GLÓRIA
Terça-feira, 2 de novembro de 2004
Depois daquela noite Glória teve certeza que meu relacionamento com Cristina tinha um algo de diferente e não daria para continuar negando...
Tu és doida menina? Glória piscou várias vezes E se a tia descobre?
Cristina não conseguiu esconder mais da prima.
A gente tem tido cuidado... Cristina respondeu Mas tu tem de jurar que não vai falar isso pra ninguém Glória, pelo amor de Deus!
Minha sobrinha afirmou que não era doida de contar essa história pra ninguém e que poderíamos confiar nela.
E como foi a primeira vez?
Cristina sorriu e contou a loucura dentro do ônibus e de como tinha melado a toalha com sangue e gala do pai.
A mamãe até hoje briga pela toalha... riu Mas o papai jogou pela janela do banheiro...
segunda-feira, 2 novembro de 2004
Inês e Berenice estavam viajando para São Domingos do Azeitão onde fariam visita ao túmulo dos pais. Glória ficou na casa de Cristina e, como não teriam aulas até a quinta-feira, resolveram passar esses dias na quinta.
Não vou poder ficar com vocês filha João falou Mas podem ir que a Domingas toma conta de tudo.
Mas conseguiu tempo para deixar as duas na quinta e pedir para a caseira não deixar falta nada.
Porra pai? Cristina sentou no colo do pai A gente nunca consegue ficar sem a mamãe... Dá um jeitinho de escapulir?
Prometeu que ia ver o que fazia e deixou as duas traçando planos para aqueles três dias. No final da tarde conseguiu adiar alguns compromissos e correu para a quinta.
Cadê as meninas? perguntou para Domingas que falou estarem para o açude.
* * * * * *
Tirou as coisas do carro e correu para encontrar as duas, teve que ir a pé pois as duas montarias estavam com elas. De longe Cristina viu o pai, mas fez de conta que não tinha visto.
E tu nunca pensou em dar pro tio? Cristina retomou a conversa torcendo para que o pai não demorasse tanto.
Tu ta doida menina? Glória coçou a perna O pai me mata se eu tentasse alguma coisa, e depois da separação é que...
Mas se o papai quisesse tu dava pra ele, não dava? Cristina cortou ao ver que o pai já podia ouvir.
João parou, Cristina fez sinais para que ele escutasse.
Aí é diferente... Glória sorria Mas tu ia deixar?
Cristina olhou de canto de olho para o pai parado, Glória estava de costas e não dava para vê-lo.
Se ele quiser? deu vontade de sorrir da cara que o pai fez Mas tu já deu pra alguém?
Dei não! Sou moça...
E se pintasse um clima aqui, tu tinha corarem de ir em frente?
Sabe Cris, teu pai é um gato e qualquer menina nem ia pensar duas vezes em ficar com ele...
Sim! Mas tu tinha mesmo coragem de dar pra ele?
Tinha!... Tenho, é só ele querer... Glória parou um instante Mas tu ia deixar?
Não tenho nada contra... E aí a gente ficava com ele, não é mesmo?
Tu já pensou? Ia ser a maior putaria... Dói muito?
Comigo não doeu quase nada... Também, eu tava doidona pra trepar com ele e...
João resolveu mostrar-se.
Olá filha? deu uma carreirinha Consegui me desvencilhar e vim direto pra cá!
Glória sentiu um frio na espinha sem saber se ele tinha escutado alguma coisa.
Tio? piscou nervosa Tu chegou agora?
Olhei para Cristina e confirmei que tinha acabado de chegar. Sentei do lado de minha filha e comecei puxar assunto para ter certeza se realmente Glória guardaria aquele segredo com ela, Cristina notou minha preocupação e sorriu deliciada.
Vamos pra ilha? levantou e correu para o açude.
segunda-feira, 2 novembro de 2004 20h40m.
Seu João! Domingas meteu a cara na janela O café ta passado e tem bolo de fubá no petisqueiro... Vou ter de ir em Patos com o Januário...
Falei que poderia ir que as garotas tomariam conta de tudo.
Onde elas estão? perguntei, não tinha visto as duas desde o jantar.
Parece que desceram no açude...
Estava uma noite bonita, a lua iluminava a mata. Corujas piavam e grilos enchiam o ambiente de sons que repousava a mente. Domingas e o marido passaram e acenaram e fiquei deitado na rede esperando que as duas aparecessem para papear, mas não apareceram e resolvi descer para o açude.
Tu tinha mesmo coragem de dar pro papai?
Glória tinha pensado o dia todo sobre aquilo e não tinha tanta certeza de ter coragem.
Sei não Cris... Se a mãe e a tia descobrissem ia dar o maior rolo...
É só tu ter cuidado... Mamãe nunca desconfiou...
Cristina tinha visto naquela indecisão da prima uma oportunidade de compartilhar e de ganhar uma cúmplice.
A noite não estava nem quente e nem fria. De longe vi as duas conversando na tábua de bater roupa, Glória com os pés dentro da água e Cristina acocorada e só de calcinha. Eu sabia que o assunto da conversa era sobre mim e tive vontade de voltar, mas minha filha me viu e me chamou.
Vamos mergulhar pai!
Glória se virou e tentou esconder os seios, ela estava nua.
Cristina levantou e correu para me abraçar e me deu um beijo de língua sem se importar com a prima.
Tavam falando sobre o que? perguntei.
Só coisas de mulheres... Glória estava nervosa Tava com calor e viemos dar uns mergulhos...
Tirei a bermuda e corri para a água, Cristina me seguiu e minha sobrinha continuou sentada na tábua nos olhando nadar para a ilha.
Você acha seguro tua prima saber de tudo? perguntei.
Cristina sorriu e sentou escanchada em meu colo.
Pai... Se tu botar uma forcinha ela vai te dar... parou e me olhou, no rosto um sorriso sacana Ela é cabacinho...
Até aquele momento não sabia das armações de minha filha e achei estranho ela me propor aquilo.
Você quer que eu coma ela? não acreditava que era verdade, pensava que era só uma brincadeira a mais de minha loirinha sem juízo.
Se ela quiser te dar, tu topa?
Era muita putaria o que ela me propunha e levei na brincadeira.
Glória não entrou na água conosco, parecia querer que a prima me convencesse do que nem ela estava convencida.
* * * * * *
Vou dormir contigo.
Cristina entrou no quarto, eu já estava deitado e o sono começava roubar meu espírito.
É melhor não filha... me virei para ela Tua prima...
Ela também vem...