"Obsessão" é um conto de 4 capítulos (o que faz dele um dos mais pequenos que escrevi). Comentários são sempre bem-vindos, aqui ou no blogue :)
OBSESSÃO
(PARTE 1 DE 2)
Capítulo I
RAPTO
Aquela poderia ter sido mais uma noite de Verão, como qualquer outra noite de verão para John: entrevistas maçadoras, concertos cansativos. A vida típica de uma típica estrela de rock.
Mas não: aquela noite foi diferente. Talvez fosse o fim da sua vida, talvez fosse o começo de uma nova.
Depois de sair do palco naquela noite, John estava de rastos. Não tinha consumido nada do que costumava consumir, nem tinha bebido tanto quanto costumava beber. Este foi o primeiro aspecto que fez aquela noite diferente.
À saída, o seu agente, Kevin Franks, olhou para a sua triste figura: o corpo de John coberto de suor, o cabelo negro encharcado e despenteado. Conversaram durante um bocado. John estava rouco.
Kevin era, de facto, a única pessoa a quem poderia chamar de amigo. Não era frequente alguém ter a paciência dele para aturar caprichos de um cantor rock.
John precisava de dormir. Despediu-se de Kevin e dirigiu-se à saída traseira. Passou pelo seu cabeleireiro, que era fanático por ele e que o olhava com uma estranha pose feminina. Despediu-se também dele.
Quando chegou ao exterior do pavilhão onde dera o concerto, saindo pelas traseiras, a rua estava estranhamente vazia e poderia ir embora sem chamar a atenção. Porém, ao aproximar-se do seu carro, ouviu passos algures atrás de si.
Não teve tempo de ver quem se aproximava. Mesmo antes de se virar, foi atingido com um objecto rígido na cabeça e desmaiou.
Quando John acordou, não se lembrava dos detalhes da noite do seu rapto.
Capítulo II
CATIVEIRO
John acordou, olhando à sua volta.
Três coisas não estavam bem. Primeiro, ele não estava em casa; nem sequer conhecia aquele local. Era uma garagem, a julgar pelas bicicletas encostadas a uma das paredes. Porém, havia muito espaço vazio.
Em segundo, sentia-se como se tivesse dormido dias seguidos. Mas mesmo assim, o seu corpo estava cansado, sentindo a falta da cocaína e da vodka.
Por fim, John estava com as mãos atadas à frente do corpo por um corda severa e áspera, deitado num cobertor estendido no chão. Estava apenas de boxers.
Reparou que havia uma mesa metálica larga, com ferramentas, utensílios e objectos variados, encostada à mesma parede onde estavam pousadas as bicicletas.
Poucos minutos depois, a sua mente estava completamente acordada. Processou a informação… tinha sido raptado, estava a ser mantido em cativeiro… não sabia por quem, nem porquê…
John olhou para trás de si e viu o enorme portão que dava entrada à garagem, mas não deixava entrar qualquer luz. Mesmo com as mãos atadas, começou a arrastar o seu até lá. Era a sua saída.
Enquanto serpenteava em direcção ao portão, reparou em câmaras de vigilância nos cantos do tecto, com as intimidantes luzes vermelhas acesas.
Quando se estava a aproximar do portão, ele abriu-se subitamente, deslizando para um dos lados. John viu entrar a luz do dia e uma figura humana.
O homem estava vestido de negro, até a gravata era negra; a cara estava coberta por uma meia escura. O seu olhar dirigiu-se a John, deitado no chão. O cantor rastejou de novo para cima do cobertor estendido, olhando assustado para o seu raptor.
Viu-o dirigir-se à mesa de utensílios. Reparou que tinha lá um pequeno leitor de CD’s, que o seu raptor ligou. Nesse instante, uma música que John conhecia cortou o silêncio da garagem. Era uma música sua… “Assassin”.
O raptor aproximou-se de si, enquanto tirava a sua gravata. Depois, atou-a em volta da cabeça de John, tapando-lhe os olhos. John ouviu a sua própria voz, vinda do leitor de CD’s.
John sentiu o seu corpo tremer. Iria morrer ali? “Provavelmente”, respondeu a si mesmo.
Sentiu-se a ser puxado: a corda que amarrava as suas mãos parecia estar a ser ela própria atada a algo no tecto. John ficou, então, preso ao tecto, os braços acima do corpo. Imóvel.
As mãos do seu raptor acariciaram-lhe a cara, levemente, suavemente, para depois lhe darem uma bofetada. Depois, percorreram o seu corpo quase nu, tocando nos seus quadris definidos e nos seus mamilos rígidos. Por fim, arrancaram-lhe os boxers.
Quando ficou completamente nu enquanto estava amarrado e imóvel, John percebeu que não ia morrer. Pelo menos, não tão cedo quanto esperava. Com um arrepio, compreendeu que aquele rapto tinha intenções sexuais.
