Simone, 6 - Encontros e surpresas

Um conto erótico de AribJr
Categoria: Heterossexual
Contém 2631 palavras
Data: 08/02/2009 21:59:00

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<tt><Center>Simone, uma história de amor – 01.13</Center></tt>

<center><strong><b> ENCONTROS E SURPRESAS </b></strong></Center>

<Center><tt><b> Sábado, 13 de dezembro de 2003</b></tt></center>

<blockquote><b> O dia amanheceu ensolarado e custou pra burro passar o tempo. Sheila chegou antes do almoço com a mochila arrumada, Simone chamou a tia para o quarto.</b></blockquote>

– Me ajuda, tia? – pediu para Sheila ajudar a socar as coisas na pequena mochila de lona verde.

Divertiram-se, rindo dos preparativos e da montanha de roupas, cosméticos, repelentes e remédios que Simone arregimentou para levar.

– Puxa Simone! Parece que vamos passar um mês? – riu da montanha de roupas escolhidas para o final de semana – Leva só umas duas calcinhas, camiseta e duas bermudas... Pra que tu queres levar esses sapatos e essa calça branca?

Depois de muito regatearem, conseguiram reduzir a montanha de roupas para um pouco além do necessário.

– Tu vais levar baby-dol para que, menina? – Sheila tentou descartar mais essa peça – Tu pensas que vai ter como usar isso? Lá faz um frio dos infernos, Simone... Deixa isso aqui!

Não conseguiu. A garota nunca iria descartar a peça mais importante para a noite.

– Se pelo menos teu homem fosse... – riu imaginando como seria o Lira na fazenda com Simone desfilando com aquela peça minúscula – E aí? Já criou coragem pra soltar a bomba?

Sheila era a confidente da sobrinha que lhe contou “quase” tudo – claro que não falou do que fizeram na praça do coronel, não era louca de fazê-lo.

– Ainda não, tia... Acho que vou mesmo é tentar esquecer essa loucura!

– Porque loucura? – Sheila fechou a porta e sentou na banqueta – Tu não gostas dele? Ele não gosta de ti?

Simone sentou no chão, encruzou as pernas e se encostou à parede fria.

– Mas tia? Ele tem idade de ser meu pai...

Sheila olhou para a sobrinha, balançou a cabeça e sorriu de mansinho.

– E o que tem isso? – estranhou a desistência da sobrinha – Vocês não se gostam?

A pouca diferença de idade das duas as fazia parecer irmãs, de tão parecidas fisicamente.

– O pai...

– Deixa de ser besta garota! Teu pai vai entender e, afinal de contas, tu já tens dezenove anos...

– Pois é... Sou mais nova que a filha dele...

– Tu vais ficar com ele ou com ela? Hoje em dia não existe disso não, Simone!

– Sei não, tia... Sei não...

<blockquote><i> Terminada a reunião esqueceu completamente a promessa de ligar, o papo descontraído depois da discussão acirrada descambou para um aperitivo na quitanda próximo ao hotel e depois para uma volta pelas praças quase desertas. Perto de duas da manhã emborcou na rede cheirosa ainda sob efeito da cerveja misturada com uísque barato. Só lá pelas oito horas, quando tomavam café na varanda ensolarada lembrou que prometera ligar logo depois da reunião.</i></blockquote>

– Puta merda! – bateu na testa – Esqueci completamente de ligar pra Colinas...

Correu pro quarto e tentou ligar do telefone amarelo dependurado em uma prateleira na parede carcomida pelo tempo. Tentou uma vez, duas, três antes de sair imaginando no que a garota estaria pensando dele.

– O merda desse telefone deve estar quebrado... – comentou chateado – Tinha que ligar ontem...

– Tá tudo mudo, seu moço! – a garota que arrumava os pratos na petisqueira ouviu ele reclamar – Tem sido assim desde que mudaram uns trecos lá na Telemar...

Tentou o celular, nada!

– Adianta não, seu moço... Hoje a gente só vai conseguir ligar lá pelas duas da tarde...

Resignado voltou ao café.

– Pedro!... – resolveu tentar – Não queres ir a Caxias?

O moreno largou a banda de pão animado.

