Era uma tarde de calor sufocante, e a sensação térmica era de 50 graus.
Ela tomou banho, um longo e demorado banho, saiu do boxe envolta em uma toalha e perfumou-se generosamente, untou-se em cremes e óleos, vestiu-se minimamente e saiu, despedindo-se com um leve beijo: “Vou ao médico, amor. Não demoro.”
Seu médico, ginecologista de renome na cidade, era um homem de meia idade, alto, corpulento, mãos enormes e firmes, ligeiramente calvo, musculoso e - o que mais me intrigava e aguçava o ciúme - seus olhos denunciavam um macho sedento, fogoso, inescrupuloso em matéria de sexo. Minha mulher jamais fez questão de esconder que ardia de desejo por ele.
Nunca, contudo, acontecera nada além das consultas formais, movidas e limitadas pelo profissionalismo e pela ética.
Naquele dia, entretanto, pressentia que algo explodiria e sairia do nosso controle. Seu olhar atônito, perdido, o suor que já exalava de todo o seu corpo predizia: “Hoje vou me entregar por completo, e nos amaremos naquele consultório e encheremos suas paredes brancas e sem vida de amor, de tesão, de sexo.”
Isso ela não verbalizava, mas eu lia em seus pensamentos.
E foi-se, a louca e bela, a minha adorada mulher, no auge de sua morenidade e da exuberância de um corpo igualmente voraz e carente, doido por uma tarde de sexo intenso, livre, despretensioso.
Só de imaginar o que poderia acontecer dentro das quatro paredes daquele consultório, já me arrepiava. Não sabia se de ódio ou de desejo.
De fato, imaginá-la amando outro homem, entregando-se, sendo acariciada, beijada e penetrada – isso era algo que, se por um lado incomodava e feria minha cultura machista, por outro, preciso confessar, era algo que muito me excitava.
O pau começava a anunciar-se sob a bermuda, e ela percebeu e, talvez por pura maldade, passou a mão levemente e foi, toda faceira e gostosa para o seu médico.
(…)
À noite, no jantar, indaguei, como quem não quer nada:
E aí? Como foi sua consulta?
Não esperei a resposta, pois vi que seu rosto corou, e seus olhos não puderam esconder a verdade. Diante disso, ela foi direta, objetiva, de uma sinceridade que me atordoou:
- Foi ótima! Ele me recebeu como das outras vezes. Ao entrar, porém, logo notei algo diferente. Ele não estava com o seu indefectível jaleco branco por sobre a camisa engomadinha e com gravata. Vestia uma camisa de mangas curtas, abotoada só até a altura dos peito, que se mostrava peludo, malhado, forte.
Após examinar-me como de costume, disse que eu aparentava certa ansiedade, e ofereceu uma massagem, na qual, segundo ele, havia se especializado há alguns anos.
Não havia motivo para recusar.
Mandou-me então tirar a roupa e ficar só de calcinha e sutiã.
Deitou-me de bruços na maca, que era razoavelmente alta, mesmo para mim, uma mulher de 1,70 m de altura, e dava na altura do seu quadril. Então ele reduziu a luminosidade do ambiente e pôs uma música suave, tipo “new age”, bem relaxante e, com mãos de encantamento, abriu levemente minhas pernas.
Vi quando ele pegou um óleo lubrificante, quente, cheiroso, e aplicou, primeiro nos pés e nas panturrilhas. Começou a massagear nessa região, e o fazia com firmeza, mas com deliciosa suavidade. Suas manoplas subiam e desciam repetidamente, com calor, e iam até a altura dos joelhos apenas, mas aquilo já me excitava um bocado.
Depois, subiu para as coxas, passou o óleo e começou a nova etapa da massagem: suas mãos espalmadas sobre minhas pernas (trêmulas de desejo), uma de cada vez, iam e vinham, e subiam até a altura da virilha, roçando-a de leve. A cada movimento, seus dedos lépidos e aparentemente inocentes iam-se aproximando mais e mais da vulva, já completamente intumescida e louca por algo que fosse além daqueles simples toques, ainda que maravilhosos, ardentes e sensuais.
Alguns minutos depois, passou para as costas, e aí então suas mãos iam desde a bacia até quase tocar o pescoço, passando perigosamente pelo seios, cujos mamilos a essa altura não escondiam o desejo de ser tocados e sugados por uma boca úmida e gulosa.
Num átimo de ousadia, sugeri tirar o sutiã, de modo a facilitar o trabalho. Ele assentiu.
A partir daí, suas mãos não apenas deslizavam sobre minhas costas, mas parecia que queriam penetrar na pele, entrar em mim, tamanha a avidez e força com que ele me massageava. Ao chegar na altura dos peitos, fazia questão de demorar-se nos seus arredores, e já os apalpava explicitamente, suas enormes mãos de macho sugava-os e engolia-os completamente.
Ele não conseguia dissimular o desejo. Notei o volume descomunal formando-se em suas calças brancas e finas, e vi que seu sexo pulsava, parecia querer romper as paredes de uma cela.
Minha buceta estava melada como nunca. Nem o meu marido, em nossos momentos de maior sofreguidão na cama, nem ele jamais conseguiu me deixar tão tarada, tão excitada e louca por uma vara.
Não aguentei. Num gesto tresloucado, justo quando ele passava à frente do meu rosto, levantei rapidamente a cabeça e abocanhei aquele cacete latejante. Mordi-o devagar, prendi-o entre os dentes, que apenas rangiam e murmuravam.
Ele abriu lentamente a braguilha, enfiou a mão e tirou-o para fora, sem pressa, como a me torturar. Apreciei cada centímetro daquela rola grossa e carnuda, meio rósea, meio cavernosa, a sair da calça em direção ao meu rosto.
Sem a leveza e a sutileza do médico, mais que depressa levei aquele caralho à boca, minha louca boca de puta a desejar aquele pau em mim, dentro de mim completamente, entrando e saindo, inundando meu corpo de prazer.
Ele, contudo, profissionalmente, mas com uma crueldade desmedida, retirou seu pênis da minha boca esfomeada e mandou-me virar de frente.
Puta com a sua ordem, mas dócil e impotente, limitei-me a obedecer.
Quando ele viu meus peitos durinhos e com os mamilos tesos, apontando intrépidos para o alto, e minha xana umedecida, enorme, com seus grandes lábios vaginais a me adornar de feminilidade e desejo, e quando então sentiu o odor que dela brotava e se expandia, aí então creio que ele também, nesse momento, perdeu por inteiro a razão, o senso, o tino.
Ele simplesmente curvou-se em direção a minha buça, primeiro aspirou-a profundamente, longamente, depois passou a língua sobre cada um dos seus lábios, uma língua larga, também tesa e musculosa, subindo e descendo por fora, até penetrar no escuro da xana e da loucura, muito, e muitas vezes, e tanto que eu já urrava a cada investida.
Não dei pra ele naquela tarde, no entanto.
Era a mulher mais feliz e realizada do universo, e sabia que aquele momento não seria único, que ele se desdobraria, produziria frutos, se multiplicaria. Disso eu sabia, eu tinha certeza.
Amei todos os momentos daquela tarde alucinante, e sabia que meu marido não só compreenderia minha lascívia como ainda, ele também um escravo da luxúria, se deleitaria e gozaria a cada cena descrita por mim, imaginando e desejando, ele também, poder participar daquela tarde sem peias, sem regramentos, sem censura.
Gileno de Dora