Flávia, o regar das rosas II

Um conto erótico de K.
Categoria: Homossexual
Contém 2771 palavras
Data: 04/02/2010 18:12:54

(caso seja de seu interesse ler a primeira parte desta narrativa, basta acessar meu perfil).

Na hora do gozo todas as impossibilidades parecem solucionadas num instante. Enquanto eu vagava inebriada pela situação inusitada com Sophye, supunha milhões de ocasiões para repetir com aprimoramento nossa aventura. Mas enquanto eu ouvia o chuveiro do banho de Sophye, meu corpo foi retomando a usualidade e, com ela, o receio e a confusão. Senti de súbito uma vergonha de meu corpo, como se houvesse conspurcado alguma coisa sagrada. Levantei e me vesti muito rapidamente, colocando inclusive uma outra calcinha, a mais comportada que eu possuía. Meus movimentos ansiosos eram movimentos de quem se acha em perigo. Em seguida foi inevitável sair de casa pra não me deparar com minha prima. Ficava imaginando o sorriso trocista dela ao me olhar e essa imagem me causava uma estranha sensação de desamparo. Saí e fui andar, um tanto abobalhada, pelas ruas. O mais incrível era que eu tinha certeza da minha total estupidez, mas parecia que alguma coisa havia se descolado de mim após tanto prazer. Era como se após sentir tanto prazer, nada mais restava e tudo era vazio. Me peguei rindo de mim mesma quando passava de frente uma loja de tecidos. O que incomodava não era ter sentido prazer com uma mulher, mas o fato de ter sentido prazer. Eu nunca havia gozado daquela maneira, nunca havia sentido com tanta intensidade um outro corpo. Quando eu transava com os namoradinhos, tudo que eu fazia era entreabrir as pernas e esperar. Ficava tensa e ansiosa pra que tudo acabasse logo. Eles, coitados, nem notavam. Eu abria as pernas mas rigidamente, intentando mais fechá-las que relaxá-las. Quando eu lembrava de Sophye com a buceta toda exposta e eu de pernas abertas com um dedo dela me fodendo, me sentia ao mesmo tempo desrespeitada e feliz. Nunca teria aberto as pernas caso ela tivesse pedido, nunca. E exatamente essa entrega inconsciente é que me sufocava. Como eu tive coragem de tocá-la? Um dedo na xota dela! De tanto nervosismo eu começava a rir. Voltei pra casa muito cautelosa, como se retornasse a um campo minado que acabara de passar.

Quando cheguei em casa todas as minhas suposições das reações de Sophye revelaram-se completamente errôneas. Ela mal me olhou, ainda mais com a cara de assustada ou sarcástica que eu esperava... Nos dias seguintes percebi que nós duas fazíamos o máximo para nos ver o menos possível. Ela passou a chegar muito tarde, e eu passei a ler meus livros na varanda, só parando quando ela tomava seu banho e se deitava. Mas nosso caráter não era de permanecer nessa dissimulação ridícula. Era só uma questão de tempo para uma de nós explodir e fazer qualquer coisa pra interromper aquele clima de solenidade funérea. E mais uma vez foi ela quem tomou a iniciativa:

- hei, que merda é essa? – chegou perto de mim, pos uma mão em meu ombro e me perguntou me olhando diretamente. Eu nem fingi desentendimento. Ri e mandei ela ir tomar no cu. Surpreendentemente ela explodiu numa gargalhada de dobrar-se em duas. Acho que foi minha cara. No esforço de respondê-la a altura, sei que fiquei rubra. Mas ela gostou de meu arroubo de coragem. Logo trouxe uma revista de moda pra discutirmos juntas. Com a discussão correndo, fui suplantando o embaraço de olhá-la nos olhos. Após umas discussões mais acirradas de umas tendências meio suspeitas de um estilista maluco da Finlândia, já conseguíamos falar como dantes. Isso, é claro, considerando as aparências. Sempre retornava à minha mente o biquinho escurinho dela em minha boca, ou os gemidos que ela emitia. Não era possível, afinal, fingir para mim mesma que não estava ansiosa com o desenrolar das coisas. Mas minha ansiedade não se devia a alguma excitação desenfreada. Não via Sophye com olhos de desejo. O que havia era perigo, aventura, esse sentimento de que algo diferente ocorre. E aliado a tudo isso, havia o medo e o terror de imaginar ela zombando de mim. Senti um tapão no braço.

- oo, sua besta, ta aonde? –

- sei lá... – Sophye bocejou alto e se levantou.

