CapRazão ou emoção?
Seguiram viagem pela Rodovia Santos Dumont, cerca de 95 Km até a cidade de Teresópolis cidade natal de Thiago. Durante a viagem Thiago mostrou toda sua empolgação, falou de seus pais para Paula, e o quanto estava feliz pela decisão de conhecê-los.
- Amor! Que bom que você enfim pensou em oficializar nosso relacionamento. – Disse Thiago eufórico.
- O que dizia? - Paula estava com o pensamento em outro lugar.
- Você tá meio tensa hoje. Algum problema? - Perguntou preocupado.
- Não. Estou bem meu amor. Só estou meio cansada. - Olhou para ele e fez um carinho em seu rosto. "Eu vou te esquecer Tarine, custe o que custar." – Pensou.
No Rio.
- Alô!
- Gabrielle? Tudo bem? É a Tarine.
- Tarine? – Gabrielle ficou surpresa, assustada... Apavorada. – Estou bem... E você?
- Melhor agora...
Silêncio.
- Eu liguei pra saber se ainda está de pé aquela proposta.
- Proposta? – Ficou inquieta... “O que ela quer dizer com isso?”
- De conversarmos sobre o seu casamento...
- Oh! Claro... Sim, porque não?! – Sentiu um alívio, porém ao mesmo tempo uma ligeira decepção.
- Podemos nos encontrar?
- Sim. É... Quer almoçar comigo?
- É só dizer o local.
Combinaram o local do encontro e desligaram os celulares. De um lado Gabrielle estava confusa, pensava que depois do incidente no banheiro talvez não fossem mais se falar. Do outro Tarine estava eufórica. "Custe o que custar Gabrielle, hoje vou saber qual é a sua?" Pegou as chaves do carro e foi até o local combinadao. Estava realmente disposta a colocar as cartas na mesa.
No carro...
- Estamos quase chegando, faltam apenas alguns quilometros, chegaremos á tempo para o almoço, precisa se alimentar, deve estar mesmo cansada. - Disse colocando a mao sobre sua coxa nua e sorrindo maliciosamente, estava se referindo ás horas de sexo que para ele foram de matar.
Paula respirou fundo e fechou os olhos para digerir aquele gesto que estranhamente a estava repunando. Pensou novamente em Tarine. "Que droga! Droga! Droga! Sai da minha cabeça." Segurou a mao de Thiago e a fez com que subisse entre as coxas em direção á virilha. Thiago tirou a mão.
- Hey! Calma meu amor. Já estamos chegando, e tenho que manter a atenção no transito.
Paula novamente respirou fundo virou o rosto para a janela do carro e ficou olhando para o nada.
No Restaurante...
Tarine desceu do carro e o entregou ao manobrista. Entrou no restaurante e não demorou muito logo avistou Gabrielle, ao longe, uma visão dos deuses, foi despertada pelo garçon que perguntava:
- Boa tarde senhora. Deseja uma mesa?
- Não, tudo bem obrigada, estou com alguém, já encontrei.
O garçon se afastou e Tarine seguiu até Gabrielle, que estava vestida como no primeiro dia em que a viu. Usava os oculos para ler o cardápio que segurava nas mãos sedutoramente... Aos olhos de Tarine, tudo em Gabrielle era sedutor e provocante.
Gabrielle viu Tarine se aproximar e abriu o melhor sorriso, não queria ser tão descarada mas não evitou a felicidade imensa em vê la. Desfarçou um pouco, mas continuou sorrindo, e o coração que já quase saia pela boca, tirou os oculos levantou se para recebê la com dois beijinhos.
Tarine aproveitou colocando a mão na cintura de Gabrielle apertando delicadamente e o que sentiram fez com que prolongassem o contato mais que o necessário. Quando os olhares se encontraram, era como se tudo parasse, como naquela tarde de Sábado no shopping. Não havia mais vozes ao redor, nem nada que as tirasse daquele momento hipnótico. "Meu Deus... Que mulher é essa?" Pensou Tarine. Recuperando sua conciência, o que provavelmente demorou alguns minutos, Gabrielle foi a primeira a pedir que se sentasse.
- Então Tarine o que quer comer?
Aquela pergunta poderia ter muitos sentidos, e Tarine não pode evitar o pensamento: "Você... Quero devorar você Gabrielle" seguido de um sorriso malicioso que fez Gabrielle corar. Os olhares continuaram intensos e para a felicidade de Gabrielle, o garçon se manifestou para pegar os pedidos. Tarine olhou o cardápio por algum tempo e finalmente disse:
- Uma salada tropical. Em seguida um Bacalhau à Lagareira. E para acompanhar, um vinho branco, pode ser um Chardonnay.
- Bem, parece que você entende do assunto... Vou te acompanhar. - Disse olhando nos olhos de Tarine em seguida falou para o garçon. - Por favor! O mesmo pra mim.
O rapaz logo se retirou deixando as novamente na situação constrangedora de olhares mais que incinuantes da parte de Tarine e preocupado da parte de Gabrielle.
Um silêncio novamente quebrado pelo feliz garçon que sempre chega na hora certa, colocando o vinho nas taças.
