DESCOBERTAS: LÚCIA
Sábado, 8 de novembro deQuero conversar contigo...
Olhei para ela, não parecia muito satisfeita e guardei a pasta na gaveta da carteira. Passava de seis e meia e apenas duas ou três pessoas ainda continuavam no prédio.
Carmem fechou a porta e sentou defronte da mesa, estava tensa.
- Tu não deveria ter feito aquilo... - mexeu nervosa na pilha de papéis espalhada no tampo a mesa - Deveria ter escolhido o Antenor que é mais antigo...
- É um bom funcionário, mas não confio que tenha capacidade para tocar o barco - levantei e fiquei atrás dela, coloquei a mão em seu ombro, senti que tremia - Ninguém é mais capacitada que você...
- Vão pensar outra coisa... - olhou minha mão - Não quero Junior, coloca ele...
Puxei a cadeira e me abaixei, segurei suas mãos frias e úmidas de suor, ela desviava a vista como se estivesse com vergonha.
- Olha pra mim... - segurei seu queixo, ela me olhou - Não te escolhi por outra coisa senão por ter certeza de que é o melhor para a firma...
- Junior eu...
Não permiti que falasse, aproximei o rosto e beijei seus lábios, ela suspirou, fechou os olhos e se entregou.
- Tem isso também... - sussurrou.
- Isso é entre eu e você... - levantei e sentei na poltrona onde tudo tinha acontecido - Você sabe que não há outra pessoa melhor que você...
Ela levantou e ficou em pé em minha frente. Carmem é uma mulher bonita, seria mais se tivesse a pele morena como a da filha, mas nem por isso chamava atenção. Corpo de mulher nova, seios nem volumosos e nem pequenos demais, pernas bem torneadas e cintura delicada.
- O que tu vais fazer no final de semana? - respirou fundo e mudou de assunto.
- O de sempre, piscina, cachaça e cama... Francis e Lídia só chegam na segunda, por quê?
Ela olhou para a porta fechada e sentou em meu colo, usava uma saia que lhe delineava perfeitamente o corpo e uma camisa de seda branca.
- Adalberto viajou também... - olhou dentro de meus olhos - Vou pra quinta com Lúcia...
Não fez o convite, não era preciso. Ficamos nos encarando por algum tempo e puxei e toquei o lábio em seu rosto perfumado.
- Não sei por que faço isso... - sussurrou passeando a mão em minhas costas - Amo de verdade meu marido, mas...
Era uma das surpresas inexplicáveis, não entendia também porque aceitava aquela situação, talvez pelo perigo ou por ser uma mulher como é.
- Quando fico contigo parece que o mundo não existe... - levantou e saiu da sala.
Fiquei sentado pensando na vida. Nos últimos tempos era o que eu mais fazia, pensar e tentar entender o que não havia explicação. Também levantei, apaguei a luz e saí da sala, estava tudo em silêncio, todos já haviam saído.
Entrei no carro e saí dando voltas pela cidade, não parei em nenhum lugar, não tinha onde parar e nem sabia por que estava me sentindo assim. Em casa tirei a roupa e entrei na piscina, fiquei submerso sentindo a água revigorando meus músculos. Não jantei, não tinha fome e dormi cedo.
Acordei com o celular tocando, olhei para o relógio da cabeceira, marcava sete horas, muito cedo para um sábado.
- Tio? - era Lúcia - Estava preocupada, bati foi muito e tu não apareceu...
Levantei ainda grogue de sono, abri a janela.
- Que foi, aconteceu alguma coisa?
- Não seu preguiçoso - ouvi seu riso maroto - Abre a porta, estou aqui...
Peguei uma toalha e passei na cintura, na porta Lúcia falava com a mãe no celular, esperei e ela entrou alegre.
- Mamãe está te esperando, fiquei pra ir contigo... - correu para o banheiro - Ela falou que tu vai ficar com a gente...
Lembrei do convite velado de Carmem, fechei a porta e fui para a cozinha, a porta do banheiro estava aberta e Lúcia sentada no vaso sanitário.
