Depois da meia-noite corações solitários se aglomeram em inúmeras salas de bate-papo na web.
Pessoas buscando os mais variados tipos de entretenimento.
No entanto a maioria está mesmo é a fim de encontrar um parceiro ou parceira para uma sessão de sexo virtual e, quiçá, real, caso as coisas se encaminhem aupiciosamente.
O problema é que nem sempre encontra-se o que aparentemente seria muito fácil de encontrar nesses ambientes.
Nesta madrugada fria de inverno em São Paulo o ambiente parece promissor.
Proliferam opções e as salas estão abarrotadas.
Renata, casada, astróloga, frustrada com o marido dorminhoco que ressona clamorosamente ao seu lado, entra numa destas salas promissoras.
Não é a primeira vez que ela apela a este recurso para tentar satisfazer sua libido frequentemente negligenciada pelo marido.
Em frente à tela, ela está exultante com a conversa ora em andamento em que descobre alguns detalhes importantes sobre um outro solitário da metrópole.
As ideias do cara parecem muito interessantes para serem verdadeiras.
Renata não se deixa levar por discursos sedutoramente bem elaborados, mas percebe, intrigada, uma coerência instigante nas palavras deste novo interlocutor.
Frustrações anteriores em circunstâncias como esta já ocorreram algumas vezes. Por isso ela tenta descobrir o máximo possível sobre o provável parceiro e dirigi-lhe perguntas habilmente formuladas com o intuito de arrancar-lhe informações sólidas o bastante para sustentarem o desejo que começa a ser despertado em suas entranhas.
O interlocutor, autonomeado com Lucio, começa a excitá-la por transparecer, ao mesmo tempo, seriedade e depravação.
Renata deixa-se excitar mas procura manter o controle da situação.
Tenta fingir-se impassível. Sua vagina, pulsante e ficando progressivamente mais molhada denuncia o grau de excitação em curso.
Ela para de teclar por um momento para acariciar as pontas dos mamilos. Enrijecidos.
O peito arfante.
A respiração entrecortada.
Cada palavra dele na tela catalisa o orgasmo em desenvolvimento em suas entranhas.
Renata arqueja.
Falta-lhe o fôlego intermitantemente.
Seus quadris contorcem-se na poltrona, os braços ficam moles sobre o teclado.
Os dedos não reagem.
Ela sente a calcinha enxarcar-se com seu mel.
Ele acaba de ejacular, anuncia a tela, partilhando, assim, este momento fugaz e intenso.
Ele está offline.
Renata não se preocupa.
Ele voltará.
Assim como seus outros amantes do messenger, ele sempre volta.
Porque se existe uma lei imutável em Sampa é esta: a de que sempre existe um cônjuge insatisfeito à frente de uma tela de computador.