No conto anterior, como pôde ver o leitor caso o tenha lido, minha amiga me mandou delicioso presente para acalmar minha carência.
De início eu desfrutei do presente com plena satisfação. Tinha todas minhas vontades satisfeitas pela dita que nada me questionava sendo pura obediência. Até aí tudo bem. Ocorreu que eu comecei a ficar menos desejoso, não solicitando os serviços da moça na mesma intensidade que do início. O que ela notou de imediato. E como ela só sabia servir, começou a ficar angustiada, como eu ficava antes dela chegar, a ponto de solicitar a mim que a solicitasse. Eu, desinteressado, disse que não iria receber ordens dela que estava ali para servir e obedecer e não mandar. Disse isso com certa arrogância que machucou a moça. Ela que trouxera felicidade, entre outras coisas, para mim, satisfez o que há muito tempo eu desejava. Ainda assim, o sentimento de gratidão que ela esperava de mim não existia. Fora ela mero objeto de consumo, que no momento perdera o interesse por minha parte.
De certo ele encontrou outra ― pensou ela. Ela deu então de me seguir quando eu saía de casa, investigar as minhas coisas remexendo nos meus pertences, cheirando minhas roupas. Parecia mulher ciumenta que desconfia do marido. E nada ela encontrou para justificar suas suspeitas.
Mas se não é outra, por que ele não se interessa mais por mim? ― pensou ela. Imaginou que eu tinha enjoado dela. Mas como vistosa que ela era? Não desistiu. Teve ousadas idéias para atiçar o meu fogo.Certo dia, como de costume, eu cheguei a casa às seis e quinze da noite vindo da escola. Ao adentrar na sala eu me deparei com a moça estirada nua sobre o sofá estando seu corpo recoberto com chocolate derretido. Eu, ao ver a cena, ri com, sutileza seguindo meu caminho rumo ao meu quarto. Ela continuou deitada sobre o sofá ansiosa por minha volta, crendo que surtira efeito sua provocação e que fora eu para o quarto tão-somente para me despir. Ela esperou, esperou, esperou e esperou. Nada de eu voltar. Furiosa, ela se levantou do sofá e foi rumo ao meu quarto saber o que fazia de tão importante lá. E qual foi sua surpresa quando ela me viu entretido com meu computador a editar texto de autoria própria.
Pensou consigo mesma: Ele tem mais amor a essa máquina que a mim que sou viva.
Mas ela não desistiu fácil. Um outro plano arquitetou. Sabia muito bem qual era a parte do seu corpo que mais eu adorava.
Outro dia, aproveitando que eu estava na cozinha, junto à pia, lavando os pratos, ela veio trajando camisola rosa de tecido semitransparente , saia curta, e com calcinha mui cavada, subiu sobre redondo de madeira e nas pontas dos pés ela tentou abrir a porta dum armário que ficava ao lado esquerdo da pia. Nessa ação ela deixava exposta, de propósito, a farta abundância que possuía de costas que ela estava.
Eu nem me prontifiquei a lançar olhar sobre as roliças esferas, cuja carne tremia a cada saltito que ela dava sobre o banco, apenas pensando na atividade que fazia no momento que era lavar os pratos. Ela insistiu nos saltos sobre o banco fingindo que não conseguia alcançar o armário e, em meio a esses saltos o banco balançou a fazendo perder o equilíbrio, só não indo se esborrachar no chão porque eu, próximo que estava, a aparei com os braços dizendo:
― Isso que dá fazer arte.
Ela nem respondeu, indo contrariada rumo à sala. Lá rompeu em prantos pensando:
Ele não repara em nada que eu faço. Nunca um homem ficou indiferente aos meus assédios. Maldito seja! Hei de me vingar.
Sim, leitor a moça ficou odiosa com minha pessoa. E motivos ela tinha, pois fazia mais de mês que ela não desfrutava daquilo que mais gostava porque eu não a fornecia. Mas ela estava disposta a tudo para se saciar mesmo que eu não soubesse. E foi o que fez. Como? Direi ao leitor.
À noite, durante meu sono, ela percebeu que eu ficava armado de igual forma que quando acordado. Sabia também que eu tinha sono pesado não acordando com quase nada. Logo que percebeu isso. Ela se aproveitou da situação em benefício próprio.
Como dormíamos em mesma cama de casal, em quarto de minha mãe, a moça durante a madrugada me despia da cintura para baixo e se valendo de minha arma descarregava a mesma e usufruía da potência da mesma como há muito tempo não fazia.
Ao amanhecer, acordei cansado, com o corpo dolorido e não sabia o porquê daquilo. Parecia que um caminhão houvera passado por cima de mim durante a noite. A moça, por sua vez, acordou feliz, radiante e com largo sorriso na boca.
Nos dias seguintes se deu a mesma coisa. Enquanto eu sonhava coisas maravilhosas que me faziam ficar em rígida potência, a moça se aproveitava dessa rigidez para se maravilhar na realidade. E nas manhãs seguintes se deu a mesma coisa, eu sentia o mesmo cansaço e ela a mesma vitalidade.
Para ver se ficava mais animado, solicitei os serviços da moça, o que não fazia há muito tempo.
Ela, desobediente que ficou, disse que não queria. E completou dizendo que, quando ela quis, eu recusei. Contrariado, tive que eu mesmo que me satisfazer.
Ocorreu que um dia, a moça se excedeu em sua ação, durante a madrugada, me usando várias vezes e tão cansada ficou que adormeceu sobre mim.
Ao acordar pela manha, eu tive a grande surpresa de encontrar a moça roncando com a cabeça sobre meu tórax. Notei também que estávamos em colante proximidade de nossos corpos. Acordei-la e perguntei:
― O que faz sobre mim?
― O que você não queria fazer.
Moral: Nunca prive uma mulher do que ela quer, pois ela sempre dará um jeito de tê-lo ainda que você não saiba.
Em realidade, a moça podia ter arranjado um amante e saciado a sua vontade. Até porque não havia relação amorosa entre eu e ela, sendo meramente carnal.