Começavam a ficar cansados e aquele bolo iria dar um pouco de energia aquilo que tinha tudo para se tornar um marco.
Estranho era como a moça se comportava. Andava com a ponta dos pés sem deixar transparecer se era para não incomodar ou escorregar. Seu olhar ficava o tempo todo no chão. Não sorria ou demonstrava espanto com o fato de assistir a um filme que a remetia a uma cena de "Calígula". Tinha ares de fidelidade com o proprietário, o que mais tarde se comprovaria.
Esguia e bem torneada, mostrava através do sari transparente suas linhas. Dava para ver seus desenhos bem feitos e a perfeição dos movimentos. Tinha descendência indiana. Criadas e educadas para servir. Com um leve gesto de consentimento colocou o bolo sobre a espreguiçadeira e trouxe um champagne. Quando estava se retirando foi convidada a ficar para comemorar com os estrangeiros mais um ano da vida do visitante.
Meio enrubescida deu um leve sorriso de Monalisa e parou. Esperou que Alexandre terminasse de abrir a garrafa e observava a tudo com a maior naturalidade. Parecia que o uso de vestes naquele momento se tornava impróprio. Pegou com graça a taça e bebeu um longo gole. Olhou para a mulher que acendia uma pequena vela e vinha puxar o marido pela mão.
Dirigiram-se todos ao redor do bolo e, desprezando a música habitual devido as diferenças de lingua, viram o homem apagar a vela e respirar como quem quisesse algo precioso. Ele então passou o dedo na cobertura e levou até a boca da esposa. Deu um beijo nela e repetiu o gesto com a menina. Ela prontamente o beijou. Sabia quando ficou ali que sua participação não seria somente de espectadora. Quando se assiste a tudo calada, concente em participar.
Cortaram a torta comeram e brindaram. Tudo com uma tranquilidade de velhos amigos. Palavras eram desnecessárias. A moça deu novos ares a noite e o que parecia terminar, mudava de rumo. Ligou a música e o som de cordas e sopros invadiu o local ao fundo. O calor das pedras aquecidas durante todo o dia não ardia tanto. O que queimava ainda eram as vontades.
O homem estava satisfeito mas não da maneira usual. Tinha gozado e muito de uma forma nova e enrgizante. Era como se não tivesse valido, e havia recebido uma injeção de ânimo. Ainda não se dava por satisfeito. Não precisou pedir e ela com gestos leves começou a dançar e despir. Lentamente foi aparecendo por debaixo daqueles panos transparentes sua intimidade. A docilidade das vestes que as vezes lembrava a santidade foi enterrada pela minuscula calcinha e o rendado sutiã meia taça. Dum vinho detalhado com dourado as pequenas peças emolduravam sua privacidade. Uma a uma as tirou e continuo se balançando suavemente como uma serpente encantada que sai do cesto. Olhou fixamente para o aniversariante e foi para ele que enviou a primeira palavra. Não foi compreendida. Foi o induzindo a andar para tras até se sentar na espreguiçadeira e esparramar o resto do corpo até que a dança acabasse.
Sua mulher ao longe observava a tudo e se perguntava por que aquela situação não lhe causava espanto ou náuseas. Por que ela não tinha ciúmes ou vontade de matar aquela que na sua frente seduzia seu marido e o deixava louco? Sabia que já tinha maturidade suficiente para compreender que a inércia é uma grande vilã. Reconhecia que que seu corpo muitas e muitas vezes palco de incontáveis fantasias estava em declínio. Via ali, naquela estranha o tempero da sua comida. Que poderia com novas receitas fazer ainda ser degustada como um prato recém inventado. Através de novas pessoas e atos, recriariam fatos que não tinham outra forma de sobreviver.
Durante anos se resguardaram de tudo e todos e os desejos não passavam do cotidiano batido e da rotina quebrada com a previsão do fim do relacionamento. O casamento acabaria se continuassem a ser apenas marido e esposa. Ambos queriam mais do que isso. Precisavam ser amigos e abrir o cofre das ilusões.
Foi assim que nasceu a idéia da volta ao mundo em todos os encantos e sabores. Duma brincadeira criada para reinventar os desejos que foram sendo esparramandos pelo passado.
