O início do começo
Foi em uma sexta-feira, mamãe toda prosa preparava o bolo de aniversário de Cláudia que completaria 13 anos de vida quando o relógio marcasse três horas e quarenta e oito minutos da tarde. Papai nunca foi de prestar atenção para outra qualquer data senão o sete de setembro ou alguma outra de importância para a corporação uma vez militar, sempre militar ele não se cansava de repetir.
Sexta-feira, 23 de setembro de 1976
Vamos comigo lá na pracinha Cláudia me chamou Quero conversar uma coisa contigo.
― Conversa aqui... não queria desgrudar o olho do livro.
― Não, aqui não! ele puxou o livro Tem de ser lá, vamos?
Não ia ter jeito mesmo e saímos de casa de mãos dadas até a pracinha no meio do quarteirão.
― Fala logo que o livro ta bom demais... estava meio chateado por ter de parar a leitura.
― Vamos sentar no coreto... puxou minha mão.
― O que é que tu quer Claudinha?
Mas ela não falou nada até encontrar um lugar entre as plantas do coreto, sentamos e ela me olhou um pouco séria e um pouco rindo.
― Olha Claudinho... ela ficou séria de vez O que tu vai me dar de presente?
Olhei estranhando para ela, não seria preciso sair de casa pra perguntar aquilo.
― Comprei um blusa daquela que tu gostou... não ia responder, mas não sei por que respondi Só ia te dar na hora da festa.
― Eu quero te dar uma coisa... ela riu e abaixou a vista Sei que tu também quer...
Senti que ela estava nervosa, os pés mexiam agitados as folhas no chão e a respiração parecia estar mais agitada que o normal.
― Então diz o que é? eu estava ficando agoniado com aquela conversa.
Continuamos calados por um bom tempo e já estava decidido voltar pra minha leitura quando ela virou e olhou dentro de meus olhos.
― Eu... Eu... Eu... gaguejou sem falar mais nada.
E eu sabia que era uma coisa muito importante, mas não tão importante como o livro que estava lendo Rosinha, minha canoa de Nauro Vascolcellos e nem dei de conta quando ela puxou minha cabeça e tascou um beijo na minha boca...
― Meu reino pelos teus pensamentos...
Me espantei e olhei Cláudia parada na porta, eu estava descansando do dia aperreado e calorento.
― Senta aqui comigo... afastei e ela sentou na beirada da rede Eu tava relembrando uma coisa que aconteceu vinte anos atrás..
Cláudia sorriu, nunca esquecemos aquela quinta-feira feira.
― Vamos lá pro campinho... ela falou.
Olhei para ela sem querer acreditar que aquilo realmente estivesse acontecendo.
― Não deve de ter ninguém lá essa hora falei ainda sentado.
Mas era justo por isso que Cláudia queria ir para lá.
― Vamos... puxou minha mão e levante Mas a gente não pode demorar muito senão a mamãe briga com a gente...
― A gente era criança... Cláudia deitou em meu peito Tu tava enrabixado pela Esmeralda...
― Tava não maluquinha... acariciei os cabelos sedosos e sempre aromatizados Fazia aquilo só pra te fazer ciúmes.
Como sabíamos não tinha ninguém no campinho e fomos direto para detrás do muro onde tinha umas touceiras de capim elefante.
― Tu quer mesmo Claudinha? perguntei nervoso.
Ela não respondeu e entramos pelo vão que dava num local onde brincávamos de esconder.
― Tu também quer, eu sei... Cláudia parou e novamente me beijou.
Ficamos abraçados ajoelhados, nossas bocas pareciam esfomeadas de beijo e nossas línguas se enrolavam nervosas.
― Eu quero... Quero muito mesmo...
