A cidade era pequena. População que se contava nos dedos, onde todos se conheciam como a palma da mão. Vizinhos de cerca e de parede. A paisagem era de saltar os olhos e inebriar a mente com seus campos floridos e árvores às centenas. Parecia extraída de um quadro de Monet. O clima de montanha orvalhava os campos pela manhã e obrigava as famílias a acender suas lareiras a noite. A eletricidade nem havia chegado naquele pedaço paradisíaco do mundo. Entretanto, lá nada faltava: Peixe, porco, galinha, verdura, fruta, brisa, rede e mulher.
João vivia rigorosamente desse entretanto. Nada lhe faltava. Vivia de brisa, caçava, pescava, colhia seu sustento e, no tempo restante, namorava. Jovem viril, mas de traços delicados. Cabelos negros e lisos como os de um índio. Olhos verdes como a paisagem local. Pele cor de jambo e de um frescor almiscarado que denunciava a flor da sua idade. Recém saído da puberdade. João arrebatava corações. Seja o coração da cabritinha nova, seja da vaca velha e até mesmo os corações dos veadinhos e das frutinhas.
A quantidade de cabritinhas abatidas por João quase fazia frente ao censo feminino do local. Sem contar as vacas velhas que suspiravam debruçadas em suas janelas e acomodavam seus melões sob o decote, toda vez que João passava a cavalo em frente as suas casas. Todas rezavam para que fossem escolhidas e que João aparecesse à porta de suas casas, depois que o marido fosse trabalhar, para cobri-las tal qual um garanhão.
João tinha lá suas preferências. Gostava particularmente da família do seu Tonho, dono do empório. Pois é, o narrador não errou na grafia, como alguns estão pensando. João comia a mulher, Edinalda (41) , e as duas filhas, Gracinha (22) e Filó (19), do seu Tonho. Só escapava o mais novo, Valdinho. Acredita-se que o menino só escapou de levar ferro porque tinha apenas seis anos.
O sustento do homem vem da lavoura. Lança a semente, cultiva-a e ela te saciará. João sabia muito bem interpretar esse ditado e, com bastante freqüência, saciava-se de Gracinha em um milharal próximo ao vilarejo. Dia desses, Filó resolveu segui-los. Ao chegar bem no centro da lavoura, ouviu vozes que misturavam-se a risadas e sussurros. Ao longe já avistava João em pé, agarrado aos cabelos de Gracinha, ajoelhada aos seus pés, tentando engolir-lhe a jeba. Filó conseguia contemplar boa parte do membro de João, já que Gracinha, apesar de habilidosa, não conseguia dar conta do instrumento. João era sarcástico e, por vezes, puxava os cabelos de Gracinha tirando-lhe o doce da boca e, em seguida, segurava seu pau e batia com ele no rosto da cabritinha. Gracinha só fazia gargalhar, se imaginando uma escrava castigada pela chibata do seu algoz.
João deitou-se no chão e Gracinha se pôs a galopar-lhe o mastro. Filó, a essa altura contemplava a cena, com um sabugo de milho enfiado na boceta. Gracinha, a cada gôzo, tremulava no mastro de João tal qual uma bandeira. Gracinha enquanto gozava , jurava amor eterno a João e dizia que, por ele, venderia sua alma ao diabo se preciso fosse. Quando João avisou que ia gozar, Gracinha saiu de cima, ajoelhou-se ao seu lado, abocanhou-lhe o cacete e pôs-se a chupá-lo e esfregá-lo até sentir o leite tocar-lhe a garganta. Gracinha foi liberando aquele líquido aos poucos no mastro de João. Ali perto, Filó socava freneticamente o sabugo que, hora sumia, hora aparecia entre suas pernas. Gozou junto com João.
Domingo era dia de missa e todos compareciam, menos João. Os homens diziam que o rapaz tinha parte com o diabo ou então era a encarnação do próprio. As mulheres imaginavam que, se o diabo era João, então o inferno não era tão longe. Ficava logo ali no braseiro de suas vulvas.
Domingo desses, Filó se retirou no meio da missa sem ser notada. Foi para trás da igreja, encontrar-se com João. Levou um punhado de pamonha, feita do milho que, outro dia, havia lhe dado tanto prazer. João agradeceu e abocanhou um pedaço da iguaria no mesmo instante. Filó, que não se achava muito católica, já que acumulava pecados suficientes para ter negada a entrada de sua alma até no purgatório, fez uma mandinga com aquela pamonha. Inocente, achava que poderia arrebatar o coração de João com o doce feito daquele milho de pecado. Mandinga, pra funcionar, necessita ser acompanhada de dor e, para selar a magia, Filó pediu a João:
--João, quero que tu comas meu cu.
O rapaz, incrédulo, se pôs a gargalhar e respondeu:
--Ficastes louca. És tão franzina que não agüentas nem a pontinha.
--João, tente pelo menos. Olha, pega um pouco da pamonha e lubrifica meu buraquinho e o restante passa no teu pau.
João, então, sucumbiu. Disse que não se responsabilizaria pelo estrago e, de súbito, virou a moça de costas e mandou que se apoiasse na parede da igreja. Levantou-lhe o vestido, desceu-lhe a calcinha. Em seguida, ajoelhou e começou a lamber o buraquinho rosa da Filó. Safado, pensou no ditado que o povo contava em época de colheita de uva: “Vinho pode ser tinto ou branco, mas cu tem que ser rosê”. Filó, alheia aos pensamentos de João, rebolava na língua do rapaz e implorava para ser enrabada. Era preciso consumar a mandinga, assim como era preciso que fosse no buraco de trás e atrás da igreja na hora da missa. Filó estava disposta a vender sua alma ao diabo. O Rapaz, então, raspou um pouco de pamonha com dois dedos de uma das mãos e pincelou-os no rabo de Filó que se benzeu pois já imagina o que vinha pela frente, ou melhor por trás. João teve dificuldades de introduzir o membro naquele pequeno buraquinho e pensou o quão duro seria para enfiar-lhe a piroca por inteiro. Esfregou o restante do doce no pau, segurou Filó pelas ancas e foi forçando a passagem. Filó já se encontrava apavorada com aquela tora tentando invadir o último orifício livre de pecado que ainda lhe restava. Mas, a guria estava decidida a cumprir até o fim o seu plano e agüentou firme aquele mastro e queimar-lhe o rabo. João conseguiu enfiar uma pequena parte do pau no cu de Filó e começou os movimentos de entra e sai a fim de alargar o buraco. A cada movimento, entrava um pouco mais e Filó foi se soltando. João percebeu, começou a acelerar os movimentos e já não pensava na dor que deveria estar causando a pobre moça. Filó não sabia se chorava de dor ou prazer. Sentia o rabo queimando e torcia para que a mandinga desse certo e aquele diabo escolhesse seu corpo como lar. João deu a derradeira estocada quando as bolas já tocavam a bunda de Filó e gozou como nunca. Filó sentiu o sêmen do rapaz escorrer nas pernas, virou-se para João, limpou as lágrimas e o beijou com sofreguidão. O odor que exalava de Filó era um misto de sexo e milho.
João montou em seu cavalo e disparou para rio afim de banhar-se. Filó voltou para a missa que já estava no final. Ainda dava tempo de receber a hóstia.
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