Essa é uma história que pode ser simples para alguns, mas para mim envolveu uma mudança em meu jeito de ser. Um trocar de marchas na vida.
Primeiro, porque sou uma garota em um meio incomum. Eu sou a quarta em uma família de cinco filhos, quase a caçula, atualmente estou com 19 anos. Todos os outros são homens, portanto cresci em um ambiente muito masculino, ainda mais pelo fato de o meu pai ser um excelente mecânico e ter algumas oficinas, bem sucedidas, pela cidade, onde eu e meus irmãos trabalhamos também. Sim, eu, pois desde pequena, meu querido pai me ensinou seu oficio sem qualquer preconceito por eu ser menina, me mostrou tudo que sabia sobre veículos, eu ainda tinha mais paciência que meus irmãos para aprender a arte, e se pudesse, ficava até bem tarde na oficina ajudando papai. Acabou que hoje, entendo mais de carros do que a maioria dos homens que conheço, e toda sua estrutura mecânica e elétrica.
Minha mãe sempre me tratou como a princesinha da casa. Natural, única filha no meio de tantos homens. Queria que eu fosse modelo ou algo do gênero. Quando eu era criança, ela me colocava em vestidinhos fofos, laço no cabelos, essas coisas bem femininas. Não duravam nem alguns minutos em mim, acostumada que era eu em jogar bola no campo de terra batida, fazer corrida de Kart, sair na porrada amistosa com meus irmãos e tudo o mais que se espera de uma menina moleca. Tanto que minha mão depois de um tempo desistiu de colocar mais feminilidade em mim, e deixou por isso mesmo. Eu sempre evitei, então, essas coisas de vestidos, saias, e sapatos caros, pareciam me tolher os movimentos.
Apesar desse jeitão de viver, bem moleca, meu corpo sempre foi bem feminino. Magra, esguia, mas com curvas nos lugares certos, em 1,70m de corpo. Seios e traseiros desenvolvidos, minhas formas foram ficando bem definidas conforme fui crescendo, graças a vida plena de esportes e atividades. Eu mantenho meus cabelos, de um castanho avermelhado bem claro, longos, insistência de minha mãe, e até gosto deles assim, na verdade (embora, na oficina, isso dê um trabalhão, com toda aquela graxa e óleo, se eu não me cuidar...), tenho olhos verdes como a maioria da minha família, pele bem branca, e um rosto, dizem, bem delicadinho, de menininha. Tenho uma aparência, modéstia a parte, bem interessante. O único detalhe que destoa são minhas mãos, cheias de calos e grossas por causa do trabalho na oficina. Entrando na adolescência, a gurizada da rua, como era de se esperar, começou a me ver com outros olhos. Aqueles garotos que não tinham cerimônia em me derrubar com faltas no campinho passaram a ficar tímidos perto de mim, todos cheios de cerimônias.
Além de eu ser toda moleca e de temperamento forte, quase sempre coberta de graxa e vestindo macacão, meus irmãos sempre foram um tanto ciumentos para comigo, na maioria das vezes quando eu não estava olhando. Eles têm um jeito meio rústico, são altos e fortes, outros até diriam mal-encarados, tanto é que receberam o apelido de a Gangue dos Irlandeses. Bobagens da vizinhança, sabe-se como é...Acontece que quando um garoto as vezes queria sair comigo, ou começar algo meio sério, meus adoráveis irmãos olhavam de canto, com cara de pouco amigos, ou davam umas indiretas. Isso tudo somado fez com que eu namorasse pouco ao longo de minha adolescência, e tivesse ainda menos experiências em minha vida sexual.
E com o tempo fui ficando meio frustrada com a situação. Eu mesma era bastante tímida no que se tratava em ficar, e os garotos ainda logo ficavam ouvindo sobre minha fama, em ser meio explosiva e com irmãos que eram o diabo. Por causa disso, eu aos poucos fui querendo ficar mais feminina. Ajudou muito o fato de uma de minhas amigas do colegial, Michella, começar a cursar e moda na Universidade e resolver me transformar em seu projeto pessoal, pouco depois.