- A tia foi para Passagem? - perguntou ao me ver passar - Bem que a gente poderia ir passar uns dias na fazenda da tia Rosilan...
Tirei a jarra com suco de cajá da geladeira e sentei.
- Tu estais com uma cara estranha hoje... - entrou na cozinha, tinha tirado a bermuda - Parece até que passou a noite toda na farra...
Olhei para ela e ofereci suco.
- Prefiro um café quente...
Falei que não tinha coado, ela encheu a chaleira com água e colocou no fogo, pegou os pratos e copos sujos e começou lavar. Fiquei olhando para ela, era outra sem explicação dentre tantas nos meus quarenta e cinco anos de vida.
- Deixa que lavo depois... - o corpo balançava, a bunda bem feita, a pele morena, os cabelos caindo até abaixo dos ombros.
Ela falou alguma coisa e continuou lavar as louças sujas.
- Gosto de lavar louças, lá em casa é minha tarefa - falava sem se virar - Não gosto é de lavar roupa, e nem de passar ferro...
Terminou de lavar, arrumou no escorredor e coou café, o aroma forte encheu minha boca de saliva.
- Tu queres que eu frite ovos? - virou enxugando as mãos na toalha encardida, o celular tocou e ela correu para buscar na sala, atendeu e depois passou para mim - É a mamãe... Quer falar contigo.
- O que foi, ficou na farra a noite toda? - falou brincando.
Disse que não e que só tinha dormido demais.
- Queres almoçar o que? - perguntou sempre com voz alegre - Olha lá rapaz, não vai comer minha menina!
- Está um tesão... - entrei na brincadeira - Passou do tempo de abate...Os peitinhos parecem dois morangos...
Lúcia escutou e sorriu, sabia que falávamos dela.
- Te jogo na prisão, ela é menor de idade seu tarado - parecia brigar de verdade - Lembra que a mãe dela não se chama Francis...
- Claro que sei, é mais gostosa e tem um rabinho de fazer babar... - Lúcia me olhou franzindo o cenho - Não sei que é mais gostosa das duas...
- Ela está aí perto? - perguntou preocupada.
- Está aqui no meu colo - olhei para a garota - Está sem calcinha e os peitinhos pedindo para serem chupados...
Lúcia balançou a cabeça e riu, fiquei olhando para ela e ela suspendeu a blusa mostrando os seios.
- Tu és doido Júnior, o que ela vai pensar ouvindo nossa conversa?
- Só pode pensar uma coisa... É claro que é isso... - Carmem pareceu preocupada e passei o telefone para Lúcia.
- É brincadeira dele mãe... Não! É claro que estou vestida... Não mãe! Não, ele está de bermuda... Está bom dona Carmem... Não... Não demoro nada...
Desligou o telefone e me olhou séria.
- Tu e a mamãe? - veio e sentou em meu colo - Vocês não tem um caso, tem?
Olhei para ela e não respondi, apenas sorri e passei a mão na sua coxa.
- E se tivesse? - resolvi apimentar.
Lúcia me olhou e suspirou.
- Não! Tu não ia ter coragem de... - olhava dentro de meus olhos e teve dúvida - Mas... E o papai?
- O que é que tinha? - continuei soltando partes da verdade - É muita mulher pra um coitado só!
Lúcia piscou várias vezes e se levantou, segui com os olhos tentando descobrir muito mais que poderia querer. Serviu duas xícaras com café, me entregou uma e tornou sentar em meu colo escanchada de frente para mim.
- Vocês são grande e ela sabe o que faz... - tomou um gole do café quente, queimou a língua e fez careta - Mas tem mesmo alguma coisa?
Olhei para ela e senti que não estava preparada para saber a verdade.
- Não garota, não tem nada entre eu e sua mãe... Gosto muito dela - também tomei um gole de café - Isso é brincadeira da gente...
Ela tomou o resto do café e esperou que eu terminasse o meu, pegou as duas xícaras e foi lavar. Olhou para os lados e viu minha carteira de cigarro, acendeu um, deu uma baforada e me entregou.
