Essa história é verídica e foi a melhor transa da minha vida.
Eu era discreto e no armário, não tinha amigos afetados e nem frequentava lugares gls. Um amigo meu ganhou uma bolsa de estudos em Montreal, no Canadá e ia fazer sua festa de despedida no La Luna, um clube em Florianópolis, que não existe mais.
Eu fiquei instigado com a idéia de ir num lugar gls com um amigo. Coloquei o nome na lista e fui sozinho, peguei um onibus e um taxi. Cheguei lá por volta de quinze para meia noite, era final de junho de 2007, tava muito frio e chovendo fraquinho. Fiquei na fila mais de uma hora, quase congelando.
Entrei. Dez reais. Era legal estar num lugar em que homens são livres para beijar outros homens, tinha muita gente. Recebi alguns olhares de aprovação, mas estava com medo de ficar sozinho a noite toda. Subi as escadas pra pista e me vi num reduto e bichas loucas regadas a musica eletrônica e lasers refletido em espelhos. Dei uns tres passos e um menino de boina chegou do meu lado falando: - Tu é daqui?! Qual seu nome?! Respondi-lhe e dei mais uns passos em direção ao lugar-nenhum. Fiquei parado ao lado de um pilar, olhando uns meninos dançando e rindo loucamente, até que um deles veio em direção a mim e disse: - Meu amigo te achou muito bonito.
Eu: - Qual deles?
Ele: - Aquele, alto de boné.
Eu: - Qual o nome dele?
Ele: - G. Se tiver afim, vai alí depois.
Eu: - Claro.
Realmente eu sou péssimo com xavecos, um zero a esquerda, mas...
Nem esperei, fui logo ao encontro de G., ele era alto, branco, olhos verdes, um piercing recém colocado na língua e um cheio de Marlboro com Carpe Diem, inigualável.
Disse-lhe oi.
Ele: - Oi. Tudo bem?
Eu: - Tudo, é G., né?
Ele: - É, qual seu nome?
Eu: - É Lucas. Sorri.
Os olhos brilharam, ele se abaixou lentamente, sorrindo, colocou a mão no meu pescoço e encostou os lábios devagar. O beijo foi decente e bem puritano. Foi devagar, compassado, ele sabia beijar. Eu senti alguma coisa estranha e meio desconfortável na língua dele, perguntei o que era bem sério, e ele respondeu rindo: - É meu piercing, coloquei ontem. Eu sorri e beijei mais.
As mãos dele foram bem comportadas, ficaram somento varindo do pescoço para os braços.
Como eu não frequentava balada, as músicas me irritavam e eu não sabia quando terminava uma e começava outra...
Eu fiquei parado e ele dançava, ele sentiu meu desconforto. Me convidou para descer e ficar num lugar mais light, que desse pra conversar.
Descemos dois lances e ficamos num lugarzinho com sofás e banquinhos, não tinha lugar vago, ficamos em pé, eu de costas para um espelho e ele na minha frente. Começamos a conversar, sobre interesses e dia-a-dia. Ele morava sozinho, estudava na mesma universidade que eu, tinha 1,93 e falava ingles! (!)
Era próximo das quatro horas quando ele me convidou pra ir embora. Nem tinha visto meu amigo ainda, disse que tinha que procura-lo, pelo menos pra me despedir. Não o encontrei.
Saindo de lá, me bateu um senso de realidade, o que vou fazer? Estou saindo as quatro da manhã com um cara que acabei de conhecer e indo pra casa dele? Sou doente.
Falei várias vezes no caminho: - Eu vou pra sua casa, mas sem segundas intenções, só vou, tá? Ele sorrindo, concordava.
Seu apartamento ficava umas duas quadras dalí, terceiro andar. Ele abriu a porta e pediu que eu não reparasse a bagunça e pediu que desculpasse porque uma amiga sua estava dormindo lá.
Nos deitamos na sua cama com dois metros e vinte. Estava mais frio que antes. Ele tirou meu tenis, tirou o dele, nos cobriu com dois cobertores.
Perguntou se podia fumar, eu disse que sim, sem problemas. Ele fumava e me elogiava em ingles, o que senti naqueles minutos é inexplicável, me senti amado por um estranho cujo apenos o nome era sabido.
Eu usava dois moletons, um cinza e um azul escuro, uma calça e duas meias. Ele pediu para eu tirar um dos moletons, por causa do cheiro do cigarro. Fiquei só com o cinza, quase morto de frio.
G. apagou o cigarro e me abraçou de ladinho, o calor que vinha das suas coxas me aqueceu. Nos beijamos intesamente, ele me virou de frente, arrumou o travesseiro e começou a abrir o ziper da minha calça.
Em segundos já estava em cima de mim, sem camisa, em baixo da coberta. Me sentia ótimo, com um homem, livre, prestes a transar com um desconhecido perfeito. Tiramos toda a roupa, menos a meia. Ele me chupou de lado e eu retribuí. Era grande e estava bem duro. Ele lubrificou tudo, ficou um tempo consideravel fazendo.
Me colocou deitado, se posicionou na minha frente, de joelhos, pegou uma camisinha na gaveta e vestiu. Encostou a ponta do pau e começou a colocar. Foi divino, sem dor e sem sofrimento, estava inteiro dentro de mim. Ele fazia movimentos lentos e fortes. Ainda de joelhos perguntou se podia me comer de quatro. Sorrindo, eu disse que sim. Me virei e ele colocou, com a mesma perfeição de antes. Fazia movimentos agradaveis, e eu sussurava baixinho. A mão esquerda segurava minha cintura, a mão direita acariciava meu cabelo.
Eu pedi que trocassemos, porque eu estava com muito frio... Ele deu uma gargalhada e me abraçou, me colocou de frango assado, com as pernas no seu ombro e penetrou de novo, dessa vez quem conduzia a frequencia dos movimentos eram os beijos, até que ele disse: eu estou quase gozando, vamos gozar juntos?
E eu comecei a bater uma bem devagarinho, ele disse, eu não consigo segurar muito... Foi a melhor sensação, o melhor. Pedi que ele me beijasse e logo ele avisou: - Vou gozar. Me beijando ele gemeu e abriu a boca de prazer, meio décimo de segundo, ou nem isso, eu também gozei. Fiquei arrepiado, fechei o olho, abri a boca, senti o orgamo dele junto com o meu. Terminamos juntos.
Ele deitou do meu lado, acendeu um cigarro, colocou uma coxa em cima da minha, puxou o edredon e disse que tinha sido demais. Fiquei em silêncio um tempo, ele teve espasmos na perna. Eu sorri.
Já eram quinze para as seis. Disse pra ele que meu ônibus saia do terminal as seis e vinte cinco e tinha que ir. Ele Pediu várias vezes que eu ficasse. Eu tinha que ir.
Anotei seu celular. Ele me levou até a porta, me beijou e disse: - Vou te ligar.
Tivemos um affair que durou uns três meses. É inacabado até hoje. Nunca lhe dei motivos para acabar. Mas ele sabe que foi a melhor noite da minha vida.