Mas essa história têm por base meu ponto de mudança real. Quando comecei a cursar a universidade, em Engenharia Mecânica como não poderia deixar de ser a dois anos atrás, eu conheci Arthuro. Um rapaz bonito, alto, de cabelos negros e pele clara, ar um tanto intelectual, olhos bem escuros e profundos, sempre com um sorrisinho amistoso no rosto. Ele cursava direito, me viu em um barzinho no Campus, e partiu para me conquistar. Eu não admiti na hora, mas logo naquele instante ele me deixou balançada, mas me fiz de difícil, claro. Ele insistiu, com doçura e muito charme, e começamos a namorar. Um tempinho de namoro escondido e eu apresentei ele a família. Apesar da marcação cerrada da Gangue dos Irlandeses, Arthuro não só conseguiu resistir às pressões dos meus irmãos, como ainda conseguiu fazê-los seus amigos! Com sua conversa afiada e seu jeito honesto e amigável, ela conquista fácil a confiança das pessoas. A partir disso, então, ele me ganhou de vez.
Quando completamos um ano de namoro, eu fui a uma festa com ele, do pessoal do curso de direito, e lá fiquei meio que como bicho do mato, vendo aquelas garotas, todas muito bem produzidas e vestidas elegantemente, e eu ali, toda simplória, de jeans e camiseta. Arthuro, claro, tentou me levantar o astral, dizendo que não tinha nada a ver, mas eu fiquei um tanto incomodada por sempre ser assim. Foi então que resolvi mudar, trocar a marcha de minhas experiências como mulher.
Eu bolei uma noite especial para nós. Michella me ajudou com os preparativos. Combinei com meu namorado que aquela noite de sábado deveríamos passar juntos, sozinhos, assistindo filme e comendo pipoca. Para isso, iríamos utilizar uma das oficinas de meu pai, onde há um quarto no andar de cima, com uma cama bem ampla. Combinamos de ele ir até lá à noite. Para evitar perguntas e intromissões em excesso, falei para a família que iria dormir na casa de Michella.
Então, lá estava eu, me olhando no espelho do quarto de Michella. Ela tinha acabado de me fazer uma maquiagem sutil mas elegante, e ajeitado meu cabelo. E o que eu estava usando...fez meu corpo corar e meu coração disparar em pensar que Arthuro me veria daquela forma, logo eu, a menina moleca. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Michella surgiu atrás de mim:
- Falta só um último toque. Ela me entregou um par de luvas longas, além dos cotovelos, negras, de tecido fino, e me ajudou a vesti-las. Por final, prendeu-as em meu braço, na borda, com fitas vermelhas, fazendo um laço. Michella sempre se preocupava com minhas mãos, grossas do jeito que eram. De vez em quando ela dizia, você tem corpo e rosto de anjo, mas com mãos de rocha. Ah, Michella...
- Nossa, você está um espetáculo. Um mulherão de cair o queixo. Arthuro vai ter um treco. Ela disse, após os últimos retoques. Eu sorri e a abracei. Depois coloquei um sobretudo de couro por cima do corpo, cobrindo-o, e sai de casa, me atrapalhando um pouco para andar naqueles sapatos de salto tão alto, apesar de ter treinado a semana inteira. Michella mais uma vez me deu as dicas de como manobrar naquilo era mais fácil dar um cavalo de pau de mais 360º com um carro e lá fui eu, adrenalina a mil. Com se estivesse indo disputar a final do campeonato de Kart. Entrei na camionete da oficina, e me dirigi até o local, toda produzida. Quando cheguei lá, apenas esperei, minutos que pareceram horas...
Ouvi a moto de Arthuro, abri a garagem para ele entrar. O espaço amplo, com maquinário e veículos aqui e ali, cheirava a borracha e óleo, mas apenas ali embaixo. Arthuro estacionou e desceu de sua moto, sem me ver direito, deixei poucas luzes acesas. Quando tirou o capacete, foi dizendo, descompromissadamente:
- Querida, uma hora dessas, gostaria, se você pudesse, dar uma olhada na moto, acho que ela está com um problema na suspensão.
Outra coisa que eu gostava muito no Arthuro. Ao contrário de outros namorados meus, ele nunca teve problemas por eu entender mais de veículos do que ele, sempre encarou isso com a maior naturalidade. Quando ele pediu isso, eu meio que sem saber direito o que fazer por causa de como eu estava, mais por ingenuidade do que de caso pensado, simplesmente disse:
- Deixa eu dar uma olhada preliminar...
E fui saindo da penumbra, tirando o casaco e jogando de lado. Então Arthuro me viu direito. No meio daquela oficina, chegando na luz, deixando deslizar o casaco de couro, revelando meu corpo. Eu estava usando um corpete preto, de seda, preso com tiras vermelhas nas costas e na frente, de uma forma que realçava meus seios. Usava meias longas negras, presas com cinta-liga, conjunto da Victória Secret´s e calcinha também negra, rendada, com um lacinho escarlate a enfeitando. Nos pés, sapatos finos, scarpins presos no tornozelo por tiras, com salto agulha dos mais altos que eu tinha usado. E além disso, as luvas, atadas por fitas enlaçadas em meus braços.
