Cap – 18 - Confusão de sentimentos.
Na sala de Paula.
Paula com um esforço imenso saiu do lugar e foi até a cadeira atrás da mesa. Deixou se afundar na poltrona. Tudo que queria era sumir, largar tudo e fugir. Queria chorar, mas as lagrimas não queriam sair, outro sentimento além de lamento tomou seu ser. Sentia raiva. Decepção, mágoa, dor... Odiou o dia em que se viu apaixonada por Tarine. Uma ânsia desmedida de entrar naquela sala e arranca-la dos braços daquela que roubou a de si, tomou conta de seu corpo. Raiva... Muita raiva, foi o que sentiu por Tarine, deixou que o amor que sentia por ela se transformasse em ódio. Puro e selvagem, primitivo quase. Vingança... Era o que seu peito clamava. Queria se sentir bem, não deseja-la nunca mais, e talvez... Cometer um ato ilícito. Não... Nunca seria capaz. Mas dentro de si a dor era incalculável. Sentiu vontade de vomitar e por para fora tudo que a angustiava, mas não quis... Quis alimentar esse sentimento voraz, quis que ele aumentasse... Quis... Vingar se. Como? Não sabia.
O telefone toca...
- Sim Arlete!
- Srta. Moraes, tem uns orçamentos aqui que precisam ser aprovados. A Srta. Schimdth pediu para não ser incomodada.
Novamente a dor da perda, da lembrança que teimava em não sair de seus pensamentos. “Vingança...” Essa palavra se repetia em sua mente.
- Srta. Moraes. Está me ouvindo? – Perguntou Arlete preocupada.
- Sim, traga os, por favor. – Disse Paula.
Um minuto depois Arlete já estava batendo á porta.
- Entre Arlete. – Ordenou Paula.
Na sala de Tarine...
O beijo que parecia ardente agora era mais calmo. Tarine continuou o beijo para distinguir os sentimentos... Nada... Simplesmente nada... Toda a empolgação de sempre pelo corpo maravilhoso de Gabrielle se esvaia... Por que?
Gabrielle percebeu a hesitação de Tarine e parou de beija-la. Se olharam...
- Algum problema? – Perguntou Gabrielle
- Não sei...
Tarine pareceu refletir... Tudo que sempre quis estava ali, diante dos seus olhos, beijando a, mas não a queria... Não mais... Mas por quê? Tinha a resposta dentro de si, mas não quis admitir.
Queria ter a prova... Aproximou se de Gabrielle para mais um beijo... Que foi correspondido.
E novamente um beijo, sem muitas emoções, nada de corações palpitantes, nada de respirações ofegantes... NADA. Desistiram.
- Tarine... É melhor pararmos... Não adianta... Sinto que você não quer... Só não consigo entender por que, e depois de tanta insistência... – Disse Gabrielle convicta.
Tarine continuou calada, não havia o que dizer... Não sabia o que fazer. Viu Gabrielle se afastar e abrir a porta.
- Depois nos falamos... – Disse e fechou a porta atrás de si.
Tarine ficou de boca aberta, sem saber o que dizer. Jogou se na cadeira, e pensou naquela que sempre esteve ao seu lado, e que por incrível que pareça ocupou aos poucos o lugar de Gabrielle em sua vida...
Na sala de Paula.
Arlete ficou apreensiva, viu no rosto de Paula uma expressão nunca jamais vista por ela. Não soube decifrar. Instintivamente se aproximou de Paula para com toda intimidade que nunca lhe fora dada questionar o seu estado:
- Srta. Moraes, está tudo bem?
- Não é da sua conta Arlete, faça o seu trabalho. – Respondeu Paula com frieza, a qual jamais havia tratado qualquer pessoa que fosse.
- Desculpe Srta. Já estou de saída. – Disse pousando os papeis sobre a mesa e ameaçando sair.
- Espere Arlete. – Ordenou Paula.
Arlete sentiu se estremecer, a voz de Paula lhe causava esse efeito. Mas nunca foi capaz de demonstrar, jamais o faria. Perderia seu emprego, e todas as chances de sua vida de ficar ao lado daquela que amou durante esses dois anos. Virou se de frente para ela.
- Me desculpe eu não quis... Enfim, não ligue pro meu mau humor. – Disse Paula se aproximando de Arlete.
Arlete retesou todos os seus músculos ao perceber a proximidade cada vez maior entre ambas. Nos olhos de Paula pode ver o que sempre desejou ter durante esses anos, mas não estava gostando nada daquilo. Deu alguns passos para trás a medida em que Paula se aproximava. Recuou mais, até que suas costas bateram na porta. Sentiu a boca de Paula próxima a sua.
- Srta. Moraes, o que está fazendo? – Perguntou Arlete trêmula, com a voz denunciando seu estado de excitação por ter o que sempre desejou.
Paula nada dizia apenas se aproximava. Sentiu um desejo tomar posse de seu corpo. Arlete era uma mulher atraente, cabelos castanho claros, olhos cor de mel. Uma bela visão, que despertaria desejo em qualquer homem, ou até mesmo mulher. Aproximou sua boca dos lábios de Arlete disposta a afogar suas magoas naqueles lábios carnudos e rosados. Um beijo... Ardente... possessivo a fez refletir: Não sentiu nada... O desejo se esvaiu ao mesmo tempo em que os lábios se tocaram. Paula não conseguia digerir o que acabara de fazer... Estava beijando outra mulher? Sim... E isso por dentro a fez se sentir bem, por um lado, pois teria a prova que lhe diria sobre sua condição sexual. Por outro, o desejo já não mais se pronunciava, ela se sentiu suja, ao usar Arlete.
Se afastou de súbito deixando Arlete paralisada.
- Arlete... Me desc... – Paula tentou dizer algo mas sua boca foi logo tomada pela de Arlete que possessivamente procurava sua língua para um beijo ardente.
Arlete empurrou Paula até que encostasse a na mesa. Tomou com urgência o corpo que “se oferecia” á ela – era o que Arlete pensava – Mas não era a realidade. Paula se debatia, mas acabou por vencida, quando as mãos de Arlete lhe alcançaram os seios.
Na sala de Tarine...
Tarine travava uma batalha em seu coração... Não podia negar, amava Paula, e muito... Decidiu não mais negar a si mesma esse sentimento. Levantou se e foi até a sala de Paula...