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<tt><center>Soneto do Amor Total</center></tt>
<center><strong><b> VINTE E UM </b></strong></Center>
<center><tt><b>6 de abril de 1974, Sábado </b></tt></center>
<blockquote><b> Até que não foi um aniversário tão chocho quanto pensamos que seria mais o melhor mesmo aconteceu na Toca do Pajé onde conheci Helena e a turma do Santa Teresa. Passamos bons momentos juntos e marcamos para nos encontrar no dia seguinte. Não pintou nada que mereça registro, mas ontem foi o fino..</b></blockquote>
No dia de nosso aniversário mamãe fez um jantar intimo para a família, só para não passar em branco, tio Carlos fez surpresa e chegou com Carol e Beth que não é mais aquela garotinha levada, está ficando um pitéuzinho de gatinha. Adora vestir roupas curtinhas e sempre que surge oportunidade mostra que já deixara de ser apenas uma garotinha levada. Pat está para Teresina tratando dentes, mas deixou como presente uma carta que Dani leu na hora do jantar que fez mamãe chorar, Paulinha também mareou ou olhos e se fez de durona.
Papai e tio Carlos ficaram bebendo até tarde e saímos, eu, Paulinha, Dani e Lívia para esticarmos a noite na Toca do Pagé. Beth bem que quis ir conosco, mas o tio não deixou. Não Lívia tivesse idade para ficar até tarde fora de casa, mas a Dani conseguiu convence-lo de que não haveria problemas (por mim a sapequinha também iria, mas fui voto vencido). Na Toca estavam nossos colegas de colégio e nos reunimos em um grupo de nove pessoas para comemorar nossa data.
<blockquote><b><i>Paulinha estava de olho em José Carlos e aproveitou para atacar de uma vez por todas, Lívia se engraçou com o Antonio Luiz com quem passou a noite dançando e se amassando vigiada de perto pela Dani que, por isso mesmo, não deu muita corda pro Camilo e eu sobrei pois a Amanda namorava firme com o Claudito.</i></b></blockquote>
Lá pelas uma e meia notei uma lourinha dando fora em um conhecido conquistador da cidade. Esperei as coisas se acalmarem e me aproximei convidando-a para conversar (não sei dançar, morro de vergonha) e sentei a seu lado.
― Oi! Posso sentar? perguntei acabrunhado, mas como ela tinha ficado só desde que chegara e havia espantado o Claudinei, achei que era uma oportunidade.
Ela me olhou estranhando, virou a cabeça em direção à nossa mesa.
― Oi! Senta! empurrou uma cadeira em minha direção Você é o irmão da Daniela?
Era um começo até animador, pelo menos conhecia a mana.
― Prazer... estendi a mão, segurei a dela e dei um pequeno beijo no dorso da sua Sou Paulo irmão da Daniela falei a referência em tons de galhofa E você? É irmã de quem? ainda segurava sua mão delicada que acariciei com o polegar.
― Desculpa... falou baixinho olhando para nossas mãos.
― Por quê?
― Por ter feito referência a sua irmã... Foi falta de educação, desculpa.
Levantou os olhos azuis reluzentes e sorriu envergonhada, puxou a mão e colocou apoiada nas pernas.
― Me chamo Helena e não tenho irmãos olhou para mim sorrindo Sou fila única, não sou daqui, meus pais também não, não tenho parentes na cidade, não sabia que havia essa cidade até que minha turma do colégio aceitou o desafio em colaborar com a Campanha Nacional de Erradicação da Malária e sermos mandado para cá, tenho dezesseis anos, estudo no Colégio Santa Tereza, não tenho namorado e conheci a Daniela no alojamento. Ela é uma das coordenadoras da ação no município, mas isso você sabe... parou tomando fôlego Sei quem você é porque ela mesma falou, como também sei que hoje é seu aniversário e, aproveitando, meus parabéns!
Estendeu a mão olhando-me com uma espécie de sorriso estampado no rosto bonito e delicado. Segurei e tornei a beijá-la, ela riu baixinho.
― Puxa vida? Foi uma apresentação e tanta... falei também sorrindo.
― Você iria perguntar tudo o que respondi, pode ser que não agora, mas iria perguntar... parou e olhou para sua mão que eu voltara a acariciar Também já sei que você é galanteador, carinhoso, brincalhão e...
Esperei que concluísse segurando sua mão, ela não continuou e deixou que eu permanecesse a acariciando.
― E... quis saber.
Helena voltou a ter aquele sorriso enigmático no rosto, baixou a vista e sorriu baixinho.
― Mais bonito do que me falaram... olhou para mim sorrindo.
Lábios finos, rosto delicado, cabelos loiros longos, nariz bem traçado e um pouco arrebitado, sobrancelhas parecendo dois fios âmbar, pouca maquiagem apenas o suficiente para realçar os olhos e a delicadeza dos lábios. Corpo esguio e seios proporcionais, mais uma escultura perfeita que uma mulher solitária.
― E que digo de você...
Voltou a sorrir e baixou a cabeça como se envergonhada.
― Não sei... A verdade, espero!
― Antes da verdade uma curiosidade...
― Qual?
― O que uma garota tão bonita faz sozinha em uma mesa? apertei leve a mão delicada, ela levantou a cabeça Com certeza não sou o único a haver notado sua perfeição, sua beleza...
