FRANCILICE VOLTA...
Sábado, 22 de junho de 2002.
Dizer o que? Não há nada a dizer, nada de nada.Só que viver é a coisa mais estranha e difícil dentre tudo o que Deus deixou para nos humanos e os momentos vividos como aquele que vivi são mais difíceis ainda de explicar, se é que exista explicação para esse sentimento e desejo de entrega.
Não sei dizer o porquê de ter deixado acontecer como aconteceu, não sei ao menos se há culpas ou se há erros. É certo que sei que Lídia não passava de uma criança grande, uma criança com corpo de mulher, com sentimentos e desejos muito além do que se pode esperar para sua idade.
Hoje, recordando aqueles dias não consigo me arrepender, não vejo erro além do erro em não ter dito oportunidade de manter para sempre aquela mulher junto de mim...
O sábado amanheceu com mais vida, dormimos abraçados e tornamos a foder várias vezes e Lídia sempre queria mais, pedia para ficar dentro dela, para que ela sentisse meu pau unindo nossos corpos.
Passava das onze horas quando finalmente acordei ainda imaginando ter sido um sonho, um delicioso sonho sonhado na solidão. Olhei para o lado da cama, não havia ninguém. Levantei e tomei um banho demorado. Na sala bem arrumada também ela não estava, fui para a cozinha e a mesa arrumada - a garrafa de café, o leite, o bolo de fubá e uma rosa vermelha em cima de um pedaço de papel branco.
Vou na casa da tia, fiz suco de laranja. Beijos, Lídia.
- Oi menino gostoso!
Virei e ela estava debruçada no peitoril da varanda.
- Tomou café?
Sorri para ela e ela sorriu para mim.
- A mamãe só volta amanhã... - sentou no parapeito - O vovô está muito gripado e ela resolveu ficar mais um pouco por lá... - o sorriso alegre iluminava o rosto de anjo - Pediu para eu cuidar bem te ti...
- E você, como está?
- To de xiri ardido... - riu e abriu as pernas, afastou a calcinha e mostrou a vagina vermelha - Mas foi muito bom, viu?
Lembrei que tinha gozado várias vezes dentro e que não tinha usado preservativo.
- Preciso comprar uma coisa pra você tomar... - levantei e andei até ela - Tu és mesmo uma doidinha garota... - fiquei entre suas pernas e beijei seus lábios de criança - Doeu muito?
- Doeu nada... - me olhou dentro de meus olhos - Eu queria, queria muito e fiz por gosto...- tornou a me beijar, dessa vez com mais volúpia e desejos.
Ficamos abraçados por alguns instantes antes de ela me empurrar.
- Agora tu és meu também... - no rosto aquele sorriso moleque de sempre - Meu e da mamãe!
Suspirei profundo e me abracei com ela, sentia seu coração bater acelerado, suas mãos macias passavam em minhas costas, meu corpo ficou cheio de pequenos pontos, eu estava excitado.
- Deixa eu ir na farmácia... - sussurrei em seu ouvido - Não quero que fiques grávida...
- Eu quero... - murmurou metendo a língua em minha orelha - Tu já pensou?
Uma pontada de medo percorreu minha espinha, seria a ultima coisa que iria querer, mas não falei nada, fiquei abraçado a ela de olhos fechados imaginando o que deveria estar passando por aquela cabeça maluca.
Vesti uma camisa e fui à farmácia - Otoniel, o farmacêutico amigo, indicou um lançamento.
- Deu uma sem camisa? - falou enquanto me atendia - Preocupa não que essa daqui é tiro e queda... Mas ela vai ter de tomar antes de doze horas - me entregou a sacola plástica - Tu deves fazer miséria com as malandrinhas...
Ri, paguei pensando de como ficaria a cidade se soubessem que a malandrinha era Lídia, filha de minha namorada.
- Aproveita e pega um anticoncepcional e umas três caixas de preservativos...
- Qual idade dela? - se virou.
- Mais que dez e menos que trinta... - olhei para ele, não iria dizer idade certa - É só por segurança...
- Quem é a moleca, é gente do trecho? - falou sem demonstrar interesse e, como não respondi, se desculpou - Tenho nada com isso Júnior, mas fica cabreiro se é filha de endinheirado... O pessoal dessas bandas é meio brabo e se for cabacinho aí é que a coisa pega.
- Falou Niel... Mas não era cabacinho, só que não tinha camisinha na hora... - menti o voltei para casa.
Lídia estava deitada na beira da piscina tomando banho de sol, vestia apenas a parte de baixo do biquíni e não deve ter me ouvido chegar, pois continuou deitada com a cabeça apoiada nos braços cruzados. Fiquei parado olhando o corpo já cheio de curvas, a cintura acentuando a pequena bunda arrebitada, balancei a cabeça e fui para a cozinha de onde voltei com um copo com água.
- Toma essa pílula Lídia...
Ela se virou e sorriu. Os pequeninos peitos parecendo duas pequenas peras estavam escorrendo suor, os biquinhos quase cor de rosa que tanto me dava tesão.
- Que é isso?
- É para prevenir, toma, é só uma...
Ela recebeu a cápsula e olhou interessada.
- Pra que serve isso?
- É a pílula do dia seguinte... Vai fazer você não engravidar...
Continuou olhando o remédio como se estivesse indecisa em tomar, na cabeça de criança ainda o sonho em pegar um filho meu.
- Engole amor... Deixa de pensar essas coisas - falei adivinhando o que estava pensando - Você não sabe o que é uma gravidez em tua idade e... - respirei profundo com a imagem das complicações que seriam se a garota engravidasse.
Ela colocou na boca, bebeu água e ficou de pé.
- Mas um dia vou pegar um filho teu... Nosso...
- Nem pense nisso... - olhei sério para ela - Já basta a loucura que fizemos...
- Não sei porque tu fala assim? - sentou em meu colo - Ia ser uma criança bonita, com teus olhos, teus cabelos, teu rosto... - parou e segurou meu queixo - Tu já pensou como ia ser?
Senti vontade de sorrir, era uma idéia maluca vindo de uma garotinha mais maluca ainda, mas também era algo com que deveria temer vindo de quem vinha, de quem naqueles poucos meses tinha demonstrado que não havia barreiras possíveis para seus sonhos, para seus desejos.
- Não pense nisso, pelo amor de Deus... - implorei.
Francilice voltou no dia seguinte e, por muito pouco, não nos flagrou na cama...