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<tt><Center>Simone, uma história de amor 01.13</Center></tt>
<center><strong><b> CASAMENTO DA ROÇA </b></strong></Center>
<Center><tt><b> Quarta-feira, 23 de junho de 2004 </b></tt></center>
<blockquote><b> Estavam reunidos no boteco do Adailton, ns portas das casas as fogueiras começavam a serem acesas e abóboras, milho e outras tradições do lugar já repousavam ou no braseiro ou a espera de formar brasa.</b></blockquote>
O seu Manoel armou a fogueira no quintal... Regis terminou o resto da cerveja Dá um pulinho lá...
Lira já sabia, Simone tinha ligado e convidara.
Vou passar em casa pra tomar banho e trocar de roupa falou também tomando o resto da cerveja Tu vais ficar até quando?
To de férias no hospital de Capaísa... levantaram Dada, segura essa... pediu para anotar na caderneta surrada dos fregueses habituais A Rô deve chegar nesses dias, vamos ficar até julho... E tu, vai pra Ilha?
Não tinha decidido ainda onde passarias as férias, mas sabendo que Simone poderia estar em Colinas o mês inteiro fez ele começar a matutar de ficar por lá mesmo.
Sei não... entraram no carro O pessoal de lá vai para Natal...
Regis deixou o amigo na porta de casa.
Porque tu não ficas por aqui mesmo? espichou o pescoço para fora Vamos pescar...
Lira se acocorou defronte à porta do carro.
Vamos ver... sorriu A gente poderia dar uma chegada na cabeceira...
Há muito tinha aquele plano nunca posto em prática, toda férias sempre dizia que ia pescar na cabeceira do Alpercata e sempre esquecia.
É uma boa véio... Faz um tempão que não arribo pras bandas de lá - parou e lembrou de Rosângela Só que a patroa não suporta mato...
Lira conhecia muito bem a aversão da amiga para as coisas da natureza, sempre dizia que não tinha nascido para ser picada por mosquito.
Ta bom! Vou banhar e tirar essa roupa suada se levantou Lá pelas oito pinto lá.
Se despediram e Lira entrou em casa.
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Custou um pouco a atender ao telefone que tocava insistente.
Tu ta fazendo o que? ouviu a voz de Simone.
Estava tomando banho e saíra ainda molhado salpicando o chão de água.
Tu não vem?
Iria, claro que iria.
Vamos casar na fogueira... ela riu Topa ser meu marido de fogueira?
E o pessoal? ele imaginou de como ela iria fazer para não levantarem suspeitas Vão estranhar...
Dou um jeitinho... sorriu Tu sabes que sempre arranjo uma desculpa, não sabes?
Ele sabia, não estranharia mais nada vindo da garota marota que tinha o dom de desviar atenção e engabelar a quem lhe cruzasse o caminho.
Vou desligar... ele ouviu sons de vozes O vô ta chegando... Vem viu?
Ficou escutando o bip do telefone desligado e sorriu balançando a cabeça. Aquele joguinho perigoso até que lhe embalava os sonhos e não fosse a diferença de idade e o apreço que sentia pelo Regis e família já teria assumido de público o romance.
Era tua mãe? seu Manoel olhou para a neta.
Não vô, era uma amiga... sentou encruzando as pernas Quem é que vai vir pra fogueira?
O avô parou e se voltou para ela.
Só o pessoal de sempre e... fixou o olhar no rosto da filha O Lira deve vir... suspirou antevendo a ceninha da neta Vê se não arruma confusão hoje...
Simone teve vontade de gargalhar, era bom demais ver os avós e pais preocupados com seu jeito de tratar o amigo do pai.
Prometo vô... beijou os dedos cruzados nos lábios Juro que não vou fazer nada não, viu vôzinho?...
Seu Manoel olhou para a neta e sorriu, parecia uma menininha se não tivesse os dezoito anos completados há um mês.
Tá bom filha... ele se achegou a ela O Lira é um rapaz bom, te conhece desde que eras desse tamaninho mostrou com as mãos E é o melhor amigo de teu pai... Faz isso pro vovô... Trata bem ele.
Simone ronronou tal uma gatinha manhosa sentindo o carinho gostoso do avô.
2b
Simone, venha cá! Regis chamou a filha.
Simone sabia que o pai ia pedir o mesmo que o avô.
Já sei pai... O chato vai vir e... olhou pro pai e viu o semblante sisudo Preocupa não paizinho... deu um risinho maroto Vou tratar bem o tio Lira enfatizou o tio O vovô já falou comigo.
Reginaldo estava cada vez mais atazanado com as coisas da filha e cada diz que passava ficava mais e mais convencido de que Rosângela tinha razão.
Olha pai... Simone abraçou Regis Tu vais ver que vou me comportar direitinho, ta? deu um beijo estralado na bochecha dele.
Lira só chegou lá pelas nove e meia, tinha ido na casa de outros amigos que o tinham convidado, deixaram para ir na casa do seu Manoel por último.