– E tu? – perguntou – Não ficou acertado que tu irias representar a gerencia?

– Pintou um compromisso pessoal... Se topares, vamos na casa do Edílson e a gente acerta tudo.

<blockquote><i> Também não lembrou de telefonar, tão agoniada em escolher as roupas a levar. Vai ver a reunião terminou tarde, pensou.</i></blockquote>

– Vamos, Simone? – o pai estava apressado, não queria pegar a estrada de chão à noite.

Sheila já se abancara no bando detrás e o calor abafado no carro fazia suar aos píncaros.

– Vumbora, gente! Tá um forno aqui dentro! – reclamou arrependida em ter vestido a calça jeans, poderia ter escolhido uma bermuda fresquinha.

Simone, carregando a mochila aturrada de roupas, também entrou. O pai demorou sair.

– Ligou pra ele? – Sheila perguntou baixinho.

– Não! Ele vai pra Caxias... Tem uma reunião agora de manhã! – respondeu ainda se maldizendo da falta de comunicação – Outro dia a gente vai junto.

Conversaram sobre os planos para o final de semana, tinham acertado dormirem na varanda e passearem a cavalo pelos prados.

– Faz tempo que não monto! – falou entretida com o porta cd – Acho que vai ser bom... – escolheu um Zé Ramalho que colocou pra tocar – E tu, tia? Como vai o namoro com o Júnior?

– Uma merda! Ele só pensa em política... – olhou pela janela estranhando a demora do cunhado – Tô perdendo a paciência... Cadê o Regis que não vem! – a camisa de fazenda começava a empapar de suor, pegou um pedaço de papelão para se abanar – Vai lá chamar ele!

Nem foi preciso, ele saiu de casa apressado.

– Merda! Tinha que acontecer logo hoje? – reclamou enquanto ligava o carro – Parece até que meus finais de semana são mais difíceis que dos outros.

– Que foi Regis? – Sheila se preocupou – Alguma emergência.

Simone temeu que o pais desmarcasse a viajem como fizera inúmeras vezes. Se fizesse, iria com a tia, só não queria era passar mais um final de semana enfurnada em casa.

– Vamos passar na clínica... – falou sem olhar para a cunhada – A Vera ligou dizendo que tem uma complicação...

Estacionou debaixo da figueira frondosa e saiu do carro às pressas. Pelo menos não ficaram no sol.

– Essa calça está me matando! – Sheila comentou só pra quebrar o clima de desagradável decepção da sobrinha – Quando chegar vou direto pro riacho dar uns mergulhos à lá Eva... – sorriu já aliviada do calor abafado – Topas?

Simone não prestara muita atenção ao que a tia falara, não tirou o olho da portaria da clínica estranhando o corre-corre de médicos e enfermeiras.

– Deve ser alguma coisa grave – faliu para si – Tá uma confusa só!

Sheila resolveu sair do carro e foi até a portaria tentar pescar alguma coisa, conversou com Vera e voltou cabisbaixa.

– Teve um acidente nos Cachimbos – debruçou na janela do motorista – Parece que morreram uns dois – já se conformava com o passeio perdido, o cunhado não sairia da clínica antes de tudo se normalizasse – Secou! É melhor a gente ir pensando no que fazer por aqui mesmo!

– Não! Se papai não for, vamos só nos duas! – decretou decidida – A senhora topa?

Ia dizer que não, mas o cunhado apareceu já vestido na bata branca.

– Filhinha... – ficou constrangido em ter que cancelar o planejado – Não vai dar pra sair agora... – abriu a porta – Tem três pacientes na sala de cirurgia e uns cinco na enfermaria...

Simone olhou o pai e não conseguiu ficar com raiva, sabia que a profissão escolhida era um verdadeiro sacerdócio.

– E tu vais poder sair que hora? – não tinha muita esperança que ele se livrasse ainda nesse dia.

– Não sei! – balançou a cabeça entristecido – Já mandei chamar o Jesus para me ajudar... – a cunhada nada falou, ficou só escutando – Por que vocês não vão?

Mesmo se ele não sugerisse já tinha decidido.

– E tu? – Sheila saiu do marasmo – Vais depois?

