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<tt><Center>Simone, uma história de amor 01.13</Center></tt>
<center><strong><b> ISAURINHA </b></strong></Center>
<Center><tt><b> Sábado, 19 de novembro de 1983</b></tt></center>
<blockquote><b> Não sabia bem o que lhe levou a entrar no quarto da mãe, só lembra que a porta escancarada parecia convite. </b></blockquote>
De noite cedo, antes da janta, quando voltou cansado do treino de futebol ela estava sentada no tamborete de couro de cabra conversando com Biné.
Ei peralta! farfalhou os cabelos loiros e sedosos Cadê a mãe?
Benedita adorava ver o carinho dos irmãos, a mais velha sempre fora o centro das atenções e sabia transmitir um gostar que empapava tudo.
Como foi o treino, Zé? perguntou quando ele sentou no chão e encostou na parede carcomida pelo tempo.
O Amarildo voltou a brigar com o Joca... respondeu desatando o cadarço da chulipa breada de terra vermelha O timão meteu uma goleada nos da rua de cima...
Maria Clara apareceu na janela da sala, a cara suja não escondia as macaúbas roídas na quinta da tia.
Quede o pão?
Esqueceu de novo.
Deixa que vou na venda do seu Tonico... Isaura levantou de um pulo e correu pra copa buscar a sacola de lona listrada A mãe foi pro Centrão... gritou de dentro lembrando do recado quase esquecido Falou pra tu ficar de mutuca ligada com nos! riu baixinho sabendo que o Zé não tava nem aí pras peraltices das irmãs.
Que foi? A vó piorou? tinha escutado a tia falar com a mãe sobre a saúde da avó de quase oitenta anos.
Ninguém sabia ao certo o motivo da viajem apressada, e nem se importavam em saber, o bom mesmo é que podiam aprontar sem se importar com a rabugice da mãe.
Levantou carregando a chulipa suja e o meião verde e azul que mais parecia pano de coar café de tão preto que tava. Benedita ficou sentada conversando com Maria Clara e Zeferina, que se achegara pra papear.
<blockquote><i> A vida mansa do Buriti corria lerda com o mormaço do fim de tarde, o sol brilhante escorregava pelas beiradas da noite e assungava a lua que puxou as estrelas. Não demorou nada pra Isaurinha voltar saltitante, em cima de seus onze anos com um corpo já quase de mulher, peito farto e ancas arredontadas mais parecia um mulherão de seus dezesseis para quem não sabia que ainda brincava com as bonecas de trapo que a mãe costurava na Singer preta guardada num canto da sala.</i></blockquote>
Vai banhar não, Zé? não gostava de ver o irmão imundo Vai logo antes da janta!
Só se tu lavar minha costa... falou brincando E der um beijo melado na ponta do nariz!
Isaura parou, com a sacola de pão grudada no corpo. Fazia tempo que ele deixara de brincar com ela. Nem mesmo deixava ela ficar no quarto quanto trocava de roupa.
Só se for no poço... respondeu sem olhar pra ele lembrando da ultima vez que ele lhe passara sabão e de como se arretara quando sentiu as mãos, carinhosas, passeando pela bunda farta.
Zé mirou o corpo da irmã e ficou com medo de fazer besteira banhando com ela, há muito se sentia aperreado com a beleza estonteante da loira e não deu bolas.
Benedita entrou na sala e viu que ele estava respirando apressado, olhou pro corredor e ainda deu pra espiar Isaura requebrando as cadeiras. Deu um risinho maroto.
Isaurinha tá cada dia mais mulher, né Zé? sentou no peitoril e se encostou na parede fria Tu tem cuidado...
Não sabia bem porque disse aquilo, os dez anos incompletos não lhe davam primazia sobre o sentir da carne, mas ouvira a mãe dizendo das coisas que não se deve fazer pra irmã quando ela ficou moça e teve que usar paninho pra aparar o sangue que escorreu da periquita.
Tu também tá um pitelzinho... puxou a irmã e lambrisou a cara com o suor que minava da mão Deixa em tirar esse calor preguento!
Levantou empurrando a irmã que sorriu, brincalhona.
Tu já fez o dever de casa? falou alto depois que fechou o portão do quintal, não se lembra de ouvir a resposta.
<blockquote><i> Correu pro poço querendo aproveitar os últimos raios de sol. Jogou a lata com fundo de madeira que se estatelou na água, no fundo escuro. Pegou a gangorra e rolou a cabeta puxando a lata pesada. Tirou o calção azul, com listras brancas, e jogou a cuia dágua na cabeça sentindo o frescor da água fria escorrer no corpo suado, voltou a jogar outra cuia antes de esticar o braço pra pegar o sabão de coco espetado na fresta do mourão. Ensaboou o corpo e voltou a puxar outra lada de água pra terminar o banhado antes que o frio o fizesse espirrar, já tava enrolado na toalha de algodão quando ela chegou andando ligeira.</i></blockquote>
Pôxa Zé! Tu não me esperou?
A cara de zangada era só pra enganar. Ele olhou pra Isaura não acreditando que ela tivesse tido coragem de ir.