Escolheriam cidades elencadas sob o ponto de vista da sua cultura gastronômica para dissipar o verdadeiro propósito dos novos conhecimentos que buscavam. Empilhavam livros na sala de comidas e bebidas e pesquisavam na net histórias e locais que poderiam trazer novas aventuras.
A idéia veio após uma viagem a Paris. A recriação da estação da "Croix-Rouge" (Cruz Vermelha) através de textos e painéis eróticos que se moldavam ao detectar o movimento dos vagões reacendeu a vontade de perambular pelo desconhecido. Assim como muitos franceses não sabiam da existência daquela estação fantasma e ela sempre esteve alí desativada desde a guerra, fazendo parte dos mapas e do íntimo da cidade-luz, a mulher resolveu também conhecer o submundo do universo que o marido resguardava.
Presa aos seus pensamentos não se dava conta de que o marido já tinha saído da estação que a deixara. Partira para outros lugares inesperados com a estranha que acabava de sentar-se no seu colo. Rebolava ao que ainda restava de outra música e ia se encaixando na zabra. Começou subir e descer lentamente para não deixar escapar o ponto central da brincadeira. A medida que endurecia o pau, o rosto do homem se deliciava. A condição que ele se dava de explorar um novo corpo era indescritível e a situação de sua mulher estar por perto agora pouco importava. Ela só estava ali de corpo. Fazia algum tempo que se restabelecia e nem percebia o carroussel em que seu marido se transformava. A menina mais a vontade deslizava rapidamente para cima e para baixo apoiada no peito dele e beliscava os mamilos. Ele não teve tempo de pensar sobre a participação dela na festa. Não fora convidada nem menos contratada. Fazia aquilo por pura vontade. O que menos preocupava agora eram suposições. Aproveitava aquele novo buraco e sentia as diferenças. Apertado e quente como os outros e um quê de treinamento interno para se sentisse numa morça.
Alexandre olhava e esperava a hora certa de se manifestar. Foi num ímpeto que foi aos pés da mulher e começou a massagear. Apertava os pontos importantes e em especial os calcanhares. Continuava a prestar atenção no casal formado ao lado e não perdia um lance.
A menina olhou para ele e voltou com mais vontade ao que fazia deixando o moço ouriçado. Deitou o corpo para trás e foi quase ao final. O homem abriu os olhos e ficou desorientado com a visão daquela deusa e seus atributos estendidos sobre suas pernas. A segurou pelos braços para que voltasse a posição inicial e levantou-se para chupar seus peitos. Segurava cada um por vez e apertava. Lambia e chupava com vontade. Em nada aqueles peitos lembravam os da sua esposa. Esses eram grandes, cheios e com tonalidade chocolate. Até o gosto lembrava incensos. Os que conhecia bem eram pequenos e delicados. Cabiam todo na mão. Tinham um formato juvenil e as pontas de um rosado que lembrava os lábios. Seu gosto era de licor de creme.
Gotas de vapor desciam pela parede e formavam pequenos rios que corriam cada vez em maior velocidade. Pingos se formavam no teto e caiam já frios. Um deles atingiu o rosto da mulher. Ela arrumou a espeguiçadeira e deitou de bruços para deixar que a massagem lhe subisse pelas pernas. Tinha ainda a pele firme, macia e branca e sempre brincava que carne de lagosta era para poucos!! Foi invadida pela lembrança de que não poderia em hipótese alguma ser penetrada. Era uma das regras.
Como ainda estivessem nas primeiras viagens e tudo corria bem, ela resolveu não ultrapassar os limites pactuados.
Queria poder filmar ou fotografar tudo, mas isso também era uma das condições que não poderiam ser quebradas. Por isso, sempre que pudia, observava detalhes para que depois pudesse avivar a memóri
A mulher sentia uma imensa atração pela outra vendo-a daquele jeito sobre seu marido. Conteve-se pois antes daqui era sempre ela quem abria as seções especiais que aconteciam após os jantares e os vinhos. Tanto em Marbella quanto na Argentina não tinha sido desse jeito. Aproveitou o relaxamento e imitando a parede começou deixar escorrer pelas suas pernas gotas de um líquido viscoso.