Conto 4 - De como uma moça muito fogosa levou o namorado ao desespero consequentemente a atentar contra sua parte mais preciosa.
Uma vez expulso da escola, não mais liguei para os estudos passando a maior parte do tempo em casa fazendo o que mais gostava que era escrever. No tempo restante saía pelo período noturno de modo a ouvir relatos escabrosos por parte de meus amigos que pudessem me inspirar a escrever novos contos.
Em meio a esses relatos me interessou muito o duma moça cujo nome era Manuela. Era ela moça bem aparentada, magra, alta, de cabelos negros, lisos e compridos. Além de bela, era ela duma volúpia sem tamanho. Que me perdoe os leitores mais pudicos pela comparação, mas parecia ter ela um braseiro entre as pernas. O namorado, cujo nome era Roger, é que tinha que apagar o incêndio de Manuela. Ele cumpria bem sua função de “bombeiro”. Mas a namorada estava cada dia mais exigente solicitando “mangueiradas” com jatos cada vez mais intensos e várias vezes durante o dia.
Roger, que não podia mais com isso, pensou em levar a namorada a programas mais tranqüilos que sossegassem a libido da moça.
O primeiro foi o cinema. O filme, que pelo cartaz parecia ser romântico e ingênuo, no decorrer do enredo foi mostrando-se bem sensual e diante cena onde o casal protagonista estava a se beijar torridamente, não pôde conter-se Manuela com o calor que se inflamava dentro de si e necessitava se aliviar. Quem, se não Roger, estava apto para tal coisa? E via-se o rapaz de novo no inferno de “Manu”. E de fato a moça era atentada.
Roger então pensou em levá-la à sorveteria. Crente que lá ela não veria nada que lhe perturbasse, o namorado podia ter um momento de tranqüilidade. Mas não sabia ele que a imaginação da moça era tão pérfida como se demonstrou. Pois ela vendo duas bolotas de sorvete de morango em posição peculiar e com branca cobertura de leite condensado aludiu com outra imagem, e assim feito, ficou desejosa de saciar sua fantasia.
Nem o gélido sorvete aliviou o vulcão de luxúria que aflorava de Manuela. E tem de novo Roger, a contra gosto, de enfrentar tal erupção.
O rapaz estava em estado lastimável definhava a olhos vistos e tinha o semblante esgotado. A namorada, por sua vez, era só felicidade exposta em largo sorriso e radiante disposição. Parecia que ela sugara todo o ânimo do rapaz. E de sugar ela entendia bem.
Ante a situação desesperadora em que se encontrava não teve Roger alternativa se não pensar em idéia radical que uma vez consolidada em sua mente o deixou muito temeroso pela alta violência. E que idéia seria essa? Direi ao leitor. Roger sabia muito bem qual parte de sua anatomia Manuela mais tinha adoração e dela fazia uso freqüente e em últimos tempos até exagerado. O rapaz, já desprovido de razão, devido ao desespero, pensou que se livrando de tal parte ficaria livre do assédio da moça. E ainda que tal parte lhe fosse muito útil e com ela desfrutasse boas sensações, no momento ela estava lhe trazendo muito dor de cabeça.
E tomando coragem pôs em prática o que queria. Administrando anestésico com seringa e agulha em parte preciosa ceifou a mesma com amolada faca em golpe fulminante. Fez isso em sala de sua casa; neste momento chegou Manuela que vendo tal cena horrível, — não só pela sanguenolência, mas também por ver seu bem mais precioso, que tanto prazer lhe dera, perder a utilidade, — deu grito e perguntou ao namorado porque ele fez tal coisa.
Roger ainda com voz dolorida, pois ainda que anestesiada era a tal parte muito sensível, disse o que o levou a cometer tal atentado contra si mesmo.
Manuela, furiosa, disse que Roger era um tolo e ingrato que não pensava nos interesses dela. A briga entre eles foi inevitável. Mas Manuela, que mente engenhosa tinha, disse, como se falando para si mesma, que poderia reutilizar o objeto que o namorado desprezou. Mas não disse Manuela ao namorado o que pensava.
Noutro dia foi ela a um cirurgião amigo seu que era muito competente em sua profissão. Dentro de pote de vidro com formol ela mostrou ao médico a “preciosidade” e perguntou a ele se poderia reimplantar o objeto de modo a ele cumprir sua função novamente. O médico disse que tentaria e perguntou onde estava o portador do material.
Manuela expôs que o namorado não mais desejava fazer uso daquela parte que não sua visão estava lhe trazendo problemas. Pensava ela em fazer outro uso da tal parte. E qual seria? Direi ao leitor.
Manuela queria ela mesma fazer uso do tal objeto de igual forma que o namorado. Perguntou ao médico se era isso possível. O cirurgião disse que era caso difícil de fazer, mas tentaria. E assim foi feito.
Passado um tempo, foi Manuela em busca de Roger mostrou-lhe a novidade. Surpreso o rapaz ficou a ver na namorada o que antes lhe pertencia.
Manuela, que ansiava usar seu novo brinquedo, disse que se Roger não cedesse a ela, contaria a todos que ele era um “desarmado”.
Teve, pois, Roger que aceitar a nova posição de Manuela que agora era ativa. E não é que a moça fez melhor uso da ferramenta do que o namorado fazia. Agora Roger soube o que Manuela sentia pelas duas vias com o objeto que ele tinha de mais precioso e que agora era usado contra ele. E muito arrependido ficou de ter dado fim a ela.
Moral: Na tentativa de resolvermos um problema podemos criar outro pior.
Em realidade, Roger devia agradecer por ser Manuela tão ativa. Raras são as mulheres tão bem dispostas nesses assuntos.