Helena crescia e a menina gorducha se transformava em uma adolescente encantadora com sua cintura delgada, seus cabelos longos e anelados, seus olhos amendoados. A cada dia eu acompanhava as transformações do seu corpo, a cada dia lhe presenteava roupas com numeração nova, ela ganhando porte e leveza até ficar como guardo na lembrança.
O começo não sei quando foi, sempre houve muito carinho entre nós. Quando a adolescente se transformou em mulher formosa, pernas bem feitas de bailarina, ancas de potranca e a mania de andar vestida em camisetas de mangas cavadas deixando a mostra os mamilos rosa em seios pequenos, comecei a reparar no que antes não dava atenção. Se haviam outras pessoas em casa, ela punha bustiê e calcinhas, se somente eu estivesse ela nada usava por baixo da camiseta; quando me acarinhava era com um sutil escorrer de mãos, com um olhar algo mais que carinhoso.
E eu não era indiferente, me debatia entre a razão e a compulsão. Certa manhã de sábado acordei Helena com um prato de morangos com chantilly; ela se espreguiçou mostrando os seios empinados, passou a língua pelos lábios, cerrou os olhos e repetiu num sussurro bote na boca, na boca. Ofereci o mais vermelho dos morangos coberto de creme e ela comeu lambendo depois meus dedos com tanto deleite que algo em mim se avolumou. Daquele dia em diante passei a observar seu olhar brincando com meus desejos, caçoando de mim e da minha relutância.
Aquele dia eu sempre recordo. Pela tarde desabou um temporal, relâmpagos no céu, estrondos nas nuvens, a natureza endoidecida sobre a cidade do Rio de Janeiro. Eu terminava um projeto editorial quando o telefone me chamou para o que até hoje me perturba. Era ela e sua voz estava trêmula de pavor.
Estou sozinha, tenho medo, muito medo falou rouca.
Calma Lena, é somente mau tempo respondi buscando acalma-la.
Venha logo, venha me proteger disse num fio de voz.
Não consegui mais trabalhar, aquela voz tinha um pedido subjacente que movimentou o fundo da minha natureza e atravessei o temporal pelo trânsito louco da cidade.
Meu coração batia enlouquecido e quando abri a porta do apartamento. Helena se lançou sobre mim, pálida, vestindo uma leve camiseta que pouco cobria e se prendeu a meu corpo como se eu fosse um barco salva-vidas em um oceano bravio. Eu fiquei sentindo o pulsar acelerado de seu coração, o perfume de seus cabelos, sua respiração ofegante. Acariciei seu rosto e lhe disse que nem os trovões, nem os raios ou o vento lhe fariam mal algum; eu não deixaria.
Continuou grudada em mim como uma ostra até se esvair a tensão, até seu abraço perder aquela angustia desesperada e ela desatar um choro manso. Confuso vi crescer outra tempestade nas minhas entranhas. Queria a pequena tranqüila, mas gostava do seu choro e ao mesmo tempo me sentia como um pai protegendo a filha.
Foi ela, com o rosto aninhado no meu pescoço, com seu hálito morno me aquecendo que começou a loucura das loucuras; o bico dos seus seios ganharam vida contra meu peito, suas mãos entraram uma por minha camisa, outra por meus cabelos, seus lábios roçaram meu rosto sussurrando em meus ouvidos palavras que até hoje não consigo esquecer.
Sua boca me procurou e seu beijo profundo me inundou de uma saliva doce; suas pernas saíram do chão abraçando minha cintura e seu corpo buscou proteção no prazer. Ela me disse baixinho, nem sei se carinhosa ou indecente, frases que não ouso repetir e que venceram todas as minhas resistências. Levei a pequena enlaçada ao meu corpo para o quarto, para a grande cama forrada de linho, deitando sua cabeça no travesseiro. Seus longos cabelos castanhos se espalharam, as alças da camiseta caíram sobre os braços e seus seios pequenos de bicos pontudos buscaram pelo prazer que estava na minha boca.
Helena pediu sugue forte, forte e não falava, urrava.
Despido, bicho solto, rasguei sua camiseta e me atirei sobre seu corpo como se ele fosse o meu pasto, minha presa, minha prenda. Helena com as mãos dirigiu meu caminhar para dentro dela e mergulhando naquela vereda como se fosse para mim, também, a primeira vez, cheguei ao destino que me recebeu esfomeado.
Eu entrei forte e profundo naquele estreito ninho que me sugava indiferente a dor da primeira vez. Levantou as pernas para que eu a penetrasse mais profundamente, arqueou o corpo para que eu sugasse seus seios com mais força e contraiu o ventre como se quisesse me guardar dentro dela.
Meu primeiro macho, se derrame na sua putinha gritou me olhando com seus olhos enormes.
Minha explosão foi em um jorro de vida que tudo inundou e ela ficou chorando baixinho. Colocou-se sobre mim e com a cabeça em meu peito ficou repetindo baixinho.
Eu não devia, eu não devia, era só fantasia.
Helena ficou assim por algum tempo, depois me olhou no fundo dos olhos, se voltou sobre os joelhos, levantou as ancas e choramingou dengosa.
Me castiga pai, me castiga, bate na sua menina vadia e entreabriu o lugar onde ela queria me receber novamente, seu mais guardado tesouro, seu mais delicioso segredo.
Gemeu e disse abre que ele é todo seu, beija que é todo seu.
Atendi minha Helena. Enlouquecido beijei aquele botão moreno passeando a língua por seus caminhos molhados de fêmea. A visão de suas ancas redondas e empinadas me deu forças para invadir aquele botão de flor como se ali morasse todo perdão que ela pedia. No princípio penetrei delicadamente aquela grutina estreita mas logo, sem pena, cavalguei como um garanhão selvagem. Com a mão em concha bati forte nas suas ancas douradas.
Ela soltou um ganido endoidecido de vitoria e começando bamboleio lento, com as mãos cruzadas atrás da cabeça, pediu.
Entra fundo, mais fundo, invade sua pequena, bate que gosto, me penetre e me domine.
Eu sentia seu calor me invadindo e não parei de penetrar até o mais fundo da menina, até que misturamos juntos toda luxúria das nossas almas. Helena urrou no momento do prazer e desta vez não mais chorou. Se aninhou tranqüila e dormiu enroscada em mim.
Vivemos cinco anos guardando nosso segredo, ansiando pelos dias em que podíamos ficar sozinhos, ela amanhecendo na minha cama, vezes ressonando, vezes me despertando com seu hálito doce de menina e seu cheiro ativo de mulher. Pelas manhãs sempre inventava volúpia nova; me engolia, me sugava e me bebia gulosa, como se o bebido na noite anterior não fosse bastante.
A vida me separou de Helena. Hoje quando os dias se anunciam de tempestade, quando os raios iluminam o céu, sempre outros trovões explodem dentro de mim e espero que o telefone me chame como naquele dia. Mas somente ficaram as lembranças de minha pequena Helena e a esperança de que alguém como ela invada minha vida com seu sorriso maroto, seu sexo quente, seus seios rosados e seu jeito de menina.