- Mas eu sei que ela gosta de ti de uma maneira diferente... - ficou parada em minha frente - Sempre desconfiei de vocêscalou e continuou parada.
Olhei bem para ela, respirava forte e os seios subiam e desciam na cadencia, sabia que o coração deveria estar disparado. Respirei fundo, dei uma tragada forte.
- Ela me falou que tu vais embora... - ficou séria, eu também - E que tu indicou ela para assumir o teu lugar.
Senti aquela pontada de dor correndo dentro de minha garganta, ainda não tinha absorvido essa minha transferência que jogou por terra todos os planos que eu tinha feito.
- Sou empregado... A firma me quer em outro lugar, em outra função... - falei baixo e ficamos nos encarando - Quem o seu cu aluga não tem onde sentar... - tentei sorrir, ela continuou séria e fiz o que não deveria ter feito.
Lúcia suspirou e fechou os olhos, o corpo pareceu balançar e ela abriu as pernas. Passei a mão na xoxota por cima da calcinha.
- Junior... - ela sussurrou.
Tirei a mão ligeiro arrependido de ter me deixado levar pelo momento, levantei e fui para o quarto de onde voltei já vestido. Lúcia estava ainda sentada na cozinha.
- Como é, vamos lá? - passei a mão em sua cabeça.
Ela respirou fundo e me olhou.
- Se tem mesmo alguma coisa entre vocês não vou falar pra ninguém... - falou e levantou, ficou colada em mim - Te gosto muito tio... Junior...
Chegamos na quinta em silêncio, alguma coisa tinha quebrado dentro de nos dois. Carmem correu alegre, sorria e me abraçou.
- Vocês demoraram... - passou o braço pelo ombro da filha - Matei uma galinha gorda... - olhou para a filha - Lúcia sabe fazer uma galinha de parida como ninguém...
Entramos na casa e lembrei de que havia compras no carro, voltei com Lúcia para buscar, a garota estava pensativa.
- Tu gosta dela, não gosta? - parou e segurou meu ombro.
Olhei para ela e sorri.
- E de você também...
- Mas tu...
Puxei-a e ficamos abraçados, os braços caídos do lado do corpo e a respiração acelerada por ter tido certeza de que havia algo a mais entre eu e sua mãe.
- Esquece isso garota... - murmurei em seu ouvido - Quero as duas, gosto das duas... - dei um beijo pequeno em sua testa - Não vamos estragar o fim de semana...
Não tocamos mais no assunto, passamos o dia inteiro de molho ou deitados na varanda conversando, brincando e bebendo. Foi depois do lanche quando novamente o assunto voltou.
- Vamos fazer o que? - Carmem me abraçou por trás - Que tal uma partida de baralho?
Sentamos no chão da sala e distribuí as cartas. Jogamos come três e Lúcia venceu as duas primeiras rodadas.
- É como tirar pirulito de criança... - riu divertida - Vamos melhorar o jogo, agora o vencedor escolhe uma prenda para os perdedores...
Jogamos cumprindo as prendas - todas inocentes para meu alívio - até o sono mostrar a cara.
- O tio vai dormir onde? - Lúcia deitou apoiando a cabeça em meu colo.
Carmem e eu trocamos olhares de desejos e Lúcia notou.
- Vou ficar na varanda... - falei apressado.
- Faz muito frio de madrugada Júnior... - Carmem esticou as pernas e o pé ficou entre minhas pernas - Tu dorme na cama do João e Lucia dorme comigo...
- Porque não dorme todo mundo na cama grande? - senti a mão de Lúcia passando em minhas costas - Já dormimos todos juntos, não foi?
Olhei para Carmem e ela desviou a vista, falei que naquele dia não tinha jeito. Levantei e fui para a varanda fumar, Lúcia olhou para mim e não falou nada.
- Aceita um cafezinho da hora? - Carmem não sabia o que fazer e nem o que falar - Vou passar ligeirinho.
Procurei a carteira de cigarro no bolso e não encontrei, já ia entrar quando Lúcia saiu com a carteira na mão e acendeu um cigarro.
