A história de julie
1
Ela se mexe, grunhinho baixinho no pequeno espaço entre as grades. Lá está ela, linda, a pele branca pintada de vermelho pelos vergões da chibata, o cabelo loiro, curto, caindo sobre os ombros, seu único lençol na noite solitária.
A pequena gaiola metal aperta sua carne e faz com que ela dobre os joelhos. Em seu pescoço, como adorno, humilhação e marca de propriedade, uma coleira de couro. Embora incomode, ela se apega e ela e a ama porque foi um presente de seu amado.
Embora tenham lhe proibido, ela abre levemente as pernas e toca seu ventre. Está molhada... por causa de seu mestre. Embora ele não esteja por perto, embora ela nem mesmo possa adivinhar onde ele poderia estar (com outra mulher, talvez? Outra escrava?), ela sente como se seu senhor estivesse por perto.
Cada marca de chicote é um carinho de sua mão firme. As marcas ainda doem e ardem e ela se apega a essa dor, uma lembrança sensível de seu amado.
Ela pensa nele, recordando seus traços, sua altura (em contraste com ela, tão pequena!), sua inteligência, a forma atenciosa e, ao mesmo tempo, apaixonada com que ele olha para ela, sua serva.
Sim, ela concorda consigo mesma. Para ele, cada chicotada é um carinho, cada palmada um gesto de atenção, cada ordem um elogio.
É como se ela estivesse ali há tempos (quanto? Meses? Anos?), como se o conhecesse a décadas. E, no entanto, fazia apenas uma semana de idílio e ele acabaria em breve.
Como forma de se segurar e fazer eterno esse momento, ela se recorda. Sozinha, na noite vazia e silenciosa, presa e marcada, ela se recorda, fazendo das lembranças sua única companhia.
2
Castanhos. A cor dos olhos foi a primeira coisa que ela viu em seu mestre, no primeiro momento em que se encontraram. Eram de um castanho claro, cor de mel, e passavam calma aconchego. Sob a luz do aeroporto, eles pareciam mais escuros, mas em diversas vezes Julie os vira mudar de tonalidade, envoltos em mistério.
Eles tinham se conhecido pela internet. Julie relutara muito antes de aceitar viajar, mas ali, naquele momento, ela percebeu que não se arrependeria.
Enquanto ele se aproximava, ela foi assaltada de dúvidas. Como deveria se comportar? Como deveria tratá-lo?
O mestre tirou-a da indecisão ao cumprimentá-la com um terno beijo no rosto e se ofereceu para carregar sua mala (Deveria aceitar?). Ela se sentia meio culpada por andar ao lado de seu senhor, enquanto ele carregava sua pequena mala (ela recebera ordens de trazer poucas roupas. Não iria precisar delas) e instintivamente atrasou o passo, colocando-se um pouco atrás dele.
Uma onda de excitação e ansiedade parecia surgir do ventre e subir, causando calafrios na pequena escrava. Por alguma razão, ela abaixou a cabeça e se colocou parada ao lado do carro, as mãos juntas às costas, como que não sabendo onde deveriam ficar.
- Entre. – ele disse, e sua voz, embora fosse um tom normal e até paternal, parecia uma ordem. Mesmo ali ela se sentia dominada pela sua autoridade.
Ela se colocou ao lado dele, no banco do carona. Sentia-se sem jeito, sem saber o que fazer e como fazer. Esperava uma ordem. Mas a ordem a fez tremer, apavorada.
- Tire a calcinha.
A história de julie
3
Julie tinha vindo como lhe fora ordenado, de saia e não seria tão impossível tirar a calcinha, mas não havia como fazer isso sem chamar atenção das pessoas nos outros carros. Era dia e estavam numa estrada movimentada. A vergonha se apossou dela, mas Julie sabia que não obedecer seria dar um passo atrás, seria abdicar de algo com que havia sonhado nas noites frias, enquanto tocava em seu ventre e gemia de prazer.
Olhando para os lados, ela levou as mãos ao elástico da calcinha e puxou lentamente, respirando rapidamente. Foi puxando e puxando, mas em certo ponto seria impossível continuar puxando sem se mexer.
Ela se esticou na cadeira e levantou as nádegas, puxando a calcinha. Sentiu-se mais aliviada ao passar o tecido pelas pernas, mas pensou ter ouvido algo e olhou para os lados a tempo de perceber alguém no carro ao lado olhando para ela.
Olhou para baixo, como se o fato de não ver algo fizesse com que isso desaparecesse. Ficou entretida em seus pensamentos e anseios, sentido o couro do banco pinicar em sua pele, e foi despertada pela voz de seu mestre:
- Tire o sutiã agora.
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4
- Tire o sutiã.
