Regina, novas visões
Não conhecia mesmo minha filha, afinal desde que tinha somente seis anos nunca mais tive tanto tempo com ela, salvo pouquíssimos dias quando Sandra dava áreas da presença em São Luís ou em Teresina e mesmo assim com o olhar vigilante ou dela ou de algum parente.
Aqueles doze primeiros dias foram de conhecimento, de recuperação se é que isso seja possível de oito anos separados.
Terça-feira, 17 de dezembro de 2002 09h30m
Apesar dos apelos repetidos da SAMARC para que eu fosse a Recife participar da feira internacional da industria da construção FIIC consegui me safar, afinal estar com Regina era muito mais importante para mim. E Janiel, eterno escudeiro, não pestanejou em aceitar ir em meu lugar.
― Quebra esse galho pra mim Jani... liguei para Teresina onde ele tinha assumido a gerência de obras Tu sabes que a Regininha está aqui comigo...
Não foi preciso muito para convencê-lo.
Terça-feira, 17 de dezembro de 2002 13h00m.
Saí do escritório dizendo que só voltaria na segunda-feira, ia me preparar para um Natal bem diferente de tantos outros.
Cheguei na casa da Cláudia pouco antes da uma da tarde, Samantha e Regina estavam conversando deitadas no chão da varanda e Cláudia tentava se atualizar com uns manuais de administração(*) , pois ia passar a trabalhar no escritório na área de gerência de pessoal.
― Pai!...
Sorri, as duas tinham falado ao mesmo tempo. Samantha olhou envergonhada para Regina que sorria da prima.
― Fala tu... Samantha piscou.
― É legal Sam... Regina segurou a mão da prima Sempre quis ter uma irmã... Deixa de besteira...
Me aproximei arrancando a gravata apertada que me sufocava, tive que vestir o famigerado palitó para uma reunião com investidores.
― O que minhas molecas aprontaram hoje? sentei no banco de madeira rústico, Samantha ajudou tirar o sapato O Jeaniel vai a Recife...
― Legal! Regina levantou e se abancou em meu colo enquanto Samantha tirava o outro sapato A gente tava mesmo conversando sobre isso... olhou para a prima Se tu fosse a gente ia pedir pra ir junto contigo, né Sam?
― Pois é! Só que agora eu quero mesmo é ficar com minhas molecas...
― E eu?
Olhei para trás, Cláudia estava parada à porta. Vestia uma camisa de meia minha que mais parecia um vestido.
― Também é minha moleca... falei sentindo os pés aliviados, Samantha fazia massagem Só volto pra labuta na segunda...
― Poxa Cláudio? Cláudia se aproximou e massageou meu ombro Segunda é dia 29...
Samantha olhou para cima e sorriu, levantou e ficou atrás da mãe.
― Pai!... olhou para Regina e para mim Tem um treco pra ti ver...
Com movimentos ágeis levantou a camisa de Cláudia que deu um gritinho e tentou esconder o sexo, estava sem calcinha.
― Deixa de ser saliente menina... se recompôs É que tomei banho e ainda não vesti a calcinha... olhou constrangida para Regina que sorria do aperreio da tia.
Não foi preciso muito tempo para Regina desconfiar de algumas coisas que se passavam entre a gente, uma delas a mania de ficar a vontade dentro de casa.
Mas desde sua vinda passamos a ser mais pudicos e, no máximo, ficava de cueca e as duas de calcinha, nunca completamente nus e nem na piscina nos permitíamos banhos como antes da vinda de minha filha.
Terça-feira, 17 de dezembro de 2002 20h40m.
A noite estava quente, diferente do normal nem uma brisa soprava. Um mormaço parecido com aqueles de Codó.
― Porra pai! Regina saiu do quarto onde conversava com Samantha Ta um calor de lascar aqui fora.
O mormaço não se rivalizava com o céu estrelado, a lua já despontara e alumiava a escuridão. Nem grilo cantava na noite.
― Cai na piscina... Cláudia puxou a mão da sobrinha A água deve estar uma belezura...
― É isso filha... dei uma palmada na nádega, ela vestia uma calcinha sensual enterrada na bundinha Chama tua irmã e pulem na piscina...
Não foi de estralo que Regina começou a ficar de calcinha dentro de casa, e no quinto dia Samantha passou a andar só de calcinha, mas manteve a camisa para não escandalizar tanto a prima.
― Tu não fica com vergonha de ficar assim só de calcinha na frente do papai? Regina perguntou.
―Vergonha por quê? Samantha sentou na cama Tu tem vergonha dele?
Regina olhou para a prima. Em casa com a mãe nunca tinha sequer se trocado na frente do novo pai e jamais tinha passado pela cabeça ficar andando só de calcinha.
―Sei não... sentou no chão Lá em casa a gente nunca fica assim não...
Samantha riu e teve vontade de falar que ficavam mesmo era pelados antes dela chegar, mas lembrou dos pedidos da mãe e do tio.
―Tamos em família Regina... Não tem esse negócio de vergonha não... cruzou as pernas e coçou o calcanhar Lá em Codó o calor era de lascar...
Regina olhou para entre as pernas da prima, a calcinha de meia branca deixava ver a risca da xoxota e alguns fios de cabelo escapulindo pelas beiradas.
― Não sei se teria coragem de ficar assim...
Voltaram as duas correndo de mãos dadas e pularam na piscina espalhando água por todos os lados, Samantha estava só de calcinha e Regina tinha vestido o biquíni azul celeste que tão bem lhe emoldurava o corpo.
― Regina ta se acostumando com as coisas da Sam... Cláudia falou Ela ta uma mocinha mesmo...
Fiquei olhando as duas brincarem na piscina.
― Mas nunca vai ser como nossa Sam... respirei fundo e puxei Cláudia para meu colo Mas está muito mudada, nem parece aquela fresquinha de antigamente...
― Tu muda a gente cara... se virou pra mim e deu um beijinho leve em minha boca Viver contigo é aprender... Reaprender viver...
Mas não era isso. Cláudia e Samantha foram diferente, elas tiveram que me aceitar e gostaram de me aceitarem. Já Regina eu notei diferença desde o primeiro dia no aeroporto, parecia que queria mudar e mudou como nunca havia imaginado ser possível*) Cláudia é formada em administração de empresas, mas nunca trabalhou de verdade. Foi numa conversa com as meninas que surgiu a idéia de que ela poderia trabalhar na SAMARC.