- Pode dormir com ela... - falou sussurrando, no rosto um sorriso safado - Eu deixo...
Olhei para ela e balancei a cabeça.
- Já falei que não temos nada... - sentei no peitoril e ela ficou entre minhas pernas - Assim fico chateado com você.
Ela mo olhou séria e me abraçou, ficamos calados e parados.Na cozinha ouvimos batidas de panelas.
- Eu queria dormir abraçada contigo... - a mão passeava em minhas costas - Mas ela não ia deixar...
- Não faça isso Lúcia, assim você vai me deixar mal...
Ela respirou fundo e ficou na ponta dos pés, ouvi zoada de água jorrando, ela me beijou. Quis me desvencilhar, mas ela me abraçou forte.
- Sei que vocês estão doidos para ficarem juntos... - sussurrou - Fica com ela, eu durmo no meu quarto.
- Não Lúcia... - mas ela tinha razão, eu estava querendo ficar com Carmem - Isso não é certo...
- Eu quero... Já que tu não me quer, quero que tu fiques com ela...
- Não Lúcia, por favor não quero falar sobre isso...
Empurrei ela com carinho e desci no peitoril, terminei de fumar e sentei na rede branca e perfumada. Pouco depois Lúcia entrou na rede e sentou com as pernas sobre as minhas, respirei fundo e não falei nada. As lâmpadas apagadas, apenas a claridade vindo da sala deixava a varanda no meio de uma quase escuridão, a camisa subiu e olhei para entre as pernas da garota, a calcinha folgada formava uma risca entrando entre os lábios da vagina.
- Não pode ser assim garota, tua mãe é casada e...
- Ninguém sabe e nem vai saber... - ela se ajeitou e o corpo desceu mais - Só tem problema se ele souber...
- É de tua mãe que estamos falando... - cortei - Teu pai é um cara legal...
- Não estou dizendo que não é... - segurou minha mão entre as suas - Sei que vocês já transaram, tenho certeza...
- Tu não podes ter certeza... Merda Lúcia! - puxei a mão - Tu estais pedindo para tua mãe trair teu pai...
Ela não respondeu, ficou olhando séria e novamente puxou minha mão e colocou entre suas pernas, senti que estava úmida. Tentei tirar, mas ela não deixou.
- Eu estou meladinha... - sussurrou suspirando - Mas tu não me quer...
Ouvimos sons de passos e arranquei a mão das suas, Carmem chegou com uma garrafa térmica e três canecas. Olhou para nos e balançou a cabeça sorrindo.
- Atrapalhei alguma coisa? - colocou a garrafa no peitoril e nos entregou as canecas com café novo.
- Não mãe, eu só conversava com o tio... - recebeu o caneco e provou.
Também recebi o meu e tomei um gole grande, olhei para Carmem que olhava para as pernas da filha, a calcinha melada e fora do lugar deixando ver parte da xoxota.
- Porque você não veste uma calcinha decente filha? - falou.
Lúcia ajeitou a calcinha e puxou a ponta da camisa tentando encobrir as pernas, olhei para Carmem, ela sorria.
- Agora ele é teu tio... - olhava direto para mim, Lúcia não via a mãe - Mas quanto estão só é outra coisa...
- Que é isso mãe? - Lúcia estava séria - A gente não estava fazendo nada, não é tio?
Ia falar, mas Carmem fez sinal para que eu ficasse calado.
- Te conheço e não é de hoje garota... - vi que estava querendo sorrir - Essa carinha de anjo...
- Pára com isso mãe! E fique sabendo que o tio não me quer, ele quer é a senhora... - levantou indignada - E a senhora também está afim de dar pra ele, pensa que não sei?
Achei que era hora de intervir.
- Ela está brincando contigo sua cabeça de fósforo... - Carmem estava arrependida da brincadeira e olhava para a filha sem saber o que responder - E vamos parar com essa coisa gente!
Os olhos de Carmem estavam cheios de água, olhou para mim e para a filha e entrou. Lúcia olhou a mãe sair.
- Viu o que você fez Lúcia!
- Foi ela ti... Junior...