As palavras ficaram martelando em sua cabeça. Embora já estivessem em um local menos movimentado, tirar o sutiã não era o mesmo que livrar-se da calcinha. Para piorar, ela tinha vindo com uma blusa de tecido suave e folgada, e temia que vissem seus seios.
Mesmo assim ela obedeceu. Primeiro tentou tirar o cinto de segurança, mas seu mestre proibiu, o que tornava a tarefa muito mais difícil. Inclinando-se para a frente, Julie introduziu a mão sob a bluza e, nesse momento, teve uma arrepio. Percebeu que aquele ato aparentemente simples era o limiar de um portal. Se aceitasse, se fosse em frente, não haveria volta.
Ao seu lado, o Mestre nem mesmo olhava para ela. Concentrado no trânsito, ele fitava a estrada e executava as manobras com exatidão e firmeza. Ao passar a marcha, sua mão encostou na perna de Julie, arrancando arrepios. Ao simples contato com a pele de seu mestre, ela sentia como se choques a dominassem.
Fechando os olhos, num misto de coragem e medo, ela desabotoou o botão do sutiã. Sentiu-o solto à volta dos ombros.
Dessa vez foi necessário introduzir a mão pela frente e puxar a alça para o lado, primeiro uma e depois outra. Era uma tarefa difícil e, se a blusa folgada, seria impossível livrar-se do sutiã.
O coração batia forte, retumbando, quando ela terminou. Recostou-se na cadeira e respirou, ofegante. Foi quando percebeu que o carro parava o movimento. Estavam na frente de uma espécie de casa de campo. Um muro alto cercava uma propriedade ampla, que ela não podia ver.
- Chegamos. – ele disse.
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5
Alguém abriu o portão e seu Mestre e Dono entrou com o carro.
Avançaram por uma longa via muito bem cuidada, com flores de ambos os lados.
Ele deve ter um jardineiro, ela pensou, e, por alguma razão, esse pensamento a aterrorizou.
Pararam na frente de uma ampla casa pintada de branco. Parecia uma casa de praia, com uma varanda à toda volta e colunas gregas.
Julie foi introduzida pela sala e subiu, sempre seguindo seu mestre, por uma escada. Depois este abriu uma porta e, apontando para dentro, disse:
- Entre.
Ela deu alguns passos apreensivos e penetrou no compartimento. Parecia um quarto ou algo semelhante, mas não havia cama. Só um banco de puff no meio do compartimento e algo que parecia ser um guarda-roupa embutido nas paredes. A luz não foi acesa e ela não podia ver os detalhes.
- Sente-se. - ordenou seu mestre.
Ela se sentou elegantemente, com as pernas fechadas e os joelhos juntos, mas um olhar de repreensão de seu Mestre a fez abrir as pernas. Embora estivesse de saia, ela se sentia constrangida estar sem calcinha. Era como se a intimidade dela pudesse se revelar ou ser revelada a qualquer momento.
- Espere aqui. - disse seu dono.
E saiu.
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6
Julie ficou sozinha lá, na sala solitária e escura. Com o tempo, ela percebeu um suave murmúrio, como de alguém gemendo. Com esforço, ela tentou acostumar seus olhos à penumbra, tentando descobrir de onde vinha o barulho. Temerosa de estar sendo observada, ela mexeu apenas a cabeça, tentando identificar a fonte do murmúrio.
Súbito houve um barulho que lhe pareceu alto, em contraste com o silêncio inicial. Era uma lâmpada sendo acesa, num canto da sala.
Julie não resistiu e se virou na direção do foco de luz. Havia alguém lá. Uma mulher, presa à parede. Seus braços estavam abertos e fixados por grilhões que se prendiam a uma tira de couro em volta do pulso da moça. A posição em que fora colocada era muito mais baixa do que ela, de modo que suas pernas ficavam flexionadas, numa posição certamente dolorosa.
A moça tinha seios bonitos e grandes e havia um prendedor em cada um deles. Deviam estar ali há bastante tempo, pela aparência inchada da pele.
O rosto era impossível ver, pois um capuz de couro cobria toda a cabeça, deixando apenas dois buracos para respiração.
A mulher respirava profundamente, cansada e torcia os braços, num esforço vão de se livrar de sua prisão.
(Quem é ela? O que está fazendo aqui?)
Por mais que tentasse, Julie não conseguia desgrudar os olhos dela, de sua pele branca sob a luz forte, o peito subindo e descendo sob o esforço da respiração... o sexo... o sexo depilado e aberto...
(pronta para ser violada)
Julie estava tão envolvida na observação, que se assustou com o segundo som.
Era um alto-falante.
- Tire a roupa. - diziam.
A história de julie
7
Julie não tinha certeza de a voz no alto-falante era de seu mestre. Poderia haver outras pessoas ali, observando-a, divertindo-se com seu ar assustado. Isso a deixou ainda mais envergonhada, mas mesmo assim ela obedeceu. Olhando de esguelha para a mulher presa e arfante ao canto, ela foi retirando lentamente a saia e a camisa.
