Meus caros e caras leitores (as). Escrevo essa história - verídica, diga-se de passagem - para contar sobre um fato que me ocorreu no início deste ano.
Meu nome é Silvio Aureliano, tenho 21 anos de idade, sou de Uberlândia- MG. Sou homossexual, todavia não sou assumido. Sou estudante universitário e apaixonado (ou era) por um estudante do curso de Publicidade da mesma instituição da qual sou aluno.
Seu nome é Thiago. De estatura média e de uma beleza indescritível. Enfim, vamos ao fato ocorrido:
No dia, uma segunda-feira, houve uma comemoração na Universidade em que estudo para congratular os novos alunos pelo próximo ano letivo.
Thiago estava sentado no segundo corredor do Auditório e eu no terceiro. De onde estava, dava para vê-lo (ele ainda não tinha me visto e nem eu tinha reparado em sua beleza). No mais rápido dos movimentos ele olha para traz meio pro lado e me vê. Como já estava a alguns minutos reparado-o, viu-me olhando-o e comendo-o com meus olhos. Meu coração ficou apertado.
Terminado o evento esperei ele sair para depois eu sair logo atrás. Ao deixar o auditório, ficou olhando-me até o final da porta - meu Deus... que belo olhar-.
Passado um tempo (mais precisamente, dois dias), conheci o melhor amigo do Thiago; Hugo é muito engraçado, extrovertido e brincalhão. Fomos comer algo na cantina e ele (Hugo) trouxe consigo (adivinhe quem?) o cara mais lindo que já vi em toda minha vida, Thiago. Começamos a conversar! Conversa vai. Conversa vem. Logo após o término do horário letivo vi o Thiago caminhando, supus que fosse para sua casa. Ofereci uma carona e este logo aceitou. Disse que morava bem perto, no Fundinho. Fomos conversando e percebia que seu comportamento era cada vez mais estranho comigo. Mas não acusei nada. Deixei-o em sua casa! Meu Deus, o homem mais lindo que já vi estava dentro do meu carro e eu nada fiz para aproveitar aquele momento (como poderia? Tínhamos acabado de nos conhecer, oras).
Nos dias seguintes percebi que tinha que evoluir nessa minha amizade com o Thiago. E foi isso que eu fiz!
Fiz um churrasco em minha casa; chamei meus amigos, e claro, o Thiago. Fiz questão de ir buscá-lo em sua casa. Chegando lá, estava mais lindo do que nunca. Trajava uma bermuda fina branca com final dos joelhos deixando sua panturrilha nua e definida a par de um ataque meu; uma blusa pólo azul bem justa que delineava seu peitoral másculo e uma sandália branca que mostrava nitidamente seus dedos limpos e saborosos. Entrou em meu carro e cumprimentou-me com um macio aperto de mão seguido de uma piscada de olhar (Deus, ele piscou para mim propositalmente?).
Chegamos à festa em minha casa. Bebemos, rimos, brincamos e nos divertimos. Eram, em média, 23h00min horas e o pessoal foi embora. Thiago havia ficado, pois prometi que o levaria de volta à sua casa. Não foi isso que eu fiz. Pedi que dormisse em casa pois no dia seguinte - num Domingo - não teríamos nada de importante para fazer. Ele aceitou!
Pedi que dormisse em meu quarto, num colchão à parte. Minha cama é box e cabem umas 3 pessoas. Num instante, estático, Thiago diz:
- Silvinho, deixe de ser egoísta, cara. Com uma cama desse tamanho você deixa um colchão no chão para mim?
- Se quiser, durma em minha cama comigo, oras. Que dano têm? Digo.
- Opa..., diz Thiago com um sorriso no rosto.
Meu Deus, ele vai dormir em minha cama!
Ao deitarmos, ambos só de cueca, começamos a conversar sobre assuntos sexuais. Logo, falei que era gay e que era apaixonado nele desde quando o vi no Auditório da nossa Universidade... Logo vi aquele homem de olhos castanhos aproximando-se de meu rosto e dando-me um beijo que até hoje lembro emocionado.