- hei, Sophye, o que foi? – meu modo de falar usando seu nome em vez de algum palavrão a fez se voltar séria. Vi que ela olhou para a altura dos meus seios bem rapidamente. Antes um olhar desses passaria completamente despercebido, mas agora todos os meus mecanismos de percepção estavam focados nela. Eu queria e não queria que ela tocasse no ocorrido entre nós. Na verdade fiquei imaginando durante as noites anteriores eu tomando a iniciativa e falando com ela, assim, de supetão, perguntando se ela havia gostado da minha buceta, ou o que achava de continuar e meter também na minha bunda. Loucuras de uma imaginação prodigiosa, embora prevalecesse a certeza de que eu capitularia para dizer muito menos do que isso. E agora, olhando pra ela, eu tinha certeza de uma coisa que não sentira antes: eu queria ouvir alguma coisa da boca dela. Algum insulto, alguma indicação de que ela queria referir-se a nosso jogo de antes. E ela com dois dedos pegou em meu nariz e torceu levemente. Eu fingi sufocação e a empurrei.

- que narigão! Será que é indício de grelo grande? – ela falava com ar sério, numa pose de professora graduada. Essa atuação dela sempre me fazia rir. É que ela usava o português mais perfeito, as entonações mais eruditas proferindo palavras sempre de pouco calão. Quando fiz menção de revidar, ela saiu rebolando para nosso quarto. Senti um peso enorme nos deixando. Quando já estávamos deitadas, a luz apagada, ela começou a falar. Aquele tom meio abafado de quem está deitado.

- sabe o que vi hoje? – nem me deixou responder. Aquele tom dela, esse modo de perguntar sempre significavam que vinha sacanagem por aí. – achei no almoxarifado do hotel uma revista... – parou e riu. Não me contive: - revista do que, hem? – umas dez páginas de mulheres dando o cu. – era impossível não rir do jeito dela falar. Proferiu as palavras “dando o cu” num tom de lamento, imitando dor.

- e você trouxe ela pra eu ver? –

- trago amanhã, se achar. –

Minha boca estava seca. Essas revistas ainda eram novidade para mim, embora já houvesse visto antes. Internet ou mesmo filmes eróticos ainda eram inacessíveis em nossa cidadezinha pequena. Estava querendo que ela continuasse falando. E ela falou, mas de outro ponto de vista.

- sabe, tinha uma com um trambolho enfiado só a cabeça na bundinha. Era um extintor aquilo. Muito grosseiro. – seu tom era meio sonhador ao falar. Achei estranho.

- você não gostou? – ela riu baixinho. – fiquei molhada, mas nunca faria aquilo daquela forma. – tive de continuar perguntando: - como assim, que forma? –

Com aquela insensibilidade, sabe, como se a bunda dela fosse outra coisa que não um corpo de gente. – fiquei meio frustrada com o rumo da conversa, mas também surpreendida com a sensibilidade com que ela analisara aquilo. Me senti de novo desamparada com o tom reflexivo dela. Eu nunca conseguia me aproximar dela. Sempre estava esperando por ela. Ergui-me levemente e a fitei. Ela se havia virado para o outro lado. Achei que ela chorava. – Sophye, está... Chorando? – ela se virou rápido com certeza surpreendida. Quase morri de vergonha.

- por que você achou isso, Flávia? – de fato eu não sabia porque tinha suposto isso.

- não sei, é que te achei longe. – ela riu. E dessa vez nem um pouco sarcástica. Vi que ficou feliz. Não dissemos mais nada e dormimos.

Os dias seguintes passamos retomando nossa tranqüilidade. Falávamos à noite, ríamos, Sophye sempre irreverente. Uns três dias depois ela chegou me contando que havia rasgado a revista encontrada no hotel. Fiquei surpresa. Ela explicou-me que havia sentido nojo daquelas imagens caricaturais. Foi nítida minha decepção. Eu estava curiosa para ver a revista.

- hei, que graça tem ver uma bunda rasgada? Lá só tinha isso. – me deu um tapinha na bochecha enquanto falava risonha. Me molhei instantaneamente. Minha excitação estava definitivamente aflorada naqueles dias. Eu sentia todo meu corpo, o tempo todo, latente, como se algo quisesse desaguar de mim. Eram dias difíceis. Minha concentração estava longe do aceitável, a todo momento alguma coisa relacionada com Sophye assaltava minha mente.