Era mesmo verdade, eu não estava sonhando e minhas mãos passearam pelas costas dela, meu corpo tremia de desejos e minha boca, colada na dela, parecia não querer desgrudar e deixar de sentir aquele gosto gostoso que me enchia de prazer e de muito mais desejo. Meu pau estava tão duro que chegava a doer e, nervoso e apressado em fazer logo o que tinha de ser feito, suspendi o vestido vernelho com bolinhas amarelas e descobri que ela estava sem calcinha, a bundinha macia parecia tremer ao meu contato.
― Deixa eu deitar... - ela pediu.
E deitou nos pedaços de papelão que levávamos para lá.
― Tu quer mesmo?
Perguntei abobalhado vendo Cláudia suspender o vestido e abrir as pernas.
― Eu quero... Vem...
Arranquei meu calção e quase rasguei minha cueca e olhei para seu rosto, para entre suas pernas e aquele local inchado e vermelho, para o buraquinho, para a língua pequenina e senti o aroma enchendo minhas narinas.
― Vem maninho, vem!
Cláudia abriu os braços me chamando para ela, as pernas abertas e a bucetinha lisinha com alguns pouquinhos cabelinhos negros e lisos destoando da pele alva e do buraquinho róseo.
― Mas eu pequei ela chupando tua rola, seu sacana!
Olhei para o céu já começando a ficar escuro, o sol vermelho forte já descambara por detrás das serras e fazia os bichos da noite começarem a piar dizendo da vida.
― Nunca pensei que tu queria... falei pensativo Tu nunca demonstrou nada...
Tinha uma coisa nova no rosto, uma coisa que nunca soube como ver direito.
― Vai doer? ela perguntou.
Como saber? Não sabia se doía e só sabia que queria meter e sentiu prazer de ter minha irmã muito mais que irmã.
― Se doer eu tiro...
Fiquei de joelhos entre suas pernas, nossos olhos pregados um no outro como se querendo adivinhar o que seria depois daquele dia, o dia do aniversário de minha irmã, minha única irmã que também ia ser a minha primeira e única mulher de amor verdadeiro.
― Então mete... Mas mete devagar, viu?
Um sorriso, bem de leve mais era um sorriso de desejo.
― Mas eu sempre te quis... Cláudia virou e ficamos nos encarando Eu tinha sonhos contigo e nesses sonhos tu sempre era meu príncipe encantado que me levava prum reino mágico e nos casávamos num castelo de cristal...
Não desgrudamos o olhar de nossos olhares, e peguei meu pau e botei na entradazinha apertada. Cláudia pareceu sorrir ao primeiro contato, mas não foi um sorriso de riso, era diferente como tudo o mais que se passava em nossas mentes.
― Se doer eu tiro, viu?
Sempre tive um carinho muito especial por minha irmã e nunca ia permitir que sofressem, pensava.
― Ta bom... Mete logo, mete!
Não olhamos e nem vimos como foram os primeiros movimentos, apenas sentimos; eu o aperto do buraquinho e ela a dor da primeira estocada.
― Ai! Mete devagar Claudinho...
Parei, esperei um pouquinho até ver que não tinha mais aquela máscara de dor no rosto.
― Tu quer parar? perguntei sem querer que ela quisesse.
― Não... Mete mano, mete ne mim!
― Só não sabia que doía tanto um sorriso de recordação passeou no rosto de minha irmã Porra! Doeu pra cacete... Parecia que tava me rasgando no meio...
Respirei também pensando naquele dia e de como a falta de experiência tinha feito ela sentir dores, muitas dores.
― Tu eras uma criança ainda...
― E tu também! ela riu e passou a mão espalmada em meu rosto Só porque já tinha cabelo na rola tu vivia empavonado pensando que já era homem...
Rimos os dois das besteiras da infância.
― Vinte anos Cláudia... respirei fundo Hoje fazem vinte anos que trepamos pela primeira vez.
― Nem parece ter tanto tempo assim Cláudia ficou séria Nunca me arrependi, sabia? Nunca, em nenhum momento eu me arrependi de ter te escolhido...