UMA CIDADE MELANCOLICA, ONDE NÃO HÁ MAÇÃS
- Por que você acha que há tantas regras? – comentou, ignorando o que Aleph disse antes.
- Regras são necessárias para termos uma vida perfeita, sermos felizes e conviver em sociedade.
Aleph sentiu um olhar de repressão vindo em sua direção
- Tem certeza? É o que eles dizem pra você. Ou por acaso a choradeira de antes era um sinônimo de sua alegria?
Não havia o que dizer, simplesmente abaixou a cabeça pensativa.
-Não há limites para o que podemos fazer, a única coisa que pode te impedir são as regras que você cria.
- Eu não crio regras, não tenho tal capacidade
- Exatamente por isso você é Aleph! Tem um futuro formidável pela frente, eu posso ver.
- Chega de brincar comigo, nem futuro tenho – deixou escapar um suspiro – E porque esta me contando essas coisas?
- Simpatizei contigo, sei que ainda há esperança. Você é o Primeiro, e irá começar uma grande cadeia de eventos.
- Não quero começar nada.
- Não tem porque negar, você já se decidiu. Posso ver em seus olhos.
A garota levantou-se e deu uma volta olhando para cima, procurando algo nas arvores. Pegou uma maça e a ofereceu para Aleph. Este negou, afirmando que era contra as regras, não é permitido pegar frutas das arvores, ainda mais uma maça!
-Pelo jeito você não aprendeu nada – deu uma mordida na fruta – Preste atenção no que irei dizer a seguir. Se uma criança dos seus inomináveis pegarem uma maça, o que acontecera com ela?
- Uma criança jamais pegaria uma maça, seus pais não deixariam.
-Não! Resposta errada! Se os pais não estivessem presentes e ninguém jamais tenha dito que é proibido pegar a maça?
- Diriam para a criança que é proibida pegar a maça, ela não seria punida.
-Estamos quase lá. Agora me diga, porque a criança pegou a maça?
-Porque ela desconhecia a regra.
-Resposta correta! Ganhou uma maça – jogou a fruta no colo de Aleph – Percebeu agora? A criança só o fez porque desconhecia suas regras inúteis!
-Aleph, vire uma criança.
-Para pegar maças? – respondeu ironicamente
E ENTÃO O PONTO DE VISTA DE ALEPH MUDOUMALDITA CIDADE MELANCOLICA
Meus demônios gritam em discórdia
Fazem de minha vida uma paródia
Sem humor e cheia de euforia
Enquanto meus anjos negam cantar em harmonia
Não gosto que admirem minha tristeza
Dizendo que é uma linda poesia
É apenas eu sendo carregado pela correnteza
E chorando em perfeita simetria
Da discórdia e do caos estou no meio
A Vida conversa comigo com receio
Meu tempo está se acabando
Vou acordar e me esquecer com quem estava sonhando
Até mesmo monstros tem o direito de sonhar
Gostaria de conseguir ser capaz de mentir
Até mesmo monstros tem o direito de chorar
Sobre as coisas que jamais irá de novo sentir
Gostaria tanto de ir embora daqui
Desta cidade Melancólica que ninguém nunca sorri
Não agüento mais essa efemeridade
Foi assim toda a minha eternidade
O Fim está cada vez mais próximo
Vida e Morte canta em seu ritmo
Lagrimas escorrem em meus olhos flácidos
Com o pensamento de ser enforcada
Como em um labirinto do qual só se pode entrar
E jamais se poderá sair
Entro agora sem nada olhar
E saio... Sem jamais sorrir