O dia seguinte após essa notícia foi meu aniversário. Sempre me sinto melancólica em meu dia de anos. Como sempre morei sozinha com minha mãe, nunca tivemos o hábito de comemorar essas datas, tampouco de trocar presentes. O máximo que minha mãe fazia era preparar um almoço mais caprichado. Aliás, foi o caso daquele dia. Como Sophye não vinha almoçar conosco, almoçamos sozinhas, eu com um nó na garganta, a todo momento impedindo uma lágrima de descer. Com toda certeza havia algo errado comigo. Não conseguia compreender aquele descontrole emocional. Mas minha surpresa foi ainda maior quando, ao terminar o almoço e ir ao banheiro, ao abaixar minha calcinha me vi toda encharcada na xota. Isso me intrigou demais. Nem pensei muito. Peguei meu travesseiro e deitei-me já com ele entre as pernas. Gosto de esfregar primeiro o travesseiro até sentir que o gozo está iminente, para depois enfiar um dedo. Eu estava incrivelmente excitada. Mal continha meus gemidos. E o pior era que todas as imagens bizarras que passavam em minha cabeça eram de Sophye. Quando me masturbo penso as coisas mais absurdas e surreais. À medida que o gozo se aproxima, as imagens vão se tornando cada vez mais bizarras e ordinárias. Coisas como, porra escorrendo da cara, uma bunda sendo rasgada por um cabo de vassoura, eu correndo nua pela rua e sendo fodida por qualquer um... Etc. enfim, tudo que a iminência de um gozo pode produzir numa mente fantasiosa. Mas nesse dia, diferentemente, todas as imagens tinham alguma relação com sophye. Era Sophye me estapeando a bunda, Sophye metendo um dedo em minha buceta, a calcinha de Sophye enfiada em minha boca... Etc. gozei mordendo, literalmente, a fronha, ou melhor, o lençol, porque a fronha estava no travesseiro entre minhas pernas. Mas, quase sincrônicas ao gozo vieram as lágrimas reprimidas no almoço. Eu queria mais. Ou eu queria o que? Que história era essa de imaginar tanta loucura, tanta imagem grosseira, violenta? Por que eu me excitava com essas “barbaridades” eróticas se nem ao menos tinha coragem de pedir qualquer coisa que fosse a Sophye? Sophye?!

Não era amor no sentido convencional que eu sentia por minha prima. Eu sabia disso. Eu simplesmente queria ter liberdade com ela, ser libertina. Queria poder me expressar com ela como se expressasse para mim mesma. Queria poder, caso quisesse, a qualquer hora erguer sua saia e meter um dedo em sua bucetinha e fazê-la gozar. Mas também queria deixar de ser tão suscetível e piegas. Sempre me detestei chorando. Sempre me detestei lamentando. Virei a cabeça e olhei-me refletida no espelho e ri desconsolada. “Idiota!” “louca de tesão!”

Esse dia fiquei em casa o restante da tarde. Dormi um pouco e depois fui tomar um banho demorado. Depois de ensaiar um solfejo desafinado no chuveiro e de acrescentar alguns dígitos no valor da conta de luz, saí do banho e me enxuguei. Então resolvi dar uma ajeitada numa das unhas do meu pé que havia quebrado num tropeção que eu dei. Peguei primeiro um cortador de unha e me ajeitei da melhor forma possível no banheiro. Coloquei o pé com a unha danificada (o direito) em cima do vaso. Ainda estava nua e bastante absorta em meu trabalho.

- posição ideal de foda. – tremi toda de susto com a voz de Sophye em minhas costas. a filha da puta havia entrado sem que eu notasse.

- que susto! Chegou mais cedo hoje... – ela disse que havia pedido pra sair àquela hora por causa do meu aniversário. Falou com tanta naturalidade, como se meu aniversário fosse uma data que requeresse, obrigatoriamente, uma saída antecipada do trabalho. Nem soube o que dizer. Nunca soube como agradecer a essas gentilezas. Apenas virei a cabeça e sorri pra ela. Ela, apenas de calcinha, já que iria tomar banho, com aquela cara interrogativa que ela sempre fazia quando estava curiosa, aproximou-se de minhas costas e tentou olhar o meu trabalho. Mas ela não precisava ficar em minhas costas pra vislumbrar meu pé. Bastava dar a volta. Eu, já com a respiração meio suspensa, senti sua aproximação e o toque de leve de seus seios em minhas costas. Meu corpo se retesou todo ao toque. Já nem enxergava minha unha quebrada. Nem tentei continuar a reparação, porque era perigoso eu arrancar meu dedo fora. Ficamos as duas em total silêncio. Era impossível falar. Senti então um dedo percorrendo a lateral externa de minha bunda. Ele contornava desde a cintura até a dobrinha inferior, chegando até bem próximo do meu sexo. Pela primeira vez, achei que minha prima estava ansiosa. Parecia com pressa. Seus movimentos eram lentos, mas eu sentia essa ansiedade latente em seus gestos. Um tremular de asinhas iniciou-se em meu ventre. Um outro dedo, agora da outra mão, percorreu a circunferência de meu bico esquerdo. Não pude evitar um suspiro. Na verdade não queria evitar mesmo. Só tinha todo o medo do mundo de fazer algum movimento que interrompesse Sophye. Então ela se abraçou a mim por trás e pude sentir todo seu corpo contra o meu. O dela era quente, emanando um odor de suor misturado com o cítrico do perfume que ela gostava. O dedo que percorria minha bunda agora era uma mão que apertava uma nádega abrindo-a e fechando. Então senti a buceta dela esfregando em minha bunda. Meu corpo doía pela posição desconfortável. Mas quando um dedo dela apertou meu biquinho e um outro abriu minha buceta, eu me esqueci de qualquer desconforto. Não sei se ela sabia onde tocar, se sabia tocar de alguma maneira especial. O que sei é que eu estava tão excitada, tão surpresa, tão assustada, tão tudo, que apenas podia sentir, indefesa, presa. Logo senti seus lábios roçando minha nuca e seus peitos coçando minhas costas. Senti os dois pontinhos duros bem perceptíveis contra minhas costelas. Seus seios tentavam me abraçar.

