Ela deixou a empresa por volta das dezesseis e trinta. Seu horário habitual de sair. Já havia checado se o seu material estava devidamente guardado, trancado a mesa e empurrado a cadeira para debaixo dela. Caminhou em direção ao ponto do ônibus que a levaria para a Faculdade de Turismo, onde cursava o quarto período.
A poucos metros da parada, seu telefone tocou. Era ele novamente. Apesar das recusas insistentes que sofrera, ele não se deixou abater e continuou insistindo. Estava fascinado por aquela mulher pequena, de corpo delgado, coxas e pernas firmes em razão de seus oito anos de dança clássica e contemporânea. Carla atendeu.
- Alô.
- E então, decidiu aceitar meu convite?
- Alguma coisa mudou?
- Não, mas...
- Não tem “mas”! Já falei que não quero!
- Não quer mesmo?... – A voz de Eduardo era maliciosa, quase uma acusação.
- Não... Não posso! Você sabe que sou casada, por que fica insistindo?
- É porque sei que estamos loucos um pelo outro. Me dá uma chance de provar isso...
- Você está enganado, Edu. Nunca poderia dar certo algo entre nós. Não é o fato de eu não querer mais meu marido que me fará sair por aí, dando pra todo mundo!
- Assim você me magoa... – Eduardo sabia como mexer com o coração de Carla.
- Desculpa! – ela acabou se traindo, com esse e reflexo incondicionado.
- Está vendo só? Você está louca por mim, tanto quanto eu estou louco por você.
As mãos de Carla já suavam ao telefone. Sua voz, por mais que quisesse disfarçar, já denunciava seu nervosismo e excitação, ante aquela abordagem tão forte, tão avassaladora. Eduardo continuou insistindo até convencê-la a não subir para o ônibus que acabara de chegar.
- Você me promete?
- O que, pelo amor de Deus!
- Que me espera aí mesmo. Juro que chego em poucos minutosO que?
- Cinco minutos. É tudo o que ainda tenho coragem de esperar por você.
- Ok.
Quando Carla desligou o telefone, certa de haver conseguido uma desculpa para ir embora, surge em sua frente aquele Fiat Stilo vermelho ferrari. Eduardo estava na esquina, enquanto conversava com a garota. Assistia extasiado a cada movimento de Carla, cada gesto, cada inflexão, como quem desfruta da visão de um Rembrant.
Ela entrou ainda trêmula no veiculo, não acreditando no que estava prestes a fazer. Num ímpeto desmesurado e irrefletido, Eduardo a envolveu em um abraço, beijando-a voluptuosa e urgentemente. Carla desarmou-se. Não conseguia mais acalmar o vulcão que entrara em erupção, desde o dia em que pôs os olhos naquele homem.
Seguiram diretamente para um motel à beira da estrada. Quase nem perceberam o espaço de tempo, entre o ponto de ônibus e os dois corpos nus, sobre uma cama redonda, encimada por um espelho gigante. Em alguns momentos depois Carla já estava sendo beijada, lambida, mordida por um amante alucinado.
Os gemidos, delírios, urros foram se multiplicando, na medida em que a língua de Eduardo percorria cada centímetro do corpo majestoso da mulher. Cada poro, cada pêlo seu implorava para ser invadido, explorado, bolinado pelas mãos quentes e irreverentes daquele que se fazia seu homem. Começando da nuca, passando por detrás das orelhas e beliscando-lhe as pontas, Eduardo seguiu em sua exploração. Carla estava arrepiada e faminta.
Quando a boca do rapaz alcançou o bico de seus seios, ela soltou um grito extasiado de fêmea louca no cio, pronta para acasalar. Os bicos estavam eriçados, rijos, suados pelo exercício deliciosamente urgente a que se submetiam. As mãos irreverentes e atrevidas de Eduardo continuaram a exploração, detendo-se por alguns instantes em sua barriga, alisando suavemente o contorno de seu umbigo, antevendo o local de chegada definitiva.
Carla já não mais respondia por si. Havia deixado seu corpo comunicar-se livremente com o invasor até então desconhecido, a partir dali tão desejado. Enquanto o indicador de Eduardo continuava a alisar o umbigo de Carla, seu dedo mínimo, num exercício de absoluta crueldade ameaçava continuar descendo, alisando os pêlos púbicos que indicavam o caminho de Sangri-láh.
Carla se encolhia, se debatia, agarrava com força os cabelos de Eduardo, que lhe chupava os peitos volumosos. Num ímpeto de loucura irrefreada Carla consumou o que a mão do homem apenas ameaçava. Arrancou-a de sobre o umbigo e cravou-a em sua vagina, uivando como uma loba, um louca, uma mulher faminta de amor selvagem. Estava lubrificada, pronta para ser servida. Estava exposta, libidinosa, amoral. Travou as pernas em torno daquela mão quente, primeira diligência em direção ao tão sonhado útero.
Eduardo massageou-a com violência, arrancando com as mãos o seu primeiro orgasmo. Palavras desconexas fluíam sem freios da boca da mulher, cujo desejo fora reprimido por tanto tempo. Queria ser abusada, mexida, apalpada por todos os lados. Queria sentir-se cachorra, cortesã, amante vadia e princesa encantada. Queria tudo os que todas as outras querem, embora poucas tenham coragem de buscar.
