Os dois num papai-e-mamãe intenso. Ela, diabolicamente linda, arfante, lavada de suor, já caminhando para o segundo orgasmo. O primeiro viera quase de imediato, quando começaram a foder.
Detesto admitir: com ele, mesmo que a gente não queira, o gozo vem. É um amante voraz.
Ao pressentir a vinda do segundo gozo dela, deu-lhe um violentíssimo e inesperado tapa na cara, desconcentrando-a.
E gozou, enchendo-a com seu leite abundante.
Filho da puta! Filho da puta!, reagiu indignada. Não precisava fazer isso, eu não ia gozar, merda, eu não ia gozar, seu filho da puta!
Ele, ainda arquejante, não disse nada. Apenas sorriu e beijou-a na boca, calando-a. Ela retribuiu, esquecendo a dor e a raiva.
O amor dela por ele, doentio, supera tudo. Nojento. E o meu, por ela, também. Morro de ciúmes e sofro demais quando ele faz essas coisas. É como batesse em mim. Filho da puta mil vezes, xingo, impotente, em pensamento.
Morta de tesão.
É, o ciúme e esse tipo de raiva me dão tesão.
Não gosto dele, no sentido de amar. Ele também não liga muito para mim. Prefere ela. Ainda bem.
Meu papel nesta história?
Sou o brinquedo preferido dos dois.
Não ligo. Por ela, faço qualquer coisa.
Claro que me questiono. É uma situação absurda. Já não é muito fácil amar outra mulher. Ainda mais perdidamente. Fico puta comigo mesma. Envergonhada. O que me alivia é a esperança idiota, um dia, tê-la só para mim.
Mas ela não me ama.
Até tentei procurar novos horizontes, onde não ficasse apenas com os restos. Com migalhas. Nem me submetesse aos caprichos deles. Tentar uma relação mais saudável. Amar e ser amada.
Encontrei uma garota. Poderia ser um garoto. Mas essa coisa de amar é complicado. Imaginei que poderia amá-la, que iria amá-la. Foi bom. Muito bom. Nunca me senti tão livre, tão plena, dona de mim. Quase liberta. Meus gozos, ainda que mais suaves, pareciam ter sentido.
Mas ela me deixou. Não sofri. Sua ausência, porém, deixou espaço para a indesejada saudade. Resisti. Procurei outras, outros. Ninguém foi capaz de me ajudar.
Deprimida, percebi que estava acorrentada àquele amor sem esperança, unilateral, sem reciprocidade.
Nutrido por restos.
E o mais repugnante é que eu não tinha ainda intuído o óbvio. Talvez eu a amasse realmente. Talvez aquela dor no peito, aquela saudade insuportável fossem mesmo amor.
Mas o que me ligava à ela e à ele, de forma inelutável, não era nenhum sentimento nobre.
Eu gosto mesmo é de ser o brinquedo deles.
Talvez, seja pior que eles.
Ele descolou-se dela, sentando na cama. Bebeu um gole de uísque, acendeu um cigarro. E me olhou.
O gozo não era para mim. Era para você. Viu como eu sou bonzinho?
E nojento, seu ilho da puta, pensei.
Olhei para o belo pau dele.
O adjetivo não é gratuito. Ele tem um dos paus mais belos que já conheci. Um tronco grosso e macio, todo acidentado por veias poderosas, pulsantes, e encimado por uma cabeça perfeita, grande e rosada, protegida por uma couraça tão rugosa quanto delicada, macia.
Deliciosa de sentir nos lábios e na língua. Na boca.
Estava naquele meio caminho entre a ereção e a calmaria. Emborrachado, mas sem perder a pujança.
Brilhante, melado. Irresistivelmente repugnante.
Sou meio porca, admito.
Minha boca encheu-se d’água, forçada pela imaginação. Ou pela certeza de que, nele, eu teria o cheiro dos dois, o gosto dos dois.
Os restos dos dois.
Olhei para ela.
Anda logo, senão vou vazar, disse, com as pernas dobradas e arreganhadas.
Como uma cadelinha obediente, e com os nervos sedados pelos tesão, engatinhei até ele.
Sem pegá-lo, aproximei-me para sentir o cheiro.
Inebriante. De me levar a vertigens de tesão.
Lambi.
De ponta a ponta.
Esfreguei o nariz nos seus pêlos molhados de suor. Mais cheiros. Passei a língua neles, suguei. Mais sabores.
E repugnâncias.
Mais tesão. Muito tesão.
Chupa, ela mandou.
Não obedeci de imediato, como sempre fizera, para acabar logo com ele e passar para ela, e ser comida por ela. E comê-la.
Lutando comigo mesma, arranjando todas as desculpas possíveis para justificar minha desobediência, brigando com um desejo que eu não queria ter. Por ele, não. Nem pelo pau dele. Sucumbi.
Antes de chupá-lo, peguei-o com as duas mãos e o espremi. Os restinhos de esperma começaram a brotar. Os recebi com um beijo, sugando-os e, em seguida, lambendo a cabeça maravilhosa.
Sou uma vaca, uma idiota, uma puta, uma desgraçada, uma sem-vergonha.
Quando se sente tesão pelo que a gente jura que não quer, ele é maior. Infelizmente.
