FRANCILICE
Domingo, 9 de junho de 2002.
Brincamos o resto da manhã, mas sempre me vinha ao pensamento as loucuras que a sapeca maluquinha estava aprontando, queria conversar com Francilice sobre sua possível participação naquele jogo perigoso, mas todas vezes que iniciava alguma coisa acontecia e cortava o diálogo até que, num momento em que Lídia saiu para comprar refrigerantes resolvi abrir o jogo.
- Quero muito conversar contigo, Francis - tomei um gole de vodca, Francilice ficou atenta - Tu sabes que tua filha está dando em cima de mim?
Francilice abaixou a cabeça e ficou bebericando no copo em goles pequenos.
- Isso é coisa de criança, Pedro - falou depois de alguns instantes - Coisa de menina, tu sabes o que é isso...
Sim, sabia muito bem pois já havia passado por algo muito parecido quando ainda era casado, mas nunca com uma garotinha tão novinha quanto Lídia.
- Sei... Mas ela diz que tu sabes e apóia - olhei fixo para ela.
Francilice continuou olhando para o chão, brincava com uma poça d'água.
- É verdade? - insisti.
Francilice sorriu em silêncio e balançou a cabeça como se negando o que ouvira e deixei passar alguns instantes, queria ouvir, queria e rogava para que ela não tivesse participação alguma naquela loucura, mas ela continuou calada e tive certeza de que Lídia não mentira.
- Isso é loucura, filha... - retomei - Você sabe que isso é loucura...
Francilice levantou a cabeça, retesou o corpo e me encarou.
- Ela é mulher... Menina moça, mas é mulher... - sussurrou.
Fiquei espantado com a resposta, claro que sabia que era mulher, ou uma quase mulher, mas não passava de uma criança.
- Você é louca, garota... Não te entendo e não compreendo essa estranha relação de vocês duas - tomei o resto da bebida - Pensa bem! Lídia não passa de uma criança!...
Francilice balançou a cabeça e levantou e correu para a piscina. Fiquei observando-a nadar com braçadas fortes, pouco tempo depois Lídia chegou e correu para banhar-se com a mãe. Arrancou a roupa e chutou a bermuda branca, tirou a calcinha e atirou em minha direção batendo em meu rosto, Lídia deu um riso moleque e se jogou na água e ficaram brincando e banhando até perto das duas horas quando, já alegres pelas vodcas bebidas, resolvemos deitar para um repouso merecido: a Francilice por causa da viajem, Lídia por estar estafada de tanto banhar-se e eu, bem na realidade não sentia cansaço algum, mas também entrei sem saber o que fazer, como agir dar fim aquela doideira.
- Tu vai deitar comigo? - Lídia estava parada na porta do quarto.
Olhei para ela e não respondi, refugiei-me em meu quarto onde Francilice já estava deitada. Tirei a cueca molhada, vesti outra e deitei.
- Você está chateado comigo, amor? - Francilice virou-se e passou a perna sobre meu corpo.
Não estava verdadeiramente chateado, mas tudo aquilo estava me incomodando muito. Não respondi, apenas virei e fechei os olhos e ferrei o sono...