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<tt><center>Minha filha, mãe de minha filha</center></tt>
<center><strong><b> DORA E UMA OUTRA REALIDADE NOVA </b></strong></Center>
<center><tt><b> Sábado, 25 de dezembro de 1999 18h30m </b></tt></center>
Como é? Vamos jantar fora? Dora entrou no quarto onde as meninas estavam assistindo filme Depois quero tomar banho de mar!
Essa hora mãe? Isabel se levantou e abraçou a mãe.
Ué? E o que tem? abraçou a filha e fez carinho nos seios por cima da camisa de meia Cansamos de banhar de noite...
Foram jantar no Kitaro, um restaurante japonês bastante freqüentado em São Luís e, depois, foram para a Lagoa da Jansem <tt><b>(13)</b></tt> onde as garotas encontraram colegas de sala e foram papear. Dora e Amarildo sentaram em um banco, ela deitou com a cabeça no colo dele.
Olha amor como o céu está estrelado... Dora olhava para o céu pintado de luzinhas tremulas a lua ainda não tinha conseguido escapulir de detrás das nuvens negras Será que vai chover?
Amarildo olhou para cima.
Não... É só umas poucas nuvens... Logo logo a lua aparece...
A mão repousava sobre os seios da mulher.
Dora... É bom a gente ter uma conversa sobre...
Ela se mexeu e olhou para ele.
Não!... Não vamos estragar a noite com essas besteiras... voltou a ficar de papo pra cima Vamos namorar...
Ele sorriu e olhou para ver se avistava as meninas.
Tu te lembras? olhou para ela Na Praça Gonçalves Dias... <tt><b>(14)</b></tt> A turma reunida... Violão... lembrou e riu Pouco dinheiro...
E muito rabo de galo... ela lembrava de como tinham de se cotizar pra comprar a garrafa de pitu, duas coca-colas e limão Tinha aquele menino... Como era mesmo que a gente chamava ele?... Aquele que o pai trabalhava na mercearia do português e roubava pedaços de bacalhau...
Amarildo fechou os olhos fazendo esforço para se lembrar do apelido, lembrava do nome.
Cláudio... Filho de dona Clementina do Beco do Couto... <tt><b>(15)</b></tt> Cambaréu! lembrou Cambaréu...
Sorriram os dois lembrando dos tempos de estudante, das brincadeiras sem maldades, dos vesperais no cine Monte Castelo, no cine Rex, no Rox, das tertúlias <tt><b>(16)</b></tt> regadas a ponche com vinho barato, dos pic-nic no Areal, dos bondes e das fugidas para se banharem na maré.
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Tinha também o cabeção que tocava violão... ela parou e olhou para ele Tu comeu a Lisa, não comeu?
E quem não comeu? ele riu e se baixou e beijou os lábios dela.
Vocês eram um bando de sacanas... falou sorrindo Eu tinha medo do Raimundo... Tu sabia que ele tentou me comer detrás do altar da Igreja dos Remédios?
Claro que ele sabia, o Mundico espalhou pra turma que tinha chupado o peito dela.
Mas ele chupou teu peitinho, não chupou?
Rasgou minha blusa aquele sacana... Mas não chupou porra nenhuma... lembrou do escafundéu que armou Menino? Pensei que ele ia me comer, mas o padre João chegou na hora que ele tava tentando tirar minha sunga...
Foi o maior auê, lembrou, e o coitado do Mundico nunca mais saiu com eles.
Mas como foi que começou? Tu não foi com ele pra trás do altar?
Dora parou para relembrar.
A gente tava arrumando a igreja pra crisma... Eu e a Maria Alice fomos buscar os jarros pra botar as flores... sentiu um friozinho entrando pelas pernas, tinha começado soprar um vento frio Ele disse que ia ajudar e... Já viu na merda que deu... Ele era a fim de mim... A gente até que paquerou, mas ele era muito metido a comedor...
Ouviram os gritos das garotas, Dora levantou.
Mãe! Vamos na Madre de Deus <tt><b>(17)</b></tt>? Roberta pulou no colo da mãe Ta tendo uma feira de artesanato lá...
Foram para a Madre de Deus e só voltaram lá pelas dez horas quando as garotas se fartaram de ver e comprar bugigangas.
Antes de voltarem para casa foram tomar caldo na Ponta DAreia.
E o banho mãe? Isabel lembrou.
Dora disse que tava ventando frio, que iriam outro dia.
<center><tt><b> Sábado, 25 de dezembro de 1999 23h57m </b></tt></center>
O telefone tocou, as garotas estavam conversando na copa e Doralice arrumava a mesa para o café da manhã. Amarildo atendeu.
Dora! É para você!
Doralice atendeu e teve que se sentar para não cair.
Espera mãe! cortou Conta essa história direitinho...