Eu me agachei junto a moto, daquele jeito, explorando-a, procurando o problema.
- Acho que o problema na verdade é...
Antes que eu pudesse terminar a frase, Arthuro me tocou o pulsou, me fez levantar. Ele estava boquiaberto, surpreso. Só então me toquei. Eu não estava acostumada em estar daquele jeito, com certeza. Toda feminina, sensual. Eu fiquei vermelha, feito um pimentão, como se diz. Meu coração queria explodir, de tão rápido que batia. Eu não conseguia olhar direto para ele, fiquei com o rosto para baixo.
- Nossa, querida. Você está...eu estou sem fôlego. Sem palavras.
Eu sorri, timidamente. Ele tirou o cabelo de meu rosto, percebeu minha vergonha. Segurando delicadamente meu queixo, me fazendo olhar para ele:
- Por que você está tão encabulada? Digo, você, desse e de qualquer outro jeito, faz um homem ficar de joelhos por você. E agora está poderosa...gata, eu sou seu, você me nocauteou, Bezinha.
Bêzinha...era meu apelido, porque minha mãe me chamava de bebezinha o tempo todo, por ser a menina da casa. Eu não apreciava no inicio, mas depois acabei pegando gosto.
Após Arthuro ter falado isso, eu reascendi a confiança. Pegando ele pela mão, sorri agora com altivez, e o puxei para as escadas, guiando-o feito criança. Subimos, e no quarto, fomos até a cama, que preparei com lençóis de cetim, ladeada por um tapete persa, perfume de rosas, enfim, transformei aquele espaço rústico naquela noite, em ambiente de romance. Nos beijamos, com paixão. Nossas línguas se explorando, e eu o empurrei para a cama, começando a tirar sua roupa em seguida. Eu o despi, jogando tudo de lado, e fui subindo por cima de seu corpo, acariciando com as mãos enluvadas seu peito, beijando sua boca, fazendo meu cabelo solto roçar suavemente em seu corpo. Eu senti seu membro enrijecer, levei minha mão até ele, tocando-o, percebendo suas veias, seus contornos. Ele me acariciava o corpo, esfregava suas mãos por sobre o corpete, sentindo meus mamilo rijos.
Eu só havia feito sexo oral uma vez antes, em outro namorado, meio pressionada, e não tinha curtido o ato. Dessa vez, excitada que estava, sem ele pedir ou qualquer outra coisa, eu fui até seu pênis e, acariciando-o, fazendo sentir o tecido leve da luva, vi ele inchar ainda mais, bem na minha frente. As luvas vieram a calhar melhor que a encomenda, presumo que a sensação delas fosse mais suave e sensual do que o toque de minhas mãos calejadas. Após provocar um pouquinho, olhando nos olhos dele, eu beijei seu membro, suavemente, o segurando pela base. Ele me acariciava os cabelos, respiração ofegante. Então, comecei a explorar, com minha língua, pelos lados, na ponta, descendo até os testículos, para então colocá-lo na minha boca, e começar a me movimentar, lubrificando com saliva, massageando com a língua. Ao mesmo tempo eu acariciava os testículos, com os dedos. Ele ia gemendo cada vez mais alto.
- Bêzinha.... Ele gemeu baixinho.
Eu entendi o recado. Retirei o membro rijo da boca e fiquei sobre ele, enquanto retirava a calcinha. Com Arthuro deitado, eu me coloquei sobre seu corpo, as pernas para os lados, e dessa forma, fui-me abaixando, devagar, de forma que ele me penetrasse, como seu eu o cavalgasse. Ele foi ajudando, apoiando os meu quadris com suas mãos. Quando senti ele quase todo dentro de mim, comecei a mexer, a rebolar, para nosso prazer. Arthuro estava em êxtase. Então comecei realmente a cavalgá-lo, sentindo entrar e sair de mim. Ele baixou meu corpete, expondo meus seios, ficou com as mãos sobre eles, apertando-os de leve, acariciando os bicos, e minhas mãos estava apoiadas sobre seu peito, enquanto eu o montava...