Por momentos, o raptor deixou de lhe tocar e afastou-se. Mesmo com o barulho da música, John conseguiu perceber que ele se estava a despir.
O seu corpo foi percorrido por duas mãos atrevidas, com dedos escaldantes. Pelo menos, pareciam-lhe quentes… talvez fosse devido ao facto de o seu corpo estar a tremer de frio.
O corpo do seu raptor parecia estar a ferver quando ele se encostou a John. John, algemado e preso ao tecto, não teve como resistir quando sentiu o seu corpo ser envolvido no do seu raptor, que o apertava num abraço. Quando os dois corpos se uniram, John ouviu o seu raptor gemer.
Era-lhe estranho estar a viver um momento daqueles sem poder ver.
Cansado demais para poder gemer também, ele próprio estava a ser percorrido por uma estranha onda de prazer. Seria pela adrenalina e pelo perigo daquele sequestro? Seria pelo simples facto do seu cérebro estar cansado demais para resistir ao prazer? Ou seriam estas questões uma tentativa de racionalizar o puro e irracional prazer homossexual?
O seu raciocínio parou quando a sua boca seca foi invadida pela língua húmida do seu raptor. John sentiu-se bem. Não soube se foi pelo beijo selvagem, pela saliva que tirava a sua boca da secura, ou por ambos.
Outra música de John começava a tocar no leitor de CD’s: “Take a Bow”.
O raptor afastou-se ligeiramente. No instante seguinte, John sentiu que o seu pénis tinha sido agarrado, pelas mesmas mãos que lhe pareciam quentes.
A pele que cobria aquele membro começou a ser movida. Primeiro para cima, depois para baixo. O movimento era rápido.
Sempre que era puxada para baixo, a pele que cobria o pénis de John esticava-se ao máximo. Por momentos, ele sentiu que iria romper.
Mas depressa a dor se transformou em prazer e, vencendo o cansaço, o pénis de John ergueu-se numa erecção rígida.
As veias daquele membro latejavam, percorridas pelo seu sangue quente. E as mãos do seu raptor já não lhe pareciam estar a ferver.
John foi apanhado de surpresa quando as mãos do seu raptor o largaram. Durante alguns segundos, deixou de sentir o corpo dele. Quando voltou, estava agora atrás de si.
As mãos dele apertaram as nádegas de John. Pouco depois de ouvir o seu raptor cuspir, sentiu um dedo húmido penetrar-lhe o ânus. John sentiu aquele dedo mover-se dentro do seu corpo.
O raptor voltou a investir, desta vez com dois dedos, explorando o interior do corpo de John. Por fim, o raptor tirou os dedos e John respirou fundo.
Sabia que os dedos não eram mais do que uma preparação. Assim, quando o raptor o agarrou pela cintura, John não ficou surpreendido ao sentir um membro maior e rígido invadir o seu corpo.
Era a primeira vez que John era penetrado. A música mudava para “Dance With The Devil”.
O primeiro impacto despertou por completo o seu corpo, com a dor que se apoderou dele. Mas em poucos segundos a dor foi tolerada e converteu-se em prazer, e os dois corpos agora unidos começaram a mover-se em simultâneo, numa dança ritmada.
Ao mesmo tempo que o penetrava por trás, o seu raptor envolveu-o com os seus braços, tocando-lhe nos músculos do ventre e do peito, que se contraíam com o misto de dor e prazer que resultava de ter um pénis a mover-se dentro do seu corpo.
As mãos do raptor afagaram-lhe o cabelo, levemente; como algodão, acariciaram-lhe o rosto. Os seus dedos entraram na boca de John, que os lambeu sequiosamente.
O pénis do raptor investia com mais força. A respiração de John tornou-se cada vez mais irregular, em parte devido a ter três dedos na entrada da sua boca.
John começou a respirar ruidosamente pelo nariz, quando o seu raptor, gemendo, lhe beijou as costas.
O beijo do seu raptor espalhou-se até ao seu pescoço, para depois lhe cobrir os ombros.
Os beijos carinhosos que lhe eram dados pelo pescoço e pelos ombros eram a antítese da força nuclear com que aquele pénis invadia o seu corpo. A penetração estava a ficar tão violenta que, se John estivesse menos cansado, teria gritado.
A boca do seu raptor beijava-o no ombro sem parar… até ao momento em que parou. Parou apenas por um centésimo de segundo, tempo suficiente para sentir os dentes do seu raptor serem cravados no mesmo sítio onde antes os seus lábios o beijavam.
A explosão de dor e prazer resultou, contra todo o cansaço, no grito que John libertou.
O grito foi selvagem, gutural, violento. Durou quase meio minuto.
Depois, John perdeu os sentidosO final do conto será publicado em breve.
Mais contos em:
gossipboylgbt.blogspot.com