- Bem! Já pensou aonde vai ser a cerimonia? Igreja? E a Recepção? - Perguntou Tarine.
- Na verdade ainda não. Luiz quer casar numa capela. E eu... Bem não decidi ainda. - Respondeu Gabrielle bebendo o vinho sem perceber que este ato deixava Tarine deveras envolvida em todos os seus movimentos.
- Entendo. Estive pensando em muitas coisas posso te dar umas dicas se me permitir.
- Sim claro! Aceito sugestões.
Alguns goles são suficientes para Gabrielle começar a se soltar, o que não passa despercebido por Tarine que a devora com os olhos sem pudor. Gabrielle não capta os sinais nem percebe o joguinho, mas mesmo alegre com o vinho não facilita nem aprova nenhum tipo de aproximação da parte de Tarine que coloca a mão por cima da dela e diz:
- Cá entre nós, não creio que queira casar se... Em uma igreja. - Disse Tarine insinuante.
Gabrielle tira rapidamente a mão e segura o colar pelo pingente e fica brincando com a peça.
- E... Por...que... que... não? - Perguntou deixando o nervosismo estampado na voz.
- Não sei... Pela minha percepção acho que não combina com você. - Disse segurando a taça de vinho com a mão que foi regeitada.
Gabrielle toma mais um gole. Não é nada fácil ficar tão próxima de Tarine, se sente muito vulnerável. Mais um.
- E a decoração? Já pensou em algo? - Perguntou quebrando o silencio embarassoso.
- Ainda não pensei em nada Tarine. - Disse virando o rosto para o lado.
- Não pensou em nada? Caramba, todas as minhas clientes adoram sonhar com o dia do casamento, planejar, ousar. Mas você...
Gabrielle levou a mão ao colar.
- Eu o que? - Interrougou olhando a nos olhos.
- Não me parece muito empolgada. - Provocou Tarine. "Vai ter que ceder Gabrielle... Vai ter que deixar escapar alguma coisa... Vamos lá me ajuda." - Pensou.
Novamente Gabrielle brinca compulsivamente com o colar.
- E... e... eu só não tive... tempo a... ainda de pensar, foi tudo muito.... muito rápido. - Respondeu.
- Você brinca muito com esse colar. - Provocou novamente fitando seus olhos.
- É hábito nervoso. - Responde desviando do olhar da outra.
- Te deixo nervosa? - Provoca novamente.
Mais uma vez o garçon querido:
- Senhoras aqui está. Bom apetite. - Disse e colocou os pratos de salada sobre a mesa.
No carro...
- Chegamos! - Disse Thiago estacionando o carro.
Logo uma senhora que parecia ser sua mão veio os receber.
- Meu bebê, que bom que veio. - Beijou o filho. - e você deve ser a Paula. - Paula afirmou com um gesto de cabeça e logo foi abraçada pela mulher.
- Venham o almoço está servido, aguardavamos vocês.
Paula foi apresentada ao restante da familia e se sentaram á mesa. Almoçaram tranquilamente, o ambiente, as pessoas, tudo muito agradavel. Mas ainda não estava completo.
No restaurante...
O resto do almoço Tarine resolveu não provocar mais, afinal o que queria saber já soube. Gabrielle não estava tão empolgada ocm o casório.
O garçon trouxe a conta e ficaram discutindo para ver quem pagava. Resolveram que seria metade, metade.
- Não se case Gabrielle. - Disse Tarine de uma vez só.
- O que? - Perguntou incrédula.
- Você não o ama.
- O que faz você pensar assim? O que sabe sobre mim Tarine?
- Eu sei o que vejo. - Disse olhando nos olhos.
- E o que vê Tarine? Acho que está confundindo as coisas.
- Não se case Gabrielle. - Repetiu.
- O assunto já está ficando constrangedor. Depois conversamos para acertar os detalhes do contrato. - Disse levantando se para sair do restaurante.
Tarine a puxou pelo braço. O contato fez as peles se arrepiarem, e Gabrielle fechou os olhos sussurrando:
- Por favor Tarine... Me solta... Não posso.
- Não pode o que? - Perguntou no mesmo tom - Não casar com um homem que não ama? Ou não pode ceder ao que está sentindo? O que não pode Gabrielle?
- Sentindo? O que estou sentindo Tarine? - Perguntou, porém mais para sí mesma, procurando uma resposta.
- Me diga você.
Novamente os olhos se encontraram, os negros nos azuis. Gabrielle desviou o olhar e olhou para a mão que ainda segurava o seu braço.
- Me solta.
Como se milhoes de faca penetrassem em seu coração Tarine soltou o braço de Gabrielle que saiu apressadamente do restaurante.
"Isso... Foge de novo... Pode fugir de mim, mas não do que sente Gabrielle, assim como eu você vai tentar e não vai conseguir."
Na casa dos pais de Thiago...
- E então pra quando é o casamento? - Perguntou Dona Benta mãe de Thiago.
Paula ficou constrangida olhou para Thiago e viu nos olhos dele todo o amor que nunca teria de Tarine.