Pensei que era brincadeira... voltou pro poço e jogou a lata pro fundo Deixa que puxo pra ti...
Ficou agoniado, sentindo o sexo latejar com pulinhos que balançou a toalha. Isaura sentou na trave do mocho e tirou o camisolão branco ficando só de sunga, não despregou o olho da costa do irmão.
Tu me espera? cruzou os braços escondendo os seios fartos.
Melhor não, mana... respondeu sem coragem de virar, com medo dela notar o cacete duro apontando na toalha ensopada Vou só encher a gamela pra ti...
<blockquote><i> Isaura sentiu uma fisgada no meio da perna, quase como se tivesse levado um choque de eletricidade, e todo o corpo zuniu alerta pelo tesão que lhe abarcava o corpo de menina. Vinha sonhando ficar assim, com ele, desde que roubou a revista de sacanagem no quarto do tio da Zeferina e leu a história do Alfredo que trepava com a prima. Tinha noite que acordava com a periquita lambregada e uma vontade danada de ir pra rede do irmão.</i></blockquote>
Vai não... Fica aqui comigo... pediu quase implorando Passa sabão em minha costa?...
Zé virou e viu Isaura abraçando o corpo e os peitos estufando.
Zaurinha... se espantou As pequenas pode aparecer...
Bené saiu com Clarinha... soltou os braços mostrando os peitos Foram buscar o leite na casa da tia...
Levantou e andou pro rumo dele, Zé se espremeu na mureta do poço morrendo de medo dela ver que o cacete tava duro.
Dá não, Isaura... Dá não!
<blockquote><i> Virou e quase correu fugindo daquela tentação. Isaura acompanhou, entristecida, a carreira do irmão. Esperou um tantinho antes de se banhar pra apagar o fogo de homem que secava o corpo alvo, banhou devagar lavando com cuidado os cabelos loiros e sedosos.</i></blockquote>
Atou a rede no armador da copa depois de ter fechado a janela do quarto das meninas. Benedita já dormia solta, Maria Clara lia o livro de geografia balançando na rede.
Cadê Isaura? estranhou não ver a irmã na rede vazia.
Vai dormir no quarto da mãe... Maria Clara respondeu quando ele passou por debaixo da rede Disse que está com o corpo febril...
<blockquote><i> Quem sempre se empoleirava no quarto da mãe era a caçula, Maria Clara. Biné, a única que tinha cama, não largava o colchão de palha por nada dessa vida foi presente do padrinho quando ele fez nove anos. Depois de passar a tramela na janela pesada, arrumou o lençol em cima de Biné encobrindo o corpo nu e beijou a testa de Maria Clara.</i></blockquote>
Tá na hora de dormir, Clarinha! pegou o livro e colocou na prateleira da parede Assim tu não acorda pra física...
Maria Clara quis fazer muxoxo, mas o irmão já tinha saído. Espichou a manta de feltro e se encobriu, rezou a Ave Maria costumeira e, bocejando, fechou os olhos. Zé voltou, logo depois, pra apagar o bico de luz e enegrecer o quarto.
Andou pela casa fechando as janelas antes de voltar para a rede branca armada no canto da copa, espremida entre a mesa pesada e o pestisqueiro onde a mãe guardava as louças festeiras. Sentou, com cuidado pra não fazer barulho rangia sempre que deitava de vez pra não incomodar as irmãs. Não tinha tido coragem de ver se a janela, do quarto da mãe, estava aberta.
Fechou os olhos querendo forçar o sono que teimava em não aparecer, ficou nessa labuta até se chatear. Levantou pra beber água, pegou o caneco de alumínio areado e foi pra sala, chateado com o sono que não batia. A porta do quarto das garotas estava entreaberto, puxou com cuidado até ouvir o estralo do trinco fechando. Ficou parado, um instante, escutando na escuridão até ouvir o ressonar dizendo do sono pesado de Bené e de Clarinha, ficou satisfeito e andou pra sala, a porta do quarto da mãe estava escancarada. Parou não lembrando de ter visto dessa maneira, andou pisando de leve até ficar sobre a soleira, o quarto estava escuro e a janela continuava aberta.
Antes de dormir, veja se tá tudo fechado! lembrava das recomendações da mãe.
Espiou pra dentro e entrou, tateando a escuridão, até chegar na janela que fechou com cuidado pra não acordar a irmã.
Tá meio febril... lembrou do que Clarinha falara.
Vai ver ficou banhando até tarde pensou consigo. Andou até a porta e arriscou acender a luz, levou um susto quando viu que Isaura deitara sem roupa, estava nua e de bunda pra cima...
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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>
<blockquote><tt>Episódio 01: O chato</tt>
<tt>Episódio 02: O Sítio</tt>
<tt>Episódio 03: Instituto do instinto</tt>
<tt>Episódio 04: Simone vai ao mato</tt>
<tt>Episódio 05: Desencontros</tt>
<tt>Episódio 06: Encontros e surpresas</tt>
<tt>Episódio 07: Uma noite para Sheila</tt>
<tt>Episódio 08: Sonhos e prazer para Sheila</tt>
<tt>Episódio 09: Maria, vida sem vida</tt></blockquote>