Tudo indicava serem os dois mais um daqueles pares de personagens de estórias virtuais. Daquelas que nascem, evoluem, esmaecem e morrem virtuais. Desejos trocados pela net, uma empatia incrível estabelecida, mas morando cada um em uma cidade, centenas de quilômetros de distância os separavam.
O mais do que provável é que nada jamais aconteceria.
Até que os dois viajavam, profissionalmente, muito. Mas nunca iam para as mesmas regiões do país. Nunca uma viagem dessas – e quanto eles ansiavam... - calhava de cruzá-los no mesmo dia, latitude e longitude.
Tudo havia começado muitos meses atrás, casualmente numa dessas salas de bate-papo da internet. Emails trocados, foram se tornando constantes as mensagens, não raro três ou mais por dia. Quando achavam tempo, conversas no MSN. E quando – ambos eram casados – encontravam um espaço de privacidade, conversas ao telefone, que estavam se tornando cada vez mais quentes.
Meses se passaram desde a primeira conversa no chat. Já conheciam os desejos mais secretos um do outro. Mas não se via como isso pudesse acontecer. Já pairava no ar a possibilidade de tudo esfriar, os contatos passarem a rarear e o caso dos dois, geograficamente impedido, acabar.
Dizem, no entanto, que certas bruxas alcoviteiras regem os destinos dos contatos surgidos na net. Se elas simpatizam com os dois, movem céus e terra para juntá-los.
Bruxas ou não, o fato é que no meio de uma conversa no MSN, já algo desanimada, ele informa.
- Olha: vou sumir uns dias, amanhã irei para Rio Branco, no Acre...
- Sério? Que pena... amanhã eu também viajo, só que para São Luís do Maranhão. Não quer mudar sua viagem pra lá?...
- Você sabe o quanto eu quero, mas não tem jeito... Pior que vai ser uma viagem daquelas. Ainda terei que fazer uma conexão em Brasília. Vou tomar um chá de aeroporto...
- Brasília! – ela se espanta... - também vou fazer conexão lá.
Rapidamente os dois pegam seus planos de viagens, fazem contas e descobrem: com um pouco de sorte – e a anuência das bruxas... - estariam por lá na mesma hora. Pouquíssimo tempo, é verdade. Algo entre quarenta e cinco minutos e hora e meia.
Na prática, não poderia ser mais que um café e alguns minutos para se conhecerem finalmente na realidade. Insuficiente para dar vida e libertar todos os desejos cultivados meses a fio. Mas ao menos se veriam, se tocariam pela primeira vez.
Passaram, ambos, por momentos de ansiedade em seus vôos até Brasília. Mas por sorte seus horários se sincronizaram. Conseguiram se encontrar, mas teriam pouco mais que uma hora e uns vinte minutos.
Ali, no grande hall do aeroporto os dois se vêem frente a frente pela primeira vez. Um momento mágico...
Primeiro o reconhecimento facial, baseado nas fotos que trocaram. Depois um abraço, um beijo, momento em que tiveram que controlar-se muito, para fazer discretamente algo que na verdade queriam de maneira voluptuosa...
Conversam, primeiro algo tímidos. Depois, toda a empatia que já tinham de há muito se estabeleceu.
Desistem da cafeteria - há muita gente por lá - procuram outro espaço com mais privacidade. Acabam encontrando uma área de descanso onde não há ninguém por perto. Sentam-se num banco por ali, e a conversa finalmente desata, abertamente. Com espaço até para que beijos aconteçam, sem preocupação com recatos...
Mas de repente, ela se levanta. Diz que tem que ir ao banheiro. Sem nada dizer, ele lamenta que sua fisiologia lhes roube alguns de seus poucos minutos. Mas fazer o quê? Essas coisas são inevitáveis.
Mas ela logo volta. Traz a mão direita fechada e coloca algo na mão dele.
- Pra você não me esquecer...
O que ele vê é que ela botou na sua mão uma minúscula calcinha vermelha. Com traços de umidade...