<blockquote><i> Falou que sim, que pegaria o carro do Jesus e iria tão logo fosse possível, mas iria. Se despediram e ele voltou, apressado, para os afazeres. Sheila assumiu o volante e partiram, o som ainda ligado tocava “Vida de Gado”.</i></blockquote>

A tia fez como prometera. Logo que chegou, antes mesmo de arrumarem as coisas, desceu correndo pro riacho. Simone ficou pra trás, queria falar com o João – o caseiro – antes de também se refrescar. Já estavam sendo esperados, só estranharam a falta do Dr. Regis.

– Vem depois, Maria – falou depois de abraçar a esposa do caseiro – Teve que ficar pra operar de emergência...

João carregou a bagagem para o quarto principal e Simone ficou conversando com Maria, quase trinta anos mais nova que o marido. Entregou as compras que o pai fizera no dia anterior, espiou os cômodos da casa – cinco quartos, dois banheiros, uma copa ampla, sala de som e vídeo e a cozinha tradicional com fogão a lenha e geladeira a gás – e perguntou se o gerador estava funcionando.

– O João arrumou ele quando o seu Zé falou que vocês viriam – seguiu a garota na inspeção sabendo que ela não gostava, nem um pouco, de poeira – Dei um trato caprichado! – sorriu quando Simone passou o dedo na cômoda do quarto – Tá do jeitinho que a senhora gosta.

Simone passou o braço pelo ombro de Maria e saíram para a varanda.

– Deixa esse negócio de senhora pra lá! – ficava incomodada quando a chamavam assim – Somos quase da mesma idade: sou Simone, tu és Maria! – riram e sentaram nas cadeiras espreguiçadeiras.

Perguntou sobre a vida no campo, as coisas da fazenda e deu notícias de todos antes de sair em busca da tia.

– Vamos no riacho? – convidou.

– Dá não, Simone! – tentou se esquivar – A janta ainda não está no fogo...

– Precisa fazer janta não, Maria! – levantou – A gente faz café e uns sanduíches de presunto – notou que Maria estava com vontade de ir com ela – João! – chamou e ele correu pra atender – Maria vai comigo lá no riacho, tá bom?

João gostava de verdade da filha do seu Reginaldo, mesmo sem ela ir com freqüência ao Muriçoca, e um pedido da garota era quase uma ordem.

– E a janta, mulher? – estava preocupado em bem servir as hospedes.

– A gente inventa alguma coisa! – Simone sorriu para ele – Precisa se preocupar não, João... Vamos?

Maria olhou pro marido que balançou a cabeça em anuência. Simone pegou a mão dela e saiu alegre.

– Não vão vestir o maiô? – perguntou estranhando a garota.

– Pra que? É só não deixar ninguém descer! – olhou para o caseiro e deu uma piscadela, ele entendeu.

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<blockquote><i> Quando voltaram o sol já estava se pondo. As três conversavam animadas e Maria ria, às gargalhadas, das coisas que Sheila falava. João tinha coado café novo e colocou leite pra ferver, o casarão, quase na penumbra, era iluminado por candeeiros e lamparinas a querosene.</i></blockquote>

– Vou botar o motor pra rodar! – João saia com um molho de chaves dependuradas no cinto de couro cru.

Pouco depois escutaram o zoar do motor a diesel e os bicos de lâmpadas acenderam. Maria se apressou em arrumar a mesa da janta e frigiu alguns ovos de gema vermelha em banha de porco, Sheila e Simone entraram no quarto para se trocarem. A garota vestiu o baby-dool de algodão azul claro que deixava ver a marca da calcinha minúscula e os bicos dos peitos marcando a camiseta fina, Sheila preferia uma camisa de meia que lhe cobria parte da coxa e calcinha não maior que a da sobrinha. Sentaram no banco de madeira maciça e atacaram, com voracidade, o lanche preparado.

Depois da janta foram pro alpendre jogar conversa fora. Pouco depois Maria surgiu com o bule de café fumegante e broas de milho em uma bandeja de plástico cinza que depositou na mesinha de vime encostada na parede.

– O céu tá tão bonito!... – falou encostando-se à coluna de madeira do alpendre – De manhã parecia que ia chover...