-que loucura... – foi o sussurro que ouvi dela. E ao mesmo tempo seu dedo passou a me foder lentamente. E eu passei a contribuir, jogando minha bunda contra ela. E de alguma forma meu braço direito insinuou entre minha bunda e a virilha dela. Procurei com os dedos sua bucetinha e não foi difícil senti-la. Toquei ali. Foi instantânea a reação dela. Seu dedo enfiou mais em mim e meu bico foi torcido. Sua buceta estava muito molhada. Ainda tinha consciência para sentir uma certa estranheza em tocá-la. Mas toquei em cada dobrinha com cuidado, procurando, instintivamente, descobrir onde ela mais gostava. E quando ela apertou os peitos contra mim e passou sua língua em minha nuca, eu tive certeza que encontrara o ponto certo. Acariciei aquele pontinho minúsculo e ela passou a gemer contra meus cabelos. E eu comecei a perder o controle de meu corpo. E quando ela enfiou mais um dedo, eu desci minha perna do vaso e retesei o corpo aguardando o orgasmo que vinha. Então fui virada e abraçada por ela que gemia e tremia como eu. Foi um beijo apavorado, sufocado. E também fiz meu primeiro ato ousado: quando eu senti que iria explodir, apertei sua bunda com minhas mãos e passei um dedo com força no seu reguinho, indo desde a buceta até seu cuzinho. E tenho certeza que o senti piscar. É incrível como nesses momentos orgásticos algumas imagens permanecem para sempre gravadas em nossa memória. Então pressionei a ponta de meu dedo contra seu cu e gozamos em solavancos descompassados e desesperados.

- ai meu cu, sua puta... – foi o gemido emitido por ela quando gozava. E ela gozava com raiva, como se estivesse sentindo muita dor. Mas não era dor, não era algo fácil de descrever. Era como se ela quisesse me mastigar e engolir. Eu apenas gemia e rebolava num de seus dedos que ainda me fodia muito rápido. Como eu quis gritar e arrastar-me no chão de tesão e frenesi! Mas logo senti os braços de Sophye integralmente em mim e o suor pingando de nossos corpos. Então a lucidez começou a derrotar o desejo. Nos desgrudamos e eu quis sentir um abraço. Quis também dizer alguma coisa indizível, alguma coisa que pudesse compensar tudo que por ventura eu tivesse feito de errado.

- boba... – foi a frase mais perfeita que ela pôde me dizer. A disse com um sorriso carinhoso. Algo raro nela. Só aí percebi minhas lágrimas de alívio. Senti também em minha boca o gosto dela. Da língua dela. E fiquei assustada de novo.

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Comentários

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Excelente... Um otima história... Prende ate a respiração do leitor.

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Não tenho palavras para descrever seu talento, és escritora de mão cheia.

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Karla, estou ansioso pela sequência dessa história. Tenho lido inúmeros contos e os seus têm me instigado pela forma da sua escrita. Não sei se já leu Henri Miller, nele, o que mais chama a atenção é a solidão contida em suas narrativas. Para mim ela vai além da pornografia. Sinto o mesmo lendo você. Por favor, continue a escrever. Um abraço.

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é sempre bom receber uma contrapartida dos leitores. sei que esse estilo de contos não é muito lido. mas escrevo àqueles que realmente gostam de ler e de um texto bem estruturado.

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