Ouviu o que a mãe tinha que falar.
Vou falar com Amarildo e ligo depois, desligou.
Amor!... Vamos conversar no quarto...
Quando Amarildo entrou ela estava chorando;
O que aconteceu?
O Florisvaldo morreu...
Amarildo sentou do lado dela, passou o braço pelo ombro e puxou para si.
Teve uma briga e... Ele foi apartar... Deram um tiro nele... Morreu na hora, não chegou nem no hospital...
Amarildo suspirou, Cíntia e Janice apesar de não gostarem muito do pai, iriam sentir o baque.
Me ajuda Amor... Como vou contar pra elas?
Deixa que eu falo...
Vai com jeito...
Preocupa não... Vou conversar primeiro com Cíntia... E...
Tá bom! enxugou as lágrimas Depois eu falo com Janice... Chama a Bel... Eu falo primeiro com ela...
Foi pra copa e mandou Isabel falar com a mãe.
Vocês me emprestam Cíntia um minutinho? falou com as duas.
Pegou na mão da sobrinha e saíram para a piscina, Cíntia não falou nada e seguiu o tio com mil coisas na cabeça, mas nenhuma era sobre os pais.
Vem cá... Senta aqui amorzinho...
Ela sentou no seu colo. Ele olhou para ela, puxou o queixo e deu um beijo que foi retribuído.
Que foi tio? A tia...
Não! cortou Olha... Não vou fazer arrodeios e vou direto ao ponto...
Ela começou ficar preocupada.
Teu pai... O Florisvaldo foi baleado numa briga... parou e esperou para sentir a reação dela, mas não notou mudança alguma Ele morreu filha... Teu pai morreu...
Puxou ela para si e ficaram abraçados, Cíntia parecia não estar sentindo nada, era como se fosse um estranho e não o pai que tinha falecido.
E a mamãe?
Ela tá bem... Teus avós estão com ela...
No quarto Dora tinha chamado Janice e, depois de muita embromação, se espantou com a reação da sobrinha.
Mas... Vi ele saindo com a mana!
Isabel olhou para a mãe, também espantada.
Não Jany... Foi o titio, teu pai...
Meu pai tá conversando com Cíntia!
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<tt>13. LAGOA DA JANSEM: Lagoa salgada, limite entre a Ponta DAreia e a Ponta de São Francisco. Hoje restaurada e hurbanizada.<tt>
<tt>14. PRAÇA GONÇALVES DIAS: Uma das mais famosas de São Luís, também conhecida por Largo dos Amores.</tt>
<tt>15. BECO DO COUTO; ladeira íngreme na parte velha da cidade.</tt>
<tt>16. TERTÚLIA; reunião familiar; agrupamento de amigos.</tt>
<tt>17. MADRE DEUS; bairro boêmio de São Luís, também é onde está o Cemitério da Saudade.</tt>
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<center><b>Para melhor entender esse relato, leia os s anteriores</b></center>
<blockquote><tt> 01: E não era eu</tt>
<tt> 02: No Apart-Hotel</tt>
<tt> 03: Em uma festa de Réveilon</tt>
<tt> 04: E ela quis outra vez</tt>
<tt> 05: Isabel dormia do lado</tt>
<tt> 06: Era sábado bem cedinho</tt>
<tt> 07: Antes de domingo amanhecer</tt>
<tt> 08: De novo um passado</tt>
<tt> 09: Surpresas e festa</tt>
<tt> 10: E a decoradora fez que não viu</tt>
<tt> 11: Uma estava linda, a outra cheia de outras intenções</tt>
<tt> 12: Banhos em noite sem lua</tt>
<tt> 13: Noite escura, mar agitado de desejos</tt>
<tt> 14: Cíntia e Janice vão ao apartamento</tt>
<tt> 15: Cíntia, hora de dormir e ter desejos</tt>
<tt> 16: Encontros e conversas</tt>
<tt> 17: Festa surpresa para papai</tt>
<tt> 18: Cíntia, Isabel e a pequena Janice</tt>
<tt> 19: Janice, a dor que não dói</tt>
<tt> 20: Surpresas e alegrias de Roberta</tt>
<tt> 21: Um jantar, duas surpresas</tt>
<tt> 22: Brincadeiras de Roberta</tt>
<tt> 23: Janice, afoita e perigosa</tt>
<tt> 24: Anjinho de Natal</tt>
<tt> 25: Dora descobre tudo</tt>
<tt> 26: <u>Dora e uma outra realidade nova</u> ◄</tt>
<tt> 27: A viajem e as armações das garotas</tt>
<tt> 28: Dúvidas e verdades</tt>
<tt> 29: Verdades e esperanças</tt>
<tt> 30: Para o resto de nossas vidas</tt></blockquote>