REUNIÕES, SOB O LUAR DO SERTÃO - Sob o luar do sertãoContinuação da série REUNIÕES, para entender leia os anterioresSei que ainda vou passar muito tempo até que a lembrança me deixe em paz.
Minhas férias foram inesquecíveis, sei disso, mas tenho que esquecer essas coisas para que minha vida volte ao normal. Não me adianta nada ficar remoendo ou mesmo sofrendo por alguns momentos que sei serem errados.
Mas que foram bons momentos que reviveram toda uma história que pensei ter ficado trancada em um baú sem chaves...
(Recordações de Carmem)
Nat conversa com Flávia que conta suas impressões...
23ª Madrugada
- “A amizade é como uma gota de mercúrio: é preciso manter a mão aberta para retê-la. Se a fecharmos, ela escapa”Heim? Falou alguma coisa primo!
- Não... Apenas repeti uma frase que li outro dia em um artigo.
Sarita continua em passo trotado com tranqüilidade, a charrete balança como se fosse um barco singrando águas tranqüilas. A lua ilumina a mata e faz das folhas que tremem pela aragem fria da madrugada, transformando a paisagem em algo com vida própria. O pio triste e cortante da coruja enche o vazio e espanta Flávia que se aconchega mais a mim.
- Que foi isso primo? – pergunta preocupada.
- Nada não garota, apenas uma coruja caçando na noite enluarada.
Sinto seu corpo balançar em espasmo pelo frio.
- A noite ta fria... – falo para o vazio.
- Mas ta gostoso aqui contigo... Sinto paz como nunca pensei ser possível.
- Espera um pouco – afasto seu corpo de mim e tiro a camisa. – Toma, veste.
- Mas e tu?
- Não tenho frio, já acostumei... Toma, veste que o frio arrepia teus cabelos – os pelos dos braços de Flávia estavam eriçados. Ela põe a camisa cobrindo seus braços frios.
- Queria que essa noite não terminasse nunca...
- Então morrerias de frio – dou um sorriso de satisfação.
Continuamos em silencio sentindo a noite nos tomar os sentidos.
- Tu és estranho, priminhoQuando te vi, no dia de nossa chegada, achei que eras esnobe...
- Porque?
- Tu não falou conosco, ficou longe abraçado com a prima como se não estivesse ali.
- Estávamos cansados. Deu um trabalhão tremendo deixar tudo arrumado para a chegada de vocês e, além do mais, aquele não era o meu dia e sim dos tios.
- Mesmo assim, te achei meio besta... – sorriu.
- Mas logo depois eu passei a dar atenção a todos vocês.
- Ainda te achava besta de besta... Quando tu nos levou pra casa pequena e nos distribui pelo quartos, te achei esnobe, besta e arrogante. O dono da situação e da verdade!
- Mas naquele momento eu era o dona da situação, afinal vocês estavam entrando na casa que eu nascera!
- Mesmo assim – riu mansinho e mordiscou meu peito – para mim tu eras o besta arrogante esnobe e saliente.
- Porque saliente?
- Ainda perguntas depois de teres entrado em nosso quarto quando estávamos praticamente nuas?
- Ta bom, desculpa. É que não costumamos anunciar quando entramos nos quartos. Coisa de família...
- Hoje eu sei... Tem mais!
- O que?
- Naquela noite para mim eras besta arrogante esnobe saliente e sem vergonha...
- Puxa lourinha? Se continuarmos a conversar vais aumentar muito mais os adjetivos contrários a minha pessoa... – puxei seu rosto e dei um beijo leve em seus lábios.
- Pois é! Sem vergonha...
- Porque sem vergonha?
- Ora rapaz, foi tu quem deixou cair a toalha e mostrar o corpo desavergonhadamente... – riu e segurou meu pênis com força.
- Ai! – reclamo – Assim me transformas em eunuco...
- Desculpa priminho, não quis te machucar – massageia de leve.
- Se continuares assim, não me responsabilizo pelo que pode acontecer...
- E o que tão grave pode me acontecer? – pergunta sorrindo sensualmente.
