<tt><Center>Laura (Primeiros tempos ─</Center></tt>
<center><strong><b> DÓI MUITO?</b></strong></Center>
<Center><tt><b> Domingo, 17 de setembro de 1989</b></tt></center>
Que foi Laura?
A menina estava esquisita desde que chegara do Santa Tereza.
Nada não, mãe...
Levantou e andou apressada pro quarto, Marisa acompanhou com o olhar a retira estratégica da filha. Deve ser besteira, imaginou e continuou lendo a revista Isto É sentada na cadeira de vime da sacada aproveitando os últimos raios de sol sob a brisa amena que soprava do mar.
Tinha sido um dia cheio de corres-corres na faculdade para darem contas do trabalho de pedagogia e dos preparativos para o encontro estadual. Por isso mesmo não tinha ido trabalhar naquela manhã.
<center>● ● ● ● ● ●</center>
Você não vai hoje? o marido estranhou ela não ter levantado cedinho.
A Edite vem daqui a pouco pra gente terminar o trabalho... sentou na cama apoiada no espaldar, Lúcio já tinha banhado e tomado o café preto Vou gazetear o trabalho, depois falo com Dr. Venâncio.
Abriu os braços e aceitou o beijo melado do marido.
Levo a moleca pro colégio hoje! valou quando ele saía do quarto.
Edite chegou depois das oito e sentaram no tapete da sala espalhando os livros e cadernetas de anotações. Passaram a manhã toda entretidas com as tarefas.
Cadê o gato? Edite perguntou logo que chegou.
Foi trabalhar, assanhada! cumprimentou a amiga e fechou a porta Se o Rob te vê falando assim, vai pensar besteira!
Riram e se enfurnaram no estudo.
<center>● ● ● ● ● ●</center>
Estava ficando inquieta com a demora de Lúcio, quase sete horas e ele não chegava. As louças sujas do almoço ainda estavam empilhadas na cozinha, levantou espreguiçando e foi lavar.
Mãe...
Olhou pra traz, Laura estava em pé com um livro abraçado.
Ôi princesa! Que foi?
Sabe mãe... Eu... Eu queria te perguntar uma coisa... baixou a cabeça morrendo de vergonha.
Marisa sentiu que a filha queria realmente falar alguma coisa importante, mas voltou a lavar os pratos e panelas esperando que a filha concluísse.
Que é filhinha... incentivou fala!
Laura ficou olhando a mãe ensaboando as louças por algum momento.
Tu parece uma moça daquelas do filme... mudou de assunto sem ter encontrado palavras certas.
Marisa sorriu, sabia que a filha a achava bonita.
Não é isso que você ia dizer, né? virou ainda segurando a esponja e um copo de metal Você sabe que não existe segredo ente a gente...
Ah! Mãe... Tem coisa que a gente não consegue dizer de cara... piscou os olhos verdes reluzentes Mesmo pra uma mãe como tu.
Marisa largou o copo e a esponja e enxaguou as mãos, secou no pano de prato e puxou uma cadeira.
Agora você vai ter que falar...
Laura sorriu e sentou em seu colo encostando a cabecinha nos seios da mãe, Marisa passou a mão na cabeça sedosa da filha.
Porque a senhora e o papai não tem vergonha de ficar assim?
Assim como?
Ora! Assim...
Sem roupas?
É... Sem roupas... levantou a cabeça e fitou o rosto da mãe Na casa da tia Edite eles só ficam de roupa o tempo todo...
Desde que passara viver com Lúcio, antes mesmo de casar, tinham traçado o modo de viver.
Porque? Você não gosta?
Não!? Não é isso...
Segurou a filha por baixo dos braços e a fez virar-se para ela, escanchada em suas pernas.
O papai e a mamãe não gostam muito de ficar o tempo todo vestidos... Aqui em casa a gente fica da maneira que a gente gosta... Só aqui...
Sei disso, mãe... bolinou no bico do peito da mãe Hoje a tia Margareth falou que a Deus não gosta de ver seu filhos andando quase pelados...
Marisa ficou séria pensando que a filha tinha sido discriminada por alguma maneira.
Ela falou isso porque?
Foi na aula de religião... Passou até um filme pra gente assistir... Era de uns índios que moram no interior... viu que o bico do peito da mãe ficou duro Tava todo mundo nu...
Pois é filha... Os índios vivem livres, não precisam de roupas...
E quando faz frio, como eles ficam?
Olhou a carinha da filha e viu que ela prestava atenção pro seu peito.
Aí eles ficam dentro das ocas e acendem fogueiras...
Mas... Eles não ficam com vergonha das pessoas olharem pra eles?
Não!... É a maneira deles viverem... Sempre foi assim...
Mãe? E a gente nasce pela periquita?... largou o peito da mãe e encostou a cabeça escutando o batucar do coração.
É assim... Foi a tia quem falou na aula?
Laura não respondeu, ficou com o ouvido colado no peito da mãe escutando a zoada fina vindo de dentro.
