Os dias passam lentos... os dias passam lentos... Cada hora, cada semana, cada ano. O Grande Irmão parece se instaurar de forma desaterradora e discreta. Tiram-nos nossa criatividade, nossos talentos e nossa terra. Como um hospede inoportuno, que simplesmente toma conta de tudo antes que alguém se de conta. Como um político que confisca todos os nossos bens antes mesmo que percebamos.
Essa cidade perdeu sua cor. Cinza, Preto e Vermelho. O Cinza é dos muros e paredes, os Pretos são de nossas mentes e corações, e o Vermelho é de nosso sangue derramado injustamente. “O Robocop do Governo é frio, não sente pena, só ódio, e ri como uma hiena”
A Minha estada é a estrada minha e sem volta. Muito dolorosa de prosseguir e muito cansativa para retornar ao inicio. O Caminho da Felicidade ainda existe, é trevas, sangue e batalhas em meio este ninho de reatores principais que costumam chamar de Cidade.
Essa é a cidade da desesperança. Veja lá esta. Não há nenhuma lição, nenhuma razão. Em nenhum momento você gosta disto, mas é obrigado obviamente a gozar dentro. Mas a coesão é possível se nos tentarmos. E hoje, os bastardos que você odeia, são os heróis que eles amam. Não existe basicamente um porque, por que isto nos foi imposto, e imposição não deixa lugar para perguntas.
O ouro aqui e óleo em barris. Uma cidade melancólica onde ninguém nunca sorri. Os passos são contados e medidos minuto a minuto. Nesta cidade onde só vive quem é bruto. A dissolução é as botas que calçamos nos pés. A dissimulação é a musica de nossos ouvidos. A tragédia é nosso rumo natural à ruína de nossas mentes. A Prestidigitação é a nossa arte de sobrevivência. Estamos cansados... e os dias passam cada vez mais lentos...
Como pudemos ser tão idiotas? Pergunto-me a cada troca de aula deste matadouro. Desta masmorra que visa tirar a cor de nossas mentes. Suas armas são perigosas. Nos mantém dizendo que é necessário e que iremos precisar disto nossa vida inteira. Seu arsenal e extenso como a apoteose de todos os desertos: ENEM, SARESP, VESTIBULAR, EXAMES VOCACIONAIS, TESTES, PROVAS e os mais diversos discursos persuasivos que os mais negros insistem em nos fazer acreditar. É a maior falácia que nos querem fazer engolir.
O Racismo, o Preconceito e a Desigualdade são claros. Está estampado em nossas peles. Alguns são cinza, outras são negros, outros escuros, pouquíssimos são azuis, raros são os rosas e os vermelhos, mas raríssimos são os que possuem todas as cores. Estes se camuflam de branco para que os Agentes do Buraco Negro não os achem e os aprisionem em sua fortaleza de escuridão. Aqui a pior tortura e o roubo de cores. Os negros se alimentam de todas as cores, e sua fome é insaciável. Poucos são coloridos. Penso se estou fadado ao mesmo destino do arco-íris: Entrar em extinção
Guerra é nosso cotidiano. Guerra é nossa rotina. Estamos em constante batalha. Estamos em constante vigília. O inimigo é um só e muitos ao mesmo tempo. Somos os lobos de nós mesmos. Nossa Grande Guerra é uma Guerra Espiritual. Não confundam com Política ou Religiosa. Esta é a grande decadência do século. Somos forçados a trabalhar no que não queremos para comprar coisas das quais não precisamos.
Aqui tudo muda dia após dia. Até mesmo o tempo. O tempo esta ficando cada vez mais manso. Não sei se é nossa falta de interesse ou se é para podermos trabalhar cada vez mais. Cada dia eu levo um tiro... Cada dia eu levo um tiro, eu não sou ministro, eu não sou magnata... Os dias estão lentos... Os dias estão lentos...
É tudo a mesma coisa. Cada governo, cada partido, cada ditadura ou democracia. Da Direita ou da Esquerda, de Cima ou da Traseira. Não se sabe de que lado está os certos, os cabeludos e os estereotipados. Não se sabe lá mais de que lado. E tudo a mesma coisa... No fim só o nome é que muda. A cada dia que passa parece que vai ser o ultimo. Eu odeio este lugar, onde os rostos são tão frios.
Algumas vezes consigo dormir. Muitas outras eu não consigo. A Insônia é o mal da década. O inominável é incompreensível e abominável em todos os sentidos. As pessoas boas que conheço, são forçadas a seguirem por caminhos diferentes. Algumas vezes na solidão, parecendo que não há solução, alem de esvaziar minhas garrafas de vodka, e deixá-las mais vazias que meu coração. E nessas vezes tudo que faço e me afogar nos vômitos de minhas antigas reflexões.
MOMENTO MORI