Poxa amado... Simone estava impaciente e esperava na porta Onde tu tava?
Ele saiu do carro e aceitou o abraço da garota, não havia ninguém por perto.
Foi na casa do Zé Amâncio... Fiquei de voltar depois, topas? tinha vontade de beijá-la, mas se conteve Cadê o pessoal?
Simone também estava louquinha pra ser beijada, mas também sabia que seria um risco grande aparecer alguém.
Tão lá no quintal segurou a mão dele e entraram.
Raimunda viu os dois abraçados e depois entrando de mãos dadas e sorriu, pensou que finalmente iriam escancarar o namoro e terminar com aquela aperreação. Mas soltaram as mãos ao entrarem na sala, dona Benta estava na copa e não entenderia aquele gesto de carinho.
Oi Lira... gostava de verdade dele Tua patota ta te esperando no quintal olhou para a neta E a oncinha já te azunhou?
Lira riu e olhou para Simone que tinha ficado um pouco atrás encostada na parede.
Hoje vamos nos comportar como pessoas civilizadas, não é Simone? - piscou para ela Pelo menos está parecendo.
Simone riu e passou o braço pela cintura dele.
Sabe vó... deu um beliscão escondido na costa de Lira Vou até me casar com ele hoje...
Dona Benta tentou sorrir, mas sabia que a qualquer momento a neta soltaria as feras presas dentro dela.
Ta bom! balançou a cabeça Só quero ver até quando esse casamento vai durar...
Riram os três e seguiram para o quintal, Lira passou o braço no ombro das duas e conversavam animados para espanto da velha amiga.
Opa! Regis também se espantou ao ver a filha e o amigo sem trocarem farpas Um milagre está acontecendo hoje...
Riram todos e as conversas começaram, o som troando alto e solto enchia o quintal de ares alegres e felizes. Beberam bastante, o que não era anormal nesses encontros dos amigos.
Simone fazia te tudo para estar sempre perto de Lira, Régis não tirava o olho dos dois, mas estavam alegres e as brincadeiras ajudaram a amaciar ainda mais o ambiente.
Era quase onze horas quando começaram as brincadeiras de fogueira, a tradição do lugar fazia os compromissos assumidos na noite da véspera de São João serem respeitados pelo resto da vida.
E o casamento Simone? dona Benta lembrou do que a neta tinha falado.
Regis olhou para a sogra sem entender.
Que casamento minha sogra?
Lira nem mais lembrava, achava que tinha sido só uma coisa jogada pela garota. Mas dona Benta tinha resolvido por lenha na fogueira, talvez assim a neta deixasse de atazanar o coitado do Lira, pensou.
É mesmo pai! Simone olhou para Lira Vou casas na fogueira hoje... fez uma pausa Com o chat... Com o tio Lira voltou enfatizar o tio.
Seu Manoel olhou para a neta e sorriu, estava por demais satisfeito com a promessa cumprida.
Ta bom! levantou e pegou o bastão de São João guardado com carinho desde a infância e só usado na fogueira Vamos lá presse casório...
Lira continuou sentado como se não fosse ele o noivo de fogueira.
Vamos lá véio... Regis puxou o amigo pelo braço Quero ver esse casório...
Dona Benta entrou na brincadeira.
Mas a noiva tem de ser preparada... pegou a mão da neta e entraram.
AS galhofas rodaram soltas enquanto as duas estavam para dentro, os amigos brincavam jogando piadinhas ora para Lira e ora para Régis. Demoraram quase meia hora até voltarem.
Vem cá Lira... dona Benta chamou Deixa eu rezar um pouco em ti também...
Lira teve que atender instigado que foi pelos demais. Dona Benta fez lá suas orações preparatórias ao casório enquanto seu Manoel fazia o mesmo com o bastão de São João.
Agora Reginaldo... dona Benta chamou Você vai buscar a noiva.
<blockquote><i></i> Depois da cerimônia voltaram as brincadeiras costumeiras </blockquote>
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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os episódios anteriores</b></center>
<blockquote><tt>Episódio 01: O chato</tt>
<tt>Episódio 02: O Sítio</tt>
<tt>Episódio 03: Instituto do instinto</tt>
<tt>Episódio 04: Simone vai ao mato</tt>
<tt>Episódio 05: Desencontros</tt>
<tt>Episódio 06: Encontros e surpresas</tt>
<tt>Episódio 07: Uma noite para Sheila</tt>
<tt>Episódio 08: Sonhos e prazer para Sheila</tt>
<tt>Episódio 09: Maria, vida sem vida</tt>
<tt>Episódio 10: Isaurinha</tt>
<tt>Episódio 11: Desejos e planos</tt>
<tt>Episódio 12: Jogos de sedução</tt>
<tt>Episódio 13: Muriçoca gelada</tt>
<tt>Episódio 14: Na toca do leão</tt></blockquote>