Simone, 9 - Maria, vida sem vidas

Um conto erótico de AribJr
Categoria: Heterossexual
Contém 1762 palavras
Data: 08/02/2009 22:26:33

<center><tt>9 ■■■■■■■■□ 9</tt></center>

<tt><Center>Simone, uma história de amor – 01.13</Center></tt>

<center><strong><b> MARIA, VIDA SEM VIDA </b></strong></Center>

<Center><tt><b>Sábado, 13 de dezembro de 2003</b></tt></center>

<blockquote><b> O tempo esfriou, corria um vento escroto lambendo o fundo da rede e lá fora na escuridão só o piar das corujas, aqui e acolá um sapo coaxava, grilos zuniam e aquele som gostoso das folgas batendo entrelaçadas e o ranger, vez por outra, dos troncos velhos de palmeiras do babaçual onde as quebradeiras, durante o dia, entoavam cantigas de risos e versos das coisas do dia-a-dia vivido nas brenhas do sertão. </b></blockquote>

– Tu vais dormir aí?

Simone saiu do torpor em que caíra depois que Sheila resolvera fugir do vento frio que roçava o fundo da rede.

– Vou... – respondeu se mexendo na rede de linha – Cadê a tia?

Maria puxou a espreguiçadeira e sentou ao lado da rede.

– Faz frio... Aqui é assim, de dia um calorão danado e de noite a gente rine os dente! – recostou na lona fria e estremeceu – Tem vez que durmo aqui fora, quando o João enche a cara com o pessoal do pasto e resolve aporrinhar meus miolos...

– João bebe muito? – Simone virou de bruços e olhou pra garota e pensou de como era a vida daquela quase menina embrenhada nos matos cheio de carrapicho e de gente bruta.

– Só quando lembra da dona Joana...

– Quem era? – perguntou e a garota fez cara de triste – Desculpa... Não fica triste, desculpa!

– Nada não, dona Simone. Era a mulher dele, fugiu com um vaqueiro que seu Zé trouxe lá de Paraibano – colocou os pés na cadeira e abraçou as pernas – Acho que não agüentou a labuta, o Jão ainda lembra dela e se mete nas capoeira com o bornal cheio de pinga...

Não conseguia visualizar a garota deitada com o marido quase trinta anos mais velho.

– Como foi que tu casou com ele?

Das Neves riu e apoiou o queixo nos joelhos.

– Foi coisa do pai... Eu nem conhecia ele, o pai sim! Parece que andaram prometendo as filhas e o João soube de mim e foi cobrar a palavra...

– Como assim?

– É assim mesmo por aqui. A gente tem que obedecer os pai da gente!

– Quer dizer que tu veio pra cá porque teu pai havia prometido que daria uma filha? – Simone olhou incrédulo pra garota – Isso é coisa do século... Do século não, de dois séculos atrás!

– Aqui a gente não tem disso não, dona Simone. A vida no mato não é a mesma coisa que a vida da cidade... – matou uma muriçoca e coçou a bunda – Pra dizer a verdade até que foi bom pra mim, saí daquela labuta danada lá da roça do pai e até que o João é bonzinho comigo...

– Tu conheceu a mulher dele?

– Ora se não? Foi ela quem me trouxe do Mutuá... No começo eu fazia as coisas da casa e só me deitei com o João no dia que dona Joana se escafedeu com o Carijó... – olhou para Simone e riu mansinho – Eu inda era moça, sabia?

– Puxa vida, garota? Não sabia que ainda tinha dessas coisas hoje em dia...

Caíram em um silêncio pesado, Maria estava constrangida e Simone não sabia o que falar, até que escutaram trovões ao longe e riscas de relâmpago cortando o céu.

– Vai chover... – Simone puxou o lençol se protegendo a aragem – Aqui molha?

– Não... Mas o frio é de lascar!

Simone voltou a ficar de papo pro ar espiando a mudança brusca no tempo, o seu escurecera escondendo a lua e as estrelas.

– E teu pai?

– Quem tem ele?

– Tu ainda viste ele?

– Só quando veio buscar a Das Virgem... Minha irmã mais velha, ela tava querendo sair de lá, mas ele caçou ela até achar...

– E ela ainda é solteira?

– É sim... Só eu e a Nizinha é que arrajamo homem... Tem mais a Belinha que vive lá no Mutuá...

– Só tem irmã mulher?

– Não! Tem o Zeca e o Zé Paulo... O Zeca botou roça e se amasiou com a Mundica, o Zé Paulo mora na cidade com o tio Nerso, ele estuda, vai ser doutor – riu – Eu também queria estudar, mas o pai diz que esse negócio de letras é pros home, mulher tem que aprender cozinhar e passar roupa e cuidar os filho...

– E teu pai não prometeu outras?

– Sei não, ele não diz... Mas acho que a Belinha vai ser do filho do Zelão... É cumpade do pai, o pai é padim da Zefa... – levantou, ia entrar, virou pra Simone – A senhora aceita um café quente?

Simone aceitou, Maria entrou.

– Cadê o João? – perguntou escutando batida de panela na cozinha – Não viu mais ele!

– Aproveitou que vocês chegaram pra ir no Centrão arrebanhar umas novilhas que seu Zé comprou... – tirou a chaleira do fogão a lenha, escaldou as xícaras, o pano de coar e a garrafa térmica – Deve tá de volta pro almoço...

O sono não chegava, Simone nem pensava em dormir interessada na história da garota. Maria voltou com a bandeja.

– Cuidado com a língua, tá pelando! – serviu duas xícaras e voltou a sentar na espreguiçadeira – Tô pensando em fazer um galo cozido com inhame pra gente comer amanhã!

