A minha família sempre foi conturbada. Sempre havia brigas no seio de
meu lar. Para mim, era tudo chato. Pertubante. Dividia minhas preocu-
pações com minha irmã e meu primo, que, na verdade, não era de san
gue, e sim, por consideração, já que meu tio, irmão de minha mãe, se
havia casado com a mãe daquele.
Chamo-me Paulo. Sou jovem ainda. Mas na época do que vou narrar(
o que de fato aconteceu), tinha 15 anos. Morava com minha única irmã, e meu pai, e minha mãe, e minha avó, e meu avô. Como disse,
o ambiente não era o melhor do mundo, por conta das discussões de casaMas a discussão tinha nome, ou melhor, tinham nomes e parentesco: minha avó, Dona Lívia, mulher gorda, forte, carnes socadas por entre o corpo, 61 anos de idade; e minha mãe, Dona Adelaide, 39 anos, morena, meio cheia, altura mediana, olhos expressi-
vos e sem rumo, mostrando sempre seu cinismo através deles.
Se eu reconheço isto, não é difícil imaginar o porquê minha avó, Lívia,
tanto brigava com minha mãe.
Dona Lívia era do tipo ave que acoberta seus filhotes com as asas, ain
da que estes, pelo tempo que tenham, possam alçar voo. Ela media es
forços para cuidar bem de seus ¨filhinhos¨, não importando, para ela,
se estivessem errado ou não. O negócio era: ¨mexeu com meu filho,
mexeu comigo!¨ Esta afirmação fez ela sempre, desde que quando seus filhos eram crianças. Bem, até aí não há mal algum, já que mãe e
pai devem acalentar a seus filhos. Agora, ela era diferente! Encobria to
dos os erros que fizessem eles, sem atentar para a gravidade dos mesmos! Quando Moisés, filho caçula e adotivo de meus avós, tinha
seus dezesseis anos, cometia várias besteiras, entre as quais foi a de
bulinar a sobrinha... Não foi somente uma besteira, como os roubos que ele cometia nas livrarias, padarias etc, no Centro da Cidade do Rio
de Janeiro, lugar para o qual meus avós vieram, quando saíram de Pernambuco, fugidos da casa do pai da minha avó, pelo meu avô ter se
relacionado com a mãe da minha avó.... Ele sempre o negou para a esposa, mas minha vó nunca lho acreditou. Cristiane - sobrinha bulina-
da por Moisés - acabou engravidando deste; e como ela insistiu que
queria ficar com ele, meus avós não viram mal, nem meu tio Francisco,
pai dela, já que Moisés era adotado mesmo. Começou aí uma lacuna na
minha família. Minha ética me dizia que, mesmo por ser ele adotado,
aquilo se constituia num incesto. Mas nenhum dos meus sete tios, filhos da minha avó, diziam nada. Havia uma disformidade naquela família. Eu ia desconfiar.
Íamos! Íamos desconfiar. Não era somente eu que pensava ter sido aquele um ato de pessoas sem moral, minha irmã também, concordava comigo e achava que aquela família de brigas poderia se transformar
numa família mais ¨light¨...
Eloísa, minha irmã, então com seus 16 anos, era uma menina um pouco fechada, gostava de ler, ter algumas amigas, alguns colegas, e,
para mim, dizia ela - ¨nunca beijei na boca...¨ A maior vontade dela
era ter uma família mais calma, menos rigorosa quanto parecia ser...
Poder chegar com o namorado em casa, levá-lo para o quarto e transar com ele até amanhã chegar. - Charles, nós não podemos fazer
nada. A bruxa da nossa vó sempre impede eu de sair. Pô, não pode nada, e ainda assim deixou um incesto tão declarado aqui. Pô, que merda! - Calma, Isa, fique calma! vamos bolar um plano para tentar amenizar nosso lado. Também, sendo homem, não posso fazer porra
nenhuma que a vó implica. - Charles, você entendeu que tudo que não fazemos é por causa da vó? - Sim, poxa! Reclamamos de quem mais, senão desta mulher mal-amada?! - Não é bem isso! Quero dizer que, se nós queremos inverter essa situação, devemos planejar algo pa
ra que a vó não implique mais conosco, e, assim, a gente poderá fazer
o que quiser! - Bem, não tinha pensado nisso... Mas, o que fazer?
-Ah, Charles! o que uma mulher que nem a vó precisa para ser menos
rabujenta? - De um bom caralho na xota!(risos) - Porra, Charles não fala assim! Me respeita, seu merda! Continua
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