Ela riu baixinho.
― Será que sou assim? Ou seus olhos dizem o que você deseja ver e acreditar?
― Além de bela, rápida nas respostas resolvi ir além e segurei uma mecha de cabelos sentindo a maciez Mas que não responde o se pergunta, prefere dizer o que lhe convém...
― O que então deveria responder?
― Que aceita ficar comigo... me espantei com o que falara, saiu sem que eu houvesse arquitetado.
― Ficar? O que é ficar?
― Ficar... Aceitar minha presença, conversar, conhecer mais que essas referências que você falou e, me fazer conhecer as suas próprias referências...
― Então nós estamos ficado! riu e puxou a mão.
<blockquote><i><b>Helena foi uma espécie de visão, de ser superior que baixou à terra para me fazer ver que a beleza pode ser mais profunda que a simples estampa. Era inteligente, sabia conversar, escutar e sorrir. Como sabia sorrir! E cada sorriso que imprimia no rosto era como se despertasse outro tesouro em si e me fizesse desenterrar um sentimento que desconhecia até então. Estranho, muito estranho sentir um algo por uma pessoa que conhecera há pouco com uma intensidade avassaladora rompendo de dentro como a uma enxurrada incontida.</b></i></blockquote>
― Você está só?
― Agora não! Tenho você...
Balancei a cabeça.
― Já sei! Você vai dizer que novamente respondo o que me apetece. Não cheguei só, o pessoal está ou dançando ou paquerando. Logo logo aparece alguém, e você? Porque estava só, na mesa ou será que a namorada não veio hoje!
― Procuro uma... Aceita?
― O que?
― Procuro uma namorada...
― É um convite ou jogas no ar pensamentos frívolos riu e novamente baixou a cabeça.
― Porque tu vives desviando o olhar?
Helena abriu um sorriso amplo.
― Melhorou!
― O que?
― Bem! Vamos deixar de sermos monossilábicos... Melhorou porte tu parou com esse negócio de você e, respondendo tua pergunta anterior, vamos ver! Deixa a noite e o tempo agir.
Não era bem o que eu queria escutar, como não sei se ela esperava o beijo que lhe dei, mas ela não se fugiu e aceitou se entregando aos poucos até que largou os joelhos e passou os braços sobre meus ombros. Era o beijo que eu quis dar desde que me maravilhou aquele olhar, aquele rosto e aqueles lábios finos e delicados e extasiado fiquei ao sentir o hálito puro percorrendo minhas papilas.
Aos poucos sua turma foi se aproximando da mesa trazendo as conquistas. Eram oito garotas e doze rapazes maravilhados com a recepção recebida, com o interesse no que lhes trouxera à cidade.
Iriam ficar quinze dias e retornariam três meses depois, no período de férias, para reforço das ações, coleta de informações sobre resultados e para participarem de um encontro regional para assistentes de saúde. O grupo era liderado por Gilberto, aluno do terceiro ano e por Amélia, colega de alojamento de Helena e estavam hospedados na quinta do prefeito às margens do rio.
― Gil! Esse é o Paulo olhou sorrindo zombeteira Irmão da Daniela e... Novo integrante do nosso grupo de trabalho.
Feitas as apresentações tentei me inserir sem obter grandes sucessos (Helena era o alvo inalcançável dentre todas as garotas), mas com a chegada de Dani as coisas mudaram imediatamente, afinal de contas minha irmã era um pedaço de mulher que deixava qualquer um babando, e a noite fluiu sem atropelos.
Ainda tentei alguns passos pelo empurrão do grupo, logo transformado em vaias e apupos (Helena sentiu no pé toda minha falta de jeito) que me transformaram na piada da vez. Só saímos da Toca quando os garçons avisaram que iriam fechar. Ainda ficamos papeando, na praça da igreja, por algum tempo até que nos despedimos e fomos em busca do descanso.
<center>╔════════════════════════════════════════════════╗</center><center>Este relato é contado em 26 episódios, você leu o 22º</center>
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<tt><center>13 de março de 1968, quarta-feira</center></tt>
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<tt><center>Soneto do Amor Total</center></tt>
<tt><center>24 de junho de 1972, sábado</center></tt>
<tt><center>14 de outubro de 1969, terça-feira</center></tt>
<tt><center>4 de julho de 1972, terça-feira</center></tt>
<tt><center>3 de setembro de 1972, domingo</center></tt>
<tt><center>5 de julho de 1972, quarta-feira</center></tt>
<tt><center>04 de dezembro de 1972, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>10 de julho de 1972, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>10 de março de 1973, sábado</center></tt>
<tt><center>17 de julho de 1976, sábado</center></tt>
<tt><center>9 de maio de 1974, quinta-feira</center></tt>
<tt><center>16 de fevereiro de 1996, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>23 de dezembro de 1974, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>26 de junho de 1993, sábado</center></tt>
<tt><center>27 de dezembro de 1974, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>25 de dezembro de 1987, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>17 de dezembro de 1971, sexta-feira</center></tt>
<tt><center>08 de novembro de 1979, quinta-feira</center></tt>
<tt><center>1º de novembro de 1999, segunda-feira</center></tt>
<tt><center>26 de junho de 1981, sexta-feira</center></tt>
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