A merda é que eu não queria admitir. Para todos os efeitos, eu só fazia aquilo para agradá-la, para fazê-la subir pelas paredes de tesão. Como uma lagartixa.
Faço isso por você sua puta, porque te amo, pensei. Não porque goste deste filho da puta. Delicioso. Claro que agradá-la fazia parte do jogo. Mas era apenas uma parte do jogo.
Na verdade, uma mentira.
A lagartixa era eu. A mais vagabunda das lagartixas.
E hipócrita. Comigo mesma.
Um poço de mentiras.
Sou capaz de afirmar com assustadora sinceridade que não sei se sei chupar bem ou mal. Na mesma linha, que não gosto de chupar o pau dele. Que só o chupo porque o ele tem o gosto dela.
Mentira. Ressentimento.
Sempre gostei de putaria, qualquer uma. E o pau dele, assim temperado com os restos dos dois, me faz subir pelas paredes. Mesmo sendo exclusivamente dela.
E chupo com gosto, merda, com um tesão alucinante.
Depois que o tesão se esvai, sinto um desconforto dos diabos, insuportável, ao lembrar do que fiz.
Mesmo assim, sempre faço.
Até coisas muito piores.
Mas é difícil admitir para mim mesma que faço por mim, que sou tão depravada, pervertida. Tenho que ter uma desculpa para isso: o amor por ela e o ciúme dele. Tenho que ser vítima. Não deles. De mim mesma.
Acho que só assim consigo conviver comigo mesmo, com meus pensamentos, sujos, com esta atração inelutável pela perversão.
E tão difícil admitir isso...
Puta, por causa do tesão. Por estar gostando e por não conseguir disfarçar a minha volúpia.
Dividida.
E extasiada. Louca de tesão.
A reação à minha boca não demorou. Endureceu.
Chega, ele disse.
Fingi que não ouvi.
Com a palma da mão na minha testa, ele me repeliu.
Chega, porra!
Humilhante.
Excitante.
Pensei, juro, em pedir para ele deixar eu chupar mais um pouquinho. Só mais um pouquinho.
É assim que eu penso, merda. É assim que meu êxtase aumenta de forma absurda.
Não pedi, claro. Foi apenas um joguinho perverso comigo mesma.
Até porque, na sucessão de pensamentos, havia um outro mais poderoso.
Eu até gostaria que ele gozasse na minha boca. Mas não queria o leite dele “puro”
Queria temperado.
Com o leite dela.
E ela já estava em agonia, impaciente para me servir a deliciosa mistura que estava dentro das suas entranhas, prestes a vazar e se perder no lençol.
E, por fim, gozar na minha boca.
De bruços, já com a cabeça entre as pernas dela, olhei.
A bucetinha dela é linda. Inchadinha e fechadinha como uma concha.
Os pelos são lisos, delicados.
Anda logo, sua porca...
Dizer que não dói é bobagem. Ninguém, mesmo uma porca como eu, gosta de ser chamada assim.
Mas me dá tesão.
Ela sabe disso, embora eu jamais o tenha confessado.
Com delicadeza, abri sua conchinha. O clitóris, saltado de tão duro. Quase cedi à vontade louca de beijá-lo, de lambê-lo, de sugá-lo. Mas a pressa nesses momentos, não é uma boa amiga. A falsa calma ou falso controle, sim. Tem o poder de multiplicar o êxtase ao limite do insuportável.
Mais abaixo, o prenúncio do que viria. Um filetinho de caldo vazava sem pressa.
O cheiro, meu deus, o cheiro da buceta, avermelhada de tanto foder, cheia de esperma, fodida, quente, fervendo.
Comecei de baixo, bem debaixo.
Do cuzinho, enrugadinho e delicioso, para cima.
Já disse, sou porca. Adoro lamber o rabo dela. Meter a língua nele. Ela se contorce toda de tesão. E me sobreveio um pensamento maldito. É sempre assim.
Desta vez, porém, não fiz.
E me sobreveio um pensamento maldito. É sempre assim. Tomar o leite dele não na buceta, mas no buraquinho dela. Fui à lua.
Mas me controlei.
Uma lambida só, lenta, demorada, até o grelinho, já sentindo, além do cheiro delicioso, o gosto.
Outra.
Ela gemeu.
Mais uma.
E ela retendo o leite.
Cheiros e sabores.
Restos.
Colei a boca com a língua enterrada nela.
Sentiu seus músculos se retesarem e, logo em seguida, o jorro caudaloso da mais divina das misturas. O caldo dela e o esperma dele.
Ele veio por trás de mim e me suspendeu pelas ancas.
Me abri toda para recebê-lo
Fode essa porca nojenta, ela gritou extasiada.
Ele meteu.
Uma delícia.
Ô homem para foder gostoso!
Não engoli de imediato. Gosto de sentir o creme na boca, pegajoso. Na cara também. E foi isso que fiz, esfreguei a cara na buceta dela. Da testa ao queixo.
O gozo dela veio. Sofrido. Sua pernas vibravam como se estivesse sob efeito de choques elétricos. Convulsivas.
Não vou engolir, ainda não, ainda não...
Em meio aos estertores dela, engoli.
E meu gozo veio.
Com o dele.
Gozei como uma louca.
Como uma porca.