Abraçamos-nos, nos roçamos, mas não chegamos a ter algo além disso, pois ele disse que devia pensar. Dormimos!
Acordamos com Rinalda (nossa ajudante) batendo à porta e chamando-nos para o café-de-domingo. Durante todo o momento em que colocávamos nossas roupas até a hora do café não tocamos no assunto do acontecimento da noite anterior. Terminamos o café, peguei alguns objetos de higiene para o Thiago higieniza-se. Logo, ligou para seu irmão ir buscá-lo à minha casa. Disse que o levaria com alegria. Ele negou! (Meu Deus será que o perdi?)
Seu irmão chega e num ato de euforia e a mesmo tempo tristeza dei-lhe um beijo e ele disse:
- Agora, eu sou seu!
Foi-se com seu irmão. Entrou no carro e partiu.
Passados uns minutos Rinalda vem até mim e diz:
- Silvinho, aquele seu amigo mais o irmão dele estavam na
Rondon (Rondon é uma avenida movimentada e uma das principais
de Uberlândia) quando furaram o semáforo e vinha um outro veículo e
bateu com violência e velocidade no carro em que eles estavam.
- O quê??
- Vá ver, Silvio. Talvez você chegue a tempo de vê-los.
Peguei meu carro e fui até o local. Desde o acidente até àquela hora foram passados, em média, 30min. Deixei meu carro próximo ao Griff e fui de encontro a multidão. Os paramédicos já haviam chegado e já havia tirado o Rodrigo, irmão do Thiago, de dentro do carro que naquele momento era só lata torcida. Thiago, meu homem, ainda estava dentro do carro. Via seu cabelo, seus lábios em sangue, sua pele... ai Deus, aquela pele. Tiraram o Thiago de dentro do carro, sem vida.
A pessoa a quem mais amei em toda minha vida estava ali: sem movimentos, olhos abertos mirando o infinito. Por um segundo passou em minha mente todos os momentos em que ficamos juntos. Eu não o veria mais.
Sinto seu cheiro onde quer que eu vá... Ouço sua voz sussurrando, ainda, em meu ouvido, dizendo: ''Agora, eu sou seu!'' Você sempre será meu, Thiago, onde quer que estejas...
Seu irmão, já curado, no mês passado depôs na delegacia sobre o acontecido. Ele disse:
- Meu irmão, o Thiago, me disse que o tal amigo dele (no caso, eu) ficou de casinho pra cima dele na noite anterior e que dormiram juntos. Eu sabia que meu irmão era meio veado mas nada confirmado. O Thiago DISSE QUE FICARIA COM ELE ATÉ O FINAL DOS SEUS DIAS. Fiquei com ódio. Ia voltar à cada daquele cara e ensinar pra ele como gostar de mulher. Daí eu ia pegar o retorno e furei o semáforo devido a raiva que eu tava. Daí aconteceu o que aconteceu.
Obs.: Esse depoimento consta nos laudos do processo de homicídio
doloso que Rodrigo responde pelo acidente e pela morte de duas pessoas: Meu amado, Thiago, e outros dois passageiros do outro carro envolvido.
Quando a parte do depoimento com letra maior, fiquei em choque. Parado! Imóvel! Ele havia e decidido ficar comigo e assumido sua homossexualidade. Num dado momento eu o via à minha frente, sorrindo e vindo de encontro a mim. Miragem!
Thiago deixou familiares, amigos, e um coração, que com perda, está negro, vazio e solitário.
Sinto que vamos nos encontrar em algum lugar, que não sei onde. Talvez o encontre deitado em minha cama, só de cueca e pedindo pra ser meu.
Bem, queridos. Essa é a minha história e passado o choque, decidi contar a vocês. Fiquem bem! Ah, e não se esqueçam: se ama alguém hoje, revele a essa pessoa o seu amor, senão, pode ser tarde demais.