As conversas que os dois tinham pelo telefone só se davam quando estavam absolutamente sós em seus ambientes. Dessa forma, eram conversas muito explícitas, de revelações e provocações mútuas.
Ele já sabia bem dos desejos e fantasias dela. Sempre lhe dizia:
“– Nunca provoque um cavalheiro. A menos que esteja preparada para arcar com as consequências de seu ato...”
Agora, com a calcinha úmida dela escondida em sua mão ele levanta-se. Fita-a firme nos olhos e lhe diz:
- Você acaba de provocar um cavalheiro...
Não diz mais nada. Pega-a firmemente pelo pulso e a faz erguer-se. Sai caminhando, celeremente, fazendo com que ela o siga, equilibrando-se nos saltos altos.
Saindo do saguão principal, ele para e vislumbra algo.
É a oportunidade luzindo:
Uma funcionária de limpeza sai de uma pequena porta quase escondida. Ele a puxa até lá, descobre o que é um depósito de material. Pequeno, mas suficiente para dois adultos em pé. A funcionária, desleixada, deixou as chaves na porta. Sete e meia da noite. Deve estar indo jantar.
Eles têm tempo...
Ele a faz entrar e tranca. Uma fraca luz de 25 watts cria uma penumbra lá dentro.
Ela não disse uma palavra desde que ele começou a arrastá-la pelo aeroporto. Agora apenas o olha. Olhar que pergunta o que vai acontecer agora.
Ou mais precisamente: pergunta se o que vai acontecer é exatamente o que ela está pensando...
Acertou na mosca!
Ela havia deixado, em suas conversas e emails, bem claro quais eram alguns dos ingredientes que atiçavam ainda mais sua chama.
Ele lembrava muito bem disso...
Assim, coloca-a de frente contra a parede e ergue seu vestido. Aquela deliciosa bunda macia resplandece na penumbra.
- Achou podia provocar um cavalheiro e seguir viagem com se nada se passasse? Pois toma!
Aplica-lhe vigorosas palmadas que lhe fazem vibrar as carnes. Tal como ele imaginava, ela não tenta, nem pensa em fugir. Ela apenas se posta lá, sentindo a energia, transformada em calor na sua pele, lhe tomar o corpo todo.
Apenas empina mais a bunda, abre as coxas e se expõe toda. Entrega-se.
Ele lhe aplica mais algumas palmadas. Então começa a apalpá-la, senti-la.
Ela está quente. Pingando...
Para ele, tomar posse de seu corpo agora, é um imperativo.
Para ela, entregar-se a ele, também o é.
O ambiente exíguo lhes dá poucas possibilidades. Por outro lado, o momento de agora é como uma cerimônia de iniciação. Sugere a ousadia.
Ele molha seus dedos na fonte dela e os deixa lubrificados em sua seiva quente. Com eles prepara a sua entrada mais proibida.
Substitui então os dedos pelo membro que ela fez tão rijo de desejo. Sem pressa, bem aos poucos, ele o introduz.
A faz ser toda sua, sodomizando-a.
Segue assim, cada vez mais dentro de dela, que totalmente cúmplice responde às suas estocadas com os movimentos rebolativos dos seus quadris. A mão direita dele, empalmando sua fonte lhe diz do que ela sente, com seu tesão escorrendo pelas coxas.
Os minutos se passam num crescendo, até que um grito surdo vindo das entranhas dela sinaliza seu gozo.
Logo depois, ela sente um jorro quente inundá-la por dentro, sinalizando o dele.
Já unidos na carne, agora se unem num momento de êxtase profundo.
Ele beija sua nuca, e sussurra ao seu ouvido.
- Que tal a gente adiar nossos vôos para amanhã e pegarmos algum hotel por aqui?...
Saem de lá apressados. No caminho cruzam com a funcionária do setor, que voltava em busca da chave esquecida na porta.
Que jamais saberá o que por lá se passou...
LOBO
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