Pouco tempo depois e Eduardo está afastando-lhe as pernas. À visão de seu membro duro e grosso, Carla geme de medo e fome. Suas coxas tremem frenéticas e descaradas. Sabe o que a espera e sente o desejo de fugir, enquanto vai se abrindo quase espontaneamente. Ele se ajeita e coloca a cabeça na entrada. Com apenas esse primeiro contato, Carla já fecha os olhos, lambendo com a língua a cada canto da própria boca.
Eduardo arremete-se de uma só vez. Um só golpe que vai abrindo as carnes da mulher ensandecida de paixão. Um grito histérico, livre, animalesco se faz ouvir. Carla sente as entranhas se escancararem rápida e definitivamente, com a presença de um membro grosso, comprido, intumescido e pulsante que lhe invadira, nos poucos instantes anteriores.
Outro orgasmo. Eduardo sente latejarem as paredes do útero de Carla, como uma convulsão deliciosa, uma erupção vulcânica há muito ansiada. A mulher se descontrola: chora, ri, geme, contorce-se ao mesmo tempo, enquanto soluça a cada movimento de vai-e-vem que Eduardo lhe aplica com disciplina e firmeza. Eduardo lambe-lhe o rosto, os olhos, a boca. A cada chegada de seu corpo, a cada entrada de seu pênis, a cada esfregar de pêlos ou do toque de suas bolas nas saliências da mulher.
Carla desfalece. Não acreditava ser possível a alguém tanta satisfação em apenas um encontro. Eduardo, ainda contendo seu desejo de gozo se retira de dentro dela. Vai virando-a como se fosse uma boneca de pano. A essa altura, Carla não demonstra a menor reação contrária. Simplesmente obedece como uma concubina conformada.
Eduardo a coloca de quatro sobre a cama. Beija-lhe suavemente as nádegas, enquanto ela geme, suspirando sem ritmo. Eduardo pega o creme que, até então descansava silencioso sobre o criado-mudo e começa a passar na mulher. Ao primeiro contato Carla geme. Sente o dedo indicador de Eduardo a romper-lhe o último limite. Primeiro nas bordas. Suavemente. Depois, de forma quase imperceptível Eduardo vai rompendo suas resistências. Antes, Carla fugiria de medo; agora não via a hora de repartir.
Instantes depois e dois dedos de Eduardo já entravam e saíam de seu ânus. Ela gemia e se contorcia em pura excitação. Havia creme o bastante para deslizarem sem incômodo. Ela estava pronta. Eduardo se aproxima da mulher que continua de quatro. Segura em seu quadril com as duas mãos, depois de posicionar seu pênis duro frente ao último orifício a ser invadido. De uma só vez ele o estoca dentro dela. Um grito lacerado de dor ecoa do fundo da alma da mulher. Ficam quietos por alguns instantes. A invasão fora bárbara, brutal e descomedida.
Era necessário o corpo de Carla acostumar-se com tamanha intrusão. Passado o sofrimento inicial, Eduardo começou a latejar dentro dela. Era tudo o que se permitia até então. Começou a se movimentar lentamente, quase imperceptivelmente... Carla começa a se mover suavemente, como uma roda presa por uma haste poderosa.
A cadencia vai aumentando, na medida em que a dor vai sendo substituída pelo prazer. Carla geme. Eduardo geme. Logo ele a está montando, como a uma égua quarto de milha. Os movimentos de entra-e-sai tornando-se febris. Ela grita de excitação. Ele xinga, bate-lhe nas faces gordas das nádegas, o que a faz contrair-se em torno de seu pênis. Ambos estão molhados de suor, apesar do sistema refrigerado perfeito da suíte em que se encontram.
Com um braço Eduardo prende a cintura de Carla, enquanto enfia a outra mão em sua vagina, provocando outro grito de prazer. Ele a masturba, enquanto a enraba. Ela grita, agarra os próprios cabelos, leva as mãos para trás dele, puxando-lhe contra o próprio corpo, a fim de sentir mais de seu macho dentro de si. O braço que a segurava pela cintura, Eduardo levanta em direção ao seu peito. Aperta o bico, provocando outra dor e outro gemido. Eles estão desvairados, doentes, insanos, apaixonados no mais alto e denso grau do que pode ser chamado de paixão.
Eduardo sente a chegada do clímax, quando não mais consegue segurar o gozo. Invade a mulher com o seu sêmem. Goza bastante, invertendo a ordem natural do que comia. Fez entrar por onde só saía. Carla sentiu o jorro dentro de si. Gozou pela terceira, quarta, quinta vez, até que ambos desabaram sobre a cama. Exaustos, satisfeitos, suados, cansados e presos um no outro. Dormiram assim, abraçados. Deixaram todo o resto para depois. Havia muito que se conversar, mas nada era mais importante agora. Carla consulta o relógio: vinte e uma e trinta. “Vai dar tempo de chegar à Faculdade. Meu marido chega as dez”.