Beberam o café em silêncio, Maria recebeu a xícara de Simone e voltou a colocar os pés na cadeira deixando o fundilho à mostra.

– E a tua irmã mais velha... A Das Virgens?

– Mora com o pai... É danada de bonita, até o João andou sassaricando pros lado dela – riu da cara que Simone fez – Que foi, dona Simone?

– E tu?

– Que tem eu?

– Ficou com ciúmes? Do João com tua irmã?

2b

– Qual o que, menina! Ele não é propriedade minha... Se deita com quem ele quiser... Homem é homem! – jogou a cabeça pra trás e sorriu espremida – E eu lá ia botar entrave por causa dela? Vixe Maria!

– Como assim? – sentou na rede de pernas encruzadas – Quer dizer que o João dá suas escapulidas?

– Sei lá? Como vou saber? Ele não diz!...

– Mas... E ele não deu em cima de tua irmã? – estava cada vez mais abismada com as coisas de Maria.

– Mas aí é diferente... Ela é mais velha, foi quem criou a gente...

– E tua mãe?

– Morreu... Morreu de parto...

– E teu pai não casou mais?

– Não... Não quis botar outra mulher, bastava as que tinha em casa...

– Sei!... Quantos anos tem tua irmã, a que criou vocês!

– Deve ter uns vinte e um... – parou conferindo nos dedos da mão – Não! Das Virgens tem vinte, fez no mês passado.

– E tu? Quantos anos tem?

– Dezesseis! Faço dezessete em novembro, dia onze! O Zé Paulo fez dezesseis e a Belinha tem treze... O Zeca tem dezenove e a Zefa quinze.

– A Zefa é afilhada do teu pai?

– É!

– E ela mora com ele?

– Desde os dez! É minha melhor amiga, vem aqui de vez em quando... Já devia ter vindo!

Parou de falar e ficou olhando pra Simone. Começou a cair os primeiros pingos de chuva e o tamborilar nas telhas criou um ambiente de sossego, o vento soprava nas palmeiras que assoviava tal gente.

– A senhora não vai dormir não?

– Deixa esse negócio de senhora... Já falei, só Simone mesmo! – reclamou.

– O João não gostou, ele ralhou comigo e disse que a senhora é gente de posse, filha de doutor... – riu constrangida – Melhor deixar assim, dona Simone, não quero arranjar rabo de cobra com João...

– É que não me sinto bem, tu és mais nova só dois anos... Faz assim! – abriu um sorriso bonito – Quando ele estiver longe, sou Simone! Tá?

– Tá bom dona... Quer dizer, Simone... – retribuiu o sorriso – Sua tia também é muito novinha, vocês duas parecem mais irmãs que tia e sobrinha.

– Sheila é caçula do vovô, minha mãe foi apressada e quando nasci ela tinha só três anos... Gosto muito dela!

– Se vê logo de cara... Ela é bem bonita, tem um corpão danado de bem feito... – ficou aperreada com medo de ter ido além dos limites.

– A tia é mesmo bonita e tem um corpo!!! – repetiu para deixar claro que não tinha nada falar assim.

– A sen... Você também é muito bonita... Deve ter assim de namorado, né mesmo?

Simone riu da simplicidade da garota.

– Não! Mas tu também és bonita, Maria... – se ajeitou na rede e cobriu as pernas com o lençol – Teu corpo é bem feito, parece uma garotinha...

Foi a vez de Das Neves ficar acabrunhada.

– Que nada Simone, sou cabocla do mato, mão cheias de calos de tanto pegar na enxada – mostrou as mãos – A sen... Tu estais é dizendo isso só pra me alegrar!

Não era verdade. Maria era uma morena bonita, corpo bem feito, seis pequenos e empinados.

– Nada, Das Neves! – olhou para a garota – tu tens o corpo bem feito, carinha bonita e sorriso de anjo! Falta só um trato melhor, um banho de loja pra acentuar a beleza – ficou ereta e segurou o peito direito – Teu peito é mais bonito que o meu!

Maria das Virgens se encheu de satisfação.

– Acha mesmo?

– Claro!

A garota ficou um instante olhando pra Simone e puxou a alça da blusa branca até que os seios pularam firmes. Simone já os tinha visto no riacho quando banharam nuas.

– Não deixo o João chupar eles não! – segredou envergonhada – Os peito de dona Joana pareciam duas chulibas... – riu.

Conversaram descontraídas até o galo cantar.

– Vixe Maria! – Das Virgens pulou da cadeira – Deixa eu botar o corpo na rede senão não dou conta da lida... – ia saindo – Quer que apague o lampião?

<blockquote><i> Simone balançou a cabeça aquiescendo, Maria assoprou o murrão e entrou ligeira.</i></blockquote>

<Center>─────────────────────────────────────────────────────</Center>

<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>

<blockquote><tt>Episódio 01: O chato</tt>

<tt>Episódio 02: O Sítio</tt>

<tt>Episódio 03: Instituto do instinto</tt>

<tt>Episódio 04: Simone vai ao mato</tt>

<tt>Episódio 05: Desencontros</tt>

<tt>Episódio 06: Encontros e surpresas</tt>

<tt>Episódio 07: Uma noite para Sheila</tt>

<tt>Episódio 08: Sonhos e prazer para Sheila</tt></blockquote>

<center>©by Arib Júnior – arib.jr@zipmail.com.br</center>

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Pingo de Luz a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

É uma pena existirem leitores como esse tal Pastor que de severo apenas o que escreve. E, puta, é sua mãe. Portanto, você que é filho dela sabe bem o que e quem é.

0 0
Este comentário não está disponível