Não...
E quem foi que falou isso pra você?
Laura levantou e pegou o livro que tinha deixado em cima da mesa, colocou na perna da mãe e abriu em uma página que tinha deixado marcada. Marisa pegou o livro e olhou a figura.
Onde você pegou esse livro?
Viu as fotografias de mulheres grávidas e parindo.
Foi Ana quem me emprestou... Como é que o neném entra?
Marisa pegou o livro e a mão da filha, foram para a sala onde era mais claro. Sabia que a filha tinha um amadurecimento acima dos sete anos, por isso mesmo incentivava diálogos sobre tudo o que ela ouvia e aprendia com as coleguinhas, não queria que ela tivesse uma visão deturpada das coisas, mas não se sentia preparada para aquele assunto em particular.
Você não acha que é muito cedo para aprender essas coisas? tentou sair pela tangente.
Ora mãe? Diz logo que é o pai que bota dentro... A senhora pensa que eu não sei?
Olhou espantada para a filha, piscou nervosa.
Como é que o papai bota dentro?
Ora!... Tu sabe, não sabe? o rosto inexpressivo alarmou mais ainda a mãe É com o piru... O piru do papai me botou dentro da tua periquita e eu nasci?
Mas... Bota como?
Laura olhou pra mão como se não acreditasse nas coisas que ela dizia.
Quando a senhora vai dormir, né?
<blockquote><i> Ficou remoendo as coisas que a filha dizia. Não tinha o direito de negar, de esconder uma verdade que estava aprendendo fora de casa, uma verdade não tão destorcida da realidade, mas nem por isso incompleta.</i></blockquote>
Sabe filhinha... É quase isso... se ajeitou no tapete, cruzou as pernas Quando uma mulher e um homem se amam eles se casam e praticam sex... se relacionam de um jeito que um dia gera um grãozinho na barriga da mãe que cresce e nasce... respirou aliviada por ter encontrado palavras certas.
Mas como é que o pai bota a gente dentro da barriga da mãe?
Sentou do lado e se encostou no sofá.
A isso damos o nome de relação sexual...
Laura parou para pensar e guardar aquela nova palavra bem dentro da mente.
E o que é relação sexual?
Olhou pra filha, sabia que ela entendia tudo, mas não queria despertar sua cabecinha mais do que mostrava saber.
Quando o papai e a mamãe resolveram que era a hora de você nascer, a gente fez sexo... como falar, não sabia É... É.. engasgou.
Laura não falava nada, apenas fitava a mãe esperando que ela falasse, de uma vez por toda, aquilo que já sabia.
O papai colocou o piru na periquita da mãe e depositou uma sementinha...
Como é que o papai colocou o piru na sua periquita?
Ora! Colocou!...
Não estava satisfeita, era muito vago apenas dizer daquela maneira, queria saber mais, saber tudo e sabia que a mãe podia falar.
Levantou, abaixou a calcinha e olhou para a periquita lisa e já inchando.
Mostra...
Marisa ficou sem ação, olhou a filha parada com a calcinha no meio da perna e a xoxotinha careca com a risca espremida.
O papai botou o piru bem aqui... apontou e tocou na beirada da xoxota da filha Meteu tudinho até chegar bem no fundo e depositar a semente que cresceu dentro de mim e virou você... deu um peteleco na vagina da filha Tá satisfeita, princesinha?
Laura levantou a calcinha e pegou o livro, que Marisa havia deixado no sofá. Abria na página das fotos e olhou com a carinha cheia de dúvidas.
Mas... A gente sai assim mesmo?
Marisa olhou a foto apontada.
Dói muito? Laura olhou para a mãe Olha! Tá saindo a cabeça do neném...
Claro que dói, afinal de contas... Mas o corpo da gente se modifica pra facilitar as coisas a cabeça funcionada a mil querendo achar palavras fáceis A periquita se abre, fica grande, pra que o neném passe sem doer muito e nem maltratar ele...
Pôxa mãe? Não sei se vou querer ter filho...
<Center>─────────────────────────────────────────────────────</Center>
<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>
<center><tt> Descobrindo Laura</tt></Center>
<center><tt> Despertando com Laura</tt></Center>
<center><tt> Mas eu te amo... </tt></Center>
<center><tt> Tá danado de duro... </tt></Center>
<center><tt> Por quê paizinho? </tt></Center>
<center><tt> Tu és meu pai</tt></Center>
<center><tt> Pior pra quem? </tt></Center>
<center><tt> Ver você como mulher...</tt></Center>
<center><tt> Lembrando do tempo de escoteiros</tt></Center>
<center><tt> Ainda tá ardendo</tt></Center>
<center><tt> Você sabe...</tt></Center>
<center><tt> Deixa de ser besta</tt></Center>
<center><tt> O Grande Acampamento</tt></Center>
<center><tt> O Grande Acampamento Campo de banhos </tt></Center>