Sheila olhou para cima, a luza cheia enchia as capoeiras de sombras claras, as estrelas cintilavam ponteando a negritude do céu. Simone encruzou as pernas e recostou-se na lona da cadeira, Maria olhou a garota e viu que a boceta depilada estufava pelas beiradas da calcinha branca e riu de como essas mulheres da cidade não importam em se mostrar. Sheila tinha apoiado o pé na cadeira e também deixava ver a calcinha, cor da pele, e o monte riscado no meio.

Maria viu o marido chegando e se apressou em puxar pelo braço, não ia gostar de ver seu homem com o olho pregada nos fundilhos das moças.

– Dá pra desligar o motor? – Sheila perguntou ao caseiro – A não ser que vocês queiram assistir televisão.

Não demorou para a luz diminuir até apagar e ficarem livres da zoada do motor que abafava os sons da noite, ficaram no escuro, só com a luz fria da lua alumiando, de leve, a varanda. Luzes piscantes, cortando a noite, dizia dos vaga-lumes e piados dos pássaros noturnos e dos grilos enchiam de sons a noite.

– O João quer vir papear... – Maria apareceu na porta com um candeeiro aceso.

– Ué? Por que não vem? – Simone estranhou o pedido.

– É que vocês estão tão assim, assim... – ficou com vergonha de falar da maneira como estavam sentadas.

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<blockquote><i> Sheila foi a primeira a se tocar e baixar a perna e Simone, vendo a tia se recompor, descruzou as pernas e arrumou o shorte rindo da garota. Pouco depois João chegou carregando duas redes alvas que estendeu para as duas. Sentou em um tamborete e ficaram conversando e contando potocas até que Maria chamou e entraram deixando as duas sozinhas.</i></blockquote>

– Como é mesmo que está o teu caso com o Lira? – Sheila quebrou o silencio.

Simone não respondeu de imediato, estava longe o pensamento.

– Tá complicado... – falou baixinho – Acho que não vai dar em nada...

– Porque?

– Ah! Tia... Não sei nem por onde começar... – levantou da cadeira e deitou em uma rede, Sheila ficou esperando – Tô achando que é doideira minha...

– Por causa da idade dele?

– Não! Aquilo foi um jeito de dizer as coisas de uma maneira diferente... – se arrumou na rede – Já pensou se o papai descobrir? O Lira é quase da família, quase me viu nascer... É muita complicação pra minha cabeça! – riu baixinho – Eu não tinha nada que me apaixonar pelo melhor amigo do papai... Ele nunca ia aceitar isso...

– Sabe o que ainda não consegui entender?

– ...

– Como é que isso começou... Tu nunca tinha notado ele, de repente: pimba! – olhou para a sobrinha que olhava para as estrelas – Ou tu não sabes também?

Não sabia se teria coragem de falar sobre o carnaval do ano passado e de como tinha provocado ele.

– Tua és virgem, tia? – perguntou de supetão, Sheila tomou um susto.

– Que é que tem isso contigo? – imaginou o pior – Ele já...

– Não! Responde, pode?

Sheila ficou olhando longamente a sobrinha sem saber o porque da pergunta.

– Não... Não sou virgem, por que?

– Doeu...

– Um pouquinho... – riu pensando naquela noite na casa da tia Fernanda – Mas foi feito com carinho!... – sentiu arrepiar a nuca e aquele friozinho passeando na boceta – E você? Ainda é?

– Sou... Ainda não encontrei o cara ideal para ser o primeiro... – falava olhando pro céu – Quem foi que tirou sua virgindade... – sentiu uma pitada de vergonha e a voz saiu fraquinha.

– Eu tinha uns quatorze anos...– ajeitou as pernas que começavam a ficar dormente – Eu...

<blockquote><i> Sheila suspirou e relembrou de como foi sua noite em Buriti-Bravo...</i></blockquote>

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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>

<blockquote><tt>Episódio 01: O chato</tt>

<tt>Episódio 02: O Sítio</tt>

<tt>Episódio 03: Instituto do instinto</tt>

<tt>Episódio 04: Simone vai ao mato</tt>

<tt>Episódio 05: Desencontros</tt>

<tt>Episódio 06: Encontros e surpresas</tt></blockquote>

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