sorrisos, amenidades nas palavras, intensidade crescente nos olhares.
Do coquetel o jantar servido aos convidados. A estratégia lançada explicitamente: no meio do salão, você encontra para nós uma pequena mesa para dois. O palco para uma conversa sem interlocutores estranhos ao processo que se estava iniciando estava armado.
Mal lembro o que se serviu. Mirava o brilho em teus olhos, dosava minhas palavras, lapidava a entonação de minha voz, acompanhava teu movimento, debruçando-se sobre a mesa, a seda de tua blusa escorregando sobre tua pele, tornando o decote sutilmente revelador, fazendo-me completar na mente as curvas de teus seios, generosamente belos.
Teu corpo fazia-me um convite. O meu aceitava-o...
Pouco a registrar sobre o jantar em si, mero entreato. Algo a dizer sobre o elevador na saída. Providencialmente a dois...
Lá você se postou à minha frente, exigindo-me atitude. Pediu-a e teve.
Mãos não tua cintura te prenderam, palavras aqueceram tua nuca, sussurradas ao teu ouvido:
- Vamos para algum lugar?
A porta se abriu, pessoas surgiram, não houve tempo para uma resposta, sequer para o beijo, cujo roubo planejava.
Mas esperar o momento certo é a sabedoria de predadores como nós. Logo adiante havia o carro, imerso na cúmplice quietude da penumbra noturna.
As portas se fecham e o beijo ocorre de maneira sôfrega. Há muito tempo, desde o jantar ele se guardava em nossos lábios e línguas, esperando sua deixa.
Agora o palco é dele. É de suas mãos ousadas que tomam as minhas e as levam para abaixo da seda que tenta esconder teus seios. Você quer me seduzir com a maciez da tua pele, quer me provar teu desejo, expresso na turgidez rija das aureolas violetas onde os bicos reagem a meus toques.
O show tem que continuar...
Não somos jovens inexperientes nestas artes, certo? Sabemos muito bem como este ritual se deve seguir. Você prende com sua mão esquerda minha direita em teus seios. Mas deixa livre minha mão direita.
Ela parte para nova missão. A fenda em teu vestido, mais aberta do que o faria com outros por perto, indica o caminho. Subo por tuas coxas, avanço por onde a meia 7/8 termina... Exploro um ambiente onde a temperatura se exalta, onde a umidade cresce.
Os dedos detectam rendas de uma calcinha certamente provocante. Acariciam pelos sedosos e ignoram toda e qualquer proibição que ainda subsistisse.
Você reage e contra-ataca: aperta minhas coxas, avança entre minhas pernas e descobre o volume formado,
Um novo beijo ocorre. E é muito mais intenso que os anteriores.
E assim desta forma, você estabelece os termos de sua rendição:
- Vamos para o motel, quero ser tua...
Dou partida no carro, saboreando minha vitória. Venci a batalha...
O caminho até o motel foi de certa forma torturante. Nunca uns poucos quilômetros, a percorrer no transito vazio da noite pareceram tão infindáveis. Tortura com os requintes dos teus beijos e sussurros com provocações ao meu ouvido.
Quando finalmente chegamos, pulamos como dois gatos do carro. Pouco tempo a perder, muito a desfrutar. Subimos a pequena escada até a suíte como se fossemos um só corpo, prevendo a fusão que nos esperava.
A porta se fecha e uma gata selvagem se apresenta. A dama ficou na palestra, agora, reina uma devassa, que abre minha camisa, solta meu cinto e zíper e me desnuda em segundos, saboreando minha pele até descobrir e libertar meu membro, que aguardava o calor de seus lábios já fazia tempo.
Ajoelha-se e toma posse dele.
Ah! Sempre essa dúvida:
Fechar os olhos e reservar todos os meus sentidos para desfrutar do prazer que essa boca faminta me proporciona ou mantê-los bem abertos, e fruir a delícia de ver a volúpia em teus olhos, me fitando dessa tua forma tão provocadora, de ver meu membro ser reverenciado pelos teus lábios carnudos?
Prazer, com prazer se paga.
Te dispo sem cerimônias e te carrego nua para cama. Agora é o teu corsário sedento que faz a abordagem. Rolamos na cama, que parece pequena para a intensidade de nosso desejo. Tomo um a um teus seios. Sacio dessas copas que desde o jantar eu fitava com água na boca. Sugo, lambo, mordo os biquinhos, ouço teus gemidos que ampliam minha fome.
Sei bem tudo que você quer: tudo que Eu quero...
Beijo teu corpo todo, faço a reverência do banho de língua que me leva à teu sexo, que me recebe quente, inundado de um mel apimentado. Sigo por lá muito, muito tempo.
Movimentos que vão desde o início de teu reguinho, seguem, entram, saem, até teu clitóris intumescido. Mãos que seguram, apertam tua bunda e te dizem.
- Você é toda minha!
Teus gemidos já se transformaram em gritos, as palavras já não têm qualquer censura. Livre de qualquer prurido de convenções sociais, você assume todas as tuas personas.
Amiga, amante, devassa, cortesã, mais que isso até: libera aquela sua personagem preferida dos teus devaneios mais secretos, entrega-se toda, na tua mais deliciosa puta...
Como sempre, agora a vez de um novo beijo. O selo da cumplicidade plena dos amantes. Meu sabor na tua boca saúda teu sabor na minha!
O clímax está próximo: você toma meu membro e o leva até dentro de você. Aquela fusão de corpos, previamente anunciada se dá, intensamente. Fazemos amor com a voracidade de animais selvagens. Trocando posições, você se abrindo mais e mais, eu te penetrando mais e mais. Até que te inundo, até nosso primeiro gozo conjunto.
Segue-se a paz dos amantes saciados. Os corpos salgados relaxadamente enlaçados, as conversas ao pé do ouvido.
A calma que sucede as tormentas.
A calma que antecede as tormentas...
Pouco a pouco, as conversas que eram amenas tomam um rumo mais aquecido. Pouco a pouco, novas umidade e rigidez se apresentam.
Beijos, mordidas, chupadas... E de um movimento rápido, te ponho de quatro na cama. Esboça um protesto, que ignoro, meramente pro - forma, sei muito bem que faz parte do seu jogo.
Hora de te visitar novamente, de introduzir-me por outros caminhos. O sabor do proibido nos excita ainda mais.
Molho minha mão na tua fornalha. Trato tua segunda entrada assim, negociando sua submissão. Primeiro um dedo que solicita sua abertura, depois um segundo que a prepara.
Uma cabeça roxa então se aproxima, pressiona, pouco se importa com a resistência inicial. Segue seu caminho, pois sabe que você vai abrir a porta. Ela se abre e logo estou de novo todo dentro de você.
Estocadas, gemidos, gritos de tesão teus e meus.
Tua pele arrepiada. Teu corpo se movendo, rebolando, recebendo-me cada vez mais dentro de você.
Como a mais devassa das cortesãs, você grita sem se importar com que possa ouvir:
- Vem! Fode a tua puta!
Deliciosa!...O gozo que temos, indescritível. Só quem já viveu esses momentos entenderá a plenitude dessas emoções.
Nos abraçamos, dormimos cansados.
Felizes.
Em silêncio, cansado, celebro minha vitória. Tal como escrevi antes, havia vencido a batalha.
E como bom e sábio vencedor das batalhas da sensualidade, rendi-me totalmente a minha sedutora...
LOBO
lobogrisalho@bol.com.br
Direitos autorais reservados. Proibidas sua reprodução, total ou parcial, bem como sua cessão a terceiros, exceto com autorização formal do autor. Lei 5988 de 1973