Cap. 3 – Fire. O retorno.
O dia amanheceu tranqüilo lá fora, mas em meu interior ainda as mesmas duvidas e conflitos. Fui direto para o escritório mergulhei no trabalho preparando as audiências que teriam dali duas semanas. Assim passei todo o dia preenchendo meus pensamentos para que não fossem atormentados pelos fantasmas do passado.
Às cinco da tarde eu já estava em meu apartamento submersa em minha banheira relaxando e deixando meus pensamentos vagarem... Lembrei me das palavras de David á respeito de Fênix... A inauguração seria dali duas horas, deveria tomar logo uma decisão. Levantei da banheira e me cobri com a toalha, fui até o closet e peguei uma caixa escondida entre os vestidos e sapatos. Peguei a cuidadosamente levando a até a cama e abrindo a. Lá dentro o meu passado escondido e bem dobrado. Aproximei minhas mãos da roupa de couro negra e desisti... Fechei novamente a caixa e me afastei sentando me na poltrona de frente minha cama.
“Liberte-me Lara” – Pensei ter ouvido uma voz, mas era minha consciência tentando lutar contra meu medo. – “Não seja covarde...” – A voz agora era mais insistente. – “Liberte-me”.
Me levantei e abri novamente a caixa tirei o conjunto de couro de dentro e me olhei no espelho... Desdobrei cuidadosamente a roupa e me desfiz da toalha...
O couro se ajustou perfeitamente ao meu corpo, fechei o cinturão no qual servia de suporte para os apetrechos de Fire nele havia o símbolo em forma de chama nas cores amarelo e vermelho, calcei as botas de cano longo e salto alto, porém firme para dar estabilidade nas quedas. O conjunto cobria todo meu corpo, vesti as luvas de couro e coloquei a mascara que cobria metade do meu rosto deixando apenas boca e queixo e meus olhos negros descobertos. Meus cabelos presos em um rabo de galo bem firme completavam o look heróico. Mais uma vez admirei Fire no espelho, mas faltava alguma coisa... Lá estavam... Os punhais de prata de trinta centímetros que se ajustavam no cinturão. Pronto... Fire estava pronta.
Respirei fundo e longamente...
Me olhei uma ultima vez no espelho e um sorriso de satisfação desenhou se em meus lábios.
Desci até a garagem e lá estava Nik, minha fiel e adorada máquina... Nikitta era uma Harley-Davidson XL 1200 c. Meu orgulho... Retirei a lona que a cobria e quando a vi meus olhos se encheram de lagrimas, boas lembranças do passado... Passei minha mão no banco de couro deslizando a até o tanque da moto lustrei as iniciais gravadas na lateral direita: “JF” Jonh Foster – Meu pai – Girei a chave e a liguei, estremeci ao acelerar e ouvir o ronco do motor... Pura adrenalina foi como se injetasse adrenalina em minhas veias.
Sai pelas ruas da cidade deixando o vento bater em meus cabelos, acelerando e curtindo o momento de intimidade e saudade entre eu e Nik.
Cap. 4 – O Confronto.
Depois da inauguração o museu foi fechado e os alarmes ativados, eu estava estrategicamente escondida na parte mais escura do museu á espera de Fênix. Logo um barulho veio do teto do prédio me aproximei sutilmente da sala principal onde o menor e menos valioso diamante encontrava se fechado dentro de uma espessa camada de vidro e lazeres de segurança em constante movimento rodeavam a caixa de vidro sobre um suporte de aço.
Olhei para o teto e lá estava ela, descia esplendorosamente através de um cabo de aço branco, quando chegou ao chão soltou se do cabo e então pude admira-la melhor...
Tinha os cabelos louros extremamente lisos e sedosos que desciam em cascata até o meio das costas, no rosto uma mascara branca que cobriam apenas metade, os lábios e o queixo ficavam á mostra. Uma colar espesso branco colado á pele do pescoço segurava um pingente em forma de uma ave com as asas abertas. Cobrindo os seios apenas um bustiê branco de couro que deixava a barriga perfeita e definida de pele alva e provavelmente macia e deliciosa. Calça baixa de couro branca coladissima revelando suas formas femininas e perfeitas. Nas mãos luvas brancas que deixavam os dedos á mostram. Por fim um, sobretudo obviamente branco também de couro.
“Isso não é uma vilã é uma deusa...” – Pensei anestesiada pela beleza daquela loura má.
Me recompus assim que a vi desativando os lazeres e cortando o vidro retirando a pedra do lugar. Já estava preparando o cabo para subir novamente quando me aproximei e cruzei os braços a observando antes de falar...
- Que feio Fênix! Saindo sem se despedir... – Falei num tom irônico.
Ela virou se assustada e pude reparar melhor em seus rosto... Perfeito... Olhos azuis profundos e hipnotizantes... Lábios rosados que pareciam ser desenhados á mão. Traços delicados e simplesmente apaixonantes...
Fenix nada disse apenas ficou me analisando... Não soube definir aquele olhar...
- Você deve ser... Fire... – Sua voz era como um veludo, suave, porém firme, rouca e decidida. Me fitou novamente dentro dos olhos como que para me intimidar... Quase conseguiu diga se de passagem. – É uma pena que não possamos continuar nossa conversa... F-I-R-E – Degustou meu nome como se derretesse em sua boca... – Mas... tenho que ir... – Em um movimento rápido se ajeitou no cabo para subir até o teto, mas em um outro movimento ainda mais rápido segurei seu braço com firmeza, mas não pude evitar a onda de eletricidade causada pelo toque... Como se houvesse sentido o mesmo Fenix fechou os olhos.
- Acho que você esqueceu de devolver algo Fênix...
Abriu os olhos e como se me hipnotizasse seu olhar no meu me causou tremores por todo corpo... Estávamos próximas, muito próximas, sua boca á centímetros da minha, era inegável a atração... E era recíproco. Como se minha boca suplicante por um beijo houvesse chamado silenciosamente pela sua nossos lábios se tocaram. Logo minha língua invadiu sua boca que se entreabriu para recebê-la, línguas se tocaram, roçaram, acariciaram cálidas, ferventes... O beijo que era delicado e envolvente se tornou violento e exigente... Urgente. Minha mão que envolvia seu braço desceu ousadamente para o meio de suas costas nuas por baixo do sobre-tudo, com a outra agarrei a firme pela cintura para que seu corpo se colasse ao meu de forma violenta arracando-lhe um gemido que me fez perder completamente o controle. Suas mãos envolviam meu rosto de forma possessiva... Quando estava prestes a enlouquecer nos braços daquela Loura-má, senti uma dor insuportável no lábio inferior e o gosto de sangue na minha boca...
- Aii! – Gritei soltando a levando instintivamente a mão á boca olhando em seguida os meus dedos para me certificar de que não sangrava mais. – Você me mord...
Uma fumaça branca tomou conta do ambiente, comecei a tossir e abanar o braço protegendo meus olhos para afastar a fumaça... Tarde de mais, ela havia fugido... Quando a fumaça deu lugar á visibilidade olhei para o chão e vi espalhadas ao chão cinzas e sobre elas uma pena branca, abaixei me e peguei a pena segurando a entre os dedos e sorrindo da minha idiotice.