Sempre ouvi dizer que a maior fantasia de 10 entre 10 homens é dividir a cama com duas mulheres. Tenho bons motivos pra acreditar que essa estatística esta errada. Já tentei (mais de uma vez) me valer dessa fantasia masculina para realizar a minha, brincar com outra menina. Falei disso a alguns poucos homens com os quais me relacionei e convidei para uma festinha a três. A maioria gostou da idéia, eu fiz planos, bolei estratégias e criei expectativas, mas na prática, nunca funcionou. Não sei exatamente o motivo mas imagino que no fim das contas nenhum deles se interessou o suficiente pelo meu desejo. Cheguei a perder namorado por isso! Apesar disso nunca me passou pela cabeça realizar meu desejo sozinha e de uma forma muito natural.
Sábado de carnaval, sozinha, sem dinheiro nem perspectivas. Já tinha dispensado convites pra folia quando recebi a ligação de um amigo querido chamado para o que ele chamou de uma reunião de amigos em sua casa, nada elaborado, apenas bebidas e música pra celebrarmos o feriado, no domingo. Desejei recusar e agradecer mas o convite era tão generoso que incluía a carona, me deixando sem argumentos. Conhecendo o dono da festa imaginei como seriam os amigos, por isso me arrumei com capricho, vestido com um belo decote e salto alto. Os elogios no caminho confirmaram que fiz a escolha certa.
Percebi rápido que tinha feito bem em ir, as bebidas eram deliciosas, a música ótima e a reunião de amigos, era na verdade uma festa com umas cem pessoas, e uma pista de dança improvisada bem animada. Lamentei não ter levado uma amiga, mas encarei como uma oportunidade para fazer novas e na primeira ida ao banheiro isso se confirmou. Encontrei lá uma garota linda, olhos brilhantes, extrovertida e sorridente. Engatamos logo um papo de meninas, comparando o tamanho dos cabelos e trocando elogios sobre os brincos. Não nos desgrudamos mais. Rimos a noite toda, ouvimos umas cantadas masculinas mas estávamos mesmo a fim de beber, curtir e dançar. E assim a noite passou voando, tão rápido (e tanta bebida) que nem sei precisar quando e como nos separamos. De repente me vi sozinha no meio da pista, alvo fácil pros bêbados de fim de noite. Fui salva de um bem afoito pelo anfitrião (que a essa altura estava muito bem acompanhado por uma bela loura), que me convenceu a dormir no quarto de hospedes. Não sei bem porque concordei, em geral faço questão de pegar um táxi e terminar a noite na minha cama, mas eu não estava mesmo lá essas coisas e me deixei convencer por ele.
A cama parecia me chamar e fui logo tirando as sandálias e acessórios (já que calcinha não estava usando mesmo) e me jogando nela. Desejei tirar o vestido também mas não achei de bom tom dormir nua na casa dele. Adormeci rápido e cheguei a tirar um cochilo, mas ai acordei, sem saber se era um sonho, com minha amiga deitada bem próxima, pernas sobre as minhas, acariciando meu rosto com carinho. Como acontece nos momentos de extremo tesão, me senti encharcar até transbordar instantaneamente. A beleza do momento era tanta que ninguém disse nada, uma palavra e o encanto poderia se quebrar. Ao contrário de mim, que só tinha no currículo experiências virtuais e uns beijos inconsequentes trocados com uma amiga, ela era muito experiente e me deu muito, muito prazer. Um prazer diferente, especial e único que eu ainda não conhecia. Tentei retribuir como pude, mas acho que ela preferiu mesmo ouvir meus gemidos intensos e gritos abafados. Não sei quanto tempo durou, mas me pareceu um momento eterno, tenho certeza, o tempo parou. Senti como se estivéssemos envoltas numa bolha de carinho. Indescritível. Tentamos resistir ao sono abraçadas e assim adormecemos.
Acordei sozinha na hoje, com a estranha sensação de que nunca havia sido tão fêmea quanto durante os momentos em que estive nos braços de outra mulher. Apalpei meu corpo, como se algo nele tivesse mudado. Percebi maravilhada que antes de ir embora ela trocou nossos brincos, levou os meus e deixou os dela, entendi como um presente e os guardei com muito carinho.
Soube depois que ela tem namorada que foi visitar a família no feriado.
Acho que nunca mais a verei, nunca poderei dizer o quanto nosso momento foi especial pra mim e que mais do que brincos, trocamos pedaços de nós. Mas sei que ela já sabe, que ela também sentiu a mágica sutileza dos momentos perfeitos, que as mulheres sabem tão bem reconhecer.
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