Paro Sarita e desço da charrete. Flávia fica sentada observando. Dou a volta e lhe puxo segurando sua cintura, ela se deixa levar. Abraço seu corpo e beijo sua boca passeando a mão por sua costa enquanto ela arqueja o corpo denunciando o prazer pelo toque. Carrego e a sento na traseira da charrete e lhe desabotôo a blusa tirando com carinho seus seios que sugo devagar. Ela suspira e geme e suas pernas enlaçam meu corpo me puxando para ela. Minha língua dança em volta de seus mamilos circundando as aréolas de seus seios e ela abraça minha cabeça e afaga meus cabelos forçando seus calcanhares em meus rins.
O tesão que sentimos estremece nossos corpos e nossas respirações se aceleram e nossas mãos exploram nossos corpos trêmulos.
- Como eu queria isso... – sussurra baixinho como que escondendo da noite seu prazer. Ficamos entregues aos nossos sentidos, beijando-nos com prazer incontido, espremo seus seios contra meu tórax.
- Te quero, primo. Te quero...
Sarita se movimenta e eu largo seu corpo quente: - Não! Assim não – escuto uma voz firme dentro de mim. Sento na areia fria enquanto Sarita, que eu não a atara, se afasta lenta levando consigo o corpo que estivera em meus braços. Nada falo, Flávia cala.
Levanto e começo andar sem pressa atrás da charrete. Flávia me olha e sorri.
- Vem primo... Corre!
Apresso os paços e a alcanço. Sarita para. Pego Flávia nos braços e a levo para o banco. Ela cala. Subo, faço leves movimentos na rédea e Sarita parte.
Ficamos em silêncio e Flávia está sem camisa, eu estou sem camisa. Ela se encosta e acaricio seus seios e ela suspira. Sarita anda, eu penso, Flávia suspira.
- Posso e perguntar uma coisa muito pessoal?
- Claro, pergunta!
- Tu tens namorada?
- ... – não respondo, apenas continuo olhando para frente sem ver, sem sentir.
- Se não respondes é porque tens uma namorada...
- Tenho!
- Quem é? Posso saber...
- Flávia Vie Peixoto.
- Essa sou eu... Quem é tua namorada, podes dizer?
- Já disse.
- Eu?
- Sim...
- Desde quando, posso saber?
- Desde sempre...
Entre cada pergunta uma pausa longa, entre cada resposta uma longa pausa e entre as pausas o silêncio, a noite, o luar e a descoberta...
- Como desde sempre? Eu não te conhecia, tu não me conhecias...
- Meu sempre é estar, é ser... Se és ou se estais, então esse é meu sempre.
- Pensei que Cíntia fosse tua namorada...
- E é...
- Não te entendo.
- Eu te entendo, um dia talvez me entendas...
- Então eu e a Cíntia somos tuas namoradas...
- Também!
- Porque também? Existem outras?...
- Muitas...
Flavia está confusa, eu estou confuso. Ela para de perguntar, eu paro de responder e ficamos em silêncio até chegarmos em casa.
Todos dormem, silêncio total quebrado pelo cocoricar de um e outro galo que anuncia a madrugada. Faz frio. Flávia espera que eu lhe dê a mão para que desça, não dou, lhe carrego nos braços como a uma menininha que necessite proteção. Suspendo seu corpo e lambo o bico de cada peito, ela joga a cabeça para traz e suspira. Me entrega a boca, eu beijo, sugo sua língua sentindo o sabor adocicado de seu hálito ela cerra os olhos e suspira. Eu a carrego e ando como se pisasse em nuvens, não escuto meus passos, apenas seu respirar cadenciado. E entro na casa, silêncios, todos dormem, é tarde para eles, cedo demais para nos e o galo canta a madrugada fria.
Em meus braços Flávia respira leve, dorme, ressona manso, talvez sonhe. No seu quarto deposito no leito macio seu corpo perfeito, ela dorme e murmura. Tiro sua calça, é difícil, puxo com cuidado, não sai. Tento outra vez, sede, sai. Tiro sua calcinha, sede, e desnudo seu corpo, e olho seu sexo, e beijo seu sexo. Ela dorme, suspira, ressona, murmura. Cubro seu corpo com o tecido macio do lençol róseo, lhe beijo os lábios, ela suspira, ela ressona, ela murmura e talvez sonhe, saio.
Ela dormeLuis Fernando Franco