Era uma médica de renome, além de ser protagonista de uma beleza pra lá de exuberante. Não se tratava de uma beleza tipicamente nacional, mas apenas de um capricho europeu que fazia dela uma bonequinha de luxo, sem os atributos da mulata de parar o trânsito, porém exótica o suficiente para despertar o desejo alheio.
Não havia em Angélica nada que não a fizesse crê-la realizada em todos os sentidos, sobretudo financeiramente; sua aparência afastava qualquer traço de pobreza. Trazia consigo o olhar de dias de grandes festas.
Entretanto, naquela manhã, algo diferente aconteceu: Entrou desapercebida, como por impulso, em uma loja de sapatos finos e caríssimos- daqueles que se pagam pelo belo nome na etiqueta interna.
Escolheu aleatoriamente alguns scarpins para os dias de chuva que se iniciavam e, pôs-se a experimentá-los despreocupadamente, como se o mundo lá fora não existisse.
De repente, formou-se em sua volta, uma roda de no mínimo vinte pares de calçados, que só alternavam em cor e mesmo assim, ainda persistia a dúvida cruel de qual, ou quais levar.
Contudo, inexplicavelmente, um segurança da loja, desses que mais se parece com um manequim de terno e gravata, prostrou-se a sua frente- inerte, hirto, movendo apenas os olhos de acordo com os movimentos da moça.
Agora, a moça que antes divertia-se com suas possíveis aquisições, começava a ficar incomodada com aquela linda figura máscula, que não raro, ainda se colocava entre ela e o espelho da loja. Que aviltante! Ter a ousadia de ofuscar a beleza de seus pés tão bem ornamentados!
Em seu íntimo, algumas indagações se formavam:
- O que há com essa múmia? Acaso tenho cara de ladra? Ou que sairei daqui com os sapatos nos pés ou no meio das calcinhas? Que abuso! Eu poderia comprar todos esses pares!
Pensou em revelar sua revolta à gerente, mas a simples manifestação de suspeita que pesava sobre si, já lhe causava asco! Aquilo não podia ser verdade, não com ela!
Crescia em seu interior um misto de indignação e humilhação e, apesar de muito imparcial, carregava em seus genes a falsa ideia, de que seus belos olhos verdes e cachos durados jamais lhe permitiriam passar por tal situação.
Irascível, largou todos seus pretensos brinquedos jogados no chão e saiu da loja, com uma sacudidela de braços que exprimiam toda sua indignação!
A vendedora ainda tentou intervir em vão: - Drª, espere! Meu cartão!
No dia seguinte, resolveu adotar outra tática- adentrou a loja e comprou dois pares aleatórios. O segurança ainda continuou a seguindo em continuidade ao dia anterior, como se não tivesse ocorrido lapso temporal algum.
Na saída, ela parou em frente àquela estátua hercúlea, mirou-se dentro dos olhos azuis dele, e com descuido, deixou cair sua carteira, abaixaram-se os dois para pegá-la.
Então, ela passou por entre os dedos, seu cartão de visitas, onde lia-se: Drª Angélica Castello Branco- urologista- telefone de contatos- e dois endereços em belos prédios comerciais em Ipanema e Centro.
E no verso: Caro representante da segurança, teu olhar aguçou minha curiosidade. Desejo saciá-la. Telefone o quanto antes. Beijos, Angélica.
O homem entendeu muito bem o curto recado e assim que se fez crepúsculo, cumpriu a ordem com esmero:
- Alô, Drª?
-Sim, quem é?
-O representante de segurança. Gostaria de realizar seu desejo.
- Ah, como assim?
-Vou mostrar como às 19h em ponto na loja.
Sem tempo para resposta, a ligação findou-se.
Irracionalmente, traindo a moral e os bons costumes de sua parca sociedade cristã,ela adentrou na loja no horário acordado. Ficou surpresa: no escuro só havia aquele pedestal humano nu, tal qual viera ao mundo! E que bela figura!
Subitamente, ele a puxou para junto de seu peito cabeludo, passeou com sofreguidão e desespero sua língua pelo corpo dela, suspendeu sua saia, afastou a pequena calcinha, abaixou-se e pôs-se a sugar vorazmente sua vagina, extraindo dela todo gozo despejado.
Selvático, virou-a de costas e enfiou com força seu falo no ânus rosinha e até então intocado da moça, arrancando gritos de dor e prazer, misturado ao sangue que corria pernas abaixo.
A fina dama ficou com seu rabo cheio de porra, ali mesmo, em meio a caixas e sapatos, no sujo e mal arejado estoque da loja. Rabinho esse que ela jurou não seria de ninguém!
No intervalo, jogada no chão, com a cigarrilha entre os dedos, ela indagou: - Mas você não estava achando que eu iria roubar, estava?
Sorrindo, ele retrucou: -Que isso Linda? Jamais, só pensei que você poderia ser tão gostosa, como de fato é. Minha Matrioska!
Voltando a cena no tempo e no espaço, ela recordou-se de seu jeito descuidado, com que experimentava os sapatos; ora empinando o rabo, ora ficando de quatro para pegá-los.
Lembrou-se ainda, de que estava trajando uma blusa fina de seda, que deixava seus bicos eriçados a mostra, com um decote v, por onde seus seios saltavam sequiosos aos olhos do pobre homem.
Entretanto, ele prosseguiu: - Seus pés são os mais belos que já vi! Faço essa segurança para saciar-me com pés iguais aos teus!
Recomeçaram de onde pararam e só deixaram o recinto com o alvorecer. Por pouco não foram pegos em profundo ato libidinoso pelas atendentes.
De volta para casa, desarrumada e com o semên do sujeito ainda em sua boca, passou a língua pelos lábios e pensou: -Que loucura, nunca minha compulsão por sapatos me proporcionou tanto prazer!