Traição - Agora as mulheres em jogo

Um conto erótico de Sg. Melo
Categoria: Heterossexual
Contém 839 palavras
Data: 26/11/2008 11:44:14

homens traem muito mais do que as mulheres e isso parece ser um consenso geral. Sempre fiquei intrigada com essa quase competição, em que a meu ver, no mínimo, não há vencedores. Também sempre me pareceu muito claro a permissividade, e às vezes até estímulo à traição masculina, assim como a grande repressão à traição feminina. Logo a avaliação de quem trai mais, além de totalmente inútil é, por todas essas condições, impossível de ser feita.

É inegável que a mulher traída geralmente é vista como a vítima de algum safado mulherengo. Digna da solidariedade das pessoas, não se vê necessariamente atingida em quesitos pessoais, como respeitabilidade social. Historicamente, houve momentos - e creio que em muitos lugares e cabeças ainda há - em que ser traída é esperado e considerado absolutamente normal. Isso vem do tempo em que sexo com esposas teria que ser "respeitoso" e, portanto, cheio de restrições. Se esse era o comportamento respeitoso, logo sexo sem restrições com outras mulheres não oferecia nenhuma ameaça. As mulheres ficaram conformadas com esse destino, algumas vezes até tendo nesse costume a vantagem de não ter que fazer muito sexo, assunto cheio de tabus e preconceitos, levando a dimensão prazerosa de sua prática para muito longe.

Independente do gênero, traição provoca dor em homens e mulheres mas não tenho dúvida de que para os homens é mais devastador. Além da "dor de amor", o homem traído é visto, principalmente por outros homens, de uma forma muito humilhante, como se ficasse destituído de sua virilidade, masculinidade e respeitabilidade. O "corno" é motivo de chacota e ridicularização. Fica mais difícil se recuperar e superar a situação com tanta pressão cultural acumulada ao longo do tempo. A mentalidade coletiva está mudando, é fato, mas isso acontece de forma muito lenta e diluída.

A mulher quando trai, muitas vezes não divide a experiência com alguém e costuma ser bastante cuidadosa com as possibilidades de ser descoberta. Quando isso acontece, as conseqüências são sempre graves e dificultam muito o processo de resolução da questão, ficando muitas vezes implícito que ela nada merece e que perdeu toda e qualquer razão que pudesse ter para ter se envolvido com outra pessoa.

A traição feminina clássica é aquela que se caracteriza por um encantamento, apaixonamento da mulher por outra pessoa ou, pelo menos, pela situação de estar se sentindo valorizada e desejada por alguém. Geralmente é um comportamento que vem acompanhado de muitos conflitos, porque o envolvimento afetivo leva a fantasias românticas e, conseqüentemente, a sofrimento. Mesmo quando não querem de nenhuma forma a separação, tendem a ter uma expectativa de reciprocidade amorosa. Essas mulheres reclamam da falta de atenção de seus maridos/companheiros. Sentem falta de comportamentos românticos e de se sentirem surpreeendidas como nos velhos tempos. Reclamam que até sexualmente se sentem pouco compreendidas e contempladas. A vida virou familiar demais e acabam se sentindo carentes da sedução masculina. É preciso muita maturidade para ultrapassar essa sensação de monotonia dentro da própria relação. A mulher costuma se sentir muito culpada e temerosa das conseqüências. Acaba ficando muito aflita e ansiosa.

Tenho visto de forma assustadoramente crescente, ultimamente, a traição motivada por grau altíssimo de vaidade e dificuldade com o envelhecimento. Em época de tanto culto à jovialidade e associação dessa característica com sensualidade, algumas mulheres têm muita dificuldade em aceitar as transformações físicas pelas quais estão passando e tornam-se vigilantes e atuantes implacáveis das medidas antienvelhecimento. Malham muito, gastam grande parte de seu tempo fazendo tratamentos de beleza e, quando desejadas por homens mais jovens, vêem nisso a confirmação da perpetuação de sua juventude. Essas traições pouco envolvem o romantismo citado anteriormente. Parecem ser um movimento individual, um grande restaurador para o ego, quase um antídoto para a baixa auto-estima.

Ouço com espantosa freqüência mulheres que reclamam de tédio em suas vidas amorosas. Sentem-se com muito pouco espaço e intimidade para falar de sentimentos com seus maridos e suficientemente fragilizadas para a iniciativa de efetuar mudanças práticas em suas vidas. Muitas vezes essas modificações sequer dizem respeito ao casamento, mas sim a outros segmentos de suas vidas.

A verdade é que relações longas requerem cuidado e investimento incessante por parte de todos os envolvidos. A traição pode trazer sopros momentâneos de motivação e sensação de se estar vivo e feliz. Mas, quando não se quer desfazer o casamento, é melhor partir para formas mais eficazes e seguras de enfrentar o problema.

Quando não existe mais amor e desejo, aquele casamento já não faz mais sentido e está sendo mantido quase que exclusivamente pelo medo de rompê-lo. É melhor criar consciência e coragem para viver o fim, e dessa forma ficar livre para caminhar em direção a momentos mais felizes e verdadeiros. Às vezes, por medo de ficarmos sozinhos, nos mantemos indefinidamente vivendo a famosa e terrível solidão a dois.

Todos merecemos outra chance. Caminhar em direção a sentir plenitude e felicidade vale sempre muito a pena. Algumas vezes a nova chance está na reestruturação da própria relação e outras vezes, no final das mesmas.

Até a próxima!

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Comentários

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A tempos que não comento nada,mas dessa vez tenho que falar algo.Primeiro,positivamente já que o texto foi muito bem redigido em termos de idéias e grafias.Porém,vou abrir um parentese - já que não é crítica à idéia do argumento acima,mas um leve destoamento - para continuar um pouco o assunto.Segundo muitos relatos de traição feminina,a atração física e o "tamanho do pau",são ingredientes de uma traição "bem sucedida",contrariando o senso comum da falta de carencia e atenção do marido.Por fim,a sagacidade e a discrição feminina nos seus atos,foegm a qualquer percepção de personalidade da esposa, visto que essas dissimulam muito bem as coisas.Por outro lado,muitos homens sentem tezão em verem suas mulheres com outros,o que significa uma quebra de paradigma da concepção usual do casamento,gerando mudanças de comportamento das próprias mulheres ao lidar com isso.Finalmente,quero deixar claro que,seja homem ou mulher,os relacionamentos tem sido muito intensos e efêmeros,o que ainda causa muita dor em ambos,já que a percepção da culpa só é feita depois do ato impensado da traição,como aqui vemos nos contos relatados por mulheres.

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Apesar de não se tratar exatamente de um conto erótico, vou dar um 10 porque abordou um tema delicado: infidelidade. Já pratiquei adultério e saí muito machucada dessa situação. É sempre bom ler e discutir a respeito.

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