Quando terminou, ficou parada na direção em que viera a voz, totalmente nua, mas as mãos em concha escondendo o sexo.
Um novo foco de luz se acendeu, agora sobre ela.
- O que está fazendo? - perguntou a voz.
- Eu... gaguejou ela.
- Por que está nessa posição? Não esconda nada. Você está aqui para ser examinada e deve estar totalmente visível.
Julie tirou as mãos do sexo de deixou que pendessem ao lado do corpo.
- Ótimo. Agora vire de costas. Queremos ver suas nádegas.
Ela se virou lentamente, temerosa.
- Agora se abaixe.
Julie começou a ficar de cócoras, mas foi repreendida.
- Abaixe apenas o tronco. As nádegas para cima.
A posição era ridícula e constrangedora. Mesmo assim, Julie obedeceu. Ficou um longo tempo nessa posição, no silêncio da sala, ouvindo apenas o gemido molhado da mulher presa à parede.
Em outro lugar, pareciam estar decidindo sobre ela. Se seria aceita ou não.
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8
Depois de algum tempo, a voz voltou a ecoar.
- Volte à posição normal.
Julie ergueu o tronco e virou-se de frente para a voz.
- Agora quero que ouça bem. De agora em diante, há dois caminhos: desistir ou seguir em frente. Se quiser desistir, deve vestir novamente suas roupas.
Julie não fez qualquer gesto indicativo de que iria desistir. Ficou lá parada, envergonhada, mas segura do que queria.
- Quero que entenda que se continuar, muitas coisas poderão acontecer a você. Será amarrada, amordaçada, presa, chicoteada e humilhada. A mulher ao seu lado é apenas uma pequena amostra do que poderá acontecer a você. Olhe para ela e decida.
Julie olhou para o lado, para a mulher exausta pelo esforço da posição, arfando e gemendo em agonia. Mas estava decidida. E não se mexeu.
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9
- Então você vai ficar. - disse a voz no alto-falante. Então deve conhecer as regras. Durante a semana em que estiver aqui, você não usará roupas. Deve ficar nua, para estar sempre disponível, mas não só por isso. Será também para lembra-la de sua situação de escrava, de objeto, que não tem direito a roupas. Sua única vestimenta será uma coleira, símbolo máximo de sua servidão. Você não falará sem que lhe seja ordenado e deverá estar sempre de cabeça baixa. Será obediente. Cada desobediência será severamente castigada. Deve também esforçar-se ao máximo para cumprir o que lhe for ordenado, mesmo que o que lhe for ordenado seja impossível. Nunca deverá cruzar as pernas ou levar as mãos ao sexo, para que qualquer um, a qualquer momento, tenha plena visão de sua intimidade. Não há regras fixas e a cada momento podem ser criadas novas regras, entende?
- Entendo. - respondeu ela, tremendo.
Um novo foco de luz se acendeu e revelou um pedestal sobre o qual havia uma caixa de acrílico. Dentro dela, uma coleira de couro.
- Coloque essa coleira em seu pescoço e saia para o corredor. Ao final dele, dobre à direita e siga o outro corredor. Então encontrará uma porta. Entre.
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10
Julie vestiu a coleira. Com passos tímidos, ela se aproximou da porta e abriu a porta com um rangido.
Seus pés se aventuraram pelo corredor de mármore lá fora e a claridade fez com que ela fechasse momentaneamente os olhos.
Ela ficou por um minuto parada sentido-se
(nua)
desprotegida e exposta.
Depois avançou lentamente. Em certo momento ela passou por uma ampla janela e viu algo lá fora que provocou um frio na barriga. No meio do jardim, entre as árvores, havia uma mulher morena, nua. Era alta e magra, mas forte. Ela estava em pé, com uma corda amarrada ao redor do pescoço. Dessa corda saiam quatro outras, que se ligavam a árvores. As quatro cordas estavam totalmente tensas e em altura elevada, o que obrigava a mulher a ficar na ponta dos pés. Julie adivinhou que as mãos da mulher deviam estar amarradas às costas, mas na posição em que estava era difícil confirmar isso.
Ela ficou algum tempo lá, parada, olhando para a mulher e tentando imaginar o que era aquilo. A cena era tensa, mas parecia apenas um retrato de momento, como um fotograma de um filme do qual não conhecemos o antes e o depois.
Quem era ela? Como chegara ali? Quem a colocara naquela posição?
Julie percebeu que ali teria mais perguntas que respostas e, temerosa do que poderia acontecer se demorasse a percorrer o corredor, voltou a andar.
Procuro subs da região norte que queiram transformar essa história em realidade: mestresade2@yahoo.com.br. Visite meu blog: http://cronicasdesade.blogspot.com/