Gemidos, gritos de prazer, ninguém mais para ouvir. A velocidade cada vez maior, olhos fechados. Instantes depois gozamos juntos, senti seu sêmen jorrar por dentro de mim como uma fonte, enquanto um calor e uma sensação me subiam do baixo ventre, percorriam meu corpo, e me atingiram o cérebro, fazendo-me revirar os olhos e soltar um grito. Feito isso, me joguei sobre ele, deitando sobre seu corpo, seu membro ainda colocado em mim. Ele afagou meus cabelos, se colocou a beijar meus seios, de vez em quando a chupá-los, seguros entra suas mãos. Logo me colocou por baixo dele, eu o fiquei olhando, me recuperando da sensação.
Ele, ainda muito ofegante. Levou a mão até meu sexo exposto, e acariciou, começando a atiçar outro orgasmo, minhas mãos lhe entrelaçando o pescoço. Antes que eu pudesse reagir, ele foi, apalpando minha barriga, minhas coxas, por cima das meias, até descer à minha vagina. Lá, segurando firme, em minhas pernas, antes que eu me recuperasse totalmente, começou a usar sua boca e língua em meu clitóris. Revezando com sucções e fricção, não demorou muito para meu corpo trêmulo ter outro orgasmo, eu me segurando na cabeceira de cama e gemendo alto de novo. Terminado o ato, ele foi e deitou ao meu lado.
Olhávamos um para o outro, sorrindo, suados, respiração rápida. Conversamos um pouco sobre essa surpresa, e ficamos em silêncio nos admirando. Sem aviso, Ele me segurou a mão direita, retirou a luva que a cobria, e começou a beijar meus dedos, minha palma calejada, a lamber minhas mãos. Eu me embeveci com o ato, verginha que tinha das minhas mãos de mecânica. Um minuto depois recomeçamos o sexo, desta vez ele por cima. Só acordei na manha seguinte, rindo, por estar ainda com uma luva, corpete pela metade do corpo, meias e sapatos, na cama. E eu que estava pensando em um strip-tease na noite passada... Nem deu tempo, mas foi melhor ainda o resultado final.
Após aquela noite eu dei uma mudada no meu jeito de ser, para me sentir melhor comigo mesma. Passei a usar mais saias e vestidos, que antes tanto evitava, a explorar mais minha sensualidade e feminilidade, de vez em quando até uso luvas combinando, em um estilo fashion, cosa da Michella, que até hoje implica com minhas mãos, que com certeza não são de fada. Mas essa mudança de estilo sem nunca deixar de ser aquela garota moleca, sem nunca deixar de ser a garota que mexe com carros, que não têm problemas com graxa e que gosta de futebol, de lutar com os irmãos. Continuo sendo eu mesma, ainda mais satisfeita comigo, ainda mais auto-confiante. É certo que ainda preciso me acostumar melhor com um salto mais alto, e ser um pouco menos atrapalhada com um vestido tomara que caia (embora nunca tenha acontecido comigo nenhum acidente bobo com essa roupa, quem já usou sabe o drama que é ficar ajeitando...rs)
Uma semana depois, Arthuro e eu combinamos de realizar mais uma fantasia, mais louca ainda. Isso depois de outra daquelas festas universitárias. No dia combinado, eu fui buscá-lo em casa, agora com meu carro.
Desde os 15 anos eu passei pelo ritual que meu pai fazia com todos seus filhos. Ele me apresentou um carro, um golf 2004 batido e todo arranhado, que ele havia comprado, e disse, que seu eu fosse concertando desde aquele momento, quando fizesse 18, ele me daria dinheiro o suficiente para terminar a reforma. Eu me dediquei tanto, e fui aplicando meu próprio dinheiro nesses anos todos, dinheiro do trabalho na oficina, do trabalho de babá, do estágio na biblioteca, até que quando chegou a data do meu aniversário ele estava quase completo. Com o dinheiro de meu pai, eu terminei de deixar o carro poderoso, turbinado, todo personalizado e tunado ao meu gosto e pelas minhas mãos, decorado ao meu gosto, com sistema de som detonante. E num canto perto da porta, a assinatura da minha obra de arte, escrito ainda, discretamente, Baby´s Girl. A outra parte do dinheiro que sobrou eu reservei, para ir fazer algum curso de especialização na Europa. Por que descrevi tanto um carro em uma história como essa? Bem, por que é também minha paixão. Quem tem, entende...
Quando cheguei de novo, buzinando, na frente da casa de Arthuro, ele veio me ver, e abrindo a porta do Golf, me viu, de vestido tubinho preto tomara que caia e sandálias negras de salto alto, ao volante.
- Quer uma carona, gato?
Sorrimos. E fomos para outra